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V - O Mal que Habita nas Sombras

ANO 2040

Na praça da Sé, um bando de crianças vendia balas por uns trocados nos sinais de trânsito da cidade, outras, sem nada nas mãos, simplesmente pediam dinheiro aos motoristas. Pequenas, de olhos esbugalhados, perdidas na noite mal dormida, sem irem à escola, de estômago vazio, desnutridas; achavam que esperança era uma palavra que não existia.

***

Já o senador Barroso, um dos chefes da Máfia dos Órgãos, naquele instante, mandava o chofer pago pelo dinheiro público levar os seus filhos bem vestidos e nutridos ao melhor colégio de Brasília.

Depois foi para o gabinete, onde contabilizou os lucros das suas atividades ilegais. Sua barriga saltava do cinto por debaixo do paletó, enquanto ele se ajeitava para dar uma entrevista à imprensa, dizendo que era a favor de uma emenda que proponha educação obrigatória para todos. Aos jornalistas afirmou que o Brasil merecia uma posição de destaque no ranking mundial de qualidade de ensino.

***

Os pequenos da praça da Sé não sabiam que alguém os vigiava, do alto. Drones mapeavam com suas câmeras o estado daqueles que seriam a futura remessa de órgãos da operação. A morte com seu capuz preto e sua foice afiada rondava as crianças que viviam nas ruas, suas famílias — quando existiam — e os mendigos indigentes.

— Tudo preparado para a extração, Águia 1? — disse o homem que comandava um drone.

— Copiado, Águia 2. Pode voar e agarrar as presas.

— Farei a minha parte. Quero ser bem recompensado — respondeu o responsável pela coleta.

— Não há emprego que pague melhor no Brasil. 

— Acho que mereço um aumento...

— Cale a boca e faça logo o seu serviço. 

Quando o movimento diminuiu, já a altas horas da noite, três homens se aproximaram dos que ainda estavam na praça à procura de descanso e calor humano.

— Boa noite! Somos da ONG, CCT — Comida e Cama para Todos. Hoje queremos oferecer a vocês abrigo para esta noite fria, além de roupas novas e comida. É tipo uma campanha do agasalho. Observem neste holograma o lugar para onde estamos levando os moradores de rua. Temos comida, cama quente, salas de cursos, treinamento, local para esportes e vocês poderão aprender uma boa profissão para conseguirem um emprego — disse o homem mostrando as cenas das pessoas na realidade prometida.

Os olhos quase saltaram das faces daquele povo que havia perdido a fé no próximo.

— Eu não acredito em você. Nunca ouvi falar dessa organização — um dos mendigos argumentou, desconfiado.

— CCT? Acho que já ouvi falar... — outro comentou, soltando uma boa gargalhada, mostrando a ausência de alguns dentes, enquanto segurava uma garrafa de bebida.

Durante o tempo que eles conversavam, dois furgões pararam na rua escura, perto de uma grande árvore. Tinham pintadas as letras CCT em suas latarias. A maioria do pessoal decidiu seguir os desconhecidos e entrar nos veículos. Crianças e adultos corriam para os braços camuflados da morte, na ânsia de experimentar uma vida melhor.

Na cabeça deles, o que poderia ser pior do que aquilo que viviam?

Os outros moradores de rua, ao verem todos entrarem, deixaram a desconfiança de lado e decidiram não perder a oportunidade.

Assim que as portas se fecharam, uma música foi colocada. Era a marcha fúnebre de Chopin, uma ironia do chefe da operação, Santana. Uma voz saiu dos alto-falantes quando um dos caronas na cabine da frente disse:

— Coloquem os cintos de segurança. A chegada ao abrigo será às 22 horas. Relaxem e preparem-se para uma boa noite.

Enquanto o motorista levava as vítimas, Santana apertou um botão no porta-luvas e compartimentos com bebidas e alimentos se abriram nas laterais do veículo. Os ocupantes mortos de fome provaram da oferta até se saciarem completamente.

— Que delícia estes salgados! — disse um dos mendigos ao apreciar os petiscos saborosos.

— E como cheiram bem! Há muito tempo não como e bebo tanto assim — uma mulher falou maravilhada sem imaginar que uma boa dose de sonífero acompanhava a dádiva.

As crianças lambiam os dedos para tentar não perder nem uma partícula do alimento.

Passados alguns minutos, todos dormiam lentamente, para nunca mais acordarem. Morriam ali, com seus sonhos, os corpos em um estado comatoso, para dar o tempo certo dos órgãos serem retirados.

Mais alguns minutos, eles chegaram ao seu destino, na clínica médica responsável pela extração, a Mansão da Morte. Alguns homens de branco já esperavam quando o veículo abriu o portão automático e entrou na garagem. Não havia placas na fachada porque era como uma casa escondida e as regras lá dentro eram rígidas, sem bebidas, gritos ou barulhos.

As macas foram trazidas e as pessoas levadas para dentro. Havia fartura de órgãos frescos e saudáveis.

Um médico alto de olhos e cabelos castanhos escuros recebeu Santana com a entrega.

— Quantos espécimes você trouxe hoje?

— A remessa está farta esta noite, Doutor Alma. Até perdi a conta!

— Por que vocês insistem em me chamar de Doutor Alma? — o médico parecia desconfortável com o apelido.

— O pessoal da equipe gosta de dizer que o senhor é um apanhador de almas.

— Tá bom... Sem problemas, até prefiro que não saibam o meu nome. Estou aqui pelo dinheiro, assim como todos vocês. Consciência é uma coisa que não entra por aqueles portões.

O médico e seus auxiliares entraram com os corpos. 

Lá dentro da Mansão da Morte, o telefone tocou. 

— E então, Doutor Alma, descobriram alguma coisa no cérebro do Samuel? 

— Orlando, nada que não soubéssemos. Observei nos dados que ele não queria ser pai. Sempre que alguém tocava nesse assunto, ele se esquivava. Senti que nós somos parecidos. Odeio crianças. Vivas, é claro! E ele também desejava muito acabar com nossa organização. Se o cara vivesse, estaríamos ferrados. 

— Diga alguma coisa que eu não saiba. Será que o Ministério Público sabe sobre nós? 

— É óbvio que não. Tem gente nossa lá dentro. Você também sabe disso. Não sei por que tanto temor. Mas agora, uma coisa me interessou. 

— Diga logo que preciso desligar. 

— Ele tinha uma namorada que era a maior gata. 

— Nós não temos tempo para desvio de foco. Os pedidos estão aumentando e você é o responsável pelas entregas. 

— Sempre sobra tempo para a parte boa da vida e eu adoro arrancar corações. 

— Sem comentários... Vou desligar. Faça a sua parte.

Thomas, o Doutor Alma, fechou o holograma e fitou uma imagem numa tela. Era Bruna que ele passou a admirar e desejar desde a primeira vez que a viu.

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