{Cap. 53}
No dia em que te conheci
Você me disse que nunca se apaixonaria
Agora que eu te entendo
Sei que era medo na verdade
Agora estamos aqui, tão próximos
E ainda tão longe, não fui aprovada no teste?
Quando você perceberá
Amor, que eu não sou como o resto?
Não quero partir o seu coração
Só quero dar uma folga ao seu coração
Eu sei que você está assustado, é errado
Como se você fosse cometer um erro
Só temos uma vida para viver
E não temos tempo a perder, a perder
Então, me deixe dar uma folga ao seu coração
Give Your Heart a Break
╰─────────────➤✎Demi Lovato
Liam entrou apressado no quarto sem cumprimentar ninguém, resmungou alguma coisa quando viu Ethan sentado na cama comigo e se virou para sair.
– Liam, espera – o chamei pulando da cama.
– O que é? – ele não se virou para me olhar.
– Você vai fazer ronda de novo? – perguntei baixo – Você pelo menos dormiu alguma coisa?
– Dormi umas três horas. Agora eu preciso ir.
– Liam... – segurei seu braço para impedir que ele saísse – Ethan, você pode me deixar conversar com o Liam um pouco?
Ele assentiu, passou por Liam e por mim, e saiu fechando a porta.
– Você não consegue nem olhar para mim, não é? – falei tentando ocultar o nó que se formava na minha garganta.
Ele tensionou o corpo.
– Era isso que você queria falar? – ele perguntou ainda olhando para a porta fechada à sua frente.
Senti as lágrimas brotando no canto dos olhos e olhei para cima com a esperança de impedi-las de cair. Eu só tinha mais um dia e não queria ir embora estando mal com ele.
– Olha para mim, por favor – pedi com voz esganiçada.
Ele se virou, mas olhou por cima da minha cabeça.
– Eu sei que eu errei – falei tentando controlar a voz – sei que você deve me odiar agora. Sei o quanto está zangado comigo, mas ver você me evitando me dói muito. Preferia que voltasse a ser rude, ignorante ou provocador da mesma maneira que éramos antes, mas sei que nada vai voltar a ser assim. Por favor, não me exclua da sua vida. Sei que vou pedir algo estranho, mas me deixa fazer a ronda com você hoje. Me deixa passar esse tempo com você.
– Não – ele respondeu rapidamente.
Senti uma dor aguda no peito, era como se ele tivesse transpassado uma adaga no meu coração.
– Por favor... – quase implorei.
Ele soltou o ar e abaixou seus olhos para me ver.
– Você realmente acha que eu te odeio? – ele perguntou tristemente.
– Acho – respondi sinceramente.
– Eu não te odeio.
– Então por que tem me evitado? Foi por causa do que o John falou? – perguntei sem pensar e em seguida torci para que ele não se irritasse com isso.
Ele segurou a respiração um tempo, desviou o olhar por uns segundos antes de voltar o olhar para mim. Era a primeira vez que ele me olhava diretamente depois do ocorrido.
– Quando eu te olho, quando vejo o que fizeram com você e o quanto poderiam ter feito, me sinto impotente, frustrado e perdido, eu me odeio por não ter podido te proteger. Eu não sei o que eu faria se você tivesse desaparecido como tantos outros. Você foi o que sobrou para me dar forças para levantar a cada dia. Eu não pude te defender e sinto que sigo sem poder fazê-lo. Você muitas vezes se perde no seu mundo, como se quisesse resolver tudo sozinha e eu não posso fazer nada para mudar isso.
Sem conseguir conter as lágrimas que já haviam se acumulado nos meus olhos eu precisei desviar o olhar para que ele não visse.
– Você não tem o dever de me proteger – falei com a voz quebrada – o único que eu quero é que você sobreviva e esteja bem. Eu... eu te ouvia chorar quando eu estava desacordada, eu não sei se era sonho ou não... eu queria te ajudar e não conseguia. Eu sei o como você se sente, então...
Já sem conter o choro preso na garganta, eu comecei a limpar as lágrimas desesperadamente.
Seu olhar fundo e as olheiras que circulavam seus olhos indicavam o quanto ele não estava descansando, o quanto estava difícil para ele seguir ali.
– Você falava comigo – ele me olhou com uma tristeza profunda nos olhos, mas eu segui – Eu não sei se foi real, mas sempre que eu escutava a sua voz, eu lutava para acordar, eu lutava para te ver de novo. Sempre que me perdia ou começava a desistir eu via seu rosto e era o suficiente para me fazer lutar de novo e bastava eu escutar a sua voz para conseguir encontrar o fio que me segurava. Eu estou sendo egoísta, não? – forcei um sorriso – No fim estou falando apenas do que eu sinto. Tudo bem, ...para mim irá bastar saber que você está bem.
Eu estava começando a me afastar novamente quando ele me puxou e me enlaçou com um abraço apertado.
– Eu sinto muito – ele falou sem me soltar – sinto muito por não ser a pessoa que te entende, sinto muito por não ser capaz de suprir tudo o que você necessita.
– Você tem razão – falei abraçando-o de volta enquanto as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto e senti suas costas ficando um pouco rígidas – Você não me entende, e ainda assim é quem eu quero que esteja do meu lado.
Ficamos assim um tempo e aos poucos o abraço foi afrouxando até que nos soltamos, ele se virou para a porta para sair.
– Vê se não anda devagar, que se isso acontecer eu vou te deixar para trás – ele falou tentando manter um tom arrogante, mas sem muito sucesso.
Eu sorri e o segui.
Ele murmurou alguma coisa para Ethan antes de sair, que assentiu sem responder nada e seguiu seu caminho. Ele andava rápido, mas fiz o possível para acompanhá-lo nos pequenos corredores que estava dentro dos lugares permitidos.
– Apressa o passo que você está ficando para trás de novo – ele repetiu pela terceira vez.
– E por que você está com tanta pressa? Tem algum encontro marcado? – falei ofegante.
– Não estou com pressa. Só que você anda muito devagar.
Eu agradeci porque ele estava se esforçando a voltar a ser quem ele sempre havia sido comigo. Fiz uma cara feia exagerada quando ele se virou para mim e mostrei a língua parecendo uma criança birrenta.
– Ah, me mostra essa língua de novo para você ver se eu não a arranco em uma mordida – ele falou com um início de sorriso de lado.
– Prefiro manter ela no lugar – disse encolhendo os ombros enquanto eu me posicionava a seu lado esperando para tentar manter seu ritmo de novo.
De repente ele parou e seu semblante se ensombreceu.
– O que foi? – perguntei com o coração aos pulos.
Ele levou o dedo indicador aos lábios me pedindo silêncio e eu acenei tentando identificar o que o havia alertado. Fiquei quieta e tentei buscar qualquer barulho e escutei um ruído como se alguma coisa estivesse batendo de leve em algum lugar.
– O que foi isso...? – perguntei sentindo o corpo começar a tremer de novo.
Tentei me acalmar, no fim eles não viriam antes do prazo, certo?
– Está vindo desse quarto – Liam apontou para um quarto – Alguém se alojou aqui? – Ele me perguntou franzindo a sobrancelha.
– Não, esse quarto sempre esteve vazio, pelo menos desde quando eu cheguei.
– Vamos dar uma olhada – Liam puxou sua arma.
– E se...
Segurei o braço dele de repente me sentindo muito assustada, mas engoli em seco, eu não queria que ele soubesse quão apavorada eu estava. Assenti e o soltei, desistindo de concluir minha frase.
– Seja o que for, vamos dar conta disso – ele falou com a expressão se fechando um pouco. Depois ele me deu aquele típico sorriso torto antes de me provocar – Está com medo pequena modelo?
Isso me relaxou um pouco. Eu estava apavorada, era verdade e algo me dizia que ele também estava, mas estávamos juntos nisso, pelo menos por enquanto.
– Acho que quem está com medo é você, seu cabeça de cenoura. Vamos fazer isso pequeno panda vermelho – dei um sorriso tentando esconder o nervosismo.
– E por que eu estaria com medo?
Paramos em frente a porta, ela se abriu sem grandes esforços. Tentamos ficar em silêncio. O quarto estava vazio, o som parecia vir do banheiro. Olhamos um para o outro confirmando que os dois estávamos escutando o mesmo barulho. O barulho estava bem alto lá dentro, algo dentro de mim relaxou ao perceber que o som era constante e que se fosse alguém já teria notado a nossa presença, mesmo assim nos mantivemos em total alerta.
– Tem alguém aí? – Liam perguntou levantando a arma.
Ele estava tenso e sua expressão demonstrava um misto de raiva e medo.
– Bom, acho que só temos uma opção – ele falou entre dentes mais para ele mesmo e logo se virou para mim – Espera aqui.
Ele tentou abrir porta do banheiro e vendo que a porta não abria ele me afastou com a palma da mão e chutou a porta fazendo com que ela abrisse de um estrondo. Quase pulei de susto com a atitude imprudente dele. Diferente dele, que teve alguma atitude diante da situação, meus pés literalmente estavam grudados no chão, eu não conseguia ter nenhuma reação. Minha preocupação com ele era gigante e os segundos demoravam uma eternidade para passar.
Quando finalmente consegui segui-lo, olhei para o banheiro. Dentro da pia parecia haver mofo, Liam olhou zangado para mim por eu o ter seguido sem que ele dissesse nada, me preparei para a bronca..., foi só então que eu notei um cano solto na banheira que minava água fazendo com que partes quebradas do cano batessem com força contra a parede.
Aliviada senti a força das pernas cedendo, mas antes que eu caísse Liam me segurou.
– Não falei para você esperar ali fora? – ele me olhou com os olhos apertados.
– Eu... eu estava preocupada com você – gaguejei.
Ele primeiro me olhou com raiva, mas suas feições foram se suavizando.
– No fim, estamos no banheiro de novo – ele falou querendo rir com a minha gagueira – Isso te deixa nervosa?
Senti meu rosto esquentando e para que ele não visse eu me virei, mas antes que eu saísse pela porta ele me segurou.
– Ei, para onde acha que está indo?
Quando me virei, lá estava o sorriso travesso. O sorriso malicioso que havia feito minhas pernas bambearem e meu coração acelerar tantas vezes.
– E então, me fala qual a sua opinião sobre estarmos sozinhos no banheiro de novo?
Ele parecia se divertir com o meu embaraço, mas antes que ele seguisse falando, uma rajada de água saiu de um outro cano logo acima de nós, deixando Liam encharcado. Ao olharmos para cima percebemos que uma parte do teto bem acima de nós estava quebrado.
Sem aguentar me segurar eu caí na gargalhada, eu não conseguia me conter.
– Acha divertido, é? – ele falou com o semblante sério e levemente avermelhado – Então, você está rindo de mim?
Curti horrores a cara de vergonha dele, era a primeira vez que eu o via sem graça daquele jeito, então resolvi provocá-lo. O jogo havia virado a meu favor. Mesmo assim me controlar estava difícil, eu continuava rindo como louca.
– Não se preocupe, não falarei para ninguém que você se molhou todo. Isso foi o que? Medo?
– Ah, corta essa – ele falou irritado, mas pareceu relaxar logo em seguida – Fazia tempo que eu não te via rir desse jeito.
Tentei respirar entre uma risada e outra. Ele estava certo, fazia tempo que eu não ria daquela maneira. O sentimento era refrescante.
– Te ver assim me dá até vontade de ir nadar um pouco... – falei lembrando das vezes que eu havia ido ao clube com os amigos.
– Gosta de nadar? – ele perguntou curioso.
– Não sei nadar como profissional, mas gosto da sensação de estar dentro de uma piscina, até mesmo de ir à praia.
– Ah. Isso me faz lembrar que eu prometi te levar para uma piscina algum dia – e novamente o sorriso havia voltado – nesse caso, posso te ajudar a entrar na água agora.
– Não! – falei tentando fugir dele enquanto eu ainda ria – Entrar na água e ficar molhada não é a mesma coisa.
Corri até a porta do quarto, mas ele me alcançou.
– Que pena, vai ter que se contentar com apenas ficar molhada então – ele me prensou contra a parede do corredor.
– Ah, que frio – falei com o contato do corpo gelado dele.
Ele olhou nos meus olhos, chegou sua boca perto da minha, mas não me beijou.
– Me prometa, prometa que sairá viva disso tudo. Me prometa que poderemos sair daqui e irmos à uma piscina ou à praia juntos.
Senti um pequeno aperto no peito, eu não podia prometer aquilo para ele, então optei por sorrir. Ir à praia com ele... parecia um sonho tão irreal.
– Seria divertido isso – falei ainda sorrindo.
– Sim, seria sim – ele me prensou ainda mais na parede e eu senti minha roupa ir molhando aos poucos com o contato do corpo dele.
O beijei, ele passou sua mão pela minha cintura e me levou ainda mais para perto dele. Um pequeno flash do ocorrido no porão passou pela minha cabeça, pensamento que eu afugentei com rapidez, não queria que nada estragasse aquele momento.
Sua boca desceu pelo meu pescoço lentamente e eu não pude deixar de soltar um pequeno gemido de prazer.
– Eu te amo – sussurrei sem ter certeza se ele escutaria ou não.
Ele deixou de me beijar e me olhou nos olhos, olhar que eu retribuí com o coração acelerado. Ele parecia estar buscando algum sinal de que eu pudesse estar mentindo e enfim ele também falou.
– Eu também te amo.
Essas simples palavras fizeram com que o calor que começava a percorrer meu corpo se incendiasse de tal maneira que busquei sua boca com muita sede.
Toda a prudência foi embora, todo o sinal de alerta que precisávamos manter se dissipou, tudo o que existia ali naquele momento era eu e ele. Passei as mãos por dentro da sua camisa e a levantei. Ele a tirou com rapidez e voltamos a nos beijar.
Ele abriu a minha calça sem deixar meus lábios e eu a tirei com as próprias pernas. Tínhamos uma sede insaciável um do outro.
Abaixei levemente sua calça e ele me levantou, segurando minhas duas pernas ao redor de seu corpo.
O olhei nos olhos, eu via medo, frustração, tristeza, saudade e um desejo incontrolável. Era um misto extraordinário de coisas que faziam dele quem ele era. Eu soube naquele momento que ele era insubstituível para mim. O que eu sentia naquele momento era avassalador e mesmo o abraço mais apertado parecia não ser o suficiente. O queria cada vez mais perto. Eu queria dar a ele tudo o que havia em mim.
Entre beijos desesperados e na ânsia de um sentir o corpo do outro, como da primeira vez, ele voltou a perguntar...
– Você tem certeza?
– Eu quero você, Liam – minha frase saiu em um sussurro, quase como um suspiro.
Fechei os olhos tentando gravar na memória cada sensação daquele sentimento e daquele momento para nunca mais esquecer, o calor dos nossos corpos pressionados um contra o outro. A velocidade do seu coração contra o meu peito.
Quando nos tornamos um, eu jurei silenciosamente a mim mesma que eu faria qualquer coisa para mantê-lo vivo, não importava o quão difícil fosse o caminho, ele tinha que continuar vivo para que eu pudesse continuar respirando.
Ele guardou novamente sua arma em um coldre preso a sua calça. Segurei em sua mão e voltamos para a sala de reuniões onde todos nos esperavam. Ver o quanto ele segurava o passo para me acompanhar quase me fez rir, estava feliz por ter tido a oportunidade de estar uma última vez com ele.
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