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{Cap. 44}

Algum dia eles não te deixarão
Agora você deve concordar
Os tempos não são convincentes
E a mudança não é livre.


1984
╰─────────────➤✎David Bowie

{Madrugada}

Acordei suando, sentia o corpo em um estado febril. Sentia os pontos quentes e latejando.

Para a minha sorte, a lua batia diretamente na janela iluminando todo o quarto. Olhei para o chão onde Liam dormia. Eu teria que agradecê-lo depois.

Saí mancando da cama com cuidado para não o acordar. A cada passo que eu dava era uma dor pulsante. Fui até o banheiro, mas não acendi a luz inicialmente. Fechei a porta e me vi envolta de uma completa escuridão para só então buscar o interruptor de luz. Me sentei no vaso com dificuldade e tentei tirar a bota imobilizadora segurando para não gemer de dor.

Quando olhei para os pontos senti uma pequena vontade de chorar, estava muito vermelho ao redor da ferida, o local parecia um pouco inchado e eu o sentia quente. Tinha umas pequenas crostas amareladas que eu não sabia dizer se era pus ou não.

Olhei ao redor tentando identificar qualquer coisa que eu pudesse usar para limpar a ferida, mas não achei. Acabei usando a própria mão para dar uma pequena limpada. O contato da água gelada com a pele quente me deu um alívio momentâneo.

Eu não tinha muito o que fazer. Não poderia ficar para sempre no banheiro e colocar a bota imobilizadora estava fora de questão. Olhei para o vestido que eu estava usando e xinguei baixinho a minha falta de sorte.

Respirei fundo e saí do banheiro sem fazer barulho. Tentava me apoiar nas paredes com uma das mãos e com a outra eu carregava a bota. Cheguei na cama torcendo para que o Liam não acordasse, mas assim que eu me sentei na cama, ele se sentou nas cobertas que estava servindo de colchão improvisado.

Eu estava de costas para ele, mas não pude deixar de sentir toda as minhas costas se tensionarem.

– Como você está? – ele perguntou com a voz rouca.

– Melhor, obrigada – falei sem me virar.

Olhei para a bota que seguia na minha mão sem saber o que fazer. Escutei como Liam coçava a barba por fazer e se levantava para ir ao banheiro. Assim que eu escutei a porta do banheiro se fechar, eu me deitei com pressa tentando cobrir a perna e deixei a bota bem no canto da cama torcendo para que ele não a visse. Sentia meu coração palpitar com força. Virei com o rosto em direção à janela. Escutei com certa apreensão a descarga e logo o som da torneira. A porta abriu, a luz do banheiro foi apagada, mas não o escutei deitar-se de novo. Podia senti-lo de pé olhando para mim.

– O que você tem? – ele perguntou quase em um sussurro.

Encolhi os ombros como se a pergunta me machucasse.

– Eu não sei – respondi sem mentir. Eu não estava certa de que isso fosse apenas pela ferida.

– Será que você pode pelo menos olhar para cá? – ele falou com um leve tom de irritação.

Respirei fundo antes de me sentar na cama novamente, tomando cuidado para manter as pernas sempre cobertas. O olhei sem dizer nada, ele seguia com o rosto levemente inchado pelas horas de sono, mas não parecia ter descansado bem.

– Tem certeza de que não sabe? – ele perguntou sem tirar os olhos de mim.

Senti um arrepio percorrer meu corpo.

– Já disse que não sei.

Eu precisava falar com o John ou com o Luciel, se era pela ferida eu precisaria tentar resolver. Pedir para Liam chamar o John seria cometer suicídio, por outra parte ele estranharia se eu pedisse para chamar o Luciel. Eu estava em um beco sem saída. Sem ter muitas alternativas eu precisei arriscar.

– Liam, será que você poderia chamar o Luciel para mim, por favor?

– O Luciel? – ele arqueou uma sobrancelha e eu não conseguia definir se ele estava irritado ou confuso – Você tem noção de que horas são agora?

Eu mordi a língua, mas eu não conseguiria voltar a dormir com a pulsação dos pontos.

– Por favor... é importante – foi o máximo que eu consegui sussurrar.

Ele bufou, depois estalou a língua, mudou o apoio do corpo. Parecia estar se decidindo se o faria ou não.

– Tudo bem, eu o chamo – ele falou por fim – mas antes você vai me responder uma coisa com toda a sinceridade.

O olhei com um certo receio, eu não sabia se poderia responder com total sinceridade. Tudo dependeria do que ele me perguntaria.

– Não tem chance de ser... bom, você sabe... você e o John realmente se cuidaram? – ele perguntou parecendo de repente sem graça.

Eu arregalei os olhos de repente achando graça na situação.

– É realmente isso que você acha que pode ser? – eu respondi de repente rindo.

– Responde logo – ele falou extremamente irritado.

– Não, não tem chances de ser isso – falei soltando um suspiro sentindo um pequeno mau humor crescer dentro de mim – mas mesmo que fosse, por que está tão preocupado com isso?

– Não estou preocupado – ele falou forçando o maxilar – o que você faz ou deixa de fazer não é problema meu, mas não acho que seja a hora de termos crianças correndo por aqui.

Ele saiu sem me dar a oportunidade de reclamar ou contestar qualquer coisa que fosse.

Eu sabia que não poderia pedir para Liam sair do próprio quarto e sabia que não poderia sair da cama sem a bota. Olhei para meu pequeno objeto de tortura atual tentando tomar coragem de colocá-la de novo. Tirei a coberta das pernas e quando eu estava tomando coragem para colocar, Liam entrou de novo com o Luciel.

Liam parou e ficou me olhando tentando entender o que estava acontecendo. Meu pé doía pouco dependendo do movimento, mas não era nada de outro mundo. Em compensação o corte latejava de uma maneira enlouquecedora.

– Por que está tirando a bota? – ele perguntou com os olhos cravados em mim.

Eu fiquei muda e estática enquanto Luciel, sem pedir licença chegou ao outro lado da cama para ter uma visão melhor da ferida. Seus olhos se arregalaram um pouco sem conseguir disfarçar o assombro pela vermelhidão que estava. Sem pedir licença ele colocou a mão na minha testa e pareceu estremecer.

– Eu... – ele começou a falar, mas eu o interrompi.

– Eu machuquei, não pensei que fosse ficar assim – falei para que ele não se entregasse tão facilmente – Vi que você tem lido alguns livros sobre primeiros socorros e sei que você fica acordado até tarde.

– Eu... é – ele parecia extremamente confuso comigo.

Liam que havia estado parado enquanto observava a cena, talvez movido pela curiosidade ou talvez movido pela preocupação que ele não admitiria que estava, foi até o lado do Luciel e soltou um palavrão baixo assim que viu os pontos.

– O que você fez aí? – ele praticamente gritou como se eu fosse uma criança que acabava de desobedecer às ordens dos pais.

– Eu caí no quarto – menti de uma maneira tão natural que impressionou até a mim.

– E você deu os pontos? – ele falou forçando a mandíbula para não gritar de novo.

– Foi... – falei mordendo o lábio inferior tentando não mostrar minha mentira.

– E não te passou pela cabeça avisar qualquer um de nós? – os poucos segundos que ele se conteve haviam acabado.

– Eu... – eu estava suando, talvez pela situação, talvez pela febre, não saberia dizer – eu não queria admitir que estava sem a bota.

Falei sem olhar para ele, tinha medo de ele perceber que a naturalidade havia ido embora com o primeiro sinal de fúria contida dele.

– Eu vou buscar o Pielsana, soro e gaze para limpar isso – Luciel tentou falar mantendo a voz controlada também – Talvez o Ethan saiba melhor o que fazer.

– Eu não queria acordá-lo. Sabia que você estaria acordado a essa hora, por isso pedi para te chamar.

Ele me olhou e mordeu o lábio, talvez se segurando para não dizer nada que nos comprometesse. Ele parecia desesperado e até mesmo culpado por aquilo. Eu queria acalmá-lo, mas não podia fazê-lo com o Liam ali.

Olhei novamente para a ferida me perguntando por que eu não havia terminado de fazer o curso de cuidados básicos e primeiros auxílios quando tive a chance. Eu havia aprendido o suficiente para cuidar da Alana, mas não queria fazer nada que tivesse a ver com feridas e larguei o curso. E agora, eu estava ali sem saber o que fazer.

– Liam, eu vou trazer gaze e soro, será que você consegue ajudar na parte dessa primeira limpeza?

– Torce para eu não aproveitar e descontar a raiva que eu estou sentindo enquanto limpo essa merda – ele respondeu entre dentes.

Luciel foi e voltou bastante rápido com a gaze, a pomada e o soro, depois saiu de novo enquanto buscava analgésico para dor e para baixar a febre, também foi procurar algum anti-inflamatório.

– Como você consegue ser tão estabanada? – Liam resmungava enquanto embebedava uma gaze com soro fisiológico – Que inferno! Eu não sei limpar essa droga. Se doer avisa que talvez eu pare.

– Obrigada, Liam – falei sentindo um sorriso fraco brotar no rosto por conta daquela brutalidade toda. Aquela brutalidade me mostrava o quanto ele estava preocupado comigo e isso por um lado fez com que eu me sentisse bem.

Enquanto Liam limpava o que ele conseguia e resmungava xingamentos e palavrões, Luciel entrou com as coisas seguidos de Ethan, que mal parecia ter acordado.

– E então, o que você acha? – Luciel perguntou mostrando a ferida para o Ethan.

Ethan se esforçou para abrir os olhos, pediu licença para o Liam e abaixou para ver melhor a ferida.

– O que você disse mesmo que aconteceu Luciel? – ele perguntou parecendo pouca coisa mais desperto.

– Eu não disse – Luciel respondeu com um sussurro.

– Eu caí no meu quarto – falei tentando salvar Luciel do apuro.

– Caiu? E deu os pontos na perna sozinha? – ele cruzou os braços esperando que eu respondesse.

Eu ia dar a mesma resposta que havia dado a Liam, mas Ethan me cortou antes mesmo de começar.

– Será que eu posso conversar com ela a sós um pouco? – Ethan falou ainda de braços cruzados.

– E por que eu sairia do meu próprio quarto? Que inferno, eu só queria uma noite tranquila.

Apesar de resmungar, Liam saiu com Luciel. Ethan por sua vez continuava com os olhos cravados em mim antes de perguntar novamente.

– O que aconteceu?

– Eu caí no quarto – respondi de novo.

– Agora, eu quero que você me fale a verdade. Primeiro porque esse corte é recente e eu sei que você passou a tarde toda no quarto do John, logo você não poderia ter caído no seu quarto e John não deixaria de te atender se você tivesse se machucado no quarto dele. Depois, se você caiu quem deu os pontos? Você?

Eu mordi a boca, me sentia encurralada.

– Mais uma coisa, você não conseguiria dar esses pontos dessa maneira, a posição não permitiria, os pontos no mínimo estariam um pouco mais tortos. E se outra pessoa que deu os pontos, então eu tenho que dizer que essa pessoa foi muito imprudente, já que colocou os pontos em você e logo em seguida você colocou a bota, que por sinal está suja com o seu suor e sujeira de dias. Estou inclinado a acreditar que isso não foi um simples machucado, e eu não saio daqui e nem você se você não me contar a verdade. Quer minha ajuda? Eu te ajudo, mas em troca da verdade.

– Até onde você sabe do que está acontecendo, Ethan? – perguntei baixo.

– John e Liam me contaram o que andava acontecendo até o incidente no porão.

Eu poderia ter mandado ele embora, poderia dizer que ele não tinha nada ver com aquilo. Poderia simplesmente deixar a ferida cicatrizar ou piorar sozinha, mas eu não estava disposta a dispensar a ajuda dele. E por isso eu contei, contei sobre o chip rezando para que ele não fosse um infiltrado como Lúcio. Expliquei sobre as minhas suspeitas e como eu e Luciel havíamos bolado um plano para que pudessem me rastrear caso alguma coisa acontecesse. Ele ouvia tudo sem dizer uma única palavra. Ele seguia ali parado, de braços cruzados encostado na janela. Parecia estar 100% acordado e mesmo assim eu não o via mexer um músculo sequer.

– E quem está de acordo com as suas suspeitas em relação ao Lúcio?

– Eu, Liam, John e Luciel.

– Quem mais sabe disso? – ele perguntou apontando para minha perna enquanto tentava manter a voz controlada.

– Eu, John e Luciel – falei por fim.

– Liam não sabe de nada? – ele pareceu surpreso com isso.

– Não, já foi extremamente difícil convencer o John... preferia não envolver mais ninguém nisso.

– Vocês pararam para pensar que seu corpo pode rejeitar esse chip? Passou pela sua cabeça minúscula que após sofrermos com um machucado desse nível, o mínimo que precisamos fazer é tomar um anti-inflamatório e manter a ferida limpa? Te passou pela cabeça que fazer um corte desse tamanho e colocar essa bota seria como convidar bactérias a entrar na sua corrente sanguínea?

Ele falava baixo, com a voz controlada, mas eu podia notar a raiva contida nelas.

– Eu irei te ajudar, mas de agora em diante, se eu souber que vocês me ocultaram mais alguma coisa, eu abrirei mão. Se é para te ajudar toda vez que você se machuca, eu quero no mínimo ter a possibilidade de te salvar em algum apuro. Não gosto de estar a margem dessas coisas. É a vida de todos que está em perigo aqui.

– Eu entendo, você está certo. Você não será mais deixado de fora, prometo.

Ele me encarou e apertou os olhos, tentando decidir se acreditava ou não em mim.

– Vou chamar os dois. E você tem razão, o que vocês estão fazendo beira a loucura, Liam jamais aceitaria isso.

Ele foi até a porta dando passagem para que Luciel e Liam entrasse novamente e falou para todos.

– Ela está com um pouco de febre, a ferida não está muito feia, mas o ideal é ela não forçar essa perna por enquanto. Eu diria que o ideal é ter sempre alguém de olho nela, ela tem o dom de se meter em encrencas e tenho certeza de que ela não vai ficar quieta se a deixarmos voltar para o quarto dela. Logo nos leva a questão, vamos levá-la para a enfermaria? Se a levarmos, irão fazer o sistema de vigilância, principalmente porque ela não segue nenhuma restrição em relação a saúde. O problema disso é que não poderemos deixar o Lúcio longe dela nessa situação.

Liam e Luciel olharam para Ethan e logo para mim, mas não questionaram nada, afinal Ethan já sabia uma boa parte da situação.

– E se ela ficar no quarto dela? Assim poderemos revezar entre nós para ficarmos de olho nela – Ethan seguiu.

– Acho que nesse caso Judy iria suspeitar – Luciel falou suspirando.

– Ei, eu estou aqui – falei interrompendo – será que eu posso opinar aqui também?

– Não! – Liam e Ethan responderam em uníssono enquanto Luciel dava de ombros.

– E se ela ficar nos nossos quartos? Ou seja, no quarto de um de nós quatro? – Ethan falou pensativo.

– Quatro? – Liam perguntou olhando novamente ao redor.

– Sim, quatro contando com John – Ethan concluiu.

Liam desviou o olhar fixando-os na janela.

– Se Liam não se importar, talvez fosse melhor ela ficar aqui pelo menos essa noite. Ela já está acomodada na cama e assim poderemos decidir melhor quando acordarmos qual a melhor opção. Falaremos amanhã na reunião que ela não está se sentindo bem. Posso conversar com o John para inventarmos alguma desculpa para que ela descanse por esses dias.

– A ideia de vocês é que eu simplesmente fique presa aqui no quarto do Liam ou no quarto de um de vocês, sem participar das atividades diárias até que meu pé melhore?

– Por um acaso você tem uma ideia melhor, senhorita encrenqueira? – Liam perguntou juntando as sobrancelhas – Se você ficasse quieta uma vez na vida, isso não estaria acontecendo agora.

– Agora a culpa é minha? – perguntei sentindo o rosto esquentar de raiva.

– E de quem mais seria?

– Será que os dois poderiam parar com isso? – Ethan falou calmamente – Ela fica aqui essa noite, assim que acordarmos decidiremos o que faremos. Voltamos para cá com John e assim poderemos conversar com mais calma. E agora, vou pegar os remédios que ela vai tomar durante esses dias e já passou da hora dela tomar algo para baixar a febre e dormir.

Ethan não esperou ninguém responder, despejou na minha mão dois comprimidos que eu não sabia o que era e me deu um pouco de água. Passou um gel na ferida e a cobriu com gaze limpo, tirou todos do quarto dizendo que queria conversar com eles e me mandou dormir. Assim que a luz apagou, eu me virei... a dor não demorou muito para ir embora e em pouco tempo eu caí em um sono pesado.

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