{Cap. 16}
Por que estamos tão na negativa
Quando sabemos que não somos felizes aqui?
Hey Ya!
╰─────────────➤✎Outkast
– Uma festa?! – a surpresa foi geral.
– Sim, uma festa. Afinal, estamos juntos tem bastante tempo e nunca fizemos uma verdadeira confraternização, só fazemos isso durante as reuniões e sinceramente a única que eu vejo tentando fazer com que todos fiquem realmente bem de espírito aqui é a Eva – Vi voltou a falar com um sorriso estampado no rosto.
– Mas como que faremos uma festa? – Jay perguntou, até mesmo ele pareceu animado com a ideia.
– Boa pergunta Jay. Se todos concordarem, eu e a Jéssica já fizemos uma pequena divisão de como serão divididas as tarefas para a festa – ele seguiu e todos, sem exceção, concordaram com a cabeça.
– A divisão será assim – Jéssica iniciou – Yan ficará responsável pela comida junto com Helena e Jay. Vi e Eva ficarão responsáveis pela decoração, Judy você ajudará também, já que a festa vai precisar ficar perfeita para que Alana tenha total acesso, portanto preciso que você faça uma revisão em tudo e nos diga no que precisaremos melhorar para a acessibilidade dela. Eu e Harry vamos seguir com as buscas dentro da escola durante a semana, para que essa parte não fique de lado. Luciel e John arrumarão a parte técnica, eles verificarão tudo para que não falte energia nesse dia, também estarão responsáveis por qualquer parte eletrônica que tiver na festa, como os jogos. Henry e Zayn, cuidarão da música, Zayn todos já conhecem da televisão, mas Henry fazia parte da orquestra da cidade com apenas 14 anos, ele é um músico excelente e como conseguimos abrir a sala de músicas graças ao encontro das chaves, instrumentos não serão problemas. Estarei ansiosa para escutar as músicas que vocês nos apresentarão. Façam uma boa apresentação. Lembrando que se alguém quiser fazer alguma apresentação à parte, também poderão usar o tempo livre para ensaiar, mas não poderão deixar suas obrigações de lado. Su e Sarah cuidarão do grupo, cabelos, maquiagens para as moças, ou para os rapazes se eles quiserem. Qualquer coisa que esteja relacionado com a parte de cuidar de todos. Lúcio, Liam e Ethan cuidarão das buscas pela cidade, entreguem as listas do que precisam o mais rápido possível para eles, para que eles não tenham que fazer essa viagem muitas vezes e assim evitarmos riscos desnecessários. E por fim, Alana... – meu coração quase parou, Jéssica a estava olhando com um sorriso estampado no rosto – Venha e brilhe na festa.
O sorriso de Jéssica se alargou ainda mais. Todos sabiam que Alana não falava, não mostrava reação alguma e tenho certeza de que Jéssica não esperava nenhuma reação, mas a tratou como uma igual e isso me emocionou. Olhei para Alana que desenhou um pequeno sorriso no rosto, talvez ninguém tenha reparado, mas eu pude notar, meus olhos se encheram de lágrimas, chorar era algo que eu fazia com frequência desde que havia chegado ali, mas naquele momento, o choro vinha com uma emoção e uma esperança terrivelmente grande, consegui pensar em outras coisas e segurar as lágrimas que queriam tanto sair. Alana havia sorrido.
A semana seria cheia, mas ninguém reclamou do trabalho, todos pareciam animados, até mesmo Liam e Henry. Liam pouco a pouco estava sendo mais agradável e eu desfrutava cada vez mais a sua companhia.
A festa ficou marcada para o dia 25 de setembro, que seria em um sábado, não é que tínhamos que seguir as regras impostas pela sociedade antes de tudo, mas era bom mantermos as tradições para o nosso bem psicológico. Tínhamos 10 dias para preparar e todos começaram imediatamente tudo o que lhes fora pedido. Esperei que todos saíssem do salão, ficou apenas Jéssica, John e Vi, além de mim. Fui até onde a Jéssica estava e sem pedir licença, sem pedir permissão, dei um abraço apertado nela. As lágrimas finalmente corriam livre pelo meu rosto.
– Obrigada, obrigada – eu repetia.
Ela não repeliu meu abraço, apenas me abraçou de volta e colocou a mão na minha cabeça. Eu finalmente pude sentir novamente que a minha irmã estava viva graças a ela.
– Cara, que canseira. Não tem mais ninguém aqui assim? – perguntei me jogando em uma cadeira qualquer ao voltar de uma das tantas buscas que eu fazia diariamente.
– Ah, Liam. Você já voltou? – Eva perguntou ao me notar na sala, mas não levantou a cabeça.
"Não, Eva. Sou apenas uma alucinação da sua cabeça já que você não me tira daí"... tive vontade de responder, mas fiquei quieto.
– Já está de volta? – Jay perguntou em um outro canto – Bom trabalho com as buscas hoje.
"Outro idiota" pensei sentindo o mau humor crescer dentro de mim.
– Só estão vocês dois aqui? – perguntei tentando controlar a voz.
– Os outros estarão aqui em breve – Eva respondeu, mas nem sequer olhou para mim. Suspirei alto um pouco incomodado com aquilo.
– O que foi? – ela perguntou finalmente levantando os olhos do livro que estava lendo.
– Nada – sorri sentindo o monstrinho crescer dentro de mim. Eu adorava provocá-la e o simples fato dela olhar para mim me incitava a isso – Só acho legal ter alguém para me dar as boas-vindas quando retorno.
Ela arqueou uma sobrancelha, colocou com cuidado o marca-páginas no lugar onde ela havia parado do livro e o fechou.
– Se é por isso - ela sorriu encantadoramente – Bem-vindo de volta, Liam.
Ela fazia aquilo para me provocar, eu tinha certeza disso.
– Eu sempre ficava sozinho em casa, apenas a Ashley me recebia quando ela podia – eu não sabia o porquê eu tinha falado aquilo, apenas falei. As vezes esse tipo de lembrança me passava pela cabeça e eu tentava ocultar a todo custo, mas tinha vezes que eu queria tanto puxar assunto com ela que qualquer coisa que me passava pela cabeça eu falava.
– Seus pais eram muito ocupados? – ela me perguntou normalmente – ou você morava sozinho?
– Morava com eles, mas dava na mesma. Quase nunca os via. Na verdade, só passei a ter companhia depois de vir para cá, é primeira vez que eu passo tanto tempo assim com alguém. Todos aqui são boas pessoas. Parece que somente as pessoas com quem eu consigo me dar bem foram escolhidas para vir para cá.
Por que eu estava falando aquilo? Por que eu não podia simplesmente ficar quieto? Ela me olhava atentamente com aqueles distintos olhos cor de âmbar. Notei como a maquiagem preta ao redor dos olhos definia ainda mais a cor dos seus olhos.
Quando ela chegou, ela estava descuidada, mas desde então tinha se mostrado bem vaidosa.
– Bons? Quem? – me assustei quando Henry resmungou desde a porta.
– Todos, menos você – falei rindo.
– Mesmo que eu não seja, onde que você, a Sarah e o Jay são bons?
Me senti incomodado com aquilo, por que ele tinha que falar da Sarah?
– À primeira vista pode não parecer – respondi me sentindo na obrigação de defendê-la – mas ela é bem tímida e fica com medo facilmente. Ela também escuta os outros.
– Tem certeza? – Eva pareceu se incomodar, a cara de desgosto que ela demonstrou me fez sentir um certo aperto no estômago.
– Só se for na sua frente, Liam – Henry deu de ombros – Ou na sua cama.
Vi o corpo de Eva ficando rígido, seu maxilar sendo forçado e ela deliberadamente abriu o livro de novo. Será que ela...? Não, era nítido que ela me odiava e eu precisava tirar qualquer pensamento errado da cabeça. O que aconteceu no fliperama foi algo que ela provavelmente já havia esquecido.
– Você diz isso porque nunca viu o que é uma pessoa ruim de verdade – falei irritado com o rumo da conversa – Comparado a essas pessoas, a Sarah é um anjo.
– Eu acho que você é muito cabeça dura para perceber – Henry falou em um suspiro – ou pensa com a cabeça errada.
– Como assim? – perguntei sem saber ao certo se seguia irritado ou tentava entender o que ele estava querendo dizer. Eu não estava com a Sarah só pelo corpo dela, ela era minha amiga.
– Esquece – ele suspirou de novo – não adianta tentar te explicar. Vou voltar para o meu quarto. Boa sorte com aquela ignorante. Ei, Eva – ela o olhou sem expectativa – Se eu fosse você voltava quando a reunião estivesse prestes a começar. Tem certas coisas que não valem a pena.
– Oras, seu... – falei tentando segurar a raiva. Olhei para Eva, que não havia respondido nada e apenas olhava Henry sair da sala – Você também acha que sou cabeça dura? – ela revirou os olhos e ia voltar para a leitura – Ei, espera aí, não revira os olhos assim, não.
– Liam – ela novamente abaixou o livro – Você vai ficar irritado se eu te disser a verdade, e eu prefiro não mentir.
– Ei – falei sentindo a irritação aumentar e acabei aumentando a voz um pouco – então isso significa que você acha mesmo que eu sou um cabeça dura?
– Ah – ela fez uma cara fingida de espanto – deu para entender, foi?
– Está zoando com a minha cara? Cheia de coragem, hein?
Ela riu. Como ela conseguia baixar minha guarda só com seu riso?
– Precisa fazer tanto barulho? – Sarah chegou na sala reclamando e o clima de repente pesou notavelmente.
– Ah... – todo o humor que a Eva havia recuperado de repente pareceu sumir e ela tentou em vão voltar a sua atenção para o livro.
– O que estão fazendo aí tão juntos assim? – Sarah perguntou irritada.
– Não estamos fazendo nada – arqueei uma sobrancelha para Sarah que parecia ainda mais irritada.
– Sarah, bem-vinda de volta – Eva falou sem tirar os olhos do livro, mas não sentia nenhuma hostilidade na voz dela.
– Cai fora, idiota – Sarah resmungou – Estou aqui um caco de tão cansada e a modelinho idiota aí acha que é hora de ficar fazendo escândalo. Estou com dor de cabeça e já sabem de quem é a culpa, né?
Qual era o problema da Sarah?
– Sarah, já chega disso – falei incomodado.
– Enfim, Liam. Olha para mim. Quero te perguntar uma coisa – Sarah se aproximou como se quisesse me provocar.
– O que é? – eu gostava da Sarah, ela era legal e eu aproveitava meu tempo com ela, mas eu não tinha expectativa romântica nenhuma com ela e sabia que ela também era assim comigo, ou pelo menos era o que ela dizia. Mesmo sabendo o quanto eu disfrutava estar com a Sarah, por que me incomodava tanto que ela fizesse isso na frente da Eva?
Ela chegou sua boca até meu ouvido e sussurrou, mas foi alto o suficiente para que Eva ouvisse.
– Não quero conversar aqui.
Eva fechou o livro, dessa vez com força e se levantou.
– Vou voltar para o quarto.
– Sarah, por que você fica afugentando-a? – notei a irritação na minha voz, mas eu não conseguia controlar, acabei segurando a Eva pelo braço – Ei, ei. Você não precisa ir embora.
Eva apenas olhou para minha mão segurando o braço dela e levantou os olhos para mim, ela parecia furiosa.
– Mas eu quero que ela saia – Sarah provocou ainda mais.
Eva seguia olhando hora para mim e ora para minha mão que seguia segurando seu braço.
– Sarah, por que você fica tratando-a assim?
– E como eu não faria isso? Eu não confio nela, tenho certeza de que ela é um dos seletores e vocês estão obcecados demais com a modelinho para se darem conta disso. Aposto que tudo vai começar a piorar muito.
Eva segurou meu pulso e eu soltei seu braço sem nenhuma resistência.
– Vou embora – Eva se virou para sair de novo.
– Nossa... que temperamento difícil – forcei o maxilar.
– Ela está agindo assim porque sabe que é verdade – Sarah cruzou o braço.
– Eu estou falando de você.
– O que tem eu? – Sarah me fuzilou com o olhar.
– Enfim – balancei a cabeça desistindo do assunto. Eva já havia ido embora e eu não estava com paciência para esse joguinho – O que você queria me dizer? E por favor, vá direto ao ponto. Estou cansado.
– Liam – as feições de Sarah caíram de repente e ela pareceu notar algo que eu não queria admitir – Você gosta dela?
– Quê? – eu praticamente gritei – Ficou maluca?
Estava com o coração acelerado e sentia um certo frio no estômago. Por que eu simplesmente não conseguia dizer a verdade? Por que eu não admitia de uma vez que eu estava louco pela pequena modelo arrogante?
– Ok, se esse não é o caso, então tudo bem... – ela falou fechando a cara de novo.
– Você só pode estar maluca para estar dizendo essas coisas.
– Ta bom, Liam – ela cruzou novamente o braço – se esse não é o caso, por que está fazendo tanto barulho por conta dela?
Fiquei quieto. Sarah me conhecia bem e qualquer desculpa que eu desse iria simplesmente denunciar o que eu estava sentindo. Ela me estudou um pouco e se deu por vencida.
– Esquece, deixa isso para lá.
– O que você queria? – falei um pouco mais calmo e constrangido ao mesmo tempo. Era verdade, eu não tirava a Eva da cabeça, mas a Eva não estava nem aí para mim, mas a pessoa à minha frente sim.
Ela sorriu provocativamente e notei que ela usava o batom que eu mais gostava.
– Você passou o batom que eu te dei – falei sorrindo.
– Hã? – ela se fez de desentendida – Você percebeu? Achei que não fosse notar. Vamos, deixa a Eva para lá. Vamos para o quarto.
Por que ela tinha que estragar tudo?
– Não – falei saindo de perto dela – Você deveria se desculpar com a Eva.
– E por que eu faria isso? Tenho certeza das minhas suspeitas e ela fica se fazendo de santa só para se safar de confusão.
– Tem alguma prova disso? – falei cruzando os braços – Tem alguma prova de que ela seja quem você diz?
– Não preciso de provas para saber que é verdade!
– Você realmente precisa parar com isso... – falei em um suspiro.
– O quê?! Liam! Você alguma vez já desconfiou dela também, o que te fez mudar de ideia?
– Sim... – falei de repente sem graça – Isso agora é passado. Ela é uma boa pessoa.
– Por isso que eu a odeio – ela resmungou baixo, eu tinha escutado, mas algo me fez perguntar de novo.
– O que você disse? Não consegui ouvir – por que ela odiava tanto a Eva?
– Nada – ela balançou a mão para acabar com aquele assunto – Idiota.
– Primeiro o Henry, depois a Eva e agora você. Ei, mas se eu sou tão idiota – sorri de lado – como foi que eu notei o batom? Vai me dizer que eu não sou um bom observador?
– E essa é a parte que eu interpreto por conta própria? – ela sorriu – Entendi, Liam... Seja bom comigo. O jeito que irei tratá-lo depende de você.
Sorri e a segui já antecipando mentalmente o nosso próximo passo.
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