22. PIMENTA - FINAL
- Vou buscá-la – falou se levantando e sumindo pelo corredor em direção ao quarto.
Entrei em pânico pensando quem poderia sair daquele quarto. Mal conseguia ficar sentada.
Escutei que ele voltava para a sala e tentei parecer normal.
Quando vi Cristofer surgindo, meus olhos automaticamente se arregalaram e eu exprimi algum som agudo de admiração. Ele trazia nos braços um gatinho de cor acinzentada de pelos longos e olhos amarelos, era lindo.
- Cristofer! – exclamei quando ele se aproximou de mim com o bichinho peludo. – Ele é lindo – continuei.
- É uma menina – ele respondeu rindo enquanto eu tomava a gatinha dele.
- É linda!
- O nome dela é Pimenta.
- Você já deu nome e tudo?
- Já... Faz um tempinho que estamos morando juntos.
- Ela é tão calminha – eu segurava a gatinha no colo e ela parecia estar adorando.
- Eu peguei ela num abrigo para animais.
Sentamos novamente no sofá quando Cristofer começou a contar como tinha conseguido a Pimenta. Contou da tarde que foi até o abrigo de animais e como conseguiu convencer um taxista a deixá-lo entrar no taxi com a gatinha. Foi ótimo ouvir sobre a adaptação dele com ela, como escolheram o lugar que ela deveria fazer suas necessidades e onde dormir.
- Comprei a melhor caminha para gatos, tentei colocar próxima à minha cama para ela ficar perto de mim e não se sentir sozinha, mas ela elegeu a minha cama como sendo dela. Brigamos umas duas noites por conta disso, mas hoje eu a chamo para a cama na hora de dormir se ela não vem. A cama é dela na verdade, o convidado sou eu.
Fiquei embasbacada de admiração por ele.
- Isso que você fez foi muito legal.
- Ainda não sei bem ao certo porque resolvi fazer isso. Mas tem sido ótimo. Ainda estamos nos conhecendo. Ao contrário do que imaginei, ela é uma ótima companhia, nunca imaginei que gatos eram tão carinhosos.
- Eu já sabia disso – comentei lembrando do Alecrim.
Estávamos ficando confortáveis na presença um do outro quando Cristofer voltou a me olhar da mesma forma estranha com que havia me olhado quando bati em sua porta.
Franziu o cenho por alguns instantes e em seguida arregalou o olho como se tivesse descoberto algo importante.
- É você!
- Eu o quê?
- Você veio reclamar do barulho uma noite dessas!
Não pude evitar a risada.
- Eu? – me fiz de cínica ainda rindo.
- Você mesma! Como foi que não percebi isso antes?
- Uma noite dessas... Faz muito tempo! Vai ver você não estava muito em condições de se lembrar do que estava fazendo naquele dia.
- Eu estava ótimo! – falou rindo.
- Claro que sim – respondi ironicamente.
- Que vizinho ótimo você arrumou.
- Sabe que depois que eu dei uma prensa, nunca mais me incomodou?
Rimos mais uma vez. Talvez estivéssemos nervosos com a situação e tudo parecesse potencialmente mais engraçado do que a realidade. Mas logo Cristofer voltou a ficar sério e mudou o assunto radicalmente.
- Preciso que me perdoe.
- Cristofer...
- Por favor, Sofia. Não foi justa minha reação com você.
- Posso imaginar como foi para você a sensação estranha de descobrir o que descobriu. Por isso não te culpo. Não mais – corrigi. – Fiquei com um pouco de raiva no começo, depois entendi que sua reação foi impulsiva. Quando me coloquei no seu lugar e percebi como deveria estar sendo difícil para você, parei de sentir raiva, fiquei triste. Nenhum de nós tem culpa. É um daqueles momentos em que não podemos prever nem controlar nossas reações. Por isso, não se desculpe.
- É tudo verdade, mas não muda o fato de eu ter sido grosseiro com você. Nunca tive um surto parecido. Não quero que sinta medo de se aproximar de mim novamente temendo que vá se repetir.
Eu realmente nunca esperei aquela reação grosseira da parte dele, mas precisava perdoá-lo, mais por mim do que por ele. Seria como me livrar um pouco daquela lembrança desconfortável.
- Bom. Então, se é por isso, sinta-se desculpado.
- Sério?
- Sim.
- Fico aliviado de ouvir isso.
- Eu não enganei você. Queria que entendesse isso. Só fui saber que a minha doadora era sua noiva no dia que você também descobriu. Nunca devia ter mexido nas suas coisas.
- Não se preocupe com isso...
- Quero te contar como foi, quero que você entenda que nada foi premeditado. Até aquela altura eu não sabia de absolutamente nada. Aconteceu sem que eu me desse conta.
"Eu queria, na verdade, uma desculpa para te ver naquele dia, então aproveitei para buscar a minha blusa. Não devia ter aberto sua porta. Foi ridículo, sinto uma vergonha absurda só de lembrar. Não te vi, então fui ver se você não estava no seu quarto. Quando encontrei minha blusa e não te encontrei, resolvi ir embora, mas esbarrei na sua porta do armário que estava um pouco aberta e tentei fechar. Parecia abarrotado de coisas. Bastou que eu o abrisse pra que a caixa com fotos caísse sobre mim. Errei em ter fuçado nela. Também agi por impulso. Vi a foto da Amanda e quando li o nome na foto quase enfartei. Saí correndo de lá assustada e acabei esquecendo minha blusa.
- Como sabia que ela era a doadora? – ele me interrompeu.
- Eu sei que não é usual, mas acabei dando um jeito de conseguir o nome do meu doador. Uma pessoa muito querida me contou e pediu que eu guardasse segredo. E foi o que eu fiz todo esse tempo. Ninguém nunca soube.
"Não foi difícil encontrar o cemitério depois que descobri o nome. Pra falar a verdade não sei como nunca nos esbarramos por lá. Eu sempre dava um jeito de passar por lá no começo. Depois fui ficando mais relapsa...
- Eu não costumava ir muito lá. Era terrível pra mim.
- Eu sinto muito – meus olhos arderam. – Quero que saiba que nunca te enganei.
- Eu sei.
Eu mantinha meu olhar fixo na gatinha que estava no meu colo enquanto eu estava sentada no sofá. Não era muito agradável falar sobre aquele assunto. Estava feliz por ele ter se desculpado, já que achei que ele nunca mais iria querer falar comigo novamente. Ainda não sabia como reagir, então, tentei mudar rapidamente de assunto.
- Linda sua nova companheira, mas tenho que ir, tô morta de fome.
- Não precisa ir.
Me voltei para ele e o encarei sem entender muito bem o que ele queria.
- Podemos fazer alguma coisa... aqui...? – ele continuou.
- Não sei... Tô sem idéias – achava cedo ainda para isso.
- Mentira – ele resmungou.
- Cristofer... – resmunguei ainda mais baixo.
- Um jantar para selar nossas pazes – ele falou esticando a mão para selar o acordo.
- Tudo bem – falei esticando minha mão apertando a dele.
Fiquei com um pouco de medo, era tudo o que eu queria que acontecesse, mas tive aquele medo que dá quando alguma coisa que a gente quer tanto finalmente se torna realidade.
Quando cheguei à cozinha de Cristofer, fiquei assustada com a quantidade de comida que ele havia comprado, nunca tinha visto aquela cozinha com tanta vida. Havia frutas na fruteira (agora ele tinha uma fruteira), os armários estavam repletos de comida de verdade, e a geladeira estava com todos os compartimentos cheios. Soltei um sorriso quando averiguei o que a geladeira continha, parecia que Cristofer estava com tudo planejado. Este fato fez meu coração se alegrar como há tempos não acontecia.
- Sopa? Creme de batas com mandioquinha e ervilhas? Pode ser?
- Parece ótimo.
- Não está tão frio, mas...
- O que você quiser.
Desta vez, ele não me ajudou em nada, se encostou no batente da porta e ficou observando cada movimento que eu fazia. Sua gatinha passeava por minhas pernas enquanto eu cozinhava. Quando vi a expressão de seu rosto, senti minha bochecha corar ao perceber que ele mal piscava. Tentei não dar importância e continuar o que estava fazendo.
- Não vai me ajudar? – perguntei brincando.
- Não. Hoje estou melhor vendo daqui – respondeu em tom provocador.
Não demorou muito para que o medo que eu estava sentindo quando eu cheguei fosse sumindo dando lugar há algum tipo de excitação. Com este sentimento eu já estava habituada.
Não me importava mais saber se o que eu sentia era genuinamente meu, ou algo "emprestado", o que me importava é que estava dentro de mim, e sentir o que eu sentia por Cristofer me fazia bem. Além do mais não existia esse tipo de coisa de "roubar" o que há dentro de um coração. Acho eu...
O creme estava quase pronto. Abri a tampa da panela e respirei fundo a fumacinha que subia tão convidativa. O cheiro estava ótimo.
- Está pronto!
- O cheiro está ótimo – falou se aproximando da panela.
- Obrigada – agradeci meio sem jeito.
Ver a expressão de Cristofer ao dar a primeira colherada me satisfazia mais do que se eu mesma estivesse comendo. Ficava imensamente feliz em saber que ele gostava dos pratos que eu preparava. Nunca me cansava.
Não falamos nada, trocamos alguns olhares entre uma colherada e outra, às vezes alguns sorrisos envergonhados ou maliciosos, mas nada de palavras.
Logo nossos pratos estavam vazios, e sem comida e sem muita conversa, encontrei a deixa para finalmente ir para minha casa.
- Acho que vou indo.
Ele não me respondeu. Levantou e levou os pratos até a pia. Parou por um instante de costas para mim apoiando-se sobre ela e começou a falar.
- Eu tinha acabado de sair de uma cirurgia quando fiquei sabendo.
- O quê? – fiquei confusa, mas ele continuou a falar.
- Quando cheguei ao hospital para onde ela foi levada, os pais estavam em desespero, parecia ser grave – falou ainda de costas para mim.
Presumi que se referia à Amanda.
- Cristofer – interrompi.
- Deixe eu terminar – pediu.
- Ok – assenti.
Então ele se sentou novamente ao meu lado e continuou a contar. Tinha os olhos fixados em um ponto que eu não pude decifrar.
- Quando entrei em seu quarto não pude acreditar. Ela estava perfeita – falou enchendo os olhos. – Não havia um arranhão sequer em seu rosto. Parecia estar apenas dormindo.
"Então o médico me comunicou que ela já havia tido morte cerebral. Entrei em desespero, não pude acreditar".
A tristeza dele estava se irradiando para mim. Tentei controlar ao máximo meu desconforto, mas minha vontade era de chorar.
- Iríamos casar em alguns meses – soltou inconformado.
- Sinto muito – desabafei.
- Você merece saber, Sofia.
- Não quero que se machuque lembrando disso.
- Vou ficar aliviado. Não agüento mais, preciso colocar isso pra fora...
- Tudo bem – falei segurando sua mão.
- O fato de eu ser um neurocirurgião fez com que tudo piorasse. Eu não pude salva-la. Não tive tempo, foi rápido demais. Sofreu um acidente vascular cerebral e em questão de segundos não estava mais viva. Seu coração batia, mas a chama que a ligava já não existia mais. Seu cérebro havia se apagado.
"Eu sabia do fato dela ser doadora de órgãos, o que me deixou esperançoso na época. Saber que ela poderia salvar alguma vida era um alívio naquele momento difícil. Parei de trabalhar por um tempo, e só voltei ao trabalho depois de aceitar acompanhamento de uma psiquiatra. Me afastei da minha família, não vejo meus pais há tempos. Meus amigos também. Na verdade, nesse caso, foram eles que se afastaram, ninguém me agüentava mais, a não ser Sofia.
Ele fez um momento de pausa para me olhar.
- Quando te vi pela primeira vez nas escadas segurando seus kiwis, ou quer dizer, pela segunda vez, não é mesmo? – ele sorriu – Me encantei. Mas fiquei apavorado também. Nunca mais havia sentido nada parecido. Por isso me esquivava tanto. Parecia traição. E depois que ficamos juntos e aconteceu tudo isso eu desmoronei, fui infinitamente injusto com você. Decidi me afastar definitivamente. Tinha tomado minha decisão e quando eu fui jurar isso diante do túmulo, você estava lá! – parecia inconformado. – Fiquei com ódio, furioso, mas depois, encarei como um sinal – falou se levantando. – Me perdoa?
- Tudo bem – respondi indo ao seu encontro. – Não se preocupe, eu te entendo – falei ao abraçá-lo.
Ele me agarrou como se eu pudesse voar e ele me segurasse não chão, tamanha era a força que fazia.
- Eu sinto muito, Cristofer.
- Obrigada por isso, mesmo depois de tudo que fiz você passar.
- Não pense nisso agora... Você vai ficar bem? – perguntei preocupada. – Preciso ir.
- Tudo bem – falou ao me soltar.
- Posso me despedir da Pimenta?
- Claro que pode – disse se recompondo. – Se ela está de barriga cheia, só tem uma coisa que pode estar fazendo: dormindo.
- Você mal se tornou um dono de gato e já está virando um especialista – falei rindo para aliviar o peso do momento enquanto íamos para a sala. Não conseguia parecer natural depois da conversa que havíamos acabado de ter.
- Não está aqui, deve estar no meu quarto.
- Não quero atrapalhar o sono do bichinho – respondi sem vontade de invadir o espaço dele tão cedo.
- Tudo bem, ela não se importa.
Não respondi nada, apenas o segui até o quarto. Quando ele chegou perto da porta andou mais lentamente e sussurrou para mim da porta.
- Ela está aqui.
Quando coloquei minha cabeça para dentro do quarto, pude ver o bichinho todo enrolado na poltrona que estava forrada com um cobertor que parecia estar ali para ela.
- Vai lá, depois que ela engata no sono, nada atrapalha.
Estava morrendo de vontade de apertar a gata, mas não queria ser intrometida. Fui me aproximando vagarosamente do bichano depois do aval do dono. Parecia estar tão aconchegante, não deu para resistir, enfiei minha mão no bolinho de gato e apertei lembrando a saudade que sentia do meu Alecrim.
Ao ver minha satisfação, Cristofer se agachou ao meu lado para observar Pimenta.
- Faz um bem danado te rum bichinho destes, Cristofer. Você vai ver.
- Eu sei, já tenho sentido o efeito – sorriu.
- Senti saudade do Alecrim ao vê-la. E uma pontadinha de inveja também, desculpe.
- Não precisa se desculpar e não precisa ficar com inveja... – fez uma pausa – Ela pode ser sua também.
Fiquei espantada com o comentário de Cristofer. Mas não deixei transparecer.
- Vou querer, onde eu assino? – falei rindo
- Não precisa assinar – ele respondeu sério.
Quando olhei para Cristofer, notei que ele não estava levando tão na brincadeira quanto eu. Falava sério, e seu rosto vermelho de choro estampava esse fato perfeitamente. Quando seu olhar se fixou no meu achei melhor me levantar.
- Tenho que ir.
- Não vá ainda – ele respondeu me segurando pelo braço.
Não consegui responder nada enquanto ele segurava meu braço e se aproximava de mim. Estava tão perto que podia sentir de novo o cheiro gostoso que vinha do seu cabelo.
- Fica comigo essa noite – ele continuou.
Não foi uma pergunta. Por isso não respondi. Apenas esperei pelo beijo que veio logo em seguida.
Ao sentir os lábios dele se aproximando dos meus, meu coração deu um pulo, foi nesse mesmo segundo que meus olhos se encheram das lágrimas que eu tentei segurar ao máximo, mas ficaram pesadas demais para isso. Quando Cristofer notou, sua primeira reação me pareceu de espanto, mas logo mudou de expressão na tentativa de me deixar mais tranqüila. Podia entender o que eu sentia perfeitamente. O momento era triste, mesmo que fosse libertador. Ele enxugou minhas lágrimas sem que eu precisasse me explicar.
Não pediu para que eu parasse de chorar, me puxou para perto e beijou meu olho direito depois o esquerdo. Por fim, enxugou meu rosto que estava molhado.
Quando abri meus olhos novamente ele continuava me olhando com seus olhos transparentes, mas era diferente. Ele havia chorado, seus olhos estavam vermelhos e mesmo assim não encontrei a tristeza que sempre esteve presente. Estavam limpos, não estavam mais cinzentos. Eram um dia de sol, finalmente.
Demoramos para acordar na manhã seguinte, eu, particularmente, queria que aquela noite nunca tivesse fim. Quando o sol esquentou o quarto de manhã, eu abri meus olhos com dificuldade e logo procurei por Cristofer. Queria ter certeza de que não estive sonhando. Ele estava ali do meu lado, ainda dormia. Respirei aliviada por estar acordada e não sonhando quando senti sua mão se movendo sobre mim.
- Faz tempo que acordou? – perguntou.
- Acabei de acordar.
- Eu dei tudo.
- O quê? – estranhei. – Você está sonhando?
- Não – ele falou passando a mão no meu cabelo.
- Do que está falando?
- Dei as coisas da Amanda. Alguns objetos pessoais devolvi para a mãe dela.
Era por isso que sua sala e seu quarto estavam livres das caixas que ele não mexia. Fiquei surpresa com a confissão dele, tanto que até me sentei na cama.
- Devia ter feito isso antes – continuou.
- Você tinha que se dar esse tempo.
- Nas últimas semanas, tive muito tempo para pensar nisso, então resolvi que era hora. Mas não entreguei tudo.
- Não?
- Não. A caixa que você encontrou está aqui ainda.
Não tive resposta para ele. Ficamos uns segundos em silêncio. Até que ele se levantou em direção ao armário e voltou com a caixa nas mãos.
- Sempre recorri a essa caixa nos momentos de solidão.
- Você não precisa se desfazer de todas as suas lembranças, Cristofer.
- Mas agora eu estou mantendo esta caixa pelo motivo errado. Não está aqui porque tenho medo de não ver estas coisas novamente. Está aqui porque tenho medo de me convencer de que não preciso mais dela, o que de fato parece ser a realidade.
Tomei a caixa das mãos dele enquanto ele terminava de falar. Ele me olhou receoso, mas permitiu minha petulância. Abri com cuidado e procurei pela foto da Amanda, aquela com a flor na cabeça.
- Fique com essa foto – falei ao entregar ara ele o retrato.
Senti que ele precisava de algo, mas ele tinha medo de me ferir se fizesse isso, por isso escolhi por ele.
Ele pegou a foto, deu uma boa olhada e depois colocou na gaveta do criado mudo. Fechou a caixa e a deixou de lado me abraçando muito forte.
No dia seguinte, Cristofer entregou a caixa para a mãe de Amanda, restando apenas a foto para trás. Pelo menos até onde eu sabia.
Não demorou muito para que parássemos de bater um na porta do outro. Pensamos em nos mudar para uma casa, mas nenhum dos dois queria deixar seu apartamento para trás. A solução foi abrir uma porta que ligasse os dois. Tivemos medo de não dar certo, mas a sorte estava mais uma vez ao nosso lado e o engenheiro deu passe livre pelo fato de morarmos no último andar.
Tínhamos duas cozinhas, dois quartos... Nunca ficávamos entediados.
Pouco tempo depois, ele finalmente conseguiu alta com a terapeuta. Mas não trabalhava mais feito louco como costumava fazer. Ainda queria aprender a cozinhar tudo o que fosse possível.
Voltei ao cemitério todas as vezes que pude, e sempre agradeci à Amanda. Por ter me dado a chance de viver, mesmo que ela não soubesse que estava fazendo isso quando ganhei seu coração e por tudo que veio com isso.
Nunca senti nenhum tipo de raiva do sentimento que Cristofer nutria por ela, não sei bem ao certo decifrar o que eu sentia.
Eu teria que conviver com Amanda para sempre e estava confortável com isso. Não foi Cristofer quem quis se distanciar dela nem ela dele, foi a vida que os separou. Um amor interrompido assim não acaba, fica fraco ou apenas adormecido pela distância. O amor dele por ela ainda estaria lá, dentro dele, latente. E o dela por ele, dentro de mim, pulsante.
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Chegou ao fim! :'D E apesar de sentir falta de escrever sobre Cristofer e Sofia (desde 2009), fico feliz de finalmente ter tido tempo, paciência e coragem de publicar.
Muito obrigada por quem leu até aqui! Sinto vontade de dar um abraço apertado em cada um ♥
Já estou escrevendo uma nova história, um pouco mais boba (se é possível) e uma pouco mais saliente hahaha. A protagonista, pasmem, chama Sofia. Me perdoem o que parece ser falta de criatividade, mas digamos que o nome tem um significado importante para mim. A ideia é fazer uma coleção com Sofias, praticamente uma Helena de Manoel Carlos x).
Um abraço enorme pra todo mundo, principalmente pra você, amiga biblioteca* hahaha.
Até breve!
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