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16. CONFETE - PARTE II

Escutar essas palavras vindo de sua boca me fez estremecer.

- Oi, Cristofer. Feliz dia dos namorados para você também.

Madame Delacroix assistia a cena com seu típico olhar de desprezo apoiando as duas mãos cheias de anéis no balcão. Nunca mais sorriu para mim novamente... Estava compenetrada em nossa conversa. Talvez a experiência de vida dela denunciasse as reações que eu estava tendo. Espero que apenas ela tenha notado.

- As caixas recheadas de coração estão na cozinha, me ajuda?

- Claro – me seguiu até a cozinha.

- São aquelas três. Vou falar com a Madalena e já volto para ajudar.

- Tudo bem – se encaminhou para as caixas.

Madalena estava nos observando do balcão sem piscar.

- Estou indo, Mada.

- Feliz dia dos namorados – maliciou.

- Tá – respondi tentando não rir.

Cristofer segurava duas das grandes caixas quando retornei à cozinha.

- Hoje você vai conhecer minha máquina – contei enquanto pegava a caixa que faltava.

- Máquina? – perguntou enquanto saímos do café.

- Eu vim de carro hoje... Não esperava que a gente fosse de ônibus com essas caixas, esperava?

- Para falar bem a verdade, nem me ative a este detalhe de total relevância, eu confesso. Me passou despercebido. Pensei num taxi, quem sabe...

- Está ali do outro lado da rua.

- Tudo bem – assentiu.

Em dois passos chegamos ao meu carro.

- Pode colocar aqui.

- Fusca?

- Conversível!

Ele ria descontroladamente do meu fusca conversível enquanto eu tentava não ceder às risadas também.

- Qual é o problema? – tentei segurar o riso.

- Nada, é engraçado. Na verdade não tem graça, mas o que eu posso dizer? Senti vontade de rir. Desculpe – falou tentando conter o riso sem obter muito sucesso enquanto eu o ignorava.

Ok. Ele sabia dar gargalhadas. Que alívio.

- Além do mais, o médico aqui é você, eu sou só a cozinheira.

- Cozinheira? Você é a chef! Com parede da fama e tudo... – falou em tom de gozação.

- A propósito, ele nem é meu, é dos meus pais, peguei emprestado hoje.

- Tudo bem – estava tentando se conter.

- Pronto? Se acalmou? Podemos ir? – forjei um tom de reprovação.

- Sim, sim. Vamos.

Quando chegamos ao hospital notei que Cristofer estava um pouco apreensivo, mas não pude entender o porquê. O caminho todo havia sido tranqüilo, mas Cristofer têm dessas crises de bipolaridade, por isso resolvi relevar.

Os médicos já me conheciam por lá e sabiam do conteúdo valioso das minhas caixas, mas eu não podia distribuir corações de cupcake aleatoriamente, já que nem todos os pacientes podiam colocar em sua dieta a iguaria açucarada. Eu deixava os doces na cozinha do hospital e de lá eles eram entregues a quem podia receber.

Quando eu retornava da cozinha escutei alguém chamando por mim no corredor.

- Olá, Sofia. Como está?

Era uma das enfermeiras com quem mais mantive contato enquanto estava internada. Era quem havia me dado a informação tão preciosa que pedi quando fui operada.

- Oi! Estou bem, estou ótima – contei procurando por Cristofer que estava entretido com alguns cartazes espalhados pela parede.

- Bom te ver assim. Você está bem mesmo?

- Meu coração está ótimo.

- Fico muito feliz em saber. Nem acredito que você já esta trazendo corações mais uma vez. Já é dia dos namorados de novo!

- O tempo tem passado rápido, achei que fosse só comigo.

- Não, ele voa pra todo mundo. Aproveite bem o seu.

- Pode deixar, e você também

- Preciso ir. Boa sorte, sempre – falou segurando minhas mãos

- Obrigada, por tudo. Bom trabalho para você.

Assim que me despedi, fui ao encontro de Cristofer que me recebeu com seu sorriso triste que já me era familiar, mas ainda assim, indecifrável.

- Feito? – quis saber.

- Já deixei na cozinha.

- Tem um nas mãos ainda – retrucou olhando para o coração que eu ainda segurava nas mãos.

- Esta entrega é especial. Se importa de me esperar aqui?

- Não. Fique à vontade – sorriu.

- Obrigada. Volto logo.

Não queria deixar Cristofer sozinho, mas esta entrega teria que ser feita apenas por mim.

- Sofia! – os olhos do médico se encheram de luz quando ele me viu.

- Olá.

- Como me achou?

Ele estava próximo ao quarto de um de seus pacientes checando prontuários.

- Tenho informantes nos corredores.

- É... Eu sei do seu poder de persuasão – falou sorrindo.

- Trouxe para você um item dos seus favoritos – disse entusiasmada.

- Mesmo? E o que seria?

- Um coração – tirei de trás das costas minha mão que segurava o bolinho.

Ele riu sem parecer médico desta vez.

- Não falha. Todos os dias dos namorados eu ganho um.

- Não há quantidade de corações como estes que vá compensar o único que você me deu.

- Ver você fazendo estas estripulias já compensa, Sofia. Como você está? Não tem tido mais palpitações?

E este era mais um dos assuntos que eu deveria manter longe de Cristofer.

- Estou bem... – titubeei. – Algumas vezes ele trabalha forte.

- Tirou aquelas minhocas da cabeça?

- Sim... – dei um sorriso amarelo.

- Qualquer sinal estranho que aconteça você tem que vir me procurar, está bem?

- Prometo que venho. Sempre venho, mas agora tenho que ir.

- Bom ver você em momentos agradáveis.

- Concordo.

- Continue assim, sempre batendo, nunca apanhando.

- Sempre! 

- Até logo. Cuide-se, Sofia – recomendou já se distanciando de mim enquanto eu acenava.

Quando voltei ao encontro de Cristofer, ele estava em frente a um quarto em que um dos pacientes recebia meu cupcake, parecia estar hipnotizado.

- Oi – sussurrei para não assustá-lo.

- Oi – ele se voltou para mim ainda concentrado.

- Está tudo bem?

- Eu estou aqui vendo como as pessoas reagem ao receber o doce – falou olhando para dentro do quarto que estava em nossa frente, mal parecia que estava habituado a viver dentro de um hospital. – Cada um tem uma reação diferente, é estranhamente confortável observar. Alguns sorriem como se esperassem por isso há tempos, outros observam o doce por um longo tempo antes de devorar como se estivessem se lembrando de algo ou coisa do tipo. Muitos parecem não pensar em nada e os devoram assim que chegam. Olha só – apontou para o senhor que tomava nas mãos o cupcake. - Ele já está há um bom tempo neste ritual de observação.

Enquanto olhávamos, o senhor começou a comer o bolinho tão delicadamente que parecia mesmo estar realizando um ritual.

- Ele parece querer aproveitar cada segundo – analisava Cristofer.

Eu escutava atenta e maravilhada suas hipóteses a respeito do pacientes. Não falei nada para que ele não perdesse o raciocínio.

- Você deveria fazer alguns maiores para o ano que vem – advertiu em tom zombeteiro.

- Oh! Claro – respondi no mesmo tom.

Cristosfer ainda ria de sua própria graça quando o interrompi.

- Vamos?

- Vamos.

***

- Foi muito boa a experiência – confessou quando já estávamos a caminho de casa.

- Fico feliz que tenha apreciado o momento.

- Obrigada.

Normalmente reclamaria de sua mania de agradecer por qualquer frivolidade que eu fizesse, mas desta vez notei que a noite havia tido grande significado para ele. Por isso limitei-me ao silêncio para ele saber que desta vez eu consentia seu agradecimento.

Não passava muito das dez da noite quando chegamos e ainda nas escadas o convidei para um café.

- Nunca digo não para um café – reconheceu quando chegamos à minha porta, a primeira no corredor. – Mas está tarde, não está?

- Vamos, entre – pedi. - Em forma de agradecimento por ter me acompanhado hoje. Assim ficamos quites. A não ser que você não possa.

- Tudo bem – disse já dentro da minha sala.

- Fique à vontade.

Enquanto tirava meu casaco e me encaminhava para cozinha, Cristofer se sentava confortavelmente no sofá.

Na cozinha, preparando o café, não podia parar de pensar nele, e ele estava estupidamente próximo a mim.

Quando terminei o café, levei para a sala uma caneca para ele e para acompanhar um cupcake de coração.

- Aqui está teu café.

- Olha só, veio com brinde.

- Desculpa, mas hoje só temos este tipo.

- Eu nunca reclamaria – sorriu.

Voltei à cozinha para buscar o mesmo para mim e na volta me sentei ao lado dele. Ficamos em silêncio por breves instantes entretidos com o nosso café, mas logo Cristofer quebrou o silêncio antes mesmo de emitir som algum. Fez um sinal com a mão como se quisesse falar algo, mas não pudesse por estar com a boca cheia.

- O que foi?

- Hm... – resmungou terminando de engolir um pedaço de cupcake enquanto eu esperava olhando para ele.

Estávamos sentados lado a lado, com uma distância "segura" entre nós dois. Neste momento estava apenas com a cabeça voltada para ele.

- Hm! – desta vez o ruído foi mais forte, ele queria muito dizer algo. – Você se diz uma pessoa medíocre. Não concordo – conseguiu falar finalmente.

- Do que está falando? – estranhei. O comentário parecia ter vindo do nada.

- Quando soube que eu não comia carne, você exaltou o ato como se eu fosse um dos mortais mais nobres do planeta, fazendo de você um ser maligno e carnívoro.

Eu apenas sorria relembrando tal fato.

- No entanto – continuou –, eu nunca fiz nada parecido com o que fez hoje. E o fato de você, ainda assim, se considerar pouco benevolente a torna ainda mais genuína, já que faz isso sem muita ciência do que esta fazendo.

Agora eu já havia voltado boa parte do meu corpo para ele enquanto ele ainda permanecia mantendo seu foco na minha estante em nossa frente.

- Você nunca tinha pensado nisso?

- É obvio que eu sei que é uma coisa boa, mas nunca dei muita atenção a isso...

- Duvido.

- Bom, se eu usar o mesmo raciocínio que você usa para ser vegetariano...

Cristofer pareceu querer muito entender onde eu estava tentando chegar, tanto que também já estava completamente virado para mim. Parecíamos estar em frente a um espelho, ele estava parado da mesma forma que eu e não piscava.

- O que tem meu raciocínio? – quis saber com a curiosidade aguçada.

- Quando eu vejo aquelas pessoas, a satisfação que elas têm quando ganham os doces, de certa forma, também me sinto realizada. Estou usando elas para me satisfazer.

Ele olhou para a sua caneca, ainda de frente para mim.

- Não adianta – falou com uma expressão séria. – Nada do que disser vai mudar minha opinião.

- Tudo bem. Da mesma forma que a minha não mudará a seu respeito.

- Posso viver com isso – sorriu e depois deu mais uma golada em seu café.

- Tudo bem – falei e depois repeti a ação de Cristofer o fitando por cima da caneca enquanto bebia.

- Quer dizer então – falou ao baixar a caneca dele –, que hoje eu potencializei teu momento sanguessuga de satisfação?

- De certa forma, acho que sim.

- Eu sugava a dos pacientes e você sugava a minha. Está com a energia recarregada.

- Você realmente fez minhas energias recarregarem com força esta noite – confessei num tom mais sério do que o momento pedia, para ele entender que eu estava agradecendo de verdade pela companhia dele. Olhou para mim como se tivesse entendido bem.

- Fez bem para mim também – agora ele também tinha um ar mais sério.

- Que bom – falei sorridente e desviando o olhar para quebrar a tensão que estava começando a se estabelecer na conversa.

Ele mantinha seu olhar fixado em mim fazendo o mesmo que eu havia feito outra vez enquanto tomava meu café, mas seu olhar era mais intenso que o meu, me deixava desconfortável.

- Quer mais café? – tentei distraí-lo para que ele parasse de fazer o que estava fazendo.

- Não, obrigada – continuou me olhando de uma forma estranha.

- Vou levar nossas xícaras para a cozinha então.

- Pode deixar que levo a minha – se levantou logo depois de mim me seguindo.

Depois que coloquei as xícaras e os pratos na pia, comecei a guardar o que utilizei para fazer o café. Cristofer sentou e ficou observando.

- Quer ajuda? – perguntou ao me ver abrindo e fechando armários.

- Não, tudo bem. São poucas coisas. Já acabei inclusive.

Sentei-me à mesa da cozinha também e olhei para ele que mantinha seu olhar fixado em mim com um sorrisinho mole.

- Estou estranhamente bem. Pensei que estaria cansada a essa altura.

- Estou bem também – falou mantendo a expressão de antes.

Estranhei. Lá estava ele abrindo a guarda pela segunda vez me olhando daquela maneira convidativa. Mas desta vez, ao contrário da primeira, não havia vinho envolvido, o que me deixou mais tranqüila.

Tive novamente a oportunidade de quebrar a tensão, ainda que desta vez estivesse gostando.

- Olha!

- O quê? – quis saber sem se assustar com a minha entonação, se aproximando de mim que estava bem ao seu lado.

- Faça um pedido – continuei.

- O quê? –  repetiu sorrindo. – Vai me dizer que conseguiu ver uma estrela cadente daqui de dentro?

- Não.

- Então o quê?

- Vi as horas.

Quando ele se virou e viu que o relógio digital do microondas marcava 11:11 da noite e sorriu.

- Ah...

- Rápido, Cristofer, vai mudar. Tem que fazer logo seu pedido.

- Tá bom – aceitou ainda que contrariado.

- Tem que fechar os olhos!

- Sofia... – falou incrédulo ao fechar os olhos. Permaneceu alguns instantes em silêncio e de olhos fechados.

- Pronto? – perguntei ansiosa.

- Pronto – falou abrindo os olhos e olhando para mim.

- Não pode me contar.

- Não vou. Não sabia que relógios eram mágicos.

- São horas repetidas, você é obrigado a fazer um pedido.

- Se não o quê?

- Se não perde a chance de ter um desejo realizado.

- Bom argumento.

- Mas não vale ficar esperando, tem que ser sem querer, olhar para o relógio e ver as horas iguais.

- Certo. Então têm regras. Tudo bem – riu.

- Só essas que eu me lembre: não contar teu pedido e não esperar pela hora repetida.

- Então o meu está dentro das normas, não vai ter erro.

- Não pensei que fosse acreditar nisso – falei rindo.

- O que pode acontecer de pior? Um desejo que eu pedi a um relógio se tornar realidade?

Dei de ombros

- Espero que tenha pedido direito.

- Pode ficar tranqüila. Mas agora vou deixar você descansar.

Não! Meu pensamento gritava. Fique.

- Tudo bem – assenti contrariando toda a minha vontade interior.

Queria pedir pra ele ficar, mas não fiz. Não sei se por medo ou por orgulho.

Na porta ele agradeceu mais uma vez pela noite, pra não perder o costume.

- Obrigada você também – devolvi.

- Bom trabalho amanhã.

- Para você também – desejei para ele que já estava em frente à sua porta.

Esperei que ele fechasse a e então também fechei a minha.


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