Capítulo 13
Pov Mara
Falta um dia. Um dia para poder abraçar a minha sobrinha. "Sobrinha". É tão estranho, dizer esta palavra. Mesmo tendo o Lucas, ser tia daquela princesa é algo que me encheu o coração. O Diogo vai com toda a certeza ficar nas nuvens por ter uma filha. Sei que a Madalena tem receio que ele a tire dela, contudo, mesmo tendo alguma razão para ficar chateado, ele nunca iria tirar a Luz da mãe.
Por falar nele, tenho que lhe ligar. Sei que ele tem dias de férias acumulados, preciso que ele venha para cá. Mas não lhe posso dizer o porquê por telefone, talvez se eu apelar ao facto de ele não tirar férias com o Lucas há muito tempo, que eles precisam deste tempo para eles...é talvez funcione.
— Amor.— Chamo o Martim...— Vou ligar ao Diogo, ele tem que cá vir, ele tem que conhecer a Luz e reencontrar o amor da vida dele.
— Não achas que devias falar com a Madalena primeiro?
— Por quê? Se eu ficar à espera dos dois, este reencontro nunca mais acontece. A Luz precisa do pai, e o Lucas precisa de uma mãe.
— A gravidez da Miriam fez-te mal, estás uma romântica incurável.
— Deixa-te de parvoíces. Sabes que são ambos teimosos se ficarmos à espera nenhum dos dois vai dar o primeiro passo. E eu sei que assim que eles se virem, todo o passado ficará esquecido.
— Mara, eu só não quero que te iludas. Pode não correr como tu estás a pensar.
— Deixa de rogar pragas homem.— pego no telemóvel e ligo para o meu irmão. Sei pela minha mãe que hoje iriam fazer o famoso jantar de família. Até o Miguel vai, porque está a passar alguns dias de férias em Coimbra.— "Feio..."
"— Estou Feiosa?"
"— Oi Mano. Queria convidar-te para vires cá durante uns dias. Tens férias para tirar certo?"
"— Tenho...mas...Mara não se passou nem um mês e já queres que vá ter contigo? O que é que se passa?"
"— Não é nada demais. Só preciso que venhas, e que tragas o Lucas."
"— Como assim levar o Lucas? Mara o que se passa?"
"— Já te disse não se passa nada, só acho que precisas de esquecer o trabalho, ou os trabalhos, e teres tempo com o teu filho."
"— Andaste a falar com a mãe e com o pai. Fogo, até tu. Acreditas que hoje até da ratinha tive que ouvir um sermão."
"— Diogo, quando foi a ultima vez que deitaste o Lucas, que lhe deste um beijo de boa noite, que foste com ele ao jardim, bolas quando foi a ultima vez que tu te sentaste no chão a brincar com ele, sem precisares e estar de cinco em cinco minutos a olhar para o relógio."
"— Eu tenho que trabalhar, estou sozinho..."
"— Tu nunca estiveste sozinho e sabes bem disso. Por favor, vem passar nem que seja apenas uma semana connosco. O Lucas precisa desse tempo contigo."
"— Tudo bem vou tentar uma semana no hospital, já que da clínica eu vou mesmo é sair."
"— Vais te despedir da clínica?"
"— Sim. A verdade é que estava lá à espera que ela aparecesse. Ou pelo menos para ter alguma notícia, mas já passaram quase 5 anos....e nada."
"— Acredito que quando menos esperares a vais a reencontrar."
"— É tudo o que quero. Eu amo-a, e sempre a amarei, para sempre."
"— Então não desistas. E por favor, faz o que te peço vem passar uma semana connosco. Quem sabe não encontras aqui uma nova vida?"
"— Sabes que se eu sair daqui a mãe vai enlouquecer? O Miguel já se instalou nos Estados Unidos, agora tu foste para Espanha. Se eu ficar aí ela agarra na Rute com marido e tudo e vai também."
"— Nem sei como é que ela não prende o Miguel à cama cada vez que ele vos vai ver."
"— Porque sendo o Miguel ele arranjaria forma de fugir. Bem tenho que ir, a mãe já chamou para jantar e tenho um piolho aqui a dizer que está com muita fome..."
"— Ok, estou à tua espera daqui a uma semana, e nem vale a pena disseres que precisas de mais tempo. Tens uma semana para aqui estares."
"— Tu és louca Mara. Vou ver o que consigo fazer, beijos para os meninos."
Assim que desligo a chamada, sei que fiz o certo, eles precisam de se reencontrar. Coloco o telemóvel na mesinha ao meu lado, e começo a passar as minhas mãos na minha barriga enorme. Sério estou de seis meses, mas parece que já estou de fim de tempo, esta menina vai ser enorme.
— A tua mãe é doida Miriam.— ouço Martim dizer ao se sentar ao meu lado...— Já pensaste que mesmo que esta tua loucura de reencontro funcione, cada um tem a sua vida refeita em países diferentes?
— Sabes, nem pensei nisso. Mas, sei que eles vão conseguir arranjar uma solução.
— Mara, o Diogo trabalha no hospital de Coimbra e ainda na Clinica...
— Ele vai-se despedir da clínica, finalmente tomou juízo.
— Seja como for, tem o hospital. A Madalena ainda está no primeiro semestre do internato, tem pelo menos mais dois anos e meio. Ela não pode simplesmente deixar o internato e ir para Portugal...
— Ela pode acabar este ano aqui, e depois pedir a transferência para Portugal.
— E muito provavelmente ter que acabar por repetir um ano inteiro de internato.
— O Diogo pode pedir um ano de licença sem vencimento. Se for preciso os meus pais ajudam o meu irmão.
— E orgulhoso como ele é achas que ele vai aceitar? Mara foi preciso três anos para o fazer desistir do segundo trabalho.
— Martim, eu não tenho todas as resposta ok. A única coisa que eu sei é que eles precisam de se rever, de se falar. De perceberem que o amor ainda lá está, depois o resto ajeita-se. Agora, eu vou fazer o jantar, porque estou feliz.
— Mara. Mara, amor não fiques assim por favor...— Sei que ele vem atrás de mim, mas nem lhe respondo.
Sei que pode até haver algumas "falhas" neste meu plano, contudo, a minha mãe sempre me ensinou que "O Amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte.", sei que eles vão arranjar uma solução, porque o amor que eles sentem um pelo o outro está lá ainda, e esse amor apenas vai crescer e repartir-se pelo Lucas e pela Luz.
Finalmente chegou o dia. É hoje que finalmente vou poder abraçar a Luz como Tia. A Madalena, disse me ontem no hospital que mostrara fotografias da família toda á Luz. Então, ela já sabia que eu era tia deka. Se eu estou nervosa? Muito. Mas mais que nervosa, estou ansiosa.
Eu e o Martim também já tínhamos falado com o Matias e o Manuel. Também eles já sabiam que tinham uma prima, e não podiam ter tido uma reacção mais engraçada. Enquanto o Matias ficou meio confuso com o facto de ter uma prima que não conhecia, que não tinha crescido com ele. O Manuel chorava, dizia que não queria uma prima, que queria um primo como o Lucas.
Estava a acabar de arrumar a mesa, com a ajuda do Matias, quando ele de repente para e olha para mim, com uma carinha que já conheço bem. Puxo uma cadeira e sento-me, chamando-o para se sentar perto de mim.
— O que se passa nessa tua cabecinha?
— Como sabes que eu estava...
— Bem primeiro, és meu filho, e não há ninguém que te conheça melhor do que eu. E depois és igual ao teu pai, quando estás a pensar em algo que te intriga, franzes a testa de cinco a cinco segundos.
— É que...é estranho.— Sei bem do que ele está a falar, por isso deixo-o falar...— Como é que o Tio Diogo pode ter uma filha que é mais velha que o Lucas? E como é que ela não é filha da Tia Filipa...é tudo muito estranho.
— Sei que é um pouco estranho para vocês. Sabes Matias, a vida não é como aquelas histórias que leio ao mano. Na vida real, muitas vezes os príncipes e as princesas não ficam juntos. Muitas vezes eles têm que se separar para poderem ser felizes.
— Então o Tio separou-se da mãe da nossa prima nova para a fazer feliz?
— Não, foi o oposto. A Tia Madalena é que fugiu para poder deixar o Tio ser feliz. Bem, pelo menos foi isso que ela acreditou que estava a fazer.
— Mãe estás a deixar-me mais confuso...
— Meu amor, a única coisa que precisas de saber é que o Tio Diogo e a Tia Madalena gostam muito um do outro, mesmo que tenham estado tanto tempo afastados. E que desse amor lindo nasceu a tua prima Luz, que tu tens que amar como ama o Lucas.
— E o Lucas? Será que ela, a Tia Madalena, ela vai gostar do Lucas? A Tia Filipa, nunca gostou dele...
— A Tia Madalena ainda nem conheceu o Lucas e já o ama. Tenho a certeza que ela vai ser a mãe que o teu primo tanto quer e precisa.
Neste momento tocam à campainha. Sorrio para o Matias, e vamos os dois à porta. Quando abro vejo Luz ao colo da Madalena. Percebo que está com um pouco de vergonha, afinal acho que os medos dos meus filhos são os mesmos da Luz: medo do novo, do desconhecido.
— Boa Noite Madalena. Oi princesa...
— Ela está meio assustada com tudo. E este deve ser o Matias? E do Manuel? Martim, como estás?
— Olá, estava com saudades da minha paciente preferida...— Martim ri-se, ele nunca mais se esquece daquele dia em que Madalena entrou no hospital em Coimbra gelada, quase sem batimentos. Foi um milagre o Diogo a ter encontrado no momento que a encontrou, mais uma hora naquele frio e nem quero pensar no que poderia acontecer.
— Entra. Meninos esta é a Tia Madalena, e no colo está a vossa prima Luz.— Ela senta-se no sofá, com Luz sempre ao seu colo.— Querem tentar convidá-la para ir brincar.
— Non. O Manel non qué pima...qué um pimo.
— Manel, olha para o mano.— diz o Matias pegando na mão do irmão...— Já pensaste que agora nós temos um primo e um prima!? Um de cada e a Miriam vai ter uma menina para brincar com ela.
— Ela binca com a Mimi!? E nós com o Ucas!?
— Sim. Mas como o Lucas não está cá, e a Mimi ainda vai demorar a nascer, para a Luz não ficar triste, nós os dois vamos brincar com ela, sim?
— Tá bom Tito.— virando-se para a Madalena e para Luz que enquanto os meninos estavam naquela conversa de irmãos olhou para eles o tempo todo...— Oi, qué i bincar comigo e com o Tito? O manele empeta o calinho dele...
— Luz, vai brincar com os primos.— A minha mais nova sobrinha encolhe-se ainda mais ao colo da mãe...— Que tal se a mamã for também?— Pergunta Madalena para a filha, que lá acena com a cabeça dizendo que sim.
Aos poucos Luz começa a interagir com os primos, sendo que Matias está sendo o grande responsável por isso. O Manuel apesar do convite, depressa começa a ficar com ataques de ciúmes e de posse. O que é até normal na idade dele. Com alguma diplomacia o Martim consegue fazer o nosso pequeno a ser mais "gentil" com a prima.
Olhando para os três assim, penso no Lucas. Ele ia adorar estar aqui. Ele ia amar ter uma mãe como a Madalena. Eu só espero que tudo corra como pensei...
— Obrigada.— diz me a Madalena, fico a olhar para ela, pois não percebo o porquê dela me estar a agradecer.— Por aceitares a Luz nas vossas vidas. Por não me tirares de mim.
— Eu só quero que ela seja feliz. E que o Diogo possa finalmente ser feliz. Contigo, e com os dois filhos.
— A Luz perguntou me se o pai ia cá estar. Eu nem consegui responder...
— Já lhe liguei. Daqui a uma semana ele estará cá...
— Uma semana?!
— Uma semana para finalmente vocês se acertarem...— a Madalena olha para mim, que pisco o olho...— Confia em mim, vocês vão se acertar.
—
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