Tobias Prince - III
O Noivo
Capítulo 0III - Tobias Prince
— O quê? — encarei sem entender a face de meu pai. Que soltava um suspiro profundo e balançava a cabeça.
— É o que você ouviu, Tobias. — apoiou-se as costas na poltrona e me encarou. — Você vai se casar e ponto final.
Franzir o senho com aquela constatação.
— Hãn?!
Pisquei várias vezes para tentar assimilar aquela ordem. No fim, minha mente se embolou e eu acabei por ficar encarando o nada. Já que meu pai aproveitou meu modo de ERRO e saiu do cômodo.
Encarei por vários minutos a mesa de escritório a minha frente e a cadeira vazia. O que realmente tinha acontecido mesmo? Meu pai ordenou-me que casasse? Era isso? Ou estou errado?
Tinha vivido apenas vinte anos da minha vida e nem ao menos havia feito algo relevante para receber tal intimação assim. Meu pai enlouquecera? Bateu a cabeça? Não conseguia achar uma explicação plausível para essa situação. Fazia meses que eu não causava nenhuma discórdia dentro dessa casa, minha vida estava até pacata demais vivendo quietamente.
Olhei para o teto e pensei em como ele deveria ter ficado muito furioso na última vez que aconteceu algo estrondoso. Lembro-me que ele havia me ameaçado e que me faria arrepender de tudo que fiz, na hora eu não tinha levando a sério essa intimação. Mas nunca pesei que ele pudesse fazer algo dessa magnitude, o que era exageradamente drástica.
Passei as mãos pelo rosto e tentei voltar a mim.
Certo, meu velho quer que eu me case. Isso era sério, eu já estava na idade de casar e dentro da nossa família havia muitos casamentos por conveniência. São aqueles sem amor e que traz benefícios para as duas famílias. Como eu nasci em uma família que faz parte da realeza, existia muitos que queriam usufruir dessa posição.
Meu pai era o vigésimo quinto Duque na sucessão do trono britânico. O que era uma posição privilegiada dentro da sociedade, mas que carregava muitos trabalhos irritantes e cansativos.
Eu admirava o que meu pai fazia, mas não queria aquilo para mim. Acho que um trabalho chato, monitório e desagradável. Seu eu conseguisse fugir daquilo, teria ganhado a vida de forma simples.
Ah, cansei de pensar.
Dei meia volta e sair daquele cômodo tedioso.
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Não demorou muito para que o que meu pai me disse, se tornasse realidade. Joseph, nosso mordomo, me entregou alguns papeis logo pela manhã cedo. Três dias depois da intimação que recebi e do choque que tive. Meu pai não havia falado comigo durante esses dias, o que não era nada incomum, já que o mesmo era bastante ocupado com seus afazeres.
— Isso deve ser concluído o mais rápido possível. — Joseph me entregou uma xícara de café. Eu mal tive tempo de acordar direito e o cara já vem invadindo minha paz.
Tomei um gole generoso de café e encarei as milhares de palavras naqueles papeis em cima da mesinha de centro da sala de estar. Tentei não ler nada, mas era meio impossível não ler sabendo que você está sendo envolvido naqueles documentos.
Coloquei a xícara na mesinha e peguei os papeis, mas assim que comecei a leitura do dia, meus olhos se arregalaram com a tamanha idiotice prescrita. Tive que segurar minha saliva para que não me engasgasse. Eu estava me casando por causa de uma dívida! O que era um absurdo, a dívida nem ao menos era nossa, mas sim de um homem chamado Alastor Vonteiro.
Aparentemente, o cara tinha se endividado muito nos últimos anos. Mas ele era amigo de meu pai de longa data, que o ajudou nas quitações das dívidas. Contando que Alastor devolvesse o dinheiro, mas colocando também de remate algo que ele teria caso não conseguisse. E o homem escolheu a própria filha.
Mary Vonteiro.
— O que esses velhos tem na cabeça? — bravejo com raiva. — Os dois concordaram com esse acordo ridículo?
Joseph soltou um suspiro pesado.
— Sim, eles concordaram. — o mordomo também não parecia muito contente com a decisão do patrão. — O sr. Alastor disse que não teria problemas em usar a filha mais velha, contanto, que, não seja dito que o duque lhe emprestou dinheiro. Mas sim, que fora um uma aposta feita durante uma noite de bebedeira.
— Isso é muito pior.
Solto um sorriso fraco, como é que essa garota deve reagir com algo assim? Ser vendida para pagar uma divida que nem ou menos tem conhecimento. Coisas assim me deixam um amargo na boca. Lidar com isso será um incomodo enorme para a minha paz e sossego.
— E quando ele quer que nos encontramos? — jogo os papeis de lado e dou outra golada no café.
Joseph ergueu o punho e observou o relógio.
— Seu voo está marcado para daqui duas horas.
— Quê?! — outra vez me encontro pasmado. — Hoje? Por quê?
— Sinto muito, também não entendi o motivo da pressa. Mas seu pai quer que tudo seja resolvido logo.
— Ahh... — soltou outro suspiro pesado, estou dizendo adeus a minha paz e tranquilidade.
Encosto no sofá e termino o café o mais lento o possível.
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A viagem não demorou muito. A família Vonteiro morava em uma cidade ao norte do país, em uma casa de dois andares caindo literalmente aos pedaços. Nunca cheguei a me perguntar se alguém poderia viver em condições assim. Estou parado há dez minutos enfrente a casa me perguntado se eles tinham pelo menos o que comer.
O que meu pai tinha na cabeça em fazer tal acordo com um bêbado?
Eu sou um Prince! Um descendente da nobreza e um parente da rainha da Inglaterra. Não era para eu estar em uma rua capenga, prestes a me comprometer com uma garota qualquer.
Mas ao que parece, não era eu que decidia o meu destino.
Soltei um suspiro pesado quando notei uma figura agachada enfrente ao portão enferrujado. Olhei-a analisando-a de todos os ângulos possíveis dentro do carro, parecia estressada em arrumar aquilo. Os cabelos eram curtos ondulados e repicados sobre o pescoço. De cor escura, eles pegavam o contraste que o pôr do sol dava sobre a garota.
Rolei meus olhos até o envelope que continha o contrato assinado das duas partes. Vou ter que fazer isso mesmo?
Abrir a porta do carro e sair silenciosamente, endireitei a postura e levantei os óculos de sol acima da cabeça. Lentamente caminhei até aquela garota de cócoras no chão e tão lentamente me torturei por ter que fazer algo que não queria.
Parei enfrente a ela, divididos pela grade da cerca enferrujada.
— Que engraçado. — ri zombeiro, do curativo esquisito que ela fizera nas grades sujas.
Ela levantou a cabeça, me olhando dos pés a cabeça, e me encarou com o cenho franzido. E por um momento, me perdi no abismo de seus incríveis olhos negros. Seus olhos, grandes e sérios, pareciam que absorviam todas as partículas de luz que lhes rodeavam. Eram como buracos negros que sugavam vida. Havia um traço de olheiras embaixo dos olhos e suas sobrancelhas eram grossas, destacando ainda mais o olhar.
Pele bronzeada e algumas sardas sobre o nariz arrebitado e as bochechas sem cor. Os lábios pálidos abriram rapidamente em um sorriso falso e forçado.
— Em que posso ajudá-lo?
Ela mostrava claramente, com sua cara de atriz de baixo calão, que não se agradava com a minha ilustre presença. Resolvei mostra-la como se faz, abrir um sorris falso.
— Estou à procura de Mary Vonteiro, se esse é o nome correto. — pisquei os olhos pensativos, era o nome certo mesmo? Virei a cabe e encarei Joseph no carro, que acenou confirmando o nome. Voltei meus olhos para ela, que me encarava com olhos desconfiados.
— E quem são vocês? — indagou dando uma olhada no carro atrás de mim. — O que desejam comigo?
Arqueei as sobrancelhas e a encarei, não acreditando que aquela garota era a minha, recente, noiva.
— Certo, eu te imaginava mais loira. E mais magra. — resmunguei ao descer meus olhos ao seu corpo.
— Desculpe-me não atender os seus padrões de imagens, mas não vou ouvir insulto na porta da minha casa. — com os dentes trincados e o olho dando tilts, ela deu dois passos para trás. — Pode, por favor, me dizer o que deseja, senhor?
Ela estava começando a ficar nervosa, e isso era engraçado.
— Calma, nervosinha. — ri ao colocar as mãos nos bolsos dianteiros da calça.
— Quem você está chamando de nervosinha? — disparou raivosa com o canto da boca tremendo. — Não sou nervosinha! Não me chame assim!
A imagem dela se assemelhou com um pinscher na minha cabeça, latindo e tremendo cheio de ódio. Não me aguentei e uma gargalhada alta ecoo na rua vazia. Virei imediatamente em direção de Joseph, e perguntei se ele tinha ouvido aquilo. Como pode uma garota se assemelhar tanto com um pinscher?
Pelo menos ela é engraçada.
— Estou aqui para conversar com você sobre o seu pai, nervosinha.
Pensei que ela rosnaria pela a palavra, mas não. Seu rosto perdeu todo aquele ar de raiva, dando lugar para um semblante amargo e infeliz. Tive a plena certeza que aquele homem, Alastor, não era bem um exemplo de pai.
— Ahh!! — levou as mãos aos cabelos e os bagunçou de forma drástica. Fechou os olhos com força e suspirou pesadamente. — Certo. Quanto ele deve para você? — encarando-me com os olhos sério e preocupados.
Olhando sua face triste, notei que não havia nenhum traço de surpresa ou estranheza quando ela mesmo mencionou a palavra "deve".
— Acho que você não vai gostar de ouvir. — Joseph se aproximou com o envelope em mãos. — Seu pai andou apostando muito e acabou por assinar alguns documentos cause ele não pagasse a dívida.
Joseph ergueu o envelope que foi rapidamente pego pela garota. Que o abriu e foleou cada folha e absorveu cada palavra insana que ali tinha escrito. Ao final de sua leitura, seus olhos escuros encontravam-se incrédulos e apavorados.
— Isso é possível? — juntou as sobrancelhas e olhou para Joseph, que acendia um cigarro.
— É possível. — respondeu. — As duas partes concordaram e fizeram um acordo verbal e escrito. O documento é autentico e a sua validade é real.
— Isso significa que você, Mary Vonteiro, irá se tornar a minha esposa. — sorri, provocando-a. Olhei-a de cima a baixo novamente, tentando imaginar como isso daria certo.
— É o quê?
Gritando e em choque, a garota começou a entrar em pane.
— Deixar eu vê se eu entendi. — gaguejou. — Mau pai fez uma aposta com o seu.
— Sim. — assentiu de imediato.
— E ele perdeu.
— Sim.
— E me prometeu como remate da dívida, eu?!
— Sim, parece que você entendeu bem nervosinha. Pelo que vejo, sua inteligência é melhor que a do seu pai. Que engraçado. — rindo, afastou-me da cerca e olhei para o céu. Fiquei muito tempo aqui, devo voltar logo ao hotel. Não quero ficar fora em lugar onde posso sofre algum tipo de crime. — Você tem três dias para decidir se vai cumprir com esse acordo ou não.
— E se eu não quiser? — fixei meus olhos nela, que segurou os documentos tão fortes que os amassou.
Meu rosto tornou-se sério, se ela não cumprisse com daquele acordo as consequências poderiam ser extremamente graves. Alastor apostou tudo e tudo seria tirado. Poderia leva-a a ficar, literalmente, sem nada. Tanto ela como o resto da sua família.
— Te vejo em três dias, nervosinha. — dando uma piscada, entrei no carro e Joseph veio logo em seguida. E em poucos segundos, vi seu semblante em pânico desaparecer pelo retrovisor.
CAPÍTULO NÃO BETADO!
Não se esqueçam da estrelinha, meus amores<3 Demorou, mas saiu.
Mores, querem que eu monte uma galeria com todos os personagens?
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