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s.egundo

As aulas chegavam ao fim, e com elas, a tarde. Eram cerca de cinco e quinze, os alunos já estavam cansados e consecutivamente menos barulhentos. Estavam no final da aula de estudos sociais, com o professor tagarelando. Ninguém estava interessado nele andando pela sala e explicando - honestamente, mais da metade da turma estava aérea.

Finalmente o sinal tocou, indicando que eles poderiam ir embora - menos os que treinavam. Era dia de treino, eles ocorriam nas segundas, quartas e sextas. Eram treinos tanto para os jogadores quanto para as líderes de torcida. Como de costume, os meninos saíram junto e Jungkook foi até a biblioteca enquanto os outros três iam direto para a quadra.

— Bom dia, Yuri sunbae. Como a senhora está? — Cumprimentou, sorrindo e acenando para a balconista alguns anos mais velha que si.

— Ah, Jungkook, não me chame por senhora, eu não sou tão velha. Eu tenho vinte e seis! — Ela riu, apertando o rabo de cavalo em sua cabeça. — Mas eu vou bem, e você?

— Estou bem. Vim devolver Almas Gêmeas, o livro que peguei sexta passada. — Tirou o livro de sua mochila, estendendo-o para a mulher.

— Oh, você já leu? Que rápido! — Ela pegou o livro de suas mãos. — Não vai levar mais um?

— Na verdade, não. Não tenho tempo para escolher, os meninos estão me esperando. Mas pode ter certeza que amanhã eu venho decidido de levar um para casa. 

— Tenho certeza que sim. — Concordou.

— Bom, vou indo. Cuide-se, Yuri sunbae. — Acenou, deixando a biblioteca e indo até a quadra, onde Hoseok já se aquecia junto aos outros jogadores. 

Se sentou ao lado de Namjoon e Taehyung, que filmavam Hoseok alongando seu corpo, focando propositalmente no abdômen escondido pela camisa - mas que sempre depois do treino ficava mais marcado com a roupa grudada.

— E aí. Quer? — Taehyung ofereceu o salgadinho que comia para o recém chegado.

— Não, obrigado. — Sorriu, empurrando-o de volta ao que lhe oferecia. — Prefiro melão.

Tirou de sua mochila uma vasilha com cubinhos de melão cortados.

— Querem? — Estendeu para os outros dois sentados.

— Não, obrigado. Muito saudável pra mim. — Taehyung negou, voltando a comer.

— Eu vou aceitar, sim. — Namjoon sorriu, pegando um cubinho.

Jungkook se encostou no banco e estirou suas pernas. A arquibancada não estava cheia, contava com a presença deles, de alguns invisíveis pela escola, de alguns amigos mais próximos dos jogadores e as líderes de torcida que treinavam no canto da quadra.

Do outro lado da quadra, em pé, Kim Seokjin encarava o garoto descaradamente, mas sem que ele percebesse. Ele estava focado no jogo, então dificilmente perceberia que estava sendo observado por Kim Seokjin.

Min Yoongi e Park Jimin tentavam incentivar o amigo a ir de encontro aí rapaz, mas ele estava travado. Não sabia como simplesmente chegar em Jeon Jungkook. Eles nunca haviam se falado, até horas antes ele sequer sabia que ele existia.

— É só ir, cara! — Yoongi incentivou, apertando seu ombro. — Ele é legal, não deve matar uma mosca. Mas caso mate, tudo bem, porque você não é uma.

Jimin riu, baixinho. — Vai lá.

— Como... como eu chego nele? — Jin questionou, em um sussurro. Nunca havia precisado chegar em ninguém, as pessoas que já havia pegado era que vinham até ele.

— Olha, pra causar um impacto em quem já tá por aqui, tenta chegar chegando mesmo. Como se vocês fossem amigos de longa data, mas sem ser! Entende? — Jimin tentou explicar. — Ahn... veja.

Ele se afastou, mandando Yoongi se afastar para o lado oposto por meio de sinais. Depois, caminhou lentamente com a expressão suave até o segundo mais velho, que se encontrava apoiado na parede. Jimin entrelaçou as suas mãos e o puxou, trazendo-o de volta até Seokjin.

— É tipo isso. Você vai chamá-lo e ao mesmo tempo chamar a atenção de todo mundo que estiver aqui. Quem estiver aqui vai comentar com os demais colegas, até os professores vão saber. Jeon Jungkook se tornará conhecido daí, mas não é tudo. Depois você começa a fazer seus ajustes. — Jimin tentou terminar de explicar.

— Como se ele fosse um robô? — Jin perguntou, confuso.

— Nah. Você vai precisar mudar ele, mas não mude por inteiro. Só o que você achar que é agradável e confortável pra você. — Ele respondeu.

— E o que é para ele?

— Bom, obviamente você não vai fazer nada que ele não queira. — Yoongi que respondeu. — Vai logo.

Jin concordou, reunindo as suas forças e enxugando o suor presente em suas mãos em seu moletom grosso. Depois, organizou os seus fios escuros e caminhou decididamente até o trio sentado no meio da arquibancada. Se aproximou dos três e ficou parado por alguns segundos, atraindo a atenção deles e do restante.

— Vamos. — Jin entrelaçou a sua mão na do mais novo, que tinha um semblante assustado no rosto, mas que pegou sua mochila rapidamente e se deixou levar.

— Onde está indo? Onde estamos indo? Por que sua mão está na minha? Você quer me sequestrar? Eu vou chamar a polícia! Não temos condições de pagar recompensa pra me acharem! — Jungkook começou a se debater poucos metros depois da quadra, no meio do pátio.

— Jungkook, você deve me conhecer. Eu sou Kim Seokjin, eu tenho grana, meu pai é dono de uma empresa e eu cresci no ouro. Você acha mesmo que eu preciso de dinheirinho de recompensa por ter te sequestrado? — Jin bufou, encarando-o. O mais novo retraiu os ombros e abaixou o olhar.

— É, faz sentido. — Ele concordou. — Mas por que você tá me puxando, então?

— Eu não vou explicar aqui, Jungkook. Só... me siga. Por favor. Pode fazer isso? — Pediu, recebendo uma confirmação e agradecendo, antes de voltar a andar, olhando sempre para trás para ver se o mais novo lhe acompanhava.

Pararam em uma sala. Era a do grupo de estudos, estava vazia e era o momento perfeito para Jin explicar ao menor o que estava acontecendo.

— Seguinte. — Jin se sentou sobre a mesa. — Você conhece Min Yoongi, certo? — Recebeu a confirmação e prosseguiu. — Então, nós dois fizemos uma aposta. Eu devo transformar alguém "invisível", digamos assim, em tão famoso quanto eu, a ponto que seja indicado para rei do baile. E ele escolheu você, por algum motivo. Então eu preciso que você colabore comigo e me deixe ganhar essa aposta.

— Espere. — Jungkook se levantou do sofazinho. — Então eu sou sua cobaia?

— Se você preferir ser chamado assim, não vejo problema. — Deu de ombros.

— Por que eu devia fazer isso?

— E por que você não devia, Jungkook? — O mais velho sorriu.

— Certo. Digamos que eu aceite. — Ele se aproximou. — O que eu ganho?

— Andar comigo e os meninos, se tornar popular e afins não lhe parece bom o suficiente? — Arqueou a sobrancelha.

— Você quer mesmo que eu te responda? — Ele riu quando Seokjin fechou o semblante. — Mas por que você pegou na minha mão? Vamos precisar fingir que estamos juntos, é isso?

— Eu peguei na sua mão pra você já ser motivo de fofoca por aí. Boatos correm solto. E respondendo a última pergunta: talvez. De início, não. Mas depois talvez precisemos fazer isso para seu engajamento ser maior.

— E... isso inclui beijar na boca? — O Jeon, timidamente, perguntou.

— Talvez. Mas isso não será um problema, certo? Não tem sentimentos. Serão só beijos. — Jungkook pifou. — A menos que...

— O quê? A menos que o quê? — Se desesperou.

— Você ainda não pegou ninguém? Sério? — Jin tentou esconder sua surpresa, mas foi inevitável.

— Tá de brincadeira? Eu já beijei sim! Só que tinha sentimento e faz tempo, né. Eu não me dedico a isso. — Rolou os olhos.

— Relaxa, Jungkook. Não tem sentimentos, mas não muda nada. Fica tranquilo, vai. — Sorriu, separando a franja do garoto. — Então, você tá dentro? — Estendeu a mão.

O silêncio que se instalou na sala foi decisivo. O batimento cardíaco de Jungkook estava acelerado e ele sentia que sua pressão podia despencar a qualquer momento, ao contrário de Seokjin, que estava como um poço de calmaria.

Jungkook apertou a sua mão. — Sim.

Acordo feito, aposta selada.

🔹

Depois da conversa que tiveram, Seokjin insistiu em levar o mais novo para casa, mas ele decididamente negava.

— Por que você não quer que eu te leve? Você não vai sempre a pé? Ou de ônibus? — Jin questionou, confuso.

— Porque eu não quero, minha nossa senhora da glória, que cara chato, meu pai. — Jungkook lamentou. — Eu sempre volto com meus amigos, nos separamos quando os ônibus vão passando e eu volto com Taehyung, que mora perto da minha casa.

— Então vocês vão... de ônibus? Vocês não se sentem enjoados? — Ele engoliu em seco.

— Por que a gente se sentiria assim, Seokjin? — Riu.

— Aquele negócio balança mais que tudo!

— E como você sabe? Nasceu em berço de ouro, não opina. — Rebateu.

— Ai, olha...

Continuaram na mesma discussão por um tempo, com Jin argumentando para que o novo amigo voltasse para casa junto dele.

— Eu posso levar seus amigos.

— Meus amigos? — Há! Ponto fraco.

— Sim. Aposto que eles ficariam bem felizes em ir de carro ao invés de ônibus. — Sorriu.

— Eles têm dinheiro, Seokjin. Eles também têm carros. Não tanto quanto você, eles só não são como eu. — Deu de ombros.

— Como você?

— É. Não tiveram que passar por dificuldades, não moram em uma casa pequenininha onde um cômodo serve por dois ou três. — Jungkook respondeu, colocando a sua mochila nas costas e começando a andar de volta para a quadra, sendo seguido por um Seokjin que andava apressadamente para ficar ao seu lado. — Não que eu tenha vergonha. Não, nunca. Só digo que eles sabem como é andar de carro.

— E você não sabe?

— Sei, já andei com eles. Só é diferente.

Seokjin concordou, talvez um pouco aéreo. De qualquer forma, ele se aproximou dos três sentados na arquibancada. Hoseok estava suado e vestia a regata e bermuda ambos vermelhos. Taehyung e Namjoon estavam ao seu lado e os três pareciam estar em uma conversa animada.

— Então, vamos? — Jungkook perguntou ao chegar perto dos amigos.

— É... sim? — Namjoon respondeu barra perguntou, alternando o olhar entre Jin e Jungkook.

— É sério que você não vai comigo? Nossa, como você é chato! — Acusou, dramatizando.

— Tchau, Kim Seokjin! — Gritou quando começou a se afastar, dando um tchauzinho com as mãos, fazendo Jin rir atrás.

— Tchau, futuro Kim Jungkook! — Riu em meio ao grito quando recebeu um dedo do mais novo e ouviu um "quanta ousadia".

— E aí, quando você pretendia dizer pra gente que tava namorando o famoso Kim Seokjin? — Hoseok perguntou, enquanto caminhavam até o ponto de ônibus, com um sorriso nos lábios.

— Mas eu não-

— Não adianta negar! — Namjoon acusou, com o indicador apontando para o seu rosto, fingindo ser uma arma. — Por que ele te chamaria e pegaria na sua não, do nada, então?

— Estou dizendo, não namoramos. É uma aposta que ele fez com o amigo dele de transformar alguém invisível em um popular a ponto de ser o outro rei do baile, e esse alguém, por algum motivo, sou eu.

— Sei. — Taehyung murmurou. — Mas olha, caso não seja verdade e você ache que não pode contar com a gente você pode, viu? Somos melhores amigos. E vocês são liiindos juntos! — Brincou, levando um cascudo.

Pouco depois de chegarem no ponto, o ônibus de Hoseok foi o primeiro a passar. Depois, o de Namjoon, então ficou apenas Taehyung e Jungkook sentados no banco, com Jungkook com a cabeça em seu ombro.

— É tão estranho... — Jungkook murmurou.

— Hum?

— A gente é tão invisível, né? Na escola. E agora Kim Seokjin deu de falar comigo e quer me colocar como rei do baile. — Sussurrou, sentindo o carinho que recebia.

— Sim, é verdade. Nós agora vamos andar com eles? — Perguntou, vendo Jungkook assentir. — Que demais! Os dias de glória chegaram, finalmente.

Jeon riu, e se levantaram juntos quando o ônibus dos dois passou. Sentaram próximo da janela e Taehyung repousou sua cabeça no ombro do amigo, tentando adormecer pelos vinte minutos que estavam no ônibus.

— Tata, vamos. — Jungkook tentou acordá-lo, ouvindo resmungos.

Andaram até a casa de Jungkook, quando se despediram na porta do mais novo com um abraço e um "até amanhã".

— Mãããe! — Gritou, da sala, tirando seus tênis e colocando-os ao lado da porta.

— Tô no quarto! — Ela gritou em resposta.

Foi de encontro até sua mãe, que estava deitada na cama junto de seu pai.

— Como foi a aula hoje, meu lindo? — Seu pai perguntou, levantando e dando um beijo em sua testa ao passar para ir até a cozinha, que era na sala.

A casa só tinha quatro cômodos. O quarto de Jungkook, dos seus pais, o banheiro e a sala que era emendada com a cozinha. Era uma casa simples com móveis antigos, mas era limpa e organizada, além de passar um ar aconchegante.

— A aula foi legal. Eu gostei. — Deixou a mochila em seu quarto, tirando também o moletom grosso e a camisa.
— Acreditam que Kim Seokjin falou comigo?

— Kim Seokjin? O filho de Kim Seowon, dono da empresa de jóias lá? O famosão da escola que você comenta? — Kim Jungwa perguntou, servindo o almoço dos três.

— Sim.

— E por que ele te chamou? — Ela perguntou.

— Ele fez uma aposta com o amigo e tem que transformar alguém invisível em rei do baile. E adivinha! Sou eu. Não sei o porquê, mas Yoongi me escolheu. — Gritou do banheiro.

— Parece divertido, mas tome cuidado. — Seu pai alertou.

Jungkook confirmou em um grito, tomando o seu banho. Depois de secar todo o seu corpo, vestiu uma roupa caseira e se juntou aos pais, que lhe esperavam na pequena mesinha circular que "dividia" a sala da cozinha.

Começaram a comer em silêncio. Depois que acabaram, seu pai lavou os pratos e Jungkook resolveu se deitar para descansar.

Havia sido um longo dia.

🔹

oikk
a fic é clichê viu pra aliviar essa tensão e pá
espero que vocês estejam gostando 💓

14.04.2020

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