capítulo 6
Normalmente, os dias de Rodrick eram entediantes e nenhum pouco interessantes — ele mesmo admitia isso —, a sua rotina era, de forma básica, ir para a escola, ensaiar, voltar para casa e se empaturrar de comida enquanto joga video-game. Aquele dia não seria diferente dos outros, mas uma animação percorreu tanto o seu corpo ao se levantar pela manhã que, ao ver o Greg mexendo nas suas coisas, ao invés de ter o estrangulado, deu um dos bom dias mais serenos e desceu para tomar café. Talvez aquela serenidade teria um motivo em específico: ver Annelise finalmente transformada. Ele estava animado, pois a garota estaria da forma que sempre quis se vestir e agir.
Na noite passado, por volta das 12:34, ela não parava de falar sobre o "grande dia" e das roupas novas. Louis ficou tão entediado que quase a tirou do grupo, mas Rodrick foi um pouco mais rápido e o tirou como administrador.
Ao chegar no colégio e se locomover até a sala, a primeira pessoa que se deparou foi com Ben, que estava encostado ao lado da porta com a sua mochila verde-água segurando o seu celular.
— Eai, Ben. Onde tá a Annelise? — Disse o garoto tirando um trident de seu bolso esquerdo e colocando um dos seus tabletes na boca.
— Chorando.
— O quê? Por quê? — Disse meramente preocupado.
— Como é que eu vou saber? Eu te avisei, Rodrick, essa garota é MUITO estranha.
Sem dar a mínima para que o amigo falou, Rodrick entrou na sala e o seu olhar permaneceu em Annelise, que em uma das últimas cadeiras, tinha um olhar triste e solitário comparado a outras pessoas presentes ali. A primeira coisa que veio na cabeça de garoto foi: "Por que ela não está usando as roupas? Eu paguei caro por elas!", Mas depois percebeu que os vestidos pouco se importavam agora, o certo era tentar puxar assunto.
E como quem não queria brigar ou tirar sarro de alguém pela primeira vez depois de meses, Rodrick falou com algumas pessoas e depois sentou ao lado de Annelise com um sorriso inocente no rosto. Ele esperava que ela fosse a primeira dizer alguma coisa, mas ela nem sequer tinha percebido a presença do garoto de cabelos pretos ao seu lado.
— Você não vai adivinhar o que aconteceu hoje. Eu acordei o meu irmão Greg às 4:00 horas da manhã, mudei o horário do despertador para 7:00 horas e vi ele levando bronca da minha mãe e do meu pai. Isso não é hilário?
Annelise, que era acostumada a sorrir de praticamente tudo que a interessasse, não manteve nenhuma expressão de felicidade. Para isso acontecer, algo terrível deveria ter acontecido.
Rodrick nunca foi de seguir os conselhos de seus pais, mas naquele momento, parecia ser uma boa hora para ficar calado e pensar sobre a frase que sua mãe sempre dizia tanto para o Greg tanto para ele: "a companhia pode ser a melhor do que muitas outras palavras"
E parece que a tal frase fez sentido, porque, depois de 5 minutos, Annelise finalmente virou os seus olhos para o Rodrick e conseguiu falar alguma coisa.
— A minha vida é tão horrível, Rodrick!
— Bem, eu poderia dizer que a minha é pior, mas eu não conto mentiras. Me diz, o que aconteceu? Por quê não está vestindo as roupas que eu comprei? Não gostou mesmo? — Falou sem muita enrolação.
— Eu gostei muito, Rodrick.
— E porquê não usou?
— Eu iria vim com uma das roupas para a escola. Eu me senti perfeitamente bem no espelho e fiz um penteado diferente. Me sentia deslumbrante. Só que quando eu desci para tomar café, a minha mãe me disse que eu parecia com a minha tataravó!
— Isso não é bom? — Ele indagou arqueando as sobrancelhas.
— A minha tataravó era uma mulher sem coração, rancorosa, excluída da família, vestia roupas "estranhas" e era ridiculamente feia.
Depois de falar aquelas palavras rispidamente, Annelise começou a chorar novamente apenas em lembrar do momento que teve com sua mãe pela manhã. A pessoa que deveria ser como um reflexo para ela, era uma das pessoas com quem ela mais mantinha distância por esse tipo de coisa: brigas. Ellen, assim chamada, não tinha "papas na língua" e dizia tudo o que pensava, trazendo relações desconfortáveis com sua filha e outros familiares. Por mais que fosse acostumada a escutá-la reclamar de manhã, aquilo era um tipo de insulto e claramente, qualquer pessoa ficaria chateada.
— Ah, por que toda hora você chora? É tão sentimental assim? — Disparou Rodrick que não sabia lidar com conselhos.
— Eu sou chorona? — Ela derramou mais lágrimas. — Por quê ninguém gosta de mim?
Ela escondeu a sua cabeça entre os braços que estavam apoiados na cabeça, enquanto o garoto de cabelos escuros a observava ainda sem saber o que fazer. Normalmente, quando alguém fala que está triste ele diz para ela "parar de drama". Mas a situação era diferente, era a Annelise que estávamos falando. Uma garota ingênua, doce e ao mesmo tempo tristonha com a vida.
Vendo que ficar parado não iria adiantar, ele se agachou ao lado da mesa em que Anne se encontrava e passou uma das mãos nas suas costas como forma de conforto, o que houve um resultado. Annelise foi levantando a cabeça pouco a pouco até conseguir ver claramente o rosto de Rodrick que estampava um sorriso fraco.
— Escuta, se a sua tataravó era igual a você, eu tenho certeza que ela era muito bonita e uma mulher legal, engraçada e ainda conseguia cantar. — Ele riu baixo. — Às vezes os nossos pais nem sempre tem razão, Anne. Alguns nos obrigam a ser o que eles não foram no passado, faz a gente ser algo que não queremos, o que é seu caso. Não deixe que a sua mãe te trate assim, Anne. Se quiser, você pode até morar no porão da minha casa e não irá passar por esse tipo de problema.
Pode parecer exagero, mas toda a insegurança que Annelise sentia naquele exato momento foi convertido para uma enorme felicidade que fizera os seus olhinhos castanhos brilharem. Ela nunca teve amigos com quem pudesse se reconfortar e desabafar. Aquilo melhorou o seu dia totalmente.
— Obrigada, Rodrick. — Foi apenas o que ela disse em meio a uma risada com a última frase que o garoto dissera.
— De nada. — Ele deu uma piscadela e levantou. — Acho que ainda vou te fazer sorrir muito mais hoje.
— Têm novidades? Algo relacionado com a banda?
— Acertou na mosca! — Ele sentou em uma cadeira. — Consegui arranjar um show para a banda!
— O quê? Você já divulgou que eu sou a nova vocalista? — Ela se espantou.
— Não, eles vão descobrir isso na festa do Josh que ele mesmo nos convidou.
— O QUÊ? O JOSH?
— É, algum problema?
— Esse é o problema! É o Josh!
— Eu diria que é algum tipo de racismo, mas ele é totalmente branco.
Annelise explicou detalhadamente para Rodrick o que a preocupava. Basicamente, a garota tinha um crush platônico no capitão de Beisebol desde que chegou ao colégio — cerca de 2 meses atrás —. Ela ficou esperançosa que ele a notasse ou que se esbarrassem nos corredores, o típico dos livros caídos que ela lia no seu celular. Mas ele nem sequer sabe de sua existência ainda.
— Então você não quer ir porque ele vai tá lá? — Perguntou Rodrick por fim.
— Exatamente!
— Anne, você não está vendo que essa é a sua chance?
— Minha... chance? — Falou confusa.
— Claro! Quando ele te ver cantando na frente de todo mundo com certeza vai gostar de você.
— Por quê você tem tanta certeza? Pode dar errado!
— Não vai dar errado. As minhas suposições sempre dão certo. — Ele se vangloriou. — Basta você acompanhar a banda.
Annelise formou na sua cabeça uma confusão sobre ir ou não ir. O que Rodrick falava fazia total sentido, mas ainda sentia-se nervosa para ter qualquer contato com o Josh.
— Eu quero ir... Mas eu não sei me maquiar e muito menos escolher corretamente a peça de roupa para essa festa. Você não tem cara de expert nisso e eu não tenho nenhuma amiga para me ajudar, exceto a minha mãe que faria uma maquiagem de palhaço no meu rosto.
O que Anne não imaginava é que Rodrick já tinha tudo formulado na sua cabeça ao olhar para quem entrou na sala em seguida: Tommy Cavinskey. Ele se transformou em um garoto popular quando as garotas perceberam o seu grande don para maquiar e ter uma imaginação incrível para criar looks casual, formal e outros tipos. Aquele seria a peça-chave para tornar Annelise em uma garota espetacular na noite seguinte.
— Eu... vou no banheiro, tá legal? Depois a gente conversava sobre isso. — Omitiu.
Anne concordou e ele caminhou até o garoto que estava se olhando através de um espelho pequeno onde guardava em sua mochila. Percebendo que a garota estava distraída com um olhar pensativo para a janela, cutucou o ombro de Tommy.
— Eu preciso de sua ajuda.
— O que você quer? Eu não maqueio héteros babacões.
— Hein? Eu não quero que você me maqueie. Eu preciso que você maqueie uma garota.
— Primeiro você me mostra a tal garota e depois eu digo se tem algum concerto ou não.
— É aquela ali.
Rodrick sinalizou com a cabeça para a direção de Anne.
— Ah, é a Annelise. Sabia que eu sempre quis falar com ela? Ela parece ser uma garota incrível.
— Ela é incrível. — Ele suspirou. — Quanto você precisa?
— Como?
— Quanto você precisa para arrumar ela e ser amigo dela?
— Você tá louco? Eu não sou amigo dos outros por dinheiro.
— 10 dólares?
— Sem chance.
— 30?
— Não vai me convencer...
— 34 dólares.
Tommy olhou para Rodrick com um olhar nervoso.
— Eu não posso receber esse dinheiro, Rodrick. Eu não queria que fizessem isso comigo.
— Bem, eu também não. Mas eu acho que é a única maneira da Annelise se sentir feliz, pelo menos um pouco. A mãe dela está falando um monte de merda sobre a aparência dela e eu acho que um amigo cairia bem pra ela, entendeu?
Quase cedendo, Tommy olhou para o rosto de Anne por alguns segundos e depois voltou a sua atenção para Rodrick, que não tinha uma expressão de felicidade no rosto. Ele queria fazer ela ter amigos, mesmo que para isso fosse pagando ou coisas assim.
— Eu aceito o dinheiro porque eu tenho que comprar algumas blusinhas no shopping. Mas é só por causa disso, o.k?
Rodrick concordou. — De boa. Você pode começar se aproximando dela ainda hoje? Eu quero que você insista que ela vá na festa do Josh na próxima semana e que deixe você arrumar ela.
— Não posso prometer nada, mas vou tentar.
— Valeu, cara.
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Em menos de 8 horas, Annelise e Tommy viraram melhores amigos inseparáveis. Durante o recreio, a garota abandonou sem pensar a mesa da banda para ficar com os amigos do outro garoto. Isso causou um grande desconforto, é claro, já que ela é da banda e todos tem a obrigação de sentar no mesmo lugar. Mas por outro lado, ficou feliz por não ser o único que virou amigo de Anne durante aqueles meses que ela estava na escola.
Gente, criei um grupo no WhatsApp para nós interagirmos, falarmos sobre o livro e, caso eu tenha algum aviso para dar, eu irei comentar por lá. Então, quem quiser entrar, irei deixar o link: https://chat.whatsapp.com/EgQrhu1kKif84t1yUXsMV1 Muito obrigada pelo apoio e até o próximo capítulo 💕
Tommy Cavinskey
Ben Richard
Louis Gateham
Rodrick Heffley
Annelise Burfield
Heather Hills
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