CAPÍTULO 4
Ao adentrar a pequena cidade, Tico faz a gentileza de dar a volta na praça. O lugar está mais moderno do que da última vez que estive aqui.
Contém apenas uma semáforo. O dia estava movimento, as mercearias cheias. O comércio havia expandido, antes tudo era concertando apenas ao entorno da pracinha, agora, as pequenas vielas também continham comércio.
A cidade estava enfeitada para o Natal. A famoso padaria, na qual eu sempre pendurava a continha, havia crescido também, estava com cara de moderna porém, os clientes continuam sentados nas mesinhas da calçada jogando conversa fora.
Não demora muito, Tico estaciona na frente da pousada da minha tia. A pousada é localizada exatamente do lado oposto da padaria. Observar todo esse movimento, me deixava feliz e ao mesmo tempo, saudosa de uma época que não volta mais.
-Chegamos, Mel! - Tico fala enquanto estaciona o carro.
-Sim... chegamos - Respiro fundo.
- Está tudo bem ? - Ele pergunta, tirando o cinto e virando o corpo para o banco de trás.
-Sim! Está sim Tico. - Hesito um pouco- É que ... Tem tempo que não venho aqui. Só estou um pouco apreensiva - Solto o cinto de segurança.
-Fica tranquila, vai dar tudo certo! - Tico abre o seu sorriso jovem e sai do carro.
A pousada não é muito grande. A entrada é um portão de grade, que contém um letreiro de ferro escrito "Don Quixote". O portão estava aberto e de fora dava para ver o jardim, com dois bancos brancos.
Tico me ajuda entrar com as malas na pequena recepção de cor marrom, mas com detalhes de natal. Mas não havia ninguém na recepção.
-Obrigada, Tico! - Falo enquanto abro a carteira. - Eu posso te ligar para você vir me buscar?
-Sim! Vou deixar o cartão com o meu número. - Ele puxa do bolso um cartão amarelo e preto, me entrega - Só peço que me ligue dois dias antes. Assim, fica mais fácil de me organizar.
-Tudo bem! - Pego o cartão e guardo na carteira. Logo entrego o seu dinheiro. - Foi um prazer, te vejo em alguns dias.
- O prazer foi meu, Mel! - Ele estende a mão e eu aperto. Assim, o jovem taxista sonhador, saí da pousada.
Olho em volta e não vejo ninguém. Em cima do balcão havia uma sineta. Aperto uma vez, espero um pouco, e não aparece ninguém. Tento mais algumas vezes e nada. Pego celular e ligo para a minha tia, porém, para o meu azar, o celular estava no balcão.
A minha mala estava encostada no balcão. Percebo que não sairei nem tão cedo, resolvo sentar no sofá cor de rosa bebê da recepção. O silêncio era tão grande, que dava para ouvir o "tic tac" do relógio, que estava em cima da lareira.
-Meu Deus! Ana corre aqui ... - Ouço uma voz feminina e agitada, vindo de fora. - Ana! - Uma voz que eu conhecia. Permaneci sentada olhando para a porta. - Aí que susto! - Um grito. Uma pausada na porta da recepção e uma gargalhada animada no final.
- Surpresa? - Levanto do sofá, rindo muito vou na direção da tia Gisa, para abraça-la
- Meu Deu, Melaine! - Ela me aperta no abraço - Um baita susto! O que tu tá fazendo aqui hoje?
-Vim te fazer uma surpresa - Rindo de nervoso, nos afastamos.
- Que bela surpresa! - Tia Gisa me abraça de novo. Emocionada. - Eu achei que tu vinha só no meio da semana. - Ela limpa as breves lágrimas.
-Sim, essa era a ideia inicial, mas decidi fazer uma surpresa. - Olho para ela, que estava vestindo um vestido longo marrom, sandália rasteira, com uma maquiagem leve. Não parecia sentir o frio, que eu estava sentindo.
- Adorei a surpresa e muito feliz, que depois de anos, você realmente veio! - Ela fala empolgada. - Ainda irá passar o natal conosco!
-Sim! O Natal - falo entre os dentes. Mantenho o sorriso. - Não tem perigo deixar a pousada sozinha?
- Não... -Gisa caminha em direção ao balcão - os hóspedes de hoje, já chegaram. Fiquei nervosa em ver uma mala, e a Ana não estar por aqui. - Ela fala mexendo no computador.
- Acho que a Ana não está por aqui... - Encosto no balcão- Tem quarto pra hóspede surpresa ?
-Claro! - Ela sorri. Ao fundo pude perceber uma foto dela com Plínio e uma moça ao meio.
- É o Plínio naquela foto ? - Aponto para o porta retrato. Ela se vira e pega a foto.
-Sim, ele está lindo né? - Sorrindo, ela me entrega a foto e volta seus olhos para o computador.
- Está sim! - fico olhando para a foto, dou um sorriso - Nem parece que já fomos namoradinhos - Coloco a foto no balcão.
- Sério, Mel ? - tia Gisa fala ironicamente.
- Vai dizer que você não sabia ? - Questiono incrédula.
- Sabia sim! - Ela volta seu olhar para mim - vocês jovens, acham que os pais nunca sabem de nada - Rindo, ela pega a foto e coloca no lugar.
- Nem sempre os pais sabem de tudo - Falo preocupada. Afinal, o que mais ela sabia da gente ?
- Capaz! Os pais já foram jovens. Você e Plínio, era óbvio. Andavam juntos para cima e para baixo, rodavam quase um todas as fazendas - Ela apoia no balcão
- Que isso, tia... - Falo sem graça e me afasto do balcão - Foram só uns beijinhos.
- Oi mãe! - Atrás de mim, um perfume amadeirado toma conta da recepção. A voz grossa, fez meu corpo arrepiar e meu coração gelar, tive que engolir seco. Me viro devagar e vejo Plínio.
- Oi filho, vocês chegaram cedo...- tia Gisa saí de trás do balcão, como uma bela atriz, age como se nada tivesse acontecido e vai cumprimentá-lo abraçando. Sempre foram carinhosos, um com o outro.
-Melanie? - Plínio se aproxima e estica a mão. Ele estava muito bonito. - Nossa - Ele sorri - quanto tempo, meu Deus!
-Er... - Dou uma gaguejada - Sim! Muito tempo - Estico a mão para cumprimentá-lo, ele me puxa para o abraço. Forte.
- Fica tranquila, eu só ouvi a parte dos "beijinhos" - Ele fala baixo em meu ouvido. Eu começo a rir sem graça.
-Oi sogra! - Ouço a voz de uma moça. Parecia animada.
- Oi querida! - Tia Gisa abraça a moça. Plínio termina o abraço e mantém o sorriso.
-Amor ... - Ele segura na minha mão e me aproxima da jovem. - Essa é a Melanie, uma velha amiga. - Eu estico a mão. - Mel, essa é a minha noiva, Camila!
-Noiva? - Falo sem graça. Camila aperta a minha mão, ela parece ser uma menina doce. - Muito prazer, Camila. - Terminamos de nos cumprimentar e logo a tia Gisa me levou para o meu quarto.
-Mais tarde, vamos servir um jantar. Plínio e Camila irão oficializar o noivado - Minha tia estava muito feliz.
- Tudo bem! Vou descansar para descer, mas espero que não fique triste, caso eu não consiga ir ao jantar - Falo encostada na porta, acabo bocejando.
- Pode ficar a vontade, minha filha! - Ela se aproxima e beija a minha testa. Logo eu fecho a porta, passo a mão no rosto.
- Gente, quanto tempo eu dormi? - Falo comigo mesma, perplexa.
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