CAPÍTULO 3
Moinho dos Ventos é uma pequena cidade da serra gaúcha, com poucos habitantes o comércio local se desenvolveu em torno da praça de formato circular. Tradicional das cidades pequenas, a igreja católica tem seu lugar de destaque.
Sendo um lugar de muitas fazendas, que continham Moinhos de Ventos - por isso o nome da cidade - Contém apenas uma estrada principal, agraciada pela companhia de Eucaliptos trazendo uma sensação diferente, ao entrar na pacata cidade.
Um lugar frio, que costuma ser o destino das férias de poucas pessoas, ainda sim, se mostra uma cidade acolhedora. Todos se conhecem, não tem jeito.
No meio da praça, existe um monumento marcante, a estátua em homenagem ao primeiro prefeito do local: Humberto Anchieta.
Quase toda a cidade carrega seu sobrenome. As famílias mais antigas e tradicionais são: Anchieta, Malta e Diniz.
Gisela Fernandez, carioca de nascença e gaúcha de alma, não é a minha tia de sangue. Mais conhecida como Tia Gisa, é amiga da minha mãe de muitos anos, as duas estudaram juntas na faculdade. Minha mãe Joana, casou-se com meu pai Felipe, e os dois seguiram sendo biólogos.
Já a minha tia, se apaixonou por um aventureiro chamado Carlos Anchieta Diniz, um rapaz "nativo" de Moinho dos Ventos, que segundo ela, foi o grande amor de sua vida. Tiveram um filho chamado Plínio, que é cerca de três ou quatro anos mais velho que eu. Não posso negar, tivemos um breve romance no passado mas ninguém nunca soube. Eu acho.
Tia Gisa não chegou a se formar na faculdade, largou o curso de biologia para viver com o Tio Carlos, em Moinho. Abriram uma pousada chamada "Don Quixote".
O tio faleceu de acidente de moto e eu ainda era pequena, não lembro muito dele. Depois da morte de seu marido, Tia Gisa não se relacionou mais com ninguém e continuou tocando a pousada.
Plínio, até onde me lembro, ajudou bastante a mãe mas, foi para o Rio Grande do Sul estudar. Não tive mais notícias dele. Com o passar dos anos, mantive contato apenas com ela.
Tia Gisa, é uma mulher linda, totalmente alto astral, moderna e vaidosa. Me espanta até hoje, ela nunca mais ter se relacionado novamente. Acredito, que ela tenha admiradores mas, não teve olhos para mais ninguém.
Moinho dos Ventos, foi o meu destino de férias por muito tempo, deixei de vir para cá quando fiz dezessete anos. Comecei a estudar para passar no vestibular, e desde que ingressei na faculdade, nunca mais tive tempo de voltar.
Hoje, formada e depois de ralar atrás de vagas nos jornais e revistas que nem existem mais, consegui direcionar a minha carreira para onde sempre quis: escrever.
Tenho três livros publicados que tiveram uma boa aceitação do público mas, meu o prazo com a nova editora está perto de "vencer" e ainda não consegui escrever uma nova história. Foi quando lembrei do meu tempo de adolescente e resolvi voltar, para quem sabe, me inspirar.
É engraçado, voltar e lembrar que atrás do Moinho da fazenda da Dona Marília, foi o meu primeiro beijo aos quinze anos, com Plínio, meu primo postiço. Mas o meu coração acelerava mesmo, era por Tarcísio Malta. Nunca tive coragem de trocar uma palavra com ele. A presença dele, inibia a minha coragem. Não sei se depois de dez anos, isso ocorrerá novamente... Na verdade, nem sei ele ainda contínua morando em Moinho...
Lembro que na minha época de adolescente, havia uma lenda envolvendo a morte de uma mulher ou a morte de um rapaz. Não me recordo direito. Caso seja boa o suficiente, escreverei sobre ela.
- Mel! - Tico chama a minha atenção, me tirando das lembranças... - O que quer que eu faça? - ele ri, ao perceber que eu estava em outro mundo.
- Gostaria que desse uma volta na pracinha, antes de me deixar na pousada - Dou um sorriso, mexo na franja e me ajeito no banco, para melhor observar a vista.
- Mas é claro, Mel! - Tico responde mais animado que nunca.
- Obrigada, Tico!
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