CAPÍTULO 23
- É estranho falar sobre isso... - Plínio se demonstra nervoso, andando de um lado para o outro no quarto. - Camila, já havia me contado a história.
- Então ela sabe... - Comento surpresa
- Sabe...
- Conta logo Plínio - Falo impaciente
- Estou tentando - respira fundo e continua - Quando fiquei noivo de Camila, ela me contou sobre esse passado obscuro da família. Algumas coisas que você me contou, batem. O problema, é que se essa história vazar ela vai achar que fui eu, porque prometi não contar nada para ninguém.
- Entendi, mas como a Tia Gisa sabe, então? - Desconfiada, me levanto da cama, me aproximando dele.
- Não sei, eu não contei nada pra minha mãe... Existem algumas especulações de pessoas mais antigas, mas honestamente, quase ninguém fala sobre isso. - Ficamos os dois pensativos e em silêncio. Vou até a janela e abro um pouco a cortina olhando para a prefeitura.
- Qual é a relação da sua mãe com o prefeito?
- Fora o fato do filho dela ser noivo da filha dele... Apenas de uma cidadã comum da cidade. - Plínio se aproxima da janela também - Por que? - Me olha preocupado.
- Pode parecer estranho, mas tenho a sensação que Tia Gisa está escondendo muito coisa. - Lá do alto, é possível observar Gisela Fernadez voltando para a pousada. Sempre sorridente cumprimentando outras pessoas da cidade.
- O que você acha? - Ele observa a mãe
- Posso estar muito enganada, mas acredito que seu sogro e sua mãe...
- Você está insinuando o que? - Plínio se afasta da janela, irritado.
- Calma Plínio - Fecho a cortina e vou atrás dele - Negócios, estou falando de negócios... Existe uma pessoa, na qual o prefeito ajudou a pagar os estudos...
- Tarcísio? - Prontamente responde
- Digamos que sim... - Balanço a cabeça negativamente - Quem pagou a sua faculdade? - Plínio permanece me olhando sério.
- Ernesto - Responde falando baixo e desvia o olhar - Mel, onde quer chegar com isso?
- Ernesto paga seus estudos, em troca do silêncio da sua mãe - Me aproximo. Conforme ia falando com Plínio, algumas idéias foram ficando claras na minha cabeça.
- Silêncio por ela saber da história?
- Pode ser, vou descobrir melhor essa parte - volto a andar pensativa pelo quarto.
- Tá bom, mas porque ele pagou os estudos de Tarcísio? - Cruza os braços.
- Porque provavelmente, o tio dele também sabe demais... E querendo ou não, é melhor ter aliados do que inimigos. Não há nada que não tenha um preço.
- Tá... Mas se a minha mãe não pagar os impostos a prefeitura vai tomar o imóvel... O que pensa sobre isso? - Nervoso, volta para a janela.
- Acho que está realizando o desejo de Humberto. Ter posse dos imóveis da cidade... Não sei, essa parte ainda irei descobrir...
- Eu não posso ficar com especulações na minha cabeça. Senão, Camila irá desconfiar de algo, e ela ama e protege o pai a qualquer custo. - Confuso e preocupado, Plínio desabafa.
- O que está acontecendo, Plínio? - Fico preocupada com ele
- Estamos brigando muito ultimamente... - Passa a mão no rosto.
- Por conta de Ernesto?
- Também... Eu tenho que voltar para Rio Grande daqui uns dias, tenho meu trabalho lá, mas Camila quer morar aqui. - Se mostra frustrado e perdido - Já havíamos decidido vir para cá visitar nossas famílias e voltar para nossa rotina, mas nos últimos meses, é sempre uma briga na hora de ir embora. Não sei mais o que fazer
- Parece que já ouvi essa história... - Falo ironicamente, porém preocupada com sua fala.
- Estou falando sério, Melanie
- Eu também. Você é Marco Aurélio e Camila... é Camila? - Fico pensativa
- E quem é a Forasteira? - Dá um sorriso irônico - Você? - Ficamos em silêncio, olhando um para o outro.
- Mas você pediu em casamento, porque a ama, certo? - Quebro o silêncio receosa, ele engole a seco. - Plínio!!! - coloco a mão no rosto e fecho os olhos, balanço a cabeça negativamente- Em ano você acha que estamos?
- Melanie, eu a amo e fiquei feliz com a notícia da gravidez, então fiz o pedido...
- Tudo bem... - Falo na tentativa de nos acalmar - estamos no século vinte e um... É comum vivenciarmos algumas histórias parecidas, certo? - Falo nervosa. Nesse momento, comecei a achar que Camila pudesse ser uma reencarnação da antiga Camila.
- Totalmente comum - Fala preocupado - É estranho isso... Me lembrei agora que quem deu o nome de Camila para ela, foi a avó...
- Bianca? - Começo a ficar com um grau de medo.
- Sim. Paola perdeu vários bebês, e Bianca disse que o dia em que ficasse grávida de uma menina, se chamaria Camila...
Ficamos em silêncio, todas aquelas conclusões estavam me deixando encucada. Seria algum tipo de experiência espiritual? Nosso silêncio foi quebrando com batidas na porta.
- Que susto! - Falo sussurrando com ele, que começa a rir. Ao abrir a porta, era tia Gisa.
- Plínio... - Abre a porta e para - O que estão fazendo juntos? - Questiona com um sorriso de lado.
- Nada demais - Falo rindo e me encaminhando para fora do quarto. Beijo a testa dela e sigo para o meu quarto.
Chego a conclusão que toda essa história de família Anchieta estava me deixando maluca. Algumas horas no meu quarto me dou conta, que Plínio não fala por fim, o que eu jamais poderia colocar no livro.
Volto para falar com ele e do corredor já o escuto discutindo com Camila.
- Eu não aguento isso, Camila! - Plínio fala impaciente com a noiva.
- Plínio, eu já falei que não vou. Nós vamos ficar aqui e ponto - A noiva responde autoritária.
- Não é possível que estou escutando isso - Falo comigo mesma baixinho. Encosto na parede para continua ouvindo a briga.
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