CAPÍTULO 22
- Eu achei que Ernesto, como prefeito fosse seu filho - Confusa, questiono.
- É comum acharem já que sou a filha de Humberto Anchieta. Mas, Paola é minha filha... Ernesto ainda chegou a conhecer papai, já perto de falecer. Somos uma família que vive bastante. - Sorridente, ela se gaba. - O sonho de papai era ter um filho, para ser seu sucessor, mas só teve a mim. Rogério não aceitou, então acabou pulando uma geração.
- Calma, deixa eu ver se entendi... Seu pai foi o primeiro Prefeito, a senhora e seu marido não aceitaram, então Ernesto seu genro é o prefeito atual, certo ?
- Sim!
- Ernesto quer um sucessor também? - Questiono
- Estamos em outra época, Camila facilmente poderia... Mas só ela, poderá decidir...
- Sua família detinha de muitas terras por aqui ?
- Não muitas... Acho que o único imóvel é este. Por que ?
- São uma família antiga na cidade, geralmente é o que acontece - Respondo cautelosa. Mas explica, Ernesto ter vendido o imóvel da padaria para José. Ele seria o próximo Prefeito...
- Acho que já está acabando a fisioterapia, tudo bem se pararmos por aqui, querida ? - Bianca finaliza.
- Claro... Poderíamos nos encontrar de novo ? - Questiono ansiosa e levanto da cadeira.
- Tudo bem... Pode voltar amanhã pela manhã? Gostei de falar com você - Simpática, ela me convida.
- Claro, com certeza! - Olho para Tarcísio, ele está sorridente e ru também. Criar um vínculo com Bianca, ajudaria a entender tudo do passado.
Nos despedimos de Bianca, Tarcísio foi para a clínica e eu para a pousada. Cheguei e fui direto para o computador redigir a entrevista. Estava muito empolgada.
Mais para a parte de tarde, desci para almoçar, a pousada estava vazia. Em cima do balcão da recepção, haviam algumas correspondências, resolvi guaráa-las na mesma gaveta que minha tia, guardou as outras.
Ao abrir a gaveta, vi que eram correspondências de cobrança. Olhei para os lados, vi que não tinha ninguém por perto, peguei uma já aberta.
Eram dívidas de iptu, então as correspondências eram da prefeitura. Caso não fossem pagas, poderiam leiloar o imóvel.
Meu coração gelou, fiquei preocupada. Será que Plínio estava sabendo?
Pude avistar tia Gisa entrando na pousada, rapidamente fechei a gaveta.
- A senhora fez reserva?.- Brinco com a tia, como se fosse recepcionista. Ela ri
- Fiz sim... Uma reserva eterna - Se aproxima para trás do balcão, me abraça e eu saio.
- Estava guardando umas correspondências... Está tudo bem, tia ? - Questiono séria.
- Está sim filha, por que não estaria ?- Ti Gisa, mantém seu sorriso. Fico observando.
- Por nada...
- Você que deve estar bem, né? - Ela implica. Começamos a rir - Me conta de Tarcísio...
Comecei a contar para ela, que ele estava divorciado e que estamos nos divertindo juntos. Não abri sobre a conversa com Bianca, nem com José. Gisa tem outras preocupações agora.
Depois de conversar com Gisa, fui atrás de Plínio, precisava alertá-lo sobre as dúvidas da pousada.
Camila estava na casa de seus pais, com sua avó e Plínio estava trabalhando em seu quarto. Bati na porta, ele pediu que eu entrasse e ficou com a cara no computador.
- Plínio, não sei como te falar isso...
- De novo a história da família de Camila ? - Olha para mim, sem paciência
- Não... Grosso! - Respiro fundo - É outra coisa...
- O que ?
- Não sei se sabe... Mas, cedo estava na recepção e chegaram algumas correspondências da prefeitura para sua mãe - Plínio volta sua atenção para mim - São dívidas e pelo que li, podem leiloar a pousada. Estou realmente preocupada.
- Obrigado por avisar - Ele respira fundo - Mas, eu já estava sabendo... Por isso também, estou aqui por esses dias. Tentando arrumar uma maneira de resolver essa situação.
- Mas será que se falar com seu sogro...
- Claro que não... Não quero depender dele, vou resolver a situação como qualquer outra pessoa da cidade.
- Justo... - sento na ponta da cama - Mas a pousada tem capital ?
- Não... A pousada mal paga a própria água - passa a mão no rosto e respira fundo - Mas dona Gisela não quer abrir mão daqui
- É difícil. Imagina quantas memórias ? - Dou um sorriso - Lembra quando nos fundo tinha aquela árvore ...
- Sim, lembro... Nossa, como subimos naquela árvore também - Sorrindo, começamos a lembrar de pontos da nossa história, pela construção da pousada e como era difícil se desfazer... Em meio as gargalhadas, logo volto para a realidade.
-Plínio, me desculpa - Olho para baixo, ele segura na minha mão e olha para mim.
-Desculpo...- beija a minha mão e sorri compreensivo. Olhando para ele, me sinto aliviada. - Apesar de toda boa lembrança, não temos dinheiro para manter essa estrutura. A cidade não tem turismo, as pessoas que vem, não suficiente para gerar uma boa renda para pousada.
- Eu sei que você não concorda, mas se eu publicar o livro, tenho certeza que irá ajudar a cidade... - Olho seria para ele. Plínio parece pensativo.
-Eu não sei
- Plínio, posso te mostrar como meu último livro vendeu. Teve público, contando uma história de um lugar, que existe... As pessoas vão pirar - Falo empolgada.
- Posso confiar em você? - inseguro, questiona
- Sim!
- Mas, haverá uma parte que não poderá colocar - Sério, Plínio afirma.
- Como assim? Que parte? - Confusa, engoli a seco.
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