CAPÍTULO 20
O conteúdo da caixa, apesar de surpreendente não continha nem metade do que minha tia havia me contado.
Havia um recorte de jornal, com a foto de um casal, que julgo ser Camila e Marco Aurélio. O pedaço de uma carta, que quem escreveu foi Bianca, para Camila. Um pedaço de papel escrito "Lar Don Leal". Outros papéis já não dava para enxergar muito bem. Eram recortes de papel também, sem sucesso.
Tiro foto dos mais importantes. Passo essas fotos para o computador, escondo a caixa. Vou precisar de outra oportunidade para devolve-la.
Estava mal com Plínio, seria difícil acessar Camila. Então, vou tentar acessar Bianca, junto a Tarcísio.
Saio da pousada correndo e vou até a clínica. Ao chegar na recepção, haviam algumas pessoas, o dia parecia cheio para praticamente o único médico da cidade.
Esperei como os outros pacientes e fui chamada. Logo que Tarcísio me viu adentrar sua sala, ficou desconfortável, mas sorriu. Parecia animado.
- Está tudo bem ?
- Está sim - Logo sento na cadeira. Estava um pouco envergonhada, mas muito ansiosa. - É... Eu queria pedir um favor, se for possível,claro ...
- Tudo depende ... Que favor ? - Questiona curioso.
- Preciso ter contato com Bianca, e como você tem contato com ela...
- Não sei, Melan... Mel - Sorri nervoso, desconfiado, hesita. - Eu preso muito pelos meus pacientes e meu trabalho
- Por favor... Me apresente como uma jornalista, que quer contar a história dela, não sei ... - Levanto ansiosa, começo a andar por toda sala. - Prometo não te comprometer, nem atrapalhar seu trabalho.
- Por que não fala com Camila ? - Também se levanta, tenso, se aproxima um pouco.
- Digamos que... Agora não é o melhor momento ... - Passo a mão no rosto. Silêncio reina.
- Eu não sei ... Eu posso saber as perguntas antes ? - Tarcísio coloca as mãos na cintura, me olhando, preocupado
- Tarcísio, não será nada demais ... Eu juro - Me aproximo dele, meu coração acelerado. Passo a mão em seu rosto - Eu jamais, prejudicaria o seu trabalho ou seu relacionamento com ela e toda família... - Mantendo seu olhar fixo no meu, pensativo.
- Tudo bem... - Resposta positiva, mas sua linguagem corporal, dizia que não. Porém, senti um alívio ao ouvir essas palavras.
- Sério? - Seguro seu rosto,perto do meu e abro um sorriso.
- Sério. - Ele sorri também - Mas, com um condição - Seu tom de voz parece insinuante, seu olhar muda, meu rosto pega esquenta.
- Qual ? - Sussurro
- Que você jante comigo hoje e só saia amanhã de manhã.. - Seu olhar penetrante, me consome, sinto suas mãos em minha cintura, colocando seu corpo no meu, não controlo mais meu sorriso.
- Achei justo... - Selo nossos lábios, e o beijo intensamente. Não demora muito, a recepcionista bate a na porta, já havia batido o horário da consulta.
- Passo na pousada para te pegar às oito, tudo bem ? - Tarcísio fala entre beijos.
- Tudo bem - Falo me despedindo - E assim, traçamos o nosso plano.
Após alguns minutos, me despeço de vez e saio. Volto para a pousada com saldo positivo. Sorridente entrando na pousada encontro Camila.
- Camila, quanto tempo não vejo - Falo animada, ao ver a jovem que não parecia feliz.
- Ah... Oi Melanie - Ela estava na recepção, parecia estar esperando Plínio. - E o braço, melhorou ?
- Sim, obrigada pela preocupação - Dou um sorriso - Está tudo bem ? - Apoio minha mão em seu ombro, olhando para ela.
- Está sim, Melanie - Força um sorriso. Logo Plínio desce as escadas. - Bom até mais Melanie.
Plínio passa sem falar comigo e os dois saem abraçados.
- Brigaram, certeza! - Uma moça, que aparenta ter seus cinquenta e poucos, se aproxima saindo do refeitório, comendo biscoito. Olho para ela desconfiada.
- Como pode ter tanta certeza? - Questiono
- Porque eu ouvi. - Uma senhora tagarela, de pele clara e cabelos ruivos. - Estava aqui no refeitório e ouvi o casal. Era algo sobre se mudar
- Ah sim, entendi! - Continuei olhando aquela senhora estranha e fofoqueira. - A senhora é daqui ?
- Não, sou de Florianópolis - Ela sorri e continua comendo seu biscoito.
- Suspeitei que não fosse - Dou um breve sorriso, permaneço com olhar desconfiado.
- Por que? - Questiona curiosa
- Pela cor do seu cabelo... - Saindo pela tangente desde sempre. Um coisa era fato sobre Moinho, não se ouvia falar sobre a vida alheia.
- Ah, verdade! - sorridente, aquela senhora de voz estridente, passou a mão ao longo dos cabelos e voltou para o refeitório. Não era bom te-la por ali.
Às oito em ponto, Tarcísio parava na frente da pousada para me buscar. Enquanto caminhava para o seu encontro, tia Gisa estava no portão conversando com uma hóspede.
Ela olhou para mim e em seguida para ele no carro. Apenas sorriu. Parei para me despedir
- Ele não é casado - Sorrindo, ela me abraça.
- Era, casado. Depois te conto - Saio do abraço e beijo sua testa. Entro no carro e ele acena para ela de longe.
Não demora muito, Tarcísio e eu estávamos em sua casa. Tomando vinho, enquanto a comida não estava pronta, ficamos analisando como seria a abordagem com a dona Bianca Anchieta.
- Mas você acha que vai dar certo ? - Tarcísio se mostra mais vez, preocupado
- Acho que sim... Tentarei ser sútil. Na verdade, não sei se ela vai falar muito... Mas de qualquer maneira, preciso criar uma conexão com ela, entende ? - Falo preocupada, mas confiante. Tarcísio em silêncio, apoiado na mesa, sério, não escondia sua aflição.
- Tá bom... - ele respira fundo - como vamos fazer ?
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