CAPÍTULO 19
No dia seguinte, evitei descer para tomar café. Não queria encontrar com Plínio novamente, o clima não ficaria agradável.
Lembrar da noite anterior com Tarcísio, era maravilhoso, mas meus pensamentos se voltam para a história da família Anchieta e, o quanto ela estava se tornando importante para mim.
Precisava encontrar novamente aquela caixa, mas não sei onde a tia Gisa possa ter guardado. O único lugar que me vem a mente, é a porta de trás do balcão da recepção. Vive trancada.
A pousada não é grande, acredito que lá, seja onde estão guardadas as roupas de cama, travesseiros e segredos.
Depois de uns dias pensando mais e mais sobre a história, percebo que a minha tia sabe de muitos detalhes, e detalhes importantes.
Preciso também, de alguma maneira conversar com Camila, a nova. Tentar um encontro com Bianca, mas acho que essa parte pode ser a mais complicada. Porém, posso conseguir algum acesso junto à Tarcísio. No fim de tudo, espero que Plínio não atrapalhe os meus planos.
- No que está pensando ? - Gisa passa por mim e vai para trás do balcão. Eu estava olhando para a porta "secreta" séria, perdida em meus pensamentos. Ela estava animada.
- O que tem atrás dessa porta, tia ? - Falo com um tom curioso. Tento me fazer despretensiosa.
- Aqui? - Ela se vira olha a porta e volta seu olhar para mim. - É a nossa governança. - Pega algumas correspondências e começa a guarda-las na gaveta.
- Estou precisando trocar a minha roupa de cama. - Penso em uma alternativa de chegar lá.
- Tudo bem, vou pedir... - Corto sua fala
- Não quero dar trabalho, eu mesma posso trocar - Me mostro animada e proativa.
- Tudo bem... - Prestando atenção nos papéis, ela complementa - Que horas você quer trocar ? Para eu poder abrir a porta...
- Vai precisar sair ? - Questiono
- Daqui a pouco, mas não posso deixar a porta destrancada - Volta a sua atenção para mim.
- Pode ficar tranquila tia, eu fecho. - Estendo a mão na expectativa da chave.
- Já sei, deixarei com Plínio, ele não vai sair da pousada assim, que quiser trocar a roupa de cama, é só falar com ele, ok ? - tia Gisa saí de trás do balcão,sorrindo, passa a mão nos meus ombros e saí.
Tive que fazer um sorriso amarelo e confirmar com cabeça. Mas, se bem lembro, a pousada estava toda aberta no dia que cheguei. Recordo da minha tia falando que não havia perigo em deixar a recepção sozinha... Mas porque aquela porta não poderia ficar destrancada? Fiquei me questionando.
Logo após no almoço, Tia Gisa saiu, toda a arrumada. Parecia resolver problemas. Seu destino era a cidade vizinha. Como movimento na pousada não é muito grande então, logo a paz reinou.
Fui até ao quarto de Plínio e pedi as chaves, ele não relutou e me entregou. Nenhum dos dois quis esticar conversa.
Com as chaves em mãos, meu coração palpita, sinto que a minha intuição está certa. Abro a porta "secreta" e me deparo com de fato, cobertas, lençóis e travesseiros todos brancos. O cômodo não era grande, também não havia janela. Estar ali, me dava uma certa claustrofobia.
Comecei a caçada pela caixa misteriosa. Revirei todas as estantes, puxei um banquinho, subi e assim pode olhar em cima das estantes, verifiquei onde era possível, se havia algum taco solto no chão, ou algo falso na parede e nada.
- Não é possível - Falo comigo mesma. Cansada, coloco a mão na cintura.
- Dificuldades na escolha da roupa de cama ? - Plínio se anuncia encostando na porta. Com tom debochado, permanece - Porque são cores tão variadas, que até eu, fico na dúvida.
Como estava de costas para ele, revirou os olhos e não falo nada. Pego uma coberta, lençol e travesseiro vou a caminho da porta.
- Precisa de ajuda ? - Plínio se oferece. Ele sempre foi um rapaz prestativo.
- Não, obrigada. Eu consigo carregar - empolgo tudo e pego com as duas mãos. Com dificuldades, mas dava para subir as escadas.
- Tem certeza ?
- Sim - A roupa de cama estava atrapalhando a minha visão, então sai e sem vê-lo direito. - As chaves estão na porta - a minha voz sai abafada. Mas assim, subo as escadas Plínio apensas observa a minha performance.
- Melanie Cervantes, você não é mole - Ele fala do pé da escada, com sorriso sínico. - Mal consegue subir as escadas com essas coisas todas nos braços, mas você gosta de resolver tudo sozinha né?
Ao ouvir suas palavras e do jeito como as falou, respirei fundo. Parei na metade da escada, calmamente, peguei um travesseiro e joguei em Plínio.
- Aí, por que fez isso ? - Ele questiona com o travesseiro na mão, me olhando, ele parecia aborrecido
- Caiu... - Respondo debochada e dou um leve sorriso. Pego o resto das coisas e por fim, chego no meu quarto. Troco de fato a roupa de cama e analisando novamente. Chego a conclusão que a caixa deve estar, no quarto de Dona Gisela.
Como ela ainda não havia chego, desci correndo a roupa antiga de cama e logo subi, mas bem devagar fui em direção ao quarto da minha tia.
Na frente da porta torço para que esteja aberta. Devagar coloco a mão na maçaneta e estava aberta. Meu coração estava acelerado demais, estava invadindo a privacidade dela.
O quarto era igual ao meu, não demorei muito e já fui abrindo o guarda roupa, não precisei procurar muito, lá estava ela... No fundo a santa caixa.
- Não acredito - Falo sussurrando comigo mesma. Sentia felicidade, parecia que havia achado um tesouro. Não demoro muito dentro do quarto, não quero ser pega.
Com a caixa na mão, saio do quarto dela em direção ao meu. Lá de cima, pude ouvir a hora que minha tia chegou. Então, entrei correndo no meu quarto, tranquei a porta.
- Agora sim, o jogo começou... - Em cima da minha cama, abro a caixa e espalho todos os papéis. Estava me sentindo invencível, muito animada e uma perfeita investigadora.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro