CAPÍTULO 16
Após o café da manhã, voltei para o meu quarto. Depois que cheguei em Moinho basicamente esqueci da minha vida em Sp. Apesar de não conseguir esquecer a conversa com Tarcísio, precisei me conectar com a minha realidade.
A internet na pousada não era a melhor, demorava para carregar a página inicial do navegador. Precisava entrar no meu e-mail, afinal tinha um intuito de fazer esta visita à Moinho dos Ventos.
Logo que consegui acessar meu endereço eletrônico, fora os inúmeros spams, lá estava o temido email da editora Reserva.
Senti um frio na barriga e o email continua basicamente que eles gostam de ter um contrato comigo, porém tenho menos de vinte dias para entregar um novo livro, caso contrário, precisarei devolver todo investimento com uma porcentagem de multa, pelo não comprimento do contrato.
- Droga! - Falo comigo mesma em frente ao computador. O pouco dinheiro que eu tinha, paguei a viagem para Moinho - Preciso correr com essa história...
Abro o word do meu computador e começo a montar uma narrativa para a história. Apenas um esboço e assim, já tenho um caminho do que fazer, porém, o tempo não estava sendo meu amigo.
Minha concentração estava toda no computador. As poucas informações que tinha, eram úteis para ter personagens principais, quando dei por mim, já havia escrito cerca de nove páginas, mas a minha atenção é quebrada com batidas na porta.
- Pode entrar... - Falo enquanto finalizando o último parágrafo.
- Boa tarde - Plínio abre tímido a porta do meu quarto, olho para ele e em seguida para o computador. - Você anda sumida - Ele termina de entrar no quarto.
- Que nada...
-Não te vejo desde o jantar - Encosta na porta,sem jeito puxa assunto- Vejo que tirou a tipóia...
- Sim, ainda bem - Respira aliviada, fecho o notebook e olho para Plínio. - Tenho andado ocupada
- Eu percebi... Deixa eu adivinhar ... - Plínio desencosta da porta, coloca a mão no queixo. Olho para ele desconfiada. - Ele é médico ?
- Eiiiii - Jogo um travesseiro nele. Começamos a rir - Não lembro da pousada oferecer serviço de guarda costas ....
- Eu não fiz nada, só os vi na frente da pousada de madrugada. - Plínio se senta na cama, próximo a mim
- Estava me espionando ? - Faço cara de surpresa e dou um tapa no ombro dele
- Fiquei sem sono de madrugada, fui olhar um pouco a rua, e os vi aqui no portão - Passa a mão no ombro - Não foi beeeem, espionar. Foi o acaso - Plínio sorri - Mas me conta, o que está rolando ?
- Não está rolando nada - Levanto da cama para fugir do assunto
- Sei que não ... - ironicamente, Plínio responde.
- Mas, eu queria tirar umas dúvidas com você, Plínio. - Começa a andar pensativa pelo quarto.
- Pode falar - Curioso, me acompanha com os olhos
- O qu você sabe sobre a irmã de Bianca Anchieta ? - Plínio dá um sorriso desconfiado
- Avó de Camila ? Ela não tem irmã
- Tem sim! - Sento ao seu lado, e conto tudo o que sei até agora da história. Plínio muda seu semblante durante a narrativa, fica extremamente incomodado, mas não me interrompe. Ao finalizar a minha fala, se levanta da minha cama e com um olhar rude me repreende
- Você só pode estar ficando maluca, Mel... Isso tudo é baboseira... - Incomodado, fica ao lado da porta
- Não é Plínio, sua mãe me mostrou coisas que podem provar que é ...- Plínio me interrompe
- Qual é o seu intuito com essa história? - Se aproxima, com um olhar enfurecido - Hein, Melanie ?
- Eu... - Levanto, desconsertada, penso duas vezes - Eu acho que daria uma ótima história. Um ótimo livro, seria até bom para o turismo da cidade...
- Claro - Ele ri, ironicamente - Você some por anos, não liga, nada manda mensagens...Quando aparece o seu único intuito é escrever um livro. - Plínio estava com raiva e incomodado - Escuta Mel, você não vai mexer na história da minha noiva - Passa a mão no rosto, nervoso, respira fundo - Por que não escreve sobre a sua vida ?
- Qual parte da minha vida você gostaria de ver em livro meu ? - Fiquei muito irritada, me aproximo dele e ironicamente retruco suas palavras - Já sei ... Acho que seria interessante citar no meu livro, a parte que hoje teríamos um filho de pelo menos 10 anos de idade ? - Permaneço com um sorriso irônico.
- Melanie, por favor. Você entendeu muito bem o que eu quis falar - Nervoso, Plínio respira fundo.
- Não espera... A melhor parte, seria escrever o porque eu nunca mais voltei - Com tom debochado continuo a tirar Plínio do sério.
- Eu sofro com isso até hoje, Melanie... - Plínio muda seu semblante, se senta novamente na cama, passa a mão no rosto, respira fundo. - Tenho muito medo, de Camila perca o bebê também.
- Camila está grávida ? - Surpresa sento ao seu lado
- Sim, só que depois da sua situação, tenho medo de ter algum problema e Camila perder também.
- Plínio... Tenho algo para te dizer - Fecho os olhos, respiro fundo. - Não precisa se preocupar com isso
- Por que ?
- Porque eu não tive um aborto espontâneo...
- Não precisa terminar de falar - Sério. Rapidamente Plínio levanta e vai em direção a porta
- Plínio, eu fui obrigada a fazer... E foi o melhor para nós - Vou atrás dele e não deixo sair pela porta.
- Você mentiu pra mim - Sem olhar, suas palavras eram tristes - Achei a minha vida inteira, que você havia pedido o bebê e que tinha sofrido, mas vejo que foi um alívio pra você
- Plínio, que futuro esse bebê teria ? Éramos crianças - Mantenho a mão segurando a porta - agora olha onde estamos hoje... você com a sua formação, casando com a pessoa ideal pra você
- Não termina de falar... - Ele me empurra devagar e sai pelo corredor. Fico observando repito fundo decepcionada. Mas não pararei com a história da família Anchieta, Plínio que me perdoe.
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