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CAPÍTULO 12

Ao entrarmos, pude perceber a ornamentação da sala. A casa não era muito grande em largura, mas o teto era bem alto. A sala de jantar é de frente para a sala de estar, em ambos os ambientes haviam lustres de belíssimo gosto.

A mesa era grande e longa, ligada para mais ou menos quinze pessoas, a quantidade total de convidados. Ainda não sabia o motivo do jantar, mas estava um momento agradável.

- Querida Gisela, é sempre um prazer recebe-la.. - Uma moça de cabelos pretos veio nos atender, tinha um belo sorriso. Nos cumprimentou com um abraço.

- Obrigada, Paola - Minha tia retribui a simpatia, nos apresentando. Descobri que ela era a primeira dama da cidade.

- É um passo importante que nossos filhos darão, não passaria em branco, não é mesmo ? - Paola falava emocionada com a minha tia e logo foram conversando para outro lado.

De longe avistei Tarcísio Malta, o que ele estava fazendo ali ? Também não sei, mas com uma bebida na mão, me cumprimentou de longe e se aproximou, senti minha perna tremer um pouco.

- Olá, como está este bracinho, hein ? - adorei a forma médica dele se aproximar. Ele parecia desconfortável

- Estamos bem - Levando o braço devagar e sorrio. Evito o contato visual, ficamos em silêncio um pouco. - O remédio está fazendo efeito ... - Que merda! Por que eu estou falando ?

- Isso é muito bom ... - Tarcísio bebe um pouco de seu whisky. Coloca uma mão no bolso e fica olhando para o pequeno movimento. Silêncio

- Ér ... Você conhece a família ? - Quebro o silêncio obviamente, com uma pergunta idiota

- Sou médico da família - Ele permanece seu olhar na sala.

- Ah sim... Faz sentido - Falo baixo com um breve sorriso. Silêncio novamente.

- Você está diante de um momento histórico da cidade - Ele quebra o silêncio e volta seus olhos para mim.

- Quê? Como assim ? - olho para ele sem entender

- Está vendo aquela senhora na cadeira de rodas ? - O Médico aponta com o indicador da mão que segurava o copo

- Sim ... - acompanho o movimento

- É filha do primeiro prefeito da cidade - volta seu olhar para mim e bebe mais um gole. Seu tom de voz é calmo, seu olhar era misterioso, seu perfume era maravilhoso.

- Camila Anchieta ? - Questiono

- Que ? - Tarcísio ri - não...Camila é a neta. Aquela é a Bianca Anchieta, 96 anos e nem parece ...

- Gente... não parece! -  Fico olhando para então, Bianca. Uma senhora de cabelos grisalhos, forte, lúcida, se vestia bem, óculos grande com corrente de pérolas, quando percebi sua presença a risada tomou conta da sala. Camila, sua neta, estava abraçada dela. Porém, meu coração parece  parar. Ela é a única pessoa que pode confirmar toda a história.

- Está tudo bem ? - Tarcísio quebra meu pensamento. Agora já com o copo vazio, apenas segurando e sua atenção em mim.

- Sim - Dou um sorriso para aliviar a situação. - Só lembrei de uma coisa ...

- Boa noite, senhoras e senhores - Camila, neta chamou a nossa atenção. Naquele momento, Plínio se posicionou ao lado da noiva. - É com muito prazer, que recebemos vocês na casa de meus pais, para esse jantar tão especial para mim e Plínio. Esse momento é pra oficializar nossas intenções e, com a presença mais que especial que é da minha querida avó - Camila abraça a sua avó e sorri - Que carinhosamente desenhou e escreveu o nosso convite de casamento. Sem mais delongas, espero que gostem dessa noite. Obrigada - Assim, finaliza seu discurso e coloca na mão da minha tia o convite para rodar entre os convidados.

- Você  acredita em casamento ? - Puxo a conversa com Tarcísio, que engole seco.

- Acredito no amor - Ele responde eufesmista

- Esperava uma resposta melhor ... - Falo provocando

- Tipo qual ? - Ele coloca o copo em cima de uma mesa próxim a nós, cruza os braços e se vira para mim.

- Tipo... A história do seu casamento, por exemplo - Dou um sorriso. Ele fica sem jeito e o convite de Camila chega até nós.

- Vamos ler o convite - Tarcísio Malta muda de assunto. Tem algo de errado.

Quando recebo o convite de casamento de Plínio e Camila. Fico pálida, aquela caligrafia era a mesma do papel em que li na pousada. O jeito como Bianca havia escrito "Camila". Meu coração parou.

- Melanie ? Você está bem ? - Tarcísio me tirou dos pensamentos, todos da festa estavam olhando para minha cara.

- Querida, você viu um fantasma ? - Gisa se aproxima de mim, preocupada. Olho para a minha tia e depois para Tarcísio, pálida.

- Eu... Eu - balanço a cabeça - esqueci de tomar meu remédio, do braço. Desculpa gente, está tudo bem. - entrego o convite para a Tia Gisa e saio devagar pela porta.

Meu coração estava acelerado, eu está a suando, ao colocar os pés na rua, tirei o casaco e senti uma mão no meu ombro, que me fez levar um susto.

- Calma, sou eu, Tarcísio - Ele ri

- Desculpa - Falo dando um breve sorriso

- O que está acontecendo ? - Tarcísio pega meu casaco do chão e me entrega. Fico olhando para ele - Fala sério, eu sou seu médico eu preescrevi seus medicamentos

- Tá bom ... - Coloco o casaco e vamos andando devagar até a frente da pousada. Não sabia se podia confiar nele para falar o que eu sabia, mas precisava juntar as peças. Entramos na pousada e no refeitório contei a história.

- Calma! - Tarcísio parece confuso - Você acredita que houve mesmo, uma outra Camila Anchieta?

- Sim, tem nesses recortes que a minha tia tem guardado. Ela só não disse onde colocou.

- Desculpa, mas eu nasci e fui criado aqui, a lenda eu já havia escutado, mas essa história maluca, não mesmo - Ele parece cético - Impossível, Humberto só teve Bianca, não existe nenhum registro de uma outra filha.

- Como pode ter tanta certeza? Naquela época, queimando um papel a pessoa deixava existir. - Falo confiante, porém com medo de parecer maluca.

- Ok, faz sentido. Então Bianca é a única pessoa viva, que pode confirmar toda essa história - Desconfiado Tarcísio fica pensativo

- Exatamente, mas eu acho que tem mais coisas que a minha tia não me disse...  - Apoio minhas mãos na mesa, olhando para a parede.

- Boa noite - Minha tia aparece, com um sorriso sarcástico ela olha para gente.

- Está na minha hora - Tarcísio se levanta da cadeira, olhando para mim, sério - Te vejo amanhã na consulta?

- Sim, claro... - Olho para ele, dou um sorriso e assim ele segue em direção a recepção, fala com a minha tia e vai para casa

- Até que a noite terminou bem para você, hein Mel - Gisa fala implicando comigo e eu começo rir

- Ele é casado, tia - Levanto da cadeira e vou na direção dela, respiro fundo - Mas ele é um amorzinho né? A esposa se deu bem ... Vou dormir, tchau.

- Tchau...- Ela beija a minha testa e eu subo. Me sinto confusa, mas a minha intuição diz para eu seguir buscando a fundo essa história, e não sei se contarei com a dona Gisela Fernadez...


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