A luz daquela lua cheia, iluminava toda a estrada que dava tanto para saída quanto para a entrada de Moinho dos Ventos. Ele e eu estávamos de mãos dadas correndo livremente, como jovens que fugiam de suas obrigações. As nossas risadas se misturavam, sentia o vestido de tecido leve bater na minha canela, o vento frio bagunçava nossos cabelos. Eu estava correndo a frente dele. 

- Isso tem sabor de liberdade!!! – Grito em meio aos risos. 

-Sim! – Ele responde animado, também gritando.  Nossas vozes ecoavam naquela noite da serra gaúcha. Corríamos em direção ao nada, saindo daquela cidadezinha. -Aaauuuuuuh - Ele imita um lobo. Sua gargalhada era contagiante.

-Aaauuuuuuh - Começo a imita-lo e ficar sem fôlego, de tanto rir e correr.

De longe pudemos perceber que um farol começou a iluminar aquela pista e, vindo ao nosso encontro.  Ao sentir que aquele carro estava sem a intenção de parar, percebo ele me puxar para o acostamento. Logo, sentimos o vento do carro em alta velocidade. 

-Meu Deus! – Sinto meu coração acelerado, só que agora, de medo. Coloco minha mão sob o peito. Olhando para a direção em que o carro foi, só consigo pensar em uma coisa – Camila Anchieta! 

-Não... Não pode ser – Assustado, ele se aproxima de mim. Atordoado e olhando para os lados, nos abraçamos . 

-Só pode ser ela... – Encosto minha cabeça em seu peito. Parecia que seu coração ia saltar para fora. As folhas das arvores faziam barulho por conta do vento. – Temos que voltar... Isso não vai acabar bem! – Me afasto dele, olho fixamente para a direção que o carro se encaminhou. Não era mais possível vê-lo. 

- O que será que ela irá fazer?... – ofegante, ele respira fundo, passa a mão pelo cabelo, pega a minha mão.

- Só tenho um palpite ... - Mantenho meus olhos na cidadezinha que estava atrás de nós. Séria, só conseguia pensar no pior.