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Epílogo.
Sigo a primeira seta azul entrando em uma trilha de pedrinhas brilhantes pela noite e ouço sininhos tocando e logo minha mente me engana, quase posso ouvir aquela voz aveludada e aguda cantando:
"Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes..."
Lembro que ela nunca terminava, cantava pulando na trilha do parque que como essa, era cheia de pedrinhas...ah Psiquê, minha querida Psiquê.
Suspiro virando a primeira direita como a seta indicava com os sininhos me pertubando, viro novamente a direita e no mesmo minuto a esquerda em uma curva pequena e fechada seguindo por um caminho reto.
Noto que o caminho mudou para um de terra batida e virando a esquerda novamente um caminho de jardim com flores que pareciam tão irreais quanto sua beleza, coloridas e altas como as que Psiquê cultivava.
Ela amava se esconder nas flores e mandar eu procurar, era tão divertido ela deitava sobre o jardim e quando levantava os longos cabelos ruivos estavam cheio de flores e petalas coloridas...
Perco os pensamentos quando noto que não estou mais andando calmamente como no início mas sim correndo, mas correndo pra onde?
Respiro ofegante e desesperado tentando olhar ao redor, as curvas vão ficando mais fechadas, o jardim de flores some pra um corredor longo e escuro, onde só vejo minha própria sombra. O vento assobia de forma categoricamente amedrontador.
Contínuo virando em setas e mais setas, olho para meus pés e noto que meus pés se movem tão rápido, mudando os tipos de caminhos, grama, terra, pedras e assentado em cimento.
Sinto meus pés ardendo, quero parar e não consigo me forçar a parar, de repente noto uma dália negra e por um momento tudo para. Era a preferida dela - Penso pegando a flor nas mãos mas ela cai e todo encanto se perde meus pés correm e eu me obrigo a parar, me sinto sem fôlego querendo gritar pra que tudo aquilo pare. Respiro ofegante tentando me segurar em algum tronco tentando me firmar e fazer parar.
Quando finalmente encontro algo pra me firmar, tudo para e a seta final diz "Você chegou". Suspiro me sentando sobre o gramado mas levanto em um ímpeto ao ouvir um suspiro e um barulho de algo caindo.
Me aproximo vendo a garota da senha, ergo a sobrancelha em um semblante confuso... Será que ela está me seguindo?
- Ei, O que você faz aqui? Pergunto.
Alternando o olhar entre ela e ao redor das árvores notando uma falta de ar sobre ela.
- Nada, é...- Ela suspira- apenas uma coincidência. E você o que faz aqui? Diz tentando se levantar de forma confortável, mas acredito não funcionar, pois ela esboça uma careta espontânea.
- Estou procurando alguém. Esperando na verdade. - Digo baixo, quase em sussurro e volto a olhar firmemente ao redor como se procurasse a tal Pandora.
- Bom, na verdade, eu espero encontrar aquele tal Ulisses e exigir explicações, pois eu quase infartei nesse labirinto. - Ela aumenta o tom respirando de forma, finalmente, tranquila fazendo eu olhar pra ela com semblante curioso.
- Bom, prazer, Sou Ulisses. - Eu dou meu melhor sorriso e noto que ela pisca freneticamente desconcertada.
- O que? Você? Por quê me faz passar por tudo isso? Por todos esses bilhetes azuis? Diz exasperada e ouso dizer,com raiva, fazendo sua respiração desandar novamente.
- O que? Digo atônito - Eu não fiz nada. Você é a Pandora? Que bilhetes azuis? Grito e noto uma irritação que eu nem sabia que estava presente.
- Esses bilhetes. - Ela me mostra uma porção de bilhetes iguais aos meus com a diferença das cores - esse ultimo, diz: "Na Lua alta, os Ciprestes você deve encontrar, siga está corda e em teu percurso ele te ajudará." Recita me olhando.
- Esse eu também recebi! Mas não tem corda e os meus bilhetes são vermelhos.
O meu último dizia assim: " Na lua alta, os Ciprestes você deve encontrar, siga as trilhas com as bandeiras azuis que em teu percurso, te ajudará." Recito e o semblante dela passa de raivoso para interessado e pensativo.
- Em um dos bilhetes, você diz que eu descobri o seu nome! Como não foi você? Ela me acusa e sinto o sangue esquentando
- Nesse aqui - Tiro uum bilhete vermelho do bolso e mostro a ela - Diz que eu também descobri o seu nome. - Digo em um tom mais bravo e desconfiado.
- Eu não escrevi nada, juro! Seja quem for que fez isso, é uma brincadeira de muito mal gosto. - Ela fala ofendida.
- Você está melhor? Pergunto a ela ao ver sua dificuldade respiratória - A lua logo vai ficar alta, podemos ir para os Ciprestes e tentar descobrir algo. - Sugiro andando e ela me segue.
Chegamos ao centro do Ciprestes e aguardamos alguns minutos, vemos a lua ficando alta e grande como uma bonita lua cheia, ao olharmos para o centro dos Ciprestes onde notamos dois pequenos troncos, quase bancos, e em cada tronco havia duas cartas uma vermelha e uma azul.
No azul havia meu nome e na vermelha havia o nome dele. Abri o envelope e uma letra dourada com uma caligrafia artística e bonita surgiu.
Assim como Ártemis e Apolo, somos gêmeos, nasci primeiro, dia trinta e um e você primeiro. Há quem diga que é um ano de diferença,mas nós sabemos que não.
Assim como Ártemis, recebi a missão de cuidar de você e ser sua tutora, mas não consegui cumprir tão junto de ti querido irmão.
Mas eu ainda estou aqui cuidando de você, virei um cupido e armei tudo isso...Não se chateie e dê uma chance.
Seja feliz, ame, lute.
Lute por você Ulisses, por nós. Eu estarei aqui pra você.
De sua querida irmã e agora sua cupido
Psiquê.
Noto meus olhos úmidos e lágrimas escorrem enquanto fecho a carta, suspiro com a frase Lute Ulisses ecoando.
- Coincidência? Ela sugere delicada
- Não foi coincidência, eu estava esperando por você! Tocando nos lábios de forma suave e intensa logo em seguida.
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- Psiquê! Você não sabe o quê descobri!
- O que? Sussurro secando as lágrimas.
- Não precisávamos trocar as senhas, ia ser 23 a deles....você sabe o que significa né?
Estavam pré-destinados...
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