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- Não me deixe Psiquê! Eu sussurrava ao vento...
- Eu preciso...Preciso virar um cupido, se lembra? Ouço sua voz ecoar e sua famosa gargalhada vir acompanhada
Olho ao redor me encontro em uma montanha, de frente a uma caverna onde Psiquê me trouxe. um vento gélido passa por meu corpo e sei que o sonho irá acabar, que logo vou acordar... é ultima vez...Ela disse. Ultima vez que me encontraria nos sonhos, disse que eu precisava superar...Como superar?
- Cuide-se e seja feliz irmão! Ouço antes de acordar
- " Preciso ser um cúpido" - suspiro e me levanto da cama. Olho ao redor e noto que realmente voltei, que estou no meu quarto, tipicamente cinza, com as janelas cobertas por uma cortina levemente branca, assoalho de madeira, que deve ter uns trinta anos. Olho para outro canto noto uma pequena enorme bagunça e no último canto um guarda roupa — que como minha mãe dizia — estava cuspindo as roupas pra fora. Volto meus olhos ao criado-mudo pegando um pequeno portaretrato com nossas fotos, eram pequenas montagens desde o nosso nascimento, infância e uma última dos últimos meses antes dela partir.
Suspiro e devolvo o pequeno quadro ao criado mudo, levanto-me e sigo para a janela pensando se desço ou não para o café.
- Primo? Ícaro diz colocando a cabeça dentro do quarto. - Posso entrar? Ele diz já entrando e eu reviro os olhos.
- Já entrou. Fala! Digo olhando-o desconfiado.
- Falar o que? Ele coça a cabeça confuso.
- O que você quer - aponto.
- Quem disse que eu quero algo? Olho pra ele com um olhar de interrogação - Mas como você está oferecendo...Me leva no baile da escola hoje? A tia disse que ela não podia e que você me levaria. - Ele sorri num tom cínico.
- Por que você não vai sozinho?
- Porque, depois de você sabe o quê, viemos morar nesse fim de mundo e sozinho irei chegar só na semana que vem! Ele sacode os braços nervoso.
- Ah não sei não...- Coço a cabeça pensativo.
- Ah primo, por favor vai! Fico te devendo essa. Juro. - Ele faz um juramento com os dedos.
- Ok. Eu te levo e fico no carro esperando.
- Ah Ulisses! 'Tá' de brincadeira, né? Ele suspira num tom indignado – Ulisses ela não iria querer você assim tão afogado, cara! Você estuda lá também, por quê no lugar de ficar no carro, você simplesmente não entra, participa e se distrai? Ele declara me fazendo soltar um longo suspiro lá vamos nós de novo...
- Porque eu não estou afim?! Balbucio
- E está afim de quê? Ficar mais de três horas trancado num carro, se afogando em mágoas se podia estar fazendo exatamente o que Psiquê queria? Se divertindo e sendo você? Como sempre foi? Cara é difícil, eu sei, eu posso dizer que sei como dói, perdi minha mãe e nunca conheci meu pai, graças a tia que eu pude ter um lar. Eu te entendo, mas ficar assim vai ser muito pior...- Ele diz tudo de modo rápido e suspira forte e depois expira o ar para fora fazendo com quê eu o encare.
O mesmo se encontra com olhos lacrimejando de cabeça baixa e isso de fato me afeta.
– As seis esteja pronto, eu vou e vou participar.
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O caminho havia sido feito em silêncio e às sete e quinze estávamos virando a esquina, quando notei de longe a fila com os pirralhos com a animação a flor da pele, me permiti revirar os olhos. Ah Psiquê é bom valer a pena.
Entrei no estacionamento procurando uma vaga, após encontrar saímos do carro trancando o mesmo. Dei uma olhada no visual, que consistia uma camiseta polo azul marinho, uma calça jeans em lavagem preta com algumas correntes na barra e um all star branco, olhei no vidro do carro e dei uma bagunçada nos cabelos.
- Vamos Ulisses! Ícaro dizia ansioso revirei os olhos e nos posicionamos na fila, atrás de duas garotas, irmãs aparentemente. A que parecia mais velha estava no mesmo estado de espírito que eu, a que parecia mais nova estava no mesmo estado que Ícaro, que por sinal havia escapulido pro meio da fila papeando com, o que me pareceu, alguns amigos.
- Meninos pra direita, meninas pra esquerda - Ouvimos as meninas falarem e uníssono quando chegamos mais próximo da entrada e a fila se divide.
Noto a entrega das senhas e queria poder fugir disso. A moça de cabelos negros me entrega a senha e franzo o cenho.
- Moça 19 ou 61? Questiono ao olhar minha senha. A moça olha e pensa um pouco.
- Há chance ser 19, mas acredito ser 61 pois estava na ordem e já passou muitas pessoas - Ela diz e eu assinto seguindo pelo local.
- Número difícil, hein primo? O meu é 23! Ele diz animado - Bom vou rodar por ai - faz sinal girando com o dedos
Quase meia hora depois estávamos dentro no salão onde aconteceria o baile, que diga-se de passagem estava pra lá de muito enfeitado com corações, tons vermelhos, ponche e num canto mais isolado uma mesa com presentes, ao lado de uma outra mesa com chocolates e alguns doces.
É investiram pesado nisso.
Lembrei no meu psp e que tinha uma fase crucial para terminar, olhei em volta negando com a cabeça e segui para minha amada, calma e silenciosa biblioteca.
A escola estava silenciosa, quase macabra, os corredores vazios, alguns meio escuros e algumas salas até apagadas. Um arrepio percorreu minha espinha ao pensar em qualquer coisa macabra que poderia acontecer em alguns daqueles corredores ou salas escuras.
Foquei-me em tentar chegar a biblioteca e logo a avistei. Com passos rápidos cheguei à porta e num impulso a abri e senti um susto tão grande, que foi como se minha alma tivesse fugido do corpo.
Por um instante meus olhos me enganaram da forma mais cruel que poderia ter. Por um momento, por um instante, meu coração acelerou tomado por uma súbita alegria que morreu logo no instante seguinte.
A garota de cabeça baixa lendo, parecia tanto com ela...E mais uma vez não era. Muitos falam em aceitar, mas não consigo, meus olhos sempre me enganando, meus sentidos e me apunhalando logo em seguida.
Quando a garota levantou a cabeça, sem saber de nada que passou pela minha cabeça, um súbito desespero me atingiu e como cheguei, também saí. Correndo.
Correndo pelos corredores um único papel em um dos muitos quadros de aviso, que ficam em todos os corredores, voando com um vento que não existia.
Me aproximei descolando o mesmo do quadro e em letras desenhadas e caprichadas estava escrito:
Olá Ulisses!
Segue seu primeiro desafio:
Descubra quem sou eu...
Na mitologia grega, fui a primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens, pela ousadia do titã Prometeu em roubar aos céus
O que de acordo com pré-socratico
Heráclito, era o Arché¹ do mundo.
Que os jogos comecem querido Ulisses!
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¹. Arché - Para os filósofos pré-socráticos, a arché ou arqué (em grego antigo: ἀρχή), seria o elemento que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas do mundo.
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