🐾C A P Í T U L O 6🐾
Christopher narrando.
Nunca pensei que fosse acabar assim, um desesperado procurando algo para salvar a mim e da donzela ao qual meu coração escolheu para amar, nesses anos em que fiquei a buscar respostas sobre minha maldição, não imaginei que um princípe da lua fosse encontrar tantos impasses pelo caminho. Só pensava em encontrar a solução dos meus problemas a todo custo, um pouco egoísta, eu sei. Mas meu povo precisava de mim e lutaria com quem aparecesse primeiro, era isso ou viver inutilmente como um bichinho fofo e indefeso.
Quando Aquiles sentenciou-me a viver como um animal, passei a me preocupar mais com o tempo que ficaria gerado em cachorro, todas as tentativas falharam e eu sabia que a fada do planeta Melodyn dissera algo sobre a Princesa Cristal, a jovem de coração puro e nobre.
Foi então que resolvi encarar uma aventura arriscada para encontrar a garota que, nos meus sonhos, o rosto já se desenhava em traços delicados e belo.
Enfrentando o frio das noites mal dormidas e a comida escassa, padecendo fome e sede a vagar pela terra como um pobre animalzinho a mercê da morte. Até o dia que Bianca me encontrou na rua, naquele momento vi a esperança brotar em meu semblante, ali estava a donzela que me devolveria a liberdade. Quando notei seu formoso rosto fino e suave, seus olhos brilharam como duas joias preciosas, a cor deles lembrava bombom de chocolate, dócil olhar de menina e algo de bom começou a moldar meus pensamentos, era a mesma jovem dos meus sonhos.
Desde aquele encontro muita coisa aconteceu, fomos presos no covil de Aquiles e os poderes já evidentes de Bianca se projetaram e nos libertaram, porém Aquiles nos pegou desprevenidos e fez formar um buraco negro e puxou Bianca dos meus braços. Tentei impedir mas Aquiles apanhou sua lança banhada em trevas e enterrou no meu peito, ouvia a voz doce da bela moça aos sussurros, não sabia exatamente o que estava acontecendo, meu raciocínio ficou dificultoso, parecia que o buraco negro havia se fechado e no lugar um onda de energia pairava sobre Bianca, só então percebi que ela tinha cessado o buraco e quebrado minha maldição por completa.
Mas como nem tudo são flores, senti que era o meu fim, meu peito ardia como brasas quentes e cheguei a visualizar a morte chegando, vi o desespero quebrantar Bianca e a partir dali não vi mais a luz que banhava seu exterior. Tudo ficou escuro, a voz macia da jovem sumia dos meus ouvidos. Só depois de um tempo em meio a minha total inconsciência, Bianca proferiu seu amor por mim, foi como um sopro de vida corresponder meu amor por ela.
No entanto, Aquiles com sua perversidade lançou um feitiço de sonolência enterna na mulher que eu amava e tudo que sonhei construir ao seu lado se desfez com um torrão de areia e agora estava disposto a vingar-me deste bruxo cruel!
Era o momento de limpar a minha honra, voltar para o meu povo e quebrar o feitiço do meu verdadeiro amor.
Eu estava espantado e revoltado com a situação. Como poderia ter saído de uma maldição, para minha entrar em outra? Aquilo não estava certo, precisava encontrar algum jeito de tirá-la daquele inferno.
- Vá para o inferno!! - exclamo ao o bruxo, que chegava cada vez mais perto de nós.
- Christopher, Christopher... Você achava mesmo que poderia me ganhar com essa fracote? Eu sempre estarei dois passos à sua frente. - sibilou com um sorriso sarcástico no rosto, isso fez meu sangue ferver de vez.
Com Bianca em meus braços, eu apenas pensava em como pude ter estragado tudo, acabado com a vida dela só por aparecer. Meus sonhos me levaram para aquele anjo, e eu me apaixonei antes mesmo de conhecê-la. Ela viveria comigo mesmo no interior da lua? Eu a amo, mas ainda possuo inseguranças que só por ela estar desacordada, me deixa ainda com mais medo, por haver a possibilidade de Bianca não querer essa vida de perigos, e deixar-me.
- Bianca... - sussurro ao seu ouvido sentindo a dor e a tristeza dominando meu peito. - Você não vai dormir pra sempre, eu não vou deixar! - murmuro enquanto percorro cada traço de seu belo rosto com o olhar. - Eu te amo! - deixo um beijo em seus lábios macios e agora um pouco frios e pálidos. - Prometo que vou resolver isso. Nem que eu tenha que cortar aquele miserável em pedaços!
Olho uma última vez para Bianca, seu rosto está calmo e é como se um precipício estivesse se abrindo entre nós dois... Como se uma grande parte de seu coração estivesse morto.
- Eu vou fazer isso! Por você, Bianca. Eu sei que posso! - sussurro quase como um rosnado cheio de ódio e tristeza.
Deixo seu corpo no chão a uma curta distância de mim e volto minha atenção ao bruxo.
Uma lágrima desceu por meu rosto e então meus olhos ganharam um brilho que nunca antes haviam produzido . Não era aconselhável, mas eu precisava fazer, não podia deixar o amor da minha vida dormindo para sempre... Aquilo ficou adormecido por muitos anos, mas agora era a hora de trazer tudo de volta. Minha maldição estava quebrada, era uma chance...
Senti as dores consequentes daquele ato tomando conta de meu corpo, mas não podia desistir, não agora. Fecho os olhos com força cerrando os punhos. A eletricidade correu por meu corpo, o brilho esverdeado me cercou e então, a dor sumiu, e era como se ondas de choque estivessem correndo por mim.
A ira que me dominou fez com quê Aquiles parecesse um simples e miserável animal. Vi o bruxo vacilar, ele não esperava por aquilo, era muito poder! Eu não podia estar ressuscitando meu poder... Ou poderia? O bruxo me olhou e então um sorriso macabro apareceu em seu rosto. Se pudesse possuir aquele poder... Seria invencível, aumentaria sua fonte e ele não teria ninguém em seu caminho.
Eu reconheci aquele olhar, sabia suas intenções mas não deixaria ele obter uma gota sequer de meu poder até então adormecido.
Me concentrei ainda mais fazendo incrivelmente meu poder aumentar. Garras como de cachorros e bem mais afiadas como as de um gato apareceram em minhas mãos, consequência da terrível maldição.
O bruxo viu aquilo espantado, eu estava mais forte do que nunca, minha maldição acabou se tornando algo útil. Precisava daquele poder.
Dou um sorriso e então me preparo para atacar, porém, um barulho me impediu. Bianca continuava no chão, onde eu a havia deixado, mas agora se contorcia de dor.
— O que está fazendo com ela? — a raiva estava cada vez mais forte, entretanto, a preocupação me fez correr o mais rápido possível na direção de Bianca.
— Eu não estou fazendo nada. Ela está se auto destruindo. E se você chegar mais perto, ela irá destruir você também!
Aquiles não estava brincando, muito menos mentindo. Todos os poderes contidos em Bianca estavam entrando em conflito. Uma luz quente e forte a cobria, mas eu não me importei, eu só queria estar perto de minha amada, mesmo que para isso eu tivesse que morrer.
— Não se preocupe, meu amor! Eu estou aqui com você! — Digo ao abraçá-la. Minha pele estava queimando devido ao grande calor do corpo de Bianca e minhas lágrimas não paravam de cair. Não por minha dor física, mas pela dor que sentia no mais profundo do meu ser. A dor de ter destruído o bem mais precioso.
— Me desculpe. Me desculpe por tudo! Você não merece passar por isso. — acaricio seus cabelos encaracolados e deito meu rosto em seu peito. Ele batia descompassadamente, em um nível de aceleração surreal.
Foi naquele momento, escutando as batidas de seu coração e chorando por nossa derrota, que houve uma enorme explosão, capaz de destruir qualquer coisa existente. Capaz de nos destruir.
A dor foi grande, mas durou poucos segundos. Logo eu sentia uma calmaria impressionante, como se nada tivesse acontecido.
Abro meus olhos e uma luz verde fluorescente quase me cegou. Pisco diversas vezes e percebo que esse luz vem do chão onde estou deitado. Essa luz vem da minha lua.
Olho para os lados e vejo um incrível jardim. As flores de variados tipos dançavam ao meu redor conforme o vento batia. Era uma linda visão, mas eu estava confuso demais para apreciar tamanha beleza.
Noto algo se movendo entre as flores e me aproximo. Fico extasiado quando vejo cabelos encaracolados cobrindo seu rosto. Ela estava ali, na minha frente, em um sono sereno. O sono com o qual foi condenada a viver por toda a eternidade.
Me abeixo ao lado de seu corpo e afasto os cabelos de seu rosto. Me surpreendo quando, calmamente, ela abre os olhos. E então, um sorriso lindo e reconfortante desenha seu rosto fino e delicado.
— Vo-você... como isso é possível? — Gaguejo quase me esquecendo como formular uma frase.
— Eu estou aqui, meu bem!
— Mas... Aquiles...
— Shiii... — me interrompe com uma voz serena — Não se perturbe. Apenas sinta. Antes eu que me perguntava e duvidava sobre tudo que estávamos vivendo, mas agora eu preciso explicar. Nós estávamos tão concentrados em destruir Aquiles, sem saber que não era nisso que devíamos focar. Nós precisávamos descobrir o que estabiliza o universo, apenas assim você estaria livre dessa maldição, e o universo a salvo.
— Mas nós já havíamos descoberto, é o amor! E minha maldição já estava quebrada.
— Não, não estava. Foi apenas uma ilusão. Mas agora eu sei. O amor puro e genuíno mantém o universo em ordem, o faz dançar na mais calma dança, em uma melodia constante de sentimentos. Mas nós estávamos usando de forma errada. Não era um beijo que iria nos salvar. E sim o amor sentido com a maior pureza possível. Estávamos com raiva de Aquiles, e onde há raiva não há amor! Nós devíamos decidir o que é mais importante, e quando você viu que eu estava me destruindo, você deixou seu ódio de lado e caminhou para o amor sem pensar duas vezes, sem se importar se se machucaria, ou até mesmo se distruiria para sempre! Você amou, e esse amor nos salvou, e salvou todo o universo, salvou Aquiles. Ele usou o nosso ódio para nos destruir, e nós não percebiamos que enquanto houvesse ódio, haveria maldição, mas aquela demonstração de amor o fez refletir. Ele não está mais vivo, mas antes de morrer, aprendeu a maior lição de todas.
Meus olhos se inundaram de lágrimas. Tudo que aconteceu não foi uma lição apenas para Aquiles, mas também para mim. Eu deixava me levar por sentimentos frívolos, e não sabia que a maior maldição era essa, e não o fato de estar em um corpo de cachorro. Bianca chegou ali para me libertar de mim mesmo. Para alterar minha vida de forma brusca e delicada. Uma divergência de emoções nunca sentidas por mim.
— Agora você só precisa sentir. — Leva a mão ao meu peito. — Sinta esse amor, pois é isso que importa!
Seus olhos derramavam lágrimas grossas, não de dor, nem de medo, mas sim pelo amor.
Damos nossas mãos e nos levantamos do chão. Caminhamos de mãos dadas para um futuro desconhecido. Não sabíamos o que seria de nós. Aquele fato me fez temer. Mas logo afastei esse sentimento, prometendo que não me levaria por nenhum sentimento que não fosse aquele que realmente importa.
O amor!
E chegamos ao fim!
Esperamos sinceramente que tenham gostado dessa estória escrita com tanto carinho por todos nós.
Também gostaríamos de deixar um recadinho especial:
O AMOR SEMPRE VENCE!
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