Capítulo 37 - O Ministro da Máfia - Penúltimo
Valentim sentia-se aterrorizado, não por ele, mas por Maresca. Caso se visse forçado a explodir o iate, era bem possível que o barco deles também fosse destruído. Não hesitaria um segundo, se aquilo envolvesse apenas ele e Turner, pois os dois estavam preparados para dar a vida nesta missão. No entanto amava Maresca e queria que ela vivesse. Mesmo que fosse longe dele!...
— Maresca, eu te amo...
— Eu também, mas por que está me dizendo isso agora?
— É preciso.
— Para você é muito importante que a organização não ponha as mãos naquela caixa de metal, não é verdade?
— Eu prefiro morrer antes que isso aconteça.
— Tem certeza?
— Sem dúvida. Mas destruir o iate pode significar a explosão do barco onde estamos.
— E você está disposto a fazer isso?
— Quanto a mim, não tenho dúvidas, mas não posso decidir por você.
— Pois então quero morrer com você!
De repente, eles ouviram uma voz vinda através de um potentíssimo alto-falante.
— Alô, Carlo Denaro! Aqui é o FBI. Vocês estão nas águas das ilhas Cayman. Rendam-se imediatamente, caso contrário seremos forçados a destruí-los.
— É Santineli e a equipe de agentes! — Exclamou Maresca, abraçando Valentim.
Ele segurou a mão dela e foram para a ponte do barco, a tempo de ouvir um tiroteio que partia do convés do iate.
— O helicóptero de Santineli será atingido! — Gritou Valentim, colando sua boca no ouvido de Maresca.
— A Marinha explodirá o iate, caso ele não se renda também. Por isso, você não precisa agir diretamente nessa história e se arriscar a uma corte marcial.
O tiroteio interrompeu-se durante alguns segundos, e eles correram até a ponte com seus binóculos noturnos. Santineli voltou a ameaçar o iate.
— Eles estão se rendendo! — Avisou Valentim. — Começaram a hastear a bandeira!
— Deixe-me ver.
O helicóptero planava junto ao iate e algumas cordas eram lançadas. Com diversos agentes descendo por elas fortemente armados. Estavam invadindo o iate com tudo, nisso um segundo helicóptero se aproximou com mais agentes e um submarino com agentes submergia a poucos metros do iate iluminando a noite com os fortes canhões de luz.
— O mar está agitado demais e a tempestade, terrível! Acho que o pessoal do segundo helicóptero não conseguirá descer a bordo!
Valentim voltou a olhar pela binóculo noturno e Maresca foi até a amurada do barco. Seu coração batia acelerado no momento em que um dos tripulantes do segundo helicóptero começou a descer por uma das cordas. Achava estranho que Carlo Denaro desistisse com tamanha facilidade e orou para que aquilo não fosse uma armadilha.
Continuaram observando o que acontecia até que o último homem desceu a bordo do iate. O helicóptero agora movia-se na direção deles.
— Agente Maresca Falconne! Onde você está?
Ela começou a agitar os braços, sendo imitada por Turner e Valentim.
— Preparem a plataforma de mergulho, pois o helicóptero vai pousar nela! — Ordenou Santineli.
Eles seguiram as suas instruções e olharam, ansiosos, enquanto o piloto tentava posicionar o helicóptero, apesar dos ventos. Foi uma manobra dificílima, que acabou dando certo. Maresca sorriu, aliviada, no momento em que Thiago Santineli saiu do aparelho.
— E então? Está tudo sob controle? — Perguntou ele olhando diretamente nos olhos de Valentim Salvatore.
— Sim, Santineli. Valentim Salvatore e Turner estão do nosso lado.
— Agente Maresca Falconne, obedeça as minhas ordens sem questioná-las agora mesmo. — Ainda sem tirar os olhos de Valentim. Voltou-se e ordenou. — Entre agora mesmos naquele helicóptero e não olhe para trás.
— Mas, Santineli, eu preciso...
— Obedeça as minhas ordens agora mesmo ou irá presa por interferência numa missão secreta do agente Valente.
Maresca engoliu em seco e andou em direção a aeronave, sem se voltar para olhar o que acontecia as suas costas.
Santineli deu meia volta para ir junto, mas se virou de repente e prestou continência à Valentim Salvatore.
Maresca examinou sem grande interesse alguns relatórios, que estavam bastante atrasados. De vez em quando olhava para o telefone e sentia-se angustiada. Já se haviam passado mais de quinze dias desde que Valentim entrara em contato com ela.
Depois que ela subira no helicóptero com Santineli, regressando a Grand Cayman, Valentim permaneceu a bordo do barco a fim de retirar a caixa metálica do fundo do mar.
Compreendia que ele não a procurasse enquanto sua tarefa não chegasse ao fim.
Entretanto, Dalan lhe telefonara há quatro dias, anunciando que Turner e Valentim haviam chegado em Cayman Brac. A tempestade que os ameaçava mudara seu curso, e os dois tinham sido atingidos apenas por algumas rajadas de vento.
Ao recordar o telefonema de Darlan, Maresca sorriu, esquecendo durante alguns momentos todos os seus problemas. O amigo sentia-se extremamente grato e fizera questão de demonstrar seus sentimentos. Cumprindo o que lhe prometera, Turner contou toda a verdade a seu companheiro. Para seu espanto, Darlan admitiu que, até certo ponto, desconfiava, e chegou a sugerir que fossem à Itália, à procura do filho de Turner. Darlan havia perdoado Turner por sua traição e confessou que estavam tão obcecado por ser pai que o havia deixado de lado por tempo demais. Também explicou se sentiu culpado quando a morte prematura de seus filhos acabou com os seus projetos. Mas também admitiu que ainda amava demais Turner e que daria uma segunda chance ao relacionamento de ambos, mas exigiu conhecer e por ocasião criar o filho de Turner como se fosse deles.
Nesse instante o telefone tocou, arrancando Maresca de suas divagações. Atendeu, nervosa, e mal disfarçou seu desapontamento ao reconhecer a voz de Amanda.
— Santineli e Dallagnol pedem a sua presença na sala de conferências, às dez e meia.
— Tudo bem. — Assentiu ela, após consultar sua agenda.
— E então? Conseguiu repousar bastante?
— Mais ou menos.
Desde sua volta, Maresca alegava cansaço para não aceitar os insistentes convites de suas colegas dentro da agência, que queriam arrastá-la para mil programas diferentes.
— Pare na minha sala quando for se encontrar com Santineli e combinaremos um almoço.
— De acordo! — Disse ela, procurando disfarçar o desânimo.
Maresca desligou, um pouco irritada. Era evidente que sabia qual seria a reação de Valentim, quando descobrisse que se envolvera com uma agente do FBI. Por outro lado, tinha alguns motivos para ficar tão desapontada. Afinal, esperava que ele lhe telefonasse e se referisse com ternura aos dias que haviam passado juntos. Dessa maneira, pelo menos, não se sentiria tão rejeitada.
Ela ainda queria as explicações que ele tanto lhe prometerá, Valentim era um homem muito misterioso!...
Num impulso, agarrou o telefone, furiosa consigo mesma por ser tão passiva. Tinha tanto direito quanto ele de dar o primeiro passo. Pediu o auxílio da telefonista e conseguiu o número do escritório da Empresa de sua família e da casa dele.
Foi Rosie quem atendeu o telefone. Sua estranha voz de computador trouxe lágrimas aos olhos de Maresca, mas ela as reprimiu com raiva. Devia estar realmente num estado emocional lastimável para sentir saudade de uma boneca de metal. Rosie anunciou que Valentim não se encontrava em casa, e ela resolveu não deixar nenhum recado.
Quando a telefonista da Empresa da família Salvatore anunciou que Valentim não estava presente, e que havia se desligado da empresa por tempo indeterminado.
Maresca pediu para falar com July Baricelli.
— Qual é o assunto que deseja discutir com a srta. Baricelli? —Perguntou a telefonista.
— Pensando melhor, mudei de ideia. De qualquer modo, muito obrigada.
Nervosa, desligou e pegou a bolsa, indo até o toalete. Naquele momento não se sentia capaz de enfrentar a companhia de quem quer que fosse.
Passou um pouco de blush no rosto e escovou os cabelos com energia. Pela primeira vez, preocupou-se com a reunião para a qual sesu ex-chefes dentro da agência. Esperava que não, abordasse mais uma vez o que havia sucedido nas ilhas Cayman. Já havia discutido aquela história até a exaustão, mas talvez eles quisessem dar uma resposta ao pedido de extradição de Carlo Denaro, solicitado pelo governo italiano.
Consultando o relógio, notou que faltava pouco tempo para o encontro com Santineli. Passou batom nos lábios e contemplou-se mais uma vez, rezando para que fosse uma reunião informal.
Assim que ela entrou na sala, Amanda foi toda feliz ao seu encontro e ofereceu-lhe uma xícara de café.
— Amanda, quero agradecer por ter tomado conta da minha correspondência... E quero parabenizá-la pela promoção, será a nova assistente do diretor geral da agência e...
— Que é isso, Maresca? Você já me agradeceu. Chegou mesmo a me dar aqueles brincos de prata que eu cobiçava e me enviou duas entradas para o teatro! Mas quem lhe disse que serei eu é que serei a assistente do novo diretor geral? Minha promoção vai ser a minha transferência para uma agência menor, graças aos céus poderei ficar mais tranquila e planejar a minha tão sonhada gravidez.
Não era segredo que Amanda e seu esposo, eu ex-agente da CIA desejavam ter filhos a um bom tempo.
Embaraçada, Maresca sorriu, disfarçando seu desapontamento.
— Qual é a agenda de hoje? Sabe por que houve essa convocação de urgência?
— Após a reunião, Santineli e Dallagnol irá almoçar com um embaixador da Itália. A conversa será sobre a troca de prisioneiros importantes para os dois lados, dizem que isso já é uma nova ordem do novo diretor. Como deve saber a Svetlana já desejava se aposentar a anos. Mas parece que o agente que deveria substituí-la tinha uma grande missão para efetuar.
— Falo dos assuntos que serão tratados na reunião. Pois pelo que vejo o novo diretor está reformulando toda a agência.
Amanda fitou-a com o ar de inocência típico de quem tem algo a esconder.
— Svetlana e nem nossos ex-chefes não costumam me comunicar tudo que tem em mente, Maresca.
— E nem precisa! Seu sexto sentido é tão desenvolvido que você sempre sabe o que se passa por aqui.
— Isso era antes de surgir tantos agentes bons. A nova safra vão te surpreender!... Acho melhor você se apressar. Já está atrasada.
— Esses encontros nunca começam na hora mesmo.
Ela foi até a janela e perdeu-se em seus pensamentos. Ficara contente com as mudanças dentro da agência feita pelo novo diretor e sua atitude dava um novo ânimo aos novatos. Santineli e ela, graças a intromissão de Dallagnol, os dois haviam tido uma longa discussão no dia em que ela voltou a Washington, e agora conviviam de um amaneira totalmente diferente. Sentia-se bem por trabalhar com ele e percebia que Dallagnol começava a respeitá-la, pois sequer retrucara quando ela insistira em interromper as férias e voltar ao trabalho.
Mas logo tanto Santineli como Dallagnol fora colocados como por voz da agência, ambos a partir daquele momento iriam lidar diretamente com outras agências pelo mundo, para assim formarem uma força tarefa na captura de outros criminosos.
— Maresca, você está com cinco minutos de atraso! — Observou Amanda, preocupada.
— Droga! Preciso relaxar um pouco. E você, não vai? Julguei que precisasse tomar notas durante o encontro.
— Estou à sua espera. Vamos? Pois essa será a minha última reunião aqui.
Ato contínuo, Amanda abriu a porta do salão e deu passagem para Maresca, que parou, perplexa diante da enorme quantidade de pessoas que se encontravam presentes. A comprida mesa de conferências fora encostada a um canto, e as numerosas cadeiras, dispostas em fileiras, estavam ocupadas. No fundo da sala havia uma plataforma e uma enorme bandeira americana cobria a parede.
1900 Palavras
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