Capítulo 27 - O Ministro da Máfia
Durante a tarde, Maresca dedicou-se a colocar um pouco de ordem no chalé de Valentim. As bermudas, algumas camisas de linho e dois ternos sociais poderiam ser recuperados e a faxineira ofereceu-se para deixá-los na lavanderia.
De resto, até mesmo colônias, cremes e pasta de dentes tinham sido abertos, e seus conteúdos derramados na pia do banheiro.
Por isso, Maresca chegou à conclusão de que os invasores deveriam estar procurando algo muito pequeno... Talvez um microchip, pensou analisando a cena do local.
A medida que ela mexia nas coisas de Valentim aumentava sua vontade de falar com ele, contar tudo que ocorrera.
A noite, assim que se deitou, Maresca lembrou-se de que não havia telefonado para Amanda Rossi secretária de Santinelli.
Decidiu que essa seria a primeira coisa a fazer assim que acordasse, embora achasse que pedir para investigarem a vida de Valentim pelos arquivos disponíveis dentro do FBI, sabia que sua atitude poderia ser considerada uma atitude infantil.
Ao despertar, Maresca notou uma intensa atividade no chalé vizinho. Os primeiros a chegar foram Caetano e um inspetor da companhia de seguros enviado por Harry. Logo depois surgiu uma equipe de faxineiros, que removeu todos os móveis quebrados e começou a fazer uma boa limpeza no local.
Logo após o café ela telefonou para o FBI, mas o telefone do escritório de Santinelli foi atendido por outra funcionária, que a informou que a amiga saíra de férias por alguns dias.
— Ela foi descansar um pouco. Dallagnol está nos matando de trabalhar! — Brincou a funcionária.
Amanda também não se encontrava em casa, e Maresca ligou para a irmã dela, Tânia.
— Ela saiu da cidade por alguns dias por ordem da diretora geral. Tem trabalhado demais e foi para a praia, com o noivo. É algum assunto importante?
— É que ela estava cuidando da minha correspondência.
— Ela me deixou encarregada disso.
— Bem, nesse caso telefonarei quando ela voltar. Você está sendo muito gentil! Obrigada.
Os dias que se seguiram obedeceram a uma determinada rotina. As manhãs eram passadas na praia, nadando e tomando sol. Maresca estava pegando uma cor magnífica, o sol do Caribe realmente fazia muito bem.
Às tardes Maresca explorava a ilha de bicicleta e, algumas vezes, de ônibus. Passava as noites desenhando um prendedor de gravatas para Valentim. Queria que fosse algo muito especial e que lembrasse o tempo que haviam passado juntos. Decidiu-se finalmente por um desenho abstrato com linhas flutuantes, que de certa forma recordava o primeiro mergulho em Cayman Brac. Além de decidir de última hora colocar uma pedra da cor dos olhos dele.
Entretida em sua delicada tarefa, assustou-se com o súbito barulho de um carro que parava diante do chalé. Seria Sakamoto?
Ou um dos faxineiros se esquecera de algo?
Guardando seus instrumentos no estojo, levantou-se e saiu.
BÔNUS
NÃO BASTA SER RESISTENTE
Turner separou os em 4 grupos, Lexa, Kasumi, Santoro e eu, de cara a Lexa falou para aproveitarem que estava cedo e fazer uma cabana elevada, por conta de bichos rastejantes, também deixar fogueira preparada, mas de preferência camuflada... pelo que vejo ele nos colocará um em cada território da ilha.
— Concordo! — Falou Santoro, conhecendo Turner todos sabíamos que seria um treinamento de vida ou morte, mascarado de um jogo, estaria testando nossas habilidades de sobrevivência com poucos recursos.
Valentim não sabia o motivo de estar recordando de seu passado. Seria por que ele havia encontrado a paz ao estar amando Maresca.
Ainda conseguia ouvir os gritos de Turner dizendo as instruções antes de iniciarem o treinamento de sobrevivência.
— Todos vocês terão consigo um mapa, abrigo, água limpa, comida, fogueira só a noite, agora vão caçar juntos. Uma dica: eu iria pelo rio, mas é campo aberto, fácil ser capturado e morto.
— E por que deveríamos confiar em sua dica? Indaguei o desafiando. Turner gargalhou e saiu sem me responder.
— Acredito que Valentim tem razão. Diz Kasumi com certa timidez.
Santoro e Lexa praticamente falam em uníssono.
— Estamos de acordo... — Vamos seguir a dica de Turner, vamos a caça!
— Imaginem um jogo, vamos cercá-los. Tentamos atravessar para outro lado e batemos de frente com um grupo de reconhecimento. Eram dois membros da equipe 01, totalmente desavisados, nada pessoal mas tenho um objetivo, avançamos, os dois fugiram depois de não conseguirem me vencer na luta corporal.
— Acho melhor recuar, não conhecemos o local a nossa frente. Podem nos fazer uma armadilha.
— Vencemos se avançarmos. — Sugeriu Santoro.
— Eu concordo com você. — Falou Lexa.
— Estamos no território inimigo, mas se usarmos, dois de nós pela frente pra atacar equipe três? Depois podemos passar pela água, apagando nossas pegadas e dois por terra podem irem na frente para investigar o próximo ponto de conflito? Precisamos ter um mínimo de informações sobre os nossos inimigos para traçar a melhor formar de atacar. — Expliquei a minha estratégia.
Kasumi exalta a minha estratégia e eu a observo sorrir.
— Ideia é boa, mas pela água não tem como chegar ao próxico acampamento para pegarmos mantimentos, além disso ficaremos expostos.
— Entendi seu plano, Valentim. —Falou Lexa. — Então vamos avançar a noite livremente, só precisamos ter cuidado, outros podem ter esse mesmo plano, temos óculos de visão noturna, é uma vantagem. Pelo menos saímos bem no sorteio daquele sádico.
Decidi fazer o reconhecimento em quanto os demais descansavam um pouco.
— Acho que dá para por em prática esse plano. Mesmo estando acompanhado por três pesos. Pensei irritado, eu sempre preferi trabalhar sozinho. Sem riscos e sem preocupações em precisar proteger seus companheiros.
— Vamos por rodizio do descanso, assim não ficamos em perigo e ninguém fica cansado totalmente. Expliquei isso.
— Kasumi se conseguir, sobe na árvore pra ter visão ampliada, usa óculos pra melhorar a sua visão noturna.— Sugeri ainda traçando o melhor meio de vencer a prova.
Santoro puxa conversa comigo pela primeira vez desde que iniciamos o treinamento.
— Sabe observando você, não parece um novato. Você pensa rápido, trabalha bem junto de outros soldados, tem boas ideias, tem um poder de persuasão incrível de um líder. Na verdade você me lembra Svetlana quando fizemos o teste juntos no departamento do FBI.
Revelou Lexa cruzando os braços e ouvindo a nossa conversa.
— Exatamente, nossa chefe tem uma determinação do fogo, como se sua vida dependesse disso. Vocês dois tem muito em comum!
Fiquei em silêncio e abaixe meus olhos ao chão.
— Não poderia permitir que meus sentimentos aflorassem. Eu tinha que vencer a qualquer custo.
Último dia do teste de sobrevivência
Lexa fala o progresso alcançado.
— Já derrubamos dois membros da equipe 2, toda equipe 4 descuidada a noite dormindo sem vigia. Isso foi como tirar doces de uma criança. Estamos quase terminando.
— Santoro foi picado por uma cobra, não sabemos se é ou não venenosa. O que faremos? — Pergunta Kasumi.
— Não deixamos amigos pra trás, ele vai avançar conosco, falta algumas horas para acabar esse maldito treinamento. Dane-se, não perco aliados, nem que eu mesma o leve nas costas caso não compartilhe da minha ideia.
Eu chamo a atenção da equipe antes que recomecem a brigar novamente.
— Vamos! Eu conheço um atalho, você realmente vai ajudá-los? Os dois?
Percebo que Lexa desenvolveu laços de afeto tanto com Kasumi e Santoro. E isso não estava em meus planos.
— Você, Kasumi vai avançar comigo e Lexa cuidará de Santoro ou se decidirem ficarão aí? Se ficarem, prometo trazer socorro. Só saiam apenas pela manhã, não durmam os dois de uma vez, pois não terão vigia ou podem ser surpreendidos e abatidos por algum soldado rival. Expliquei recolhendo minhas coisas, peguei o básico deixando o restante para trás. — O Santoro foi abatido em combate pelas regras do treinamento, mas temos que avançar logo.
Kasumi ainda meia histérica começa divagar.
— Não dará tempo de levá-lo conosco, até lá veneno já se espalhou e ele morrerá aqui Valentim.
— Eu não deixo ninguém da minha equipe pra traz! Afirmei montando uma nova personalidade a situação, tive treinamento até como agir em momentos assim. Teria que escolher abandoná-los ou ajudá-los, estrategicamente as duas escolhas tinham seus benefícios e consequências. Mas a única que me interessava era aquela que me fizesse ser aceito dentro da Marine. O que eu não contava era que Svetlana tinha outros planos para mim. — Nem mesmo mortos, mas existe uma chance dele sobreviver, pois a cobra não era venenosa. Mas existe a infecção por causa das bactérias no ferimento. Ele já está com febre. Meu tio me ensinou algo que retardará os efeitos até chegarmos ao segundo acampamento. Olhei o local da picada, amarrei o local pra estrangular por vias das dúvidas, um torniquete com parte do meu uniforme. Anteriormente havia feito um pequeno corte, chupei o sangue e cuspi fora... — Tem certeza que foi picado por uma cobra Kasumi?
Kasumi toda sem jeito continua afirmando positivo, seu nervosismo em olhar em meus olhos foi um dos sinais que deixei passar.
— Porque pergunta isso?
— Seu sangue apresenta gosto comum, sem misturas ou venenos. —Mas Chega de papo, vamos continuar.
O treinamento da máfia foi algo que me fez sofrer muito fisicamente, eles aplicaram venenos em mim. Me fizeram aprender os cheiros e gostos deles. Como o futuro Ministro da Máfia eu deveria aprender a proteger o que eles consideravam importante para a organização, a minha mente.
— Lexa, você cuida do Santoro por enquanto e eu Kasimu ficamos de guarda. — Falei ficando de pé.
— Valentim, você realmente conhece um atalho? Indagou Kasumi mais uma vez.
— Chegaremos rápido para salvá-lo! Afirmei indo na frente.
— Pois Lexa tem razão. Vidas importam, amigos importam. Mesmo quando estamos numa missão.
Eu não pude dizer o que pensava. Então fiquei em silêncio.
— Como você soube desse atalho?
— Eu o criei em minha mente. Estudei o mapa por todos esses dias e tracei uma outra rota. Simples!...
Todos me olharam desconfiados. Sempre me olharam assim, quando eu colocava minha mente para traçar estratégias. Nunca há apenas duas escolhas, mas múltiplas na verdade. Era isso que meu pai sempre dizia pra mim.
Caminhamos por duas horas, não seguindo as marcações ordenadas pelos instrutores.
— Turner! — Chamei cansado, o nosso instrutor.
— Santoro foi picado a noite, não deixamos companheiros pra trás e eu, Kasumi, Valentim o trouxemos para evitar...
Não ouvi Lexa terminar de falar, algo já me estava irritando, quando observei Santoro recebendo os primeiros socorros, ele estava deitado em uma maca dentro da barraca do nosso superior.
Algo estava errado, ele na barraca só sabia rir, será que o veneno já o atingirá de modo a provocar uma reação inesperada ou ele enlouqueceu de vez? Talvez o medo da morte? Pensei analisando toda a situação.
Lexa não aguentou vendo os dois rindo, Turner e Santoro. Meu sangue estava fervendo também.
— Qual a graça em relação a quase perder a vida de um companheiro? Pode me desclassificar se quiser, mas...
Foi interrompido pela Lexa por sorte.
— Não abandonamos um companheiro de equipe pra trás. Ele pode morrer sabia, não se importa com o ele? — Perguntou enfurecida sob o olhar dos companheiros.
Turner, dá as costa e abre uma espécie de divisória onde uma mulher uniformizada entra. Ao sentir o seu perfume a reconheci imediatamente. Svetlana, estava diante de mim mais uma vez. Fazia quase um anos que não a via pessoalmente.
Nisso Turner, Darlan, e os demais continuaram a rir da seriedade de Lexa e da minha cara.
— Realmente é como nos tinha dito, essa prova seria o último teste dele, é como Svetlana disse, Valentim tem mesmo a determinação dos Salvatore correndo em suas veias.
Nisso ouvi a voz dela agradecendo a sua equipe.
— Obrigada, por terem cuidado do treinamento do meu Menino de Ouro, Valente fez as mesmas coisas que fiz na minha época.
Do nada Lexa também começou a sorrir.
— Lindo e valente como um leão para se defender e defender os seus! Afirmou indo ficar do lado de Svetlana.
— Relaxe agente Valente, este foi o grande teste e você passou com louvor, Santoro não foi picado de verdade. Só queria saber se você teria coragem de abandonar os seus planos para proteger um desconhecido. Olha Valente você pode ter uma mente preveligiada, mas se não tiver bons sentimentos de nada ela lhe valerá. Agora sabe por que eu me casei com o seu pai. E como recompensa pode ir pro alojamento tomar banho e dormir até o alarme as 4:00, se tiver fome podem ir ao refeitório em meia hora.
Eu estava com sede e fome, mas precisava de um banho rápido pra relaxar, fui até o refeitório, estava vazio até Lexa chegar.
— Boa noite agente Valente.
— Vocês me enganaram. Deixei claro que não havia gostado.
Ela sorriu e chegou bem perto do meu rosto pude sentir o seu perfume de lavanda.
— Você é impressionante sabia?
— Não sou, esqueceu que estamos em equipe. Não fiz nada sozinho.
— A medida que conheço você, só me impressiono mais, com suas habilidades, cada uma delas, sem exceção.
— Se refere aos habilidades de sobreviver ou na cama? Joguei imaginando que ela se afastaria de mim.
— Ambas... Apesar que ainda não provei a segunda opção. Mas podemos resolver isso mais tarde. — Respondeu com um sorriso largo, quem vê suas feições de menina-mulher não imagina a agente que ela era.
De repente sinto sua mão passando por meu rosto.
— Lindo realmente, será uma aquisição boa para a nossa agência... Porque usa dois codinomes sobrenome e não apenas Valente?
Levanto meu olhos e dou o troco a altura.
— Pelo mesmo motivo que você não usa o seu nome verdadeiro, mas uma identidade falsa nas missões, ou vai dizer que eu estou mentindo, Sombra. Com sua permissão, preciso descansar.
— Ainda vou te domar Valente!... Você é teimoso pra caralho.
— Não conte com isso Sombra.
— A partir de hoje eu sou a Sua Sombra, Valente.
2336 Palavras
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