Capítulo 14 - O Ministro da Máfia
Chegaram a uma avenida à beira da praia e seguiram por ela, passando por uma fileira de hotéis charmosos e muito modernos. Maresca baixou o vidro da janela, aspirando o cheiro forte da maresia. Junto ao cais, barcos de pesca e iates balançavam seguindo o movimento das águas, e ao longe velas muito alvas se recortavam contra o azul do céu.
No fim da estrada, Valentim parou próximo a um barco grande pintado de branco, chamado Gaia.
— É o nome de uma deusa. Mas tarde posso te apresentar a ele e ao seu companheiro. — Explicou Valentim. — Caso queira é claro, eu os apresentarei a você, caso surja a oportunidade. Ele e Turner se mudaram para cá logo depois que ele voltou do Vietnã, mas desconfio que Darlan ainda sente saudade de sua cidadezinha na Flórida.
— O que Turner costuma fazer com o barco?
— Ele e o companheiro se dedicam à pesca. Trata-se de uma atividade turística e, ao mesmo tempo, comercial. Turner serviu na Marinha, junto comigo. Ele na época era instrutor de mergulho e de artes marciais.
Durante um breve instante surgiu uma expressão de saudade no olhar de Valentim. Maresca encarou-o com curiosidade, mas não lhe fez nenhuma pergunta a respeito do Vietnã. Conhecia muita gente que havia participado da guerra e não gostava de falar sobre suas experiências, pois elas evocavam momentos que ninguém gostaria de recordar.
— O barco é maior do que eu imaginava na realidade. — Ela observou.
— Sem dúvida, trata-se de um belo barco.
Nesse instante, Valentim acenou para o homem corpulento que saía de uma das cabines. De cabelos e barba grisalhos, e olhos azuis, o desconhecido foi ao encontro deles, convidando-os a entrar na embarcação.
—Maresca, quero lhe apresentar Júlio Turner, capitão do Gaia.
Turner observou-a atentamente durante alguns segundos, antes de estender-lhe a mão cheia de calos.
— Você é o robô mais bonito que Valentim já trouxe aqui...
— Mas, ao contrário deles, não sou nem um pouco dócil! Que belo barco! Incomoda-se se eu examiná-lo?
— O chefe aí é quem sabe... — Disse ele, num tom vago, apontando na direção de Valentim.
— Será que estou bisbilhotando os segredos de alguém?
Subitamente, Turner ficou tenso e Valentim tornou-se muito sério.
— Não! Pode ir aonde quiser. Turner, que acha de levarmos Maresca até a baía e lhe mostrar os recifes? Ele também conhece os melhores lugares para se mergulhar e conhecer os corais.
— Claro! Quem eram os amigos com quem você estava ontem à noite? — Perguntou ele, dirigindo-se a Valentim preocupado.
— Eram apenas pessoas com quem mantenho relações comerciais.
— E vieram até aqui só para vê-lo?
— Entre outras coisas, sim. Por quê?
— Mas que hora esquisita para fechar negócios! Devia ser mais de meia-noite quando fui embora.
— É que os europeus têm hábitos diferentes, e ninguém pode se dar ao luxo de escolher as pessoas com quem fechar negócios. Turner é um sujeito bastante independente, não acha? — Comentou mudando de assunto novamente, voltando-se para Maresca. — Quando não gosta de um passageiro, leva-o de volta para o cais e devolve o dinheiro. Eu já lhe disse que o tempo o está deixando rabugento!
— Nossa! Prometo me comportar bem, Turner.
— Ora, veja só o que você aprontou. Agora, Maresca vai pensar que sou um sujeito insuportável!
Antes que Valentim pudesse retrucar, um dos tripulantes chamou por Turner, que se afastou após piscar para ela. Assim que ficaram a sós, Valentim recostou-se na amurada, o olhar perdido no horizonte. O motor do barco fora ligado, e o Gaia se afastava lentamente do cais.
— E então? Você não tem nenhuma pergunta a me fazer? — Perguntou ele, de repente.
— Em relação a quê?
— Acho que você sabe do que estou falando.
— Já que insiste, devo confessar que não entendo o motivo de você ter me ocultado que recebeu a visita de europeus ontem.
— Eles escolheram aquela hora porque não desejavam ser vistos.
— Mas eu não disse que tinha visto quem quer que fosse.
Voltando-se para ela Valentim indicou um banco, onde se acomodaram.
— Ouça, não tenho absolutamente nada a ver com isso, Valentim.
— Mas é claro que tem. Menti para você. Tem todo o direito de perguntar a razão disso, caso decida passar algum tempo ao meu lado.
— Já decidi. E então?
Valentim tomou-lhe a mão.
— As coisas andam muito tumultuadas na minha vida, Maresca. Estou vivendo uma espécie de pesadelo. Se eu não conseguir acabar com certos assuntos do meu passado a tempo...
— Não quero de modo algum afastá-lo de seu trabalho. Prefiro cancelar o nosso passeio.
— Eu me sinto desolado! — Disse Valentim, rindo e beijando-a na testa.
— Turner pode ordenar que o barco volte...
— De nada adiantaria. Não consigo deixar de pensar um só minuto em Maresca Falconne. Ela me enfeitiçou...
O coração dela começou a bater com mais força, e uma onda de desejo a invadiu. Queria tocá-lo, senti-lo de perto, mas não conseguia esboçar nenhum gesto.
— Desculpe ter mudado de assunto outra vez. Sei que faço isso sempre e é um péssimo hábito que adquiri ao longo da minha vida. — Disse ele, retirando a mão e desmanchando a magia do momento. — Você queria saber por que menti, não é mesmo?
— E você quem está insistindo. Disse que isso tinha a ver com os seus negócios e eu aceitei.
— Gostaria que as coisas fossem tão simples. A fabricação de robôs é o investimento mais quente que existe no momento, esse é o caminho para consiguir de certo modo a minha liberdade e todo mundo tenta participar dele. Alguns dos meus concorrentes, americanos e estrangeiros, não hesitariam diante de nada a fim de pôr a mão nas minhas ideias, ou como queira chamar projetos.
— E os seus visitantes de ontem à noite?
— São detestáveis, mas estou envolvido com eles. Por isso, acharia mais sensato você se mudar do chalé e ficar longe de mim.
— Mas como você pode sugerir uma coisa dessas? Julguei que estivesse subjugado pelos meus encantos femininos...
Valentim riu, mas seu olhar revelava inquietação. Num gesto impulsivo, ele a abraçou, escondendo o rosto no pescoço dela.
— Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Maresca, esqueça o que eu disse. Sei que tudo acabará dando certo. Eu prometo que vou protegê-la de qualquer coisa, mesmo que seja de mim mesmo!
Por um segundo, Maresca teve a impressão de que talvez aquela fosse sua última chance de sair da vida daquele homem. No entanto, a atração que sentia foi mais forte, e ela correspondeu ao seu abraço, acariciando-lhe a cabeça com ternura.
Os lábios dele procuraram os dela, num beijo lento, suave, carregado de paixão.
— Basta de mentiras e de fugir, Maresca. E uma promessa que lhe faço também...
— Se eu puder ajudar em alguma coisa, basta me dizer.
— Você não tem a menor ideia do que isso significa para mim...
Ao se aproximarem de Cayman Brac, uma das três ilhas que faziam parte do pequeno arquipélago, Turner apontou para o equipamento de pesca submarina que estava a bordo.
— Nunca mergulhei com um equipamento tão profissional. — Disse ela.
— Talvez ache isso muito pesado. Vá se trocar. — Valentim mostrou uma escada, que levava aos camarotes.
Turner apenas os observava em silêncio.
Aguardou a saida de Maresca e se aproximou ainda em silêncio de Valentim.
— Seu silêncio é desconfortável, sabia?
Ele suspirou a brisa do mar e olhou nos olhos de Valentim.
— Estou aqui para lhe proteger, mas posso ir somente a onde você me permitir.
— E isso significa? Indagou com tristeza no olhar.
— Que saiba o que está fazendo. Percebo que encontrou o que tanto procurava, mas a hora é bastante arriscada para amá-la. Espero que esteja preparado para pagar o preço. Seja ele qual for. Aconselhou Turner.
— Eu também espero meu amigo. E obrigado por tudo o que fez por mim durante todos esses anos.
— Falando assim até parece uma despedida. Apenas seja habilidoso como sempre foi e haja com a cabeça antes do coração.
Valentim ficou em silêncio e foi a vez de Turner retornar a seus afazeres de lobo do mar.
Maresca vestiu um maiô e, quando voltou ao convés, Turner a esperava com uma espécie de macacão de borracha.
— Valentim disse que você vai pagar com cartão de crédito.
— Está lá embaixo. Vou buscá-lo.
— Confio em você, Maresca, e em Valentim também. Apenas não o machuque mais do que a vida o machucou por todos esses anos.
— Você o conhece há muito tempo?
— Hum... É um ótimo homem, apesar de meio louco quando se trata de correr riscos. Não tem medo de enfrentar o que quer que seja. Você já tinha ouvido falar dele?
— Não! Eu o conheci há poucos dias, mas concordo com você. E um homem excelente.
Quando Valentim subiu para o convés, ela o ajudou a vestir o macacão.
— Alguma vez você foi beijada debaixo d'água? — Perguntou ele, quando Turner afastou-se, a fim de escolher o melhor lugar para ancorar.
— Ainda não, mas posso tentar...
— Quero ter certeza de que você não vai escapar...
Em seguida, ele abriu uma caixa de metal e tirou dela um cronômetro à prova d'água, que Maresca não quis usar.
— É grande demais. Terei de depender de você.
— A que profundidade costuma mergulhar?
— Desci até dez metros diversas vezes, mas gostaria de ir o mais fundo possível.
— Isso vai depender do seu desempenho. Mas vamos ser cuidados, certo?
Quando o barco parou, a plataforma de mergulho foi arriada por dois tripulantes. Após verificar se tudo estava na devida posição, Turner ajudou-os a colocar o equipamento de mergulho nas costas. Maresca, por sua vez, mal conseguia manter o equilíbrio devido aos pés-de-pato que usava.
— Sabe que você fica uma tentação quando veste maiô? — Sussurrou Valentim ao seu ouvido.
Surpresa, Maresca fitou-o em silêncio. Sabia que valentim era um homem sincero e dizia apenas o que sentia. Sem dúvida, ele gostava do corpo dela, mas antes de mais nada, Maresca tinha plena certeza de que ele a apreciava como mulher e pessoa. Durante um breve segundo seus pensamentos se voltaram para o que a aguardava naquela noite. Ao concordar em permanecer em Cayman Brac, consentia em ficar a sós com Valentim. Será que acabariam fazendo amor?
Esse pensamento trouxe-lhe de volta a aversão por aventuras passageiras. Os últimos anos tinham lhe ensinado muita coisa a respeito da vida. Aprendera, por exemplo, que o sexo não era um remédio para a solidão. Para que ele fizesse sentido, era preciso envolver-se emocionalmente com a pessoa de verdade.
O instinto, porém, lhe dizia que Valentim desejava um relacionamento profundo e não apenas a aventura de uma noite. Assim, Maresca pôs de lado suas preocupações e decidiu aceitar tudo que viesse a acontecer. Aproveitaria ao máximo a ocasião e tentaria deixar de ser tão crítica.
Valentim foi o primeiro a entrar na água e, quando chegou sua vez, Maresca sentiu-se um pouco desorientada com o peso do equipamento, que lhe parecia enorme. Levou alguns segundos para acostumar-se, e então ambos começaram a descida.
A água envolvia sensualmente sua pele, e todas as dúvidas e inseguranças desapareceram, criando uma espécie de hipnose através da qual ela se sentia como que encantada, senhora do espaço infinito.
Ao ver Valentim parado ao lado de um recife de coral, à sua espera, compreendeu que durante a vida inteira ansiara por aquele homem.
Duas garoupas enormes, que nadavam perto deles, afastaram-se rapidamente, como que aborrecidas pela invasão de seus domínios. Com um sorriso infantil, Maresca pensou em chamá-las, garantindo que não tinha a menor intenção de persegui-las, pois também possuía um companheiro e juntos poderiam compartilhar o mundo.
Alguns metros adiante, um cardume de peixes coloridos deslizava rapidamente por entre os recifes de coral. Admirada, concluiu que nunca vira nada tão fantástico. Nenhuma experiência anterior a preparara para aquelas águas cor de turquesa, nem para a paisagem surrealista que se estendia à sua volta.
Aquilo era um verdadeiro paraíso, constatou Maresca, enquanto seguia na direção apontada por Valentim, onde o azul das águas se intensificava. Como num sonho, ela mergulhou mais para o fundo, em direção a abismos sem fim, o coração acelerado pela emoção.
Lembrando o convite que Valentim lhe fizera, de passar a noite em Cayman Brac, pôs-se a imaginar ardentes cenas de amor.
Nesse momento, um peixe grande roçou-lhe a perna, trazendo-a de volta à realidade.
Instintivamente, seu olhar pousou na figura atlética de Valentim, que examinava uma estranha formação de corais. Ao vê-la aproximar-se, ele pegou sua mão com delicadeza, passando-a sobre o coral, que era de uma suavidade surpreendente.
Deviam estar a uns trinta metros de profundidade e aproximavam-se de um rochedo coberto de algas e de formas semelhantes a cogumelos, que na verdade não passavam de moluscos, corais e esponjas vivas. Viam-se também centenas de peixes e camarões, que passavam numa verdadeira explosão de cores e vida marinha.
Sem conseguir dominar a admiração que sentia, Maresca apontou para uns rochedos, admirando-se de seu fantástico colorido: amarelo, vermelho, laranja e azul. Aquela paisagem constituía um verdadeiro paraíso para qualquer artista, e logo ela começou a imaginar desenhos para novas jóias, um roby e um bom disfarce que usava. Seus dedos ansiavam por sentir a prata, que graças a ela se transformaria em pequenas obras de arte.
Valentim mergulhou um pouco mais fundo e Maresca o seguiu, obtendo uma visão ainda mais espetacular dos rochedos. Quando recomeçaram a descer, ela ficou de olho em seu medidor, que indicava a profundidade: trinta e cinco metros... quarenta... quarenta e cinco.
Sentia-se ligeiramente tonta e respirou fundo. Valentim acenou para ela diversas vezes e, ao perceber que seus movimentos se tornavam cada vez mais lentos, fez sinal para que começassem a subir.
Maresca concordou, aliviada, e quando chegaram à superfície verificaram que o barco estava bem próximo. Um dos tripulantes os esperava na plataforma e ajudou Maresca a subir.
Turner, por sua vez, auxiliou-a a remover o pesado equipamento.
— Como foi? — Perguntou, interessado e olhando em direção a Valentim que fez um estranho sinal com sua cabeça.
Excitada com a fantástica experiência, ela mal conseguia falar.
— Desça e troque de roupa, enquanto preparo um cafezinho para nós todos. — Sugeriu Turner.
Ele ajudou Valentim com o equipamento, os dois conversavam em voz baixa aproveitando o entusiasmo de Maresca que não poderia ouvi-los.
— Estão lá baixo como disseram, avise os agentes. A mercadoria provavelmente vai ser regatada daqui pouca horas.
— Você sabe que foi imprudente e muito arriscado trazê-la até aqui. Resmungou Turner.
— Eu tinha que ariscar, e sei que foi imprudente. Mas não precisa me fazer lembrar disso. O importante é que essa maldita mercadoria não vá parar nas mãos da organização e nem nas ruas de WC. Apenas avise à eles por mim e deixe o resto comigo.
Outra vez Turner ficou em silêncio e obedeceu as ordens de Valentim.
Enquanto Maresca, assim que chegou ao pequeno camarote onde deixara suas roupas, Maresca encostou-se na parede, tentando recuperar o fôlego. Ainda envolvida pela indescritível beleza do fundo do mar, fechou os olhos lembrando cada detalhe do que havia visto.
De repente, a porta se abriu e Valentim surgiu diante dela.
— Posso entrar?
— Valentim, que experiência fabulosa! Obrigada por me trazer aqui.
— Para mim foi um prazer imenso. — Ele se aproximou e seus olhos brilhavam. — Precisa de ajuda? — Perguntou, pegando uma toalha.
— Sim, por favor.
Sem hesitar, ele baixou o maiô de Maresca, deixando-a com os seios desnudos. Com gestos suaves, começou a enxugá-la, provocando-lhe um prazer enorme. Quando terminou, acariciou- lhe os mamilos intumescidos, até fazê-la suspirar de prazer. Trêmula de excitação, Maresca inclinou a cabeça, oferecendo- lhe os lábios úmidos para um beijo apaixonado.
— Quase enlouqueci de vontade de fazer amor com você no fundo do mar minha sereia!... — Murmurou ele, pouco depois. — Quero sentir você, Maresca, tão bonita, perfeita... Preciso de você.
Embriagada pela onda de sensualidade que se desprendia dele, ela lambeu-lhe o pescoço e os ombros com a ponta da língua, deliciando-se com o tremor que percorria o corpo másculo de Valentim.
— Maresca... já decidiu se vai ficar comigo em Cayman Brac, hoje à noite?
— E precisa perguntar? Achei que já estivesse tudo resolvido.
— Não tínhamos combinado se ficaríamos juntos. Será que estou pedindo demais?
Naquele momento, ela seria incapaz de negar qualquer coisa àquele homem gentil, delicado e irresistivelmente atraente...
— Vamos sair antes que eu perca o controle de vez e cometa mais uma loucura! — Propôs Valentim. — Usarei o rádio comunicador de Turner para tentar conseguir acomodações em um dos hotéis da ilha.
— Ainda preciso lavar os cabelos. — Disse Maresca.
— Posso ficar espiando?
— Acho melhor você subir, antes que Turner comece a imaginar que estamos passando mal devido ao mergulho.
-— Garanto que não é isso que ele está pensando nesse moemnto. — Disse Valentim com um sorriso malicioso.
Minutos mais tarde, quando Maresca subiu ao convés, Turner aproximou-se.
— Que tal um cafezinho?
— Com prazer! — Aceitou a xícara que ele lhe estendia e olhou à sua volta, à procura de Valentim.
— Ele está na casa das máquinas, verificando um dos seus projetos. Acho Valentim meio obcecado... Imagine que conversa com os robôs como se fossem gente!
— Fale baixo! Ele ficaria desolado, se o escutasse.
— Qual é o nome do robô que ele trouxe?
— H3000 e alguma coisa. Ele inventa nomes estranhos para aqueles troços de metal. Quer vê-lo?
— Gostaria muito.
Quando entraram na casa das máquinas, Valentim estava ajoelhado, examinando uma caixa de metal que continha uma tela de computador e sorriu para Maresca.
— Turner garantiu que você me apresentaria a H, alguma coisa.
— Isto aqui são apenas os controles... — Explicou ele, sem disfarçar o entusiasmo. — Hunter está no compartimento ao lado.
— Só pelo fato de ele se chamar Hunter, deve levar uma vida bem mais excitante do que Rosie, não é mesmo?
— Pois eu aposto como ela jamais trocaria de posição com ele.
— Valentim, você é um louco adorável!
— Claro que sou. Meu trabalho exige isso. — Ele enlaçou-a pela cintura, acrescentando.
— Turner conseguiu entrar em contato com um dos albergues, onde há quartos sobrando. Infelizmente os hotéis estão lotados por causa de um campeonato de surf.
Ao falar em quartos, Valentim queria deixar claro que ela era inteiramente livre para decidir se ficariam juntos ou não. Comovida, ela o beijou de leve no rosto.
Pouco depois, fazendo ar de mistério, Valentim afastou-se e chamou sua atenção para a porta do compartimento onde se encontrava o robô. Abriu-a e acendeu a luz, convidando-a a entrar.
— Tem medo de que alguém possa roubar Hunter?
— Sem dúvida. Bem, agora quero lhe apresentar o meu mais recente robô. Ele consegue se deslocar no fundo do mar. Seus olhos são uma pequena máquina fotográfica, capaz de tirar slides e ao mesmo tempo transmitir imagens para um monitor no barco. Tem dois braços, com mãos ajustáveis, capazes de recolher pequenas amostras no fundo do mar. Mas não se engane ele tem força suficiente para carregar 1800kg sem problema algum.
A enorme capacidade de Valentim tornou-se uma realidade para Maresca, enquanto o ouvia.
Entre eles abriu-se um abismo, e ela se deu conta do quanto suas vidas eram diferentes...
— E para que serve Hunter?
— Ele atende a várias finalidades. Com sua ajuda, os biólogos poderão explorar as profundezas do oceano, à procura de novas fontes de alimentos ou mesmo combustível. Sabe que as companhias petrolíferas poderão localizar novos poços e, com as devidas adaptações, Hunter será um verdadeiro pioneiro no que diz respeito ao lançamento de mísseis submarinos. E justamente nessa última área que ele se toma inigualável. O nosso governo deseja a patente, mas ainda estamos em negóciação. A Nasa já deseja um protótico para exploração, então vamos ver isso futuramente.
— E todos esses planos estão dentro da sua cabeça, Valentim?
— Mais ou menos! Alguns estão em um computador secreto, cujo código só eu consigo decifrar.
— Durante um breve instante ele deu a impressão de que estava tendo um pensamento desagradável, mas logo recuperou o bom humor. — Por que estamos falando desses assuntos, quando na verdade devíamos nos beijar até perder o fôlego?
— Não tem medo de ser sequestrado por alguém?
— E um risco... O que você acha de me sequestrar?
— Pare com isso, Valentim! — Hunter está ficando encabulado...
— E é você quem me chama de louco!
Num ímpeto, Maresca beijou-o, e em seus lábios havia uma paixão intensa. Daí a pouco, ambos se esqueciam de tudo, envolvidos apenas com seus sentimentos e emoções.
3367 Palavras
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro