✤ Capítulo 15 ✤
Acordei e olhei para o lado vendo que ele já não estava lá, supus que estivesse preparando o pequeno-almoço, mas não, de repente vi ele sair da casa de banho se espreguiçando.
— Bom dia, já acordou? — perguntou ele com aquele ar tão alegre.
— Bom dia, já sim, acabei de acordar, como você dormiu?— perguntei bocejando e o olhando.
— Otimamente, desculpe eu ter adormecido a meio da leitura, meu bem — disse ele se aproximando de mim, como naquela cena em que o Christian Grey se aproxima da Anastácia na cama, e logo ele depositou um beijo na minha testa, o que tanto me desconcertou como fez o meu coração bater mais forte.
— Não tem mal, isso significa que a leitura foi boa, que até fez você dormir — eu disse envergonhada. Ele só me mostrou o seu sorriso lindo e disse:
— Vou preparar o almoço ou algo para comermos.—
Fiquei o observando ir embora e pensei na noite anterior no quão ele parecia a coisa mais linda do mundo, ele era o meu melhor amigo e era uma brisa que por instantes me fazia esquecer o que Paul me tinha feito, ele me tinha magoado. Logo que ele saiu eu fui para a casa de banho fazer as minhas higienes pessoais e depois voltei ao meu quarto procurando algo para vestir. De novo me surpreendi com Inês no meu quarto de novo mexendo em roupas ela amava fazer isso.
Logo eu tinha separado por Inês um conjunto macacão- short, azul escuro com flores silvestres estampadas nele. Peguei a minha roupa interior numa gaveta da mesinha de cabeceira e a vesti, depois disso me enfiei no macacão e desci encontrando de novo um cheiro magnífico de comida que já dava água na boca. O cheiro era cheiro característico de tostas mistas, pão com queijo, manteiga e fiambre aquecido, mas não era daquelas tostas de máquina, ele próprio estava tostando o pão numa frigideira, me aproximei e fiquei o observando, sentindo a minha barriga roncar, já com fome, logo vi ele colocar um prato com uma tosta na minha frente e um copo de sumo de laranja. Comi e depois me virei para Inês lhe dizendo:
— Estou pensando em visitar os meus pais hoje, que vocês acham...
— Oba adoro a ideia! — disse Inês toda animada, Inês estava com uns calções de ganga e uma camisola laranja, já o ursinho vestia como sempre aquelas camisolas estampadas, daquela vez aos retângulos coloridos. Claro que o seu sorriso nunca desaparecia. Depois de comermos nos dirigimos para o carro e seguimos até à casa dos meus pais, ao chegar lá ele estacionou o carro na entrada da minha casa. Logo reparei ao longe na minha avó na janela, ela sempre viveu ao lado da casa dos meus pais. Ao me aproximar bati à porta e logo fui recebida pela minha mãe e o seu enorme sorriso, logo ela me abraçou como se não me visse há anos e realmente já fazia algum tempo desde que eu a tinha visto pela última vez. Ela me convidou a entrar e à Inês e ao ursinho também.
— Então estes são os teus amigos brasileiros? — perguntou a minha mãe para mim.
— Mãe, não me envergonha... — eu disse um pouco tímida.
— Hey, não se preocupa não é como se eu fosse mostrar fotos suas de bebê a eles — disse ela rindo.
— Mãe... — eu disse, eu sabia que ela podia muito bem fazer isso, pois ela tinha feito isso no passado.
— Pronto. E o Paul, não o vejo contigo, aconteceu alguma coisa?- perguntou ela séria para mim. Naquele momento eu só a abracei e comecei a chorar.
— Tá tudo bem minha pequena vai passar — disse ela logo de seguida, fazendo carinho no meu cabelo. Ficamos à conversa por um tempo falando como as coisas estavam e ela me disse que Paul não merecia uma pessoa como eu que eu era muito melhor que isso. Por um momento acreditei nela e me senti melhor ao desabafar com ela.
Ela também me disse que ia preparar um prato especial para mim, claro que fiquei-me perguntando o que seria, mas logo me disse que eu devia aproveitar o dia com os meus amigos e que nós podíamos fazer um piquenique.
Ela me entregou um cesto de piquenique daqueles bem antigos que abriram como que duas partes, duas tampas e lá se colocavam, as coisas que comeríamos no piquenique. Eu e a minha mãe começamos por fazer sanduíches, com queijo, manteiga e fiambre e algumas com geleia, algumas frutas e bolachas também.
Depois de tudo colocado metemos uma manta por cima de tudo e fomos fazer o piquenique no campo perto de casa dos meus pais, subimos o muro vendo a imensidão de verde, que era composto por erva, ervas daninhas e até se viam borboletas pousando em flores silvestres, ainda estava lá o famoso tanque em que eu em criança apanhava rãs, às vezes sozinha, outras com os pais e outras com os meus primos.
Andámos até lá, devagar e ao chegar lá ficamos observando as inúmeras rãs, dava uma leve lembrança da minha adolescência. Seguimos até a meio mais ou menos do campo e lá colocámos o cesto de piquenique, antes de o abrirmos, nós nos sentamos na erva fofa e macia e ficamos vendo como o céu era bonito, como estava com poucas nuvens.
— Que está pensando? — perguntou o ursinho para mim.
— No quanto tenho saudades de ser criança — eu disse me sentindo melancólica.
— Eu entendo você, mas o futuro trará coisas a você e você será muito feliz confia em mim — disse ele parecendo muito sábio. Depois disso nós nos dirigimos até ao cesto de piquenique e o abrimos retirando de lá de dentro a manta que prontamente a abrimos e colocamos em cima da erva, depois começamos colocando as sanduíches lá em cima, ao retirá-las, reparei que tinha lá dentro também pequenos potinhos, com aparentemente pudins de baunilha, o que me lembrou instintivamente dele, que era a sua sobremesa favorita e ao lembrar disso dei um pequeno sorrisinho. Comemos e então ficamos deitados todos nós três olhando o céu observando algumas nuvens e tentando adivinhar formas nelas.
— Acho que é um canguru — dizia eu para o ursinho.
— Não definitivamente é um dinossauro — dizia ele. Inês já não estava connosco, ela tinha ido até ao tanque provavelmente ver as rãs, mas eu suspeitava que ela nos queria deixar a sós. Ao olhar para o meu lado direito vi um dente de leão e o apanhei, fiquei com ele na mão vendo o.
— Tem de pedir um desejo antes de soprar — disse o ursinho para mim.
— Eu sei — eu disse o olhando com um sorriso no rosto e pedi para que aquele dia nunca mais tivesse fim e depois soprei a pequena planta vendo as suas sementes voarem e caindo, elas dariam outras novas plantas no futuro.
— O que pediu, meu bem? — perguntou ele após ver eu soprar a planta.
— Eu não devia dizer, mas tudo bem, eu digo, pedi para este dia nunca mais acabar — eu disse olhando os seus olhos castanhos.
— Talvez um dia isso seja possível, apenas terá de ter paciência — disse ele.
— Paciência não é o meu forte como você sabe, mas vou tentar — eu disse com uma certa esperança na voz.
— Pois é eu sei, meu bem... — disse ele abrindo um largo sorriso me olhando. Depois de um tempo deitados olhando as nuvens nós ouvimos o que parecia ser um mugido de uma vaca, provavelmente elas ainda estariam longe pensei, mas ao olhar para trás reparei que não era essa a realidade, tinha uma lá no alto olhando nos. O ursinho se levantou e realmente, ele me olhou como quem não sabia o que fazer. Não se via sinal de Inês, pensei que ela talvez tivesse fugido para minha casa com medo.
— Calma é uma vaca e não um touro, se não fizermos movimentos bruscos ela não nos atacará — disse eu tentando o manter calmo.
— Tem a certeza? — perguntou ele com um pouco de dúvida ou insegurança na voz.
— Tenho sim — eu disse e fui pegando as coisas e as colocando no cesto devagar, depois peguei a sua mão e disse:
— Agora com muita calma, nós vamos andar muito devagar até chegar a casa.
— Ok — respondeu ele, fomos andando devagar, mas quando passamos o tanque não havia tanto perigo, ela ainda estava praticamente no mesmo lugar e nós já estávamos o suficientemente longe dela. Então comecei a andar mais apressadamente com ele pela mão até chegarmos a casa.
Após chegarmos em casa Inês estava já rindo da situação pela qual tínhamos acabado de passar e até nós rimos disso.
O cheiro que vinha de casa me fazia lembrar a minha comida favorita Alcatra, um prato típico da região, eu sabia que só podia ser isso, fiquei feliz, um cheirinho familiar que me fazia lembrar casa.
Até ao jantar nós ficamos no quintal em redes que os meus pais tinham colocado para nós, ficamos lá até ouvir:
— O jantar está pronto — disse a minha mãe aparecendo da cozinha.
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