A Rosa
Acordando com o texto na cabeça, após um dia de muita raiva. Sobre ousar viver como perdoado e amado, mesmo reconhecendo o quão ruins podemos ser. Inspirado em Cantares.
***
A mão esquerda do meu Amado sustenta minha cabeça, sua mão direita molda meu coração. Estou deitada no jardim, Ele está ajoelhado. Flores crescem das minhas cicatrizes, meus olhos estão fechados. Lágrimas escorrem. As minhas lágrimas escorrem por entre seus dedos e regam o solo. Do solo, crescem flores de todos os tipos pela clareira.
O meu Amado é mais forte que a morte, sua armadura é mais pesada que planetas. Suas costas me fazem sombra e as flechas do inimigo não me atingem, pois Ele é enorme. As borboletas voam, e há paz.
Meu ódio e minha sede de justiça escorrem pelos seus dedos. Ele perdoou o meu ódio, sou perdoada. As flores se espalham mais. Tudo é jardim. Eu sou um jardim, as mais belas flores nascem em mim, meu cheiro é de todo tipo de flores e os pequenos animais se divertem, pois o meu Amado veio arrancar de mim a maldade e me regar.
Os seus soldados, os melhores dos melhores, não deixarão que os terrores me atinjam, pois eu sou como rosa para o meu Amado. Ele arranca meus espinhos do pecado e não deixa que os devoradores me encontrem. Ele me deu beleza extraordinária, apesar de eu ter sido um deserto. No meu jardim, o meu Amado se compraza e é feliz.
Sessenta soldados*, os melhores do Rei, cercam meu jardim. Suas espadas são de fogo. Seu semblante, terribilíssimo. Eu sou uma joia, meu Amado me adquiriu derramando o próprio sangue. Seu sangue respingou em mim, e eu precisei trocar minhas roupas em lugar sagrado**. Ele me deu roupas novas, brancas como neve. Ele me deu perfumes para que meu cheiro fosse agradável. Tudo isso fizemos.
O meu Amado voltou da batalha de três dias, meus espinhos o machucaram de novo, o pregaram no madeiro. Mas Ele me perdoou. Ele venceu o devorador. O meu Amado veio estar comigo no meu jardim: ele me ama.
* Cantares 3:7
** Levítico 6:27
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