01 - Prólogo
Derick era um menino muito alegre e de bem com a vida, acordava antes do sol nascer por detrás do grande monte e corria até a beira do riacho onde Tutto "sua" árvore falante se enraizara, de lá via a campina verdejante coberta de orvalho se tingir de dourado, era seu espetáculo particular de todas as manhãs, assim que a luz tocava a relva campestre as fadas e pirilampos voavam apressados para a floresta azul a procura de se esconder, suas vozes agudas "quase" ecoavam. Ao menino nunca faltava um sorriso no rosto, como geralmente são as crianças, sendo assim ele era comum, não, incomum, me confundi, nas terras de Hulliad todos podiam ser curiosos, guerreiros, astutos e curiosos, já disse curiosos? Não importa, assim era Derick, mas infelizmente não podia ir além da campina ou depois dos limites da floresta azul onde a terra era fofa e sem muita relva.
— Ei Tutto! – Começou o menino assim que uma fada passou em vôo rasante sobre sua cabeça esvoaçando seus cabelos azuis.
— Sim. – Respondeu a árvore com voz firme e serena.
— O que será que tem além da campina? – O menino se sentou no chão, olhou para além-riacho e voltou a fitar Tutto.
— Creio que não seja outra campina... – Tutto fez uma pausa para pensar com seus brotos —, direi que há o inexplorado, que espera por um jovem e corajoso alguém...
— Eu queria explorar aquelas bandas, mas Judith disse que não posso. – Derick pensou nas torradas que a mulher preparou para o café, e dá geleia de framboesa que ele ajudou a preparar no dia anterior.
— Ela disse isso? – Tutto chaqualhou suas folhas ao vento veloz.
— Disse. – Derick falou pegando um punhado de terra.
— Então meu caro amigo, deves obedecer, explore a floresta azul Bido e Ophal moram lá. – a árvore esperou pela resposta que veio como um relâmpago.
— Eu andei cada canto daquela floresta e não achei essas árvores! Começo a achar que elas não existem. – Derick olhou para Tutto com olhos semicerrados.
— Você perguntou a cada uma delas? – Tutto não demonstrou reação.
— Não! – Derick disse.
— Não? – Perguntou Tutto.
— Não! – Repetiu Derick — Me cansei na terceira!
— Ao menos é sincero. Eu me lembro de andar por aquela região, eles são boas árvores, agora estou velho demais para isso.
— Para quê?
— Fazer amigos e sair andando por aí!
— Você não parece velho! – Derick avaliou Tutto com olhos de coruja.
— Deve ser a primavera. – Tutto falou com sua melhor cara-de-pau.
— É verão! – Retrucou o menino.
— Oh céus, contigo não tem jeito, sou apenas uma árvore que se cansou de andar, e que se prendeu à este calmo riacho.
— Isso de andar é só conversa de árvore – Derick falou desconfiado — Aliás nunca o ouvi contar a história completa.
— Árvores não falam, não tem como ouvir.
— Você fala!
— Sou uma exceção.
— E Bido, Ophal são o quê?
— Você é muito curioso!
— Sou sim...
— Melhor você ir para casa e me deixar ser coberto por limo.
— Tá bom, mas eu volto mais tarde... Não saia daí! – Derick falou sério — Você vai me contar tudo ou vou arrancar cada uma de suas folhas! – Tutto não retrucou.
De volta para casa Derick parou para assistir uma discussão de um louva-a-deus e um gafanhoto.
— Gafanhotos são superiores, temos mãos que conseguimos carregar, além de termos pernas para saltar e asas para voar!
— Nos Louva-a-deuses é que somos, só pra constar, também temos asas, e melhor, temos pescoço!
— Vocês são só um bando de pagãos! – Encerrou o gafanhoto.
Depois disso não parou mais, assim que chegou Maia surgiu a sua frente, parecia ser portadora de novidades.
— Que bom que chegou, o Liam terminou a tirolesa, vai da casa da árvore até pequeno lago.
— Espera... O pequeno lago secou!
— É, mas ele terminou. – disse ela cabisbaixa — Os detalhes não contam. – Derick balançou a cabeça em desaprovação.
— Judith está lá dentro? – Derick apontou para a casa de madeira em sua arquitetura mirabolante.
— Não, ela saiu pra caçar trufas junto ao Dingo e a Suh, ela iria te chamar mas você sumiu como de costume.
O menino coçou a cabeça, a menina que ali estava era tão curiosa quanto ele.
— Você foi ver o Tutto não é?
— Como? – disse Derick dando dois passos para trás balançando os braços em negação — Quem é esse? – empinou o nariz.
— Ãn? Não seja assim, eu os vi conversando ontem à tarde, mas... Eu não estava te espiando nem nada do tipo! – a menina afundou os dedos dos pés na terra macia e úmida.
— Sei, ops, não sei! Eu só queria saber se a Judith estava então... Já vou indo! – Derick se virou na direção da floresta azul.
— Derick, você não me engana!
— É... Até mais. – o menino desatou a correr.
— Espera! – ele já havia se afastado.
Maia não demorou em ir atrás do menino, assim que chegou onde os galhos das árvores eram mais resistente a menina escalou, podendo assim enxergar melhor.
As folhas das árvores ficavam em tom azulado durante o dia, daí o nome da floresta. Nas cascas de algumas árvores haviam desenhos feitos pelas crianças, isso provava quanto àquela floresta era segura, daí eles passavam maior parte do tempo brincando por ali.
De longe Maia viu Derick andando fora da trilha de tábuas, ela desceu e correu desviando das árvores e pulando as moitas, depois de muitos galhos, folhas e cogumelos ela o encontrou.
— Ei não fuja! – ofegante ela apoiou as mãos nos joelhos.
— Não me siga.
— Ah, não estou te seguindo!
— Pois parece! – disse ele esperando Maia se recompor.
Derick virou a cabeça avaliando uma árvore, foi até ela, bateu no tronco com o punho fechado enquanto colava a orelha junto à árvore.
— O que está fazendo? – Maia perguntou confusa.
— Procurando...
— A Judith?
— Naão – falou compridamente.
— Então o que é?
— Ophal!
— A árvore da clareira???
— Ãn? – Derick coçou a cabeça.
— Ophal, uma árvore da clareira, ela cresce presa às ruínas de uma torre, você a conhece não é?!
— Bem, não... Na clareira... Sério isso?
— Sim, se não tivesse saído correndo eu te falaria que também conheço uma árvore falante... – Ophal uma vez andava pela floresta azul, agora se prendia as rochas do que sobrara do antigo reinado, uma pequena torre, que um dia fora mais alta que as copas das árvores e utilizada como ponto de vigilância — Vamos até a clareira! – Maia puxou Derick pelo braço o guiando floresta além.
~'°'~
Dedico o primeiro capítulo à biaaaa_3, a criança mais "velha" que eu conheço. Desculpe não me contive! Espero que goste e que se divirta com o que vem por aí!❤
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