Capítulo 20
*** Zack ***
- Não! Não! Pra direita, não, agora pra esquerda. Não, seu trouxa! - Joguei amendoim na televisão. - Eita, porra. Tenho que limpar isso, senão sua mãe me mata - falei pro Théo. - Que barulho é esse? Será que eu quebrei a TV? Ai meu Deus, nem terminei de pagar ainda. Faltam só mais três parcelas. Só três. Deus, por favor, se essa televisão quebrar agora...
- Pai, é seu celular.
- Ah, sim. Já parou de tocar. Quem era?... UUUUUUH, CESTA. Arregaça essa bagaça aí! Pede tempo, cara! Não, não é pra tacar a bola no adversário! Burro! Ah!... Vê aí quem era.
- Ah, caralho, era a mamãe. - Eu o encarei com medo. - 27 mensagens.
- 27? Mas o que será que aconteceu? Ela foi presa ou o que? - Liguei pra ela. Atendeu rapidinho. Vish, a porra é séria. - Oi, amor.
- Zack, eu fui presa.
- O QUE? Mas o que você fez? Eu deixo você sair de casa uma vez e você já é presa, mocinha? Não posso mais confiar em você. Terei que falar com a sua mãe a respeito disso, minha jovem. Você tem que ter responsabilidades e...
- Zack, para de graça.
- Para de graça você, ué. Até parece que você foi presa.
- Ah, mas era só o que me faltava! O policial não acredita que eu tenho marido e você não acredita que eu tô com o policial aqui do meu lado. Gente, entendam, 1º de abril já foi! Vem logo na delegacia me buscar.
- Pfff, tá. Tchau, amor, preciso terminar de ver o jogo.
- O QUE? ZAC... - Desliguei.
Ah tá que ela está numa delegacia. Até parece, né?... Será que é verdade? Bom, vou ligar pro Bob. Acho que ele tá trabalhando hoje. Liguei no celular dele e ele logo atendeu.
- Zack! E aí, cara?
- E aí, Bob, beleza? Eu queria te fazer uma pergunta meio nada a ver... É... Tem alguém detido aí hoje?
- Ah, hoje tá bem tranquilo. Só três adolescentes sem carteira de motorista e com identidade falsa. Você acredita que uma até disse que tem marido e dois filhos chamados Théo e Ekena? Ekena, nome feio.
- Bob... minha filha chama Ekena.
- Mas não era Elena?
- Não, Ekena.
- Não, era Elena.
- A filha é de quem? Como chama essa adolescente?
- Deixa eu ver... Ela diz ser Ariel Raymonds Martin.
- Puta que pariu... Solta ela. Solta. Dá um cafézinho, bolacha, agrada ela e os amigos dela.
- Por que?
- É a minha esposa.
- Putz. Então vem logo, porque ela tá quebrando tudo. - Desliguei.
- Théo. Théo. Théo. Sua mãe foi presa, e vai chegar matando em casa. Arruma tudo que eu vou buscá-la.
- Mamãe foi presa? Olha o exemplo que eu tenho em casa! E depois eu é que sou o mau elemento!
- Cala a boca, garoto. Tchau, arruma tudo aí.
- Sou faxineiro agora?
- Sim.
*** Ariel ***
- Ah... É... Então, é... Senhora Martin... Me desculpe pelo mal-entendido. É que a senhora está em boa forma, sabe? Bonita... É... Seu marido já está vindo buscá-la - o policial me disse, com as bochechas vermelhas.
- Mas como? Ele desligou na minha cara!
- Ele me ligou agora... Nós somos amigos de infância, sabe?
- É? Nunca ouvi falar de você. - Cruzei os braços. - Já que são tão amigos, deveria saber que a esposa dele, ou seja, eu, está grávida e não pode passar por muitos aborrecimentos.
- Ah, a senhora está grávida? Ah, meu Deus, vou te tirar daí. Venha, sente aqui nessa poltrona. Por que não disse antes que estava grávida?
- Você iria acreditar?
- É... Bom... Não. Quer café e rosquinhas?
- Rosquinhas? - Ele me estendeu uma caixa. - Hum, vou pegar uma.
- Ariel! Você não se lembra dos seus amigos não? - Chad estava com as mãos nas grades da cela. - Me tirem daqui, por favor! Eu nunca fui preso na vida. E se meus filhos me virem desse jeito, meu Deus, nunca irei me perdoar!
- Chad, a cela tá aberta - Lucy disse, saindo.
- Ah, ok. - Ele saiu. - Também quero rosquinha.
- Não. São minhas. Tô grávida.
- A velha desculpa de estar grávida só pra comer a mais. Te conheço, menina, você fez isso até no meu casamento. Sua safada.
- Eu não tava grávida no seu casamento, Chad.
- Mas disse que tava amamentando, só pra levar mais doces pra casa.
- E eu estava amamentando! A Ekena!
Zack apareceu correndo. O cara veio do nada. Tipo, do nada mesmo.
- Ai, amor, você está bem? O que aconteceu? O bebê tá legal? Não perdeu ele não, né?
- Calma, deixa eu ver. - Toquei a barriga. - Não, acho que ainda tá aqui.
- Vamos embora, né?
- Não. Tô me divertindo aqui.
- Amor, terei que te contar uma coisa... O Bob acha o nome da Ekena feio.
- Mas eu não sabia que ela era sua filha! - o policial disse. Esse deve ser o Bob. - Senão nunca teria dito.
- Então você acha o nome da minha filha feio? NÃO É FEIO. É LINDO, CARA. É havaiano, em homenagem ao Stitch, QUE MORA NO HAVAÍ COM A LILO! Pede desculpa!
- Ô, me vê uma desculpa, por favor?
- O que?
- Você mandou eu pedir desculpa... - Nós o encaramos tipo "... Não". - Eu sei, não foi engraçado.
- Você parece meu marido - Chad disse, com uma cara de nojo.
- Marido?
- Sim, qual é o problema? Seu homofóbico, preconceituoso, racista, cuida da sua vida, nojento!
- Mas eu não disse nada!
- Cala a boca! Vamos embora, gente. Não mereço isso.
- Tchau, Bob. - Ele e Zack fizeram um toquinho estranho. - Vamos, garotinhos, vou levar vocês pra casa.
- Ô Bob, cadê meu carro? - Lucy perguntou.
- Está aonde vocês deixaram.
- Zack, você tem que me dar uma carona e achar meu carro.
- EU?!? Por que eu?
- Porque sim.
Depois de contarmos tudo ao Zack e de acharmos o carro da Lucy, Zack levou os dois para as casas deles e depois fomos pra nossa. Ele parou o carro e eu desci, fechando a porta de um jeito um pouco brusco. Ninguém mandou desligar na minha cara. Abri a porta e a fechei na cara dele. Théo estava na sala, assistindo TV.
- Oi.
- Oi, presidiária. - O encarei, furiosa. - Desculpa.
Fui pro meu quarto e comecei a tirar minha roupa. Entrei no banheiro, a tempo de ouvir Zack subir as escadas apressadamente. Fechei a porta e enchi a banheira. Ele entrou no banheiro.
- Ah! Sai daqui! Eu tô nua! Aaaaaah! Vou chamar a polícia!
- É, eu nunca te vi pelada, né? - ele disse, irônico. - Ariel, amor, por que está brava?
- Não estou brava.
- Ah, não! Só quase quebrou o carro! Não está brava não. Imagina se estivesse! E...
- Zack.
- Oi.
- Cala a boca.
Tomei meu banho, até ficar parecendo a Josinéia, toda enrugada. Saí da banheira e coloquei meu pijama super sexy de abelhinhas. Abri a porta do banheiro e Zack estava deitado, com uma perna dobrada, de cueca e mexendo no notebook.
- Nossa, que marido sexy que eu tenho - falei, irônica.
- Nossa, que esposa sexy que eu tenho, com esse pijama de abelhas. Eu tenho fetiche por abelhas... Só que não.
- AAAAAAAAAH, NÃO ACREDITO! ISSO NÃO PODE ACONTECER! NÃO PODE!
- Nosso filho está tendo outra crise de identidade - Zack disse, sem se importar muito. - É agora que ele conta que é gay. Sempre desconfiei. Nunca namorou, nunca me perguntou sobre como... tchá, nunca o vi interessado em garota nenhuma...
- Acho que não é não. Ele não tem jeito.
- Mas o Josh também não tem.
- Ah, verdade. - Ouvimos outro grito. - Vou lá ver o que é.
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