Capítulo 2
Respirei fundo, antes de entrar em St. Dummond High. Peguei a chave do meu quarto e fui até lá. 69. Este é um número bem sugestivo. É. Entrei e encontrei um cara mó fortão, deitado em uma das camas.
- Isso! Tenho um nerd como colega de quarto! É! Olha, cara, eu deixo você andar comigo se você fizer todas as minhas tarefas, meus trabalhos e me passar cola nas provas - ele disse.
- Ér, não, obrigado.
- Como assim "não"? Cara, você sabe quem sou eu?
- Cara, você sabe quem sou eu? Eu sou o Power Ranger Vermelho!
- Trouxa.
- É a tua mãe!
- O que você disse? - Porra, acho que exagerei.
- Ér, ér, nada não. Eu acho que vou... arrumar minhas coisas. Essa escrivaninha é para nós dois?
- É, mas eu não vou usar. Pode ficar com ela... se você fizer todas as minhas tarefas, meus trabalhos e me passar cola nas provas.
- Cara... Como é que você chegou no último ano da escola?
- Sei lá. Já era pra eu ter me formado há dois anos, mas eu repeti.
- Ah, entendi. Tá bom. - Vou dividir o quarto com um retardado, que ótimo.
Depois de arrumar tudo e dar uma dormida legal, eu resolvi sair pra ver os alunos e a escola e tudo... Mentira, eu queria era achar meus pais porque a reunião iria começar.
Os achei conversando com uma velha. Uma velha muito velha. E feia. A mulher parecia uma múmia. Ela saiu e eu fui até eles.
- Aquela véia vai dar aula pra mim? - perguntei, quase vomitando. O cheiro dela tá aqui ainda. Ew.
- Vai. Ela é a Josinéia. Ela não parece o Jake de Hora de Aventura? - minha mãe perguntou.
- Quem é esse? Nem quero saber, mãe. Mas então... O que eu vim fazer aqui mesmo?... Ah, é... ME TIREM DAQUIIII. EU VOU SER SÓ MAIS UM NERD ANTI-SOCIAL! MÃÃÃE, MEU COLEGA DE QUARTO É UM RETARDADO MENTAL! E ELE TEM CARA DE PRESIDIÁRIO! - falei, quase chorando.
- Théo, seja macho - meu pai disse. - Eu conversei com o senhor Roost sobre você entrar pro time de basquete... e acabei descobrindo que ele tá viúvo faz uma semana e que não trabalha mais aqui já faz uns três anos. Mas tem o técnico novo! O Mike! Então, filho, vê se acerta umas bolas na cara dele, ok? Mas isso depois de você conseguir entrar pro time, tá?
- Mike é o cara que tava com a mamãe antes de você estar e aí você roubou ela dele e aí se não tivesse feito isso eu muito provavelmente nasceria loiro?
- É. Mas vou te contar: nenhuma garota resiste a esse seu olhar, que você herdou de mim, claro. Sua mãe ainda se perde nos meus olhos, às vezes. Não é, amor?
- Claro que sim, amor. Olha, o Anthony vai estudar aqui! Ainda bem que a Ekena não passou na prova pra entrar, né? - minha mãe disse, dando uns tapinhas no ombro do meu pai.
Bom, deixa eu explicar: a escola está meio que lotada, então, os alunos que iriam entrar para o primeiro ano tinham que fazer uma prova para ver se passavam e entravam. Minha irmã fez a prova e não passou, porque é burra pra caralho. Mas o Anthony passou, pelo visto.
- É, pelo menos um lado bom de ela ter tirado 14 pontos, sendo que a prova valia 200. Ter filha vagabunda é foda. Bom, eu e a sua mãe vamos indo, antes que nos vejam.
- Amor... - minha mãe o chamou. - É tarde demais. Já nos viram. Merdoooi, Owen. E parabéns Anthony, por ter passado na prova.
- Olá, Ariel. Quanto tempo, não? Está linda como sempre - o carinha lá disse, a abraçando. Em seguida, estendeu a mão para o meu pai. - Olá, Zack.
- Olá.
- Tio Zack, a Ekena não veio? - Anthony perguntou.
Não, coméque a minha irmã gosta desse menino? As calças dele têm caimento quase que no joelho, cheio de correntes em tudo quanto é lugar, piercings... Mas sei lá, né? A Ekena é meio doidona também. Ela usa uns alargadores enormes, raspou o cabelo de um lado, fez umas californianas ou seja lá qual for o nome daquela merda que ela fez no cabelo, usa roupas que cabem até no meu avô (meu vô Mark, pai do meu pai, que é um cosplay do FreeWilly).
- Não, não veio. Ela está de castigo por ter pichado o muro da senhora Letty.
- Aquilo é arte, tio.
- Não, grafite é arte. O que vocês escreveram foi um desrespeito.
- Poxa, Anthony, eu sou sua madrinha e tudo mais, mas... Você tá merecendo uns tapas, menino - minha mãe disse. - Cadê a sua mãe? Faz tempo que eu não vejo ela.
- Lucy está viajando com o namorado e o outro filho - Owen disse. - E você, garanhão? Pronto para pegar todas nessa escola? - Ele deu uns tapinhas no meu braço e eu o encarei.
- Eu vim pra estudar, não pegar todas.
- É isso aí, filho - minha mãe disse. - Agora vai lá com seus amiguinhos, que nós temos que ir pra reunião.
- Ariel, nosso filho não é mais criança - meu pai disse.
- Ah, ele sempre vai ser minha criancinha. - Ela apertou minhas bochechas.
- Mãe, para, tá me dando vergonha. Mãe, tá todo mundo olhando, para.
- Ai, tá bom. Tchau Owen, tchau meu afilhadinho fofoooooo! - Ela apertou as bochechas do Anthony, que sorriu e deu um beijo na bochecha dela. - Alá, filho, o Anthony não tem vergonha! - Revirei os olhos. - Ai Jesuis! Chaaaaaaaad, Joooooooosh! Aii, que saudade! - Ela foi correndo pra abraçar os dois.
É, esses aí são os padrinhos da Ekena. Eles seriam os meus, mas naquela época ainda não era possível que dois homens fossem os padrinhos. Então eu sou afilhado da Lucy e do Andy, que já foi namorado da Lucy e os dois tiveram a Jade e a Esmeralda, que são gêmeas. Ela é mãe do Anthony (que tem 15), da Jade e da Esmeralda (que têm 12) e do Devonne (que tem 6 meses), que é filho do namorado dela. Tia Lucy não conhece a tão famosa camisinha. E bom, meus pais têm eu e a minha irmã, o Owen só tem o Anthony mesmo, o Andy tem as gêmeas e mais uma menininha infernal (Johanna), que é da esposa dele, o Chad e o Josh adotaram três crianças que eram da África (Ike, Kene e Kainene) e é isso aí. Quando resolve juntar todo mundo, é foda. Tipo o Ano Novo, essas coisas. Os vinhos somem magicamente da adega do meu avô.
- Oi, Théo! Lindinho! - Chad me deu um abraço.
- Oi, tio Chad.
- Cadê minha afilhada?
- Ela não veio, tio.
- Mas ela não iria estudar aqui?
- Ela não passou na prova - minha mãe disse. Tô sentindo o desgosto na voz dela. É pior do que quando um rato subiu pela privada. Aquele dia foi épico. Meu pai tava parecendo um gayzão com a vassoura e a pá, achando que ia pegar aquela ratazana, enquanto minha mãe fazia meio que uma dança kuduro atirando sapatos no rato, minha irmã gravando e rindo e eu lá, só observando. Aí a demônia da ratazana foi pra cima de mim. Minha mãe ficou sem me tocar durante um mês.
- Menina burra, viu? Tinha que ser filha da Ariel.
- Ah, Chad, tomar no cu, né? Ela também é filha do Zack!
- Ariel! Você é a mãe dela! - meu pai disse.
- E você é o pai!
- Você que carregou ela por nove meses na barriga!
- Mas foi você que fabricou! Tem genes seus na menina. Os seus genes estragaram os meus, o que acabou virando a Ekena.
- E como explicamos o Théo, que é inteligente?
- Ele mamou no meu peito até um ano e meio. O menino tem sustância.
- Mãe, vai logo pra essa porra de reunião e para de me fazer passar vergonha, por favor - pedi.
- Théo, pra começar: nem é pra você estar aqui, ok? Vai arrumar suas coisas, vai pro seu quarto, sei lá, dá uma passeada pela escola...
- Não posso ir pro meu quarto, o presidiário vai estar lá.
- Olha lá o meu brother! LENNY, VEM AQUI! - Anthony chamou uma muralha. Pera, eu conheço aquela muralha. Ah, cara.
- MÃÃÃE, É O PRESIDIÁRIO, MÃE. ELE VEIO ME BUSCAR PRA IR FAZER OS TRABALHOS DELE!! ME SALVA, GENTE. PAIEEEEEEEEE! ME ESCONDE, ME ESCONDE.
- E aí, colega de quarto! - Ele chegou todo sorrisos. Esse cara não tava assim antes.
- E aí, cara. Ahm, é, tchau, mãe e pai. Vão embora.
- Esses são seus pais? Prazer, sou o Leonard, mas todos me chamam de Lenny. Eu sou o colega de quarto do seu filho - ele disse, fazendo uma reverência. Por que o presidiário tá fazendo reverência?
- Prazer, sou a Ariel, mãe do Théo. - Minha mãe estendeu a mão pra ele, que a apertou e depois a beijou. - Oh, filho, ele é super educado! Onde estão seus pais, Leonard?
- Bom, minha mãe eu não faço a menor ideia e meu pai... Deve estar viajando por aí.
- E ninguém virá hoje? Pobrezinho. Se quiser, depois, você pode ir comer com a gente.
- Mãe...
- O Théo vai adorar. Não é, filho?
- Nossa, vou adorar. Adorar é pouco, vou amar. Uhul.
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