Fiz do jeito que a Ireland mandou. Não, cara, preciso dizer: eu tô muito gato. Eu nem sabia que tinha esses mini-músculos! Eu sou sexy demais. Fiquei cinquenta milhões de anos me olhando no espelho do banheiro, fazendo o presidiário se irritar.

- Olha, carinha, não quero nem saber se você tá no banheiro ou não. Eu preciso mijar, meu saco não tá mais aguentando. - Ele entrou e fez seu xixi. E eu continuei me olhando. - Você não vai começar a fazer essas poses ridículas todas as vezes que vir um espelho, né?

- Eu sou lindo tananananana, absoluto tananananana, eu sou o Théo Lindão! No meu batmóvel, eu vou sair. Vou jogar basquete, me divertir. Não vou ficar mais te olhando fazer xixi, porque agora eu sou... o Batman! Tananananana...

- Achei que você era o Power Ranger Vermelho, carinha.

- Eu tenho dois empregos.

- O mercado de trabalho tá difícil, né BatRanger?

- Bastante, cara.

Saí do quarto e fui andando, recebendo vários olhares das meninas. Ai, gente, eu sei que eu sou lindo, né? Mas não precisa disso tudo. Atravessei metade da escola até ir no quarto da jovem Ellouise. Bati na porta e ninguém me atendeu. Eu fiz a linha "Foda-se", abri a porta e entrei.

- Théo! - Ireland disse, cobrindo seus peitos com uma almofada. - Eu estou seminua!

- Desculpa! Desculpa! É que eu tô procurando a jovem Ellouise.

- Ela saiu. Foi pro seu quarto.

- Droga, vou ter que voltar. Tchau, Ireland. E desculpa de novo! Eu não vi nada! Juro!

- Tá. Ah, você tá bonitão.

- Valeu. E desculpa!

Saí do quarto dela e atravessei de novo a escola, voltando para o meu. Entrei no meu quarto e o presidiário tava amarrando o tênis.

- A sua namorada passou por aqui, carinha. Mas aí eu disse que você tinha ido pro quarto dela, aí ela voltou pra lá.

- Olha, essa é a última vez que eu atravesso a escola. Se ela não estiver lá, eu não vou procurá-la!

Atravessei a escola de novo (devo ter perdido uns 50 quilos, no mínimo. Perdi meus mini-músculos) e encontrei a jovem Ellouise andando. Aí ela me viu e nós dois ficamos aliviados.

- Ahm, é... oi - eu disse. Eu não estou nervoso, ok? É só um mecanismo de defesa que eu tenho e que aparece em horas completamente erradas.

- Oi. - Ela sorriu.

Não posso beijá-la ainda, tenho que esperar mais um pouco. Ah, que se foda. O Rick tá andando ali, vou beijá-la sim!

- Eu tava te procurando - nós dois dissemos e rimos.

- É sério, minha jovem, eu cansei de ficar andando pra lá e pra cá. Eu tô com fome, preciso de muita comida hoje.

- Você vai começar a sentar na mesa dos meninos do time?

- Não. Odeio metade deles. Vamos, minha jovem, vamos comer a comida saudável e ruim do refeitório.

- Comida saudável não é ruim. É saudável! É boa! O nosso organismo melhora, fica legal, você começa a cagar saudavelmente...

- Mas essa comida do refeitório é uma merda! Eu gosto de brócolis. Tem brócolis? Não, nunca tem brócolis. E de manhã tem verdura. Quem é que come folha de manhã?

- A pergunta é: quem dessa escola realmente come verdura?

- Verdade, minha jovem. Você tem razão... Ai, meu Deus, tem panqueca. Hoje tem panqueca, minha jovem!

Peguei a bandeja e o prato e fui praticamente flutuando até as panquecas. Panquecas me dão asaaaas... Eu peguei quatro panquecas, colocando calda em cima delas. Tenho que aproveitar quando tem, né? A jovem pegou só duas panquecas, um suco e dois copos. Nós sempre dividimos o suco, porque é meio grande a garrafinha. Nós dois nos sentamos em uma mesa que estava vazia.

- Pegou suco do que?

- Abacaxi com hortelã.

- Ah, cara, cê tá zoando. Olha o cheiro disso aqui! Coisa podre.

Antes, a mesa era vazia. Aí, eu e jovem Ellouise a ocupamos. Aí, bastou a gente sentar, que os meninos do time começaram a sentar também. E apareceu umas mina que eu não faço ideia da onde surgiram. Do inferno, suponho. Nível das jovens sentadas aqui: tudo puta, tudo falsiane... menos a jovem Ellouise.

- E aí, meu povo! - Ireland disse, se sentando também.

- Mana, você tem que me ajudar a estudar pra prova de física - Rick disse.

- Ok, viado. - Ela se lembrou do nosso trato! - Te ensino hoje.

- E de história também.

- Beleza, viado. Depois a gente vê isso.

- Por que você tá me chamando de viado? - Ela deu de ombros. - Ireland, eu tô falando com você.

- Que foi, viado?

- Por que você tá me chamando de viado?

- Porque eu quero... viado.

- Oi amor - Will, um cara do time, disse a Ireland. - Dormi demais, cara. Ué, por que estamos nessa mesa? A nossa é lá pro meio.

- O Théo escolheu essa - Aaron, outro cara do time, disse.

- O que? Eu não escolhi nada! Eu me sentei aqui com a... minha namorada... e vocês que começaram a aparecer aos montes. Eu não sei nem como é que tá todo mundo cabendo aqui.

- Ai, Théo, preciso te dizer: você tá um gato. Se quiser sair um dia desses... - disse uma loira que eu não sei quem é.

- Eu tenho namorada. E ela está aqui do meu lado! - Mostrei a jovem Ellouise.

- Ah. Mas se, por acaso, você se separarem...

- Carol, a gente não tava saindo? - Rick perguntou.

- Sim, estávamos. Mas sabe como é, né? Você não é mais o capitão do time.

- Raham, Théo, amor... Joga esse jogo aqui. Só consegui ir até o nível 3 - a jovem disse.

Ela colocou o notebook na mesa e colocou em um jogo de labirinto. O primeiro nível era fácil. O segundo também. Aí, quando eu fui pro terceiro, todo mundo se amontoou atrás de mim pra olhar, e ficaram rindo baixo. Eu errei o terceiro nível e apareceu uma foto duma mulher toda demônia. E o povo ficou me encarando. Eles queriam que eu me assustasse. Saquei.

- Amor, não deu pra continuar jogando, apareceu uma foto sua aqui.

- Ah, Théo, vai se foder. O que custava você ter se assustado?

- Da próxima vez, você me avisa, tá? "Ó, Théo, você tem que se assustar quando aparecer minha foto".

- Minha foto o caramba! Ah, vá!

Ela pegou o notebook, guardou e começou a levantar.

- Ah, minha jovem, é brincadeira.

- Vai tomar no meio do seu cu.

E ela saiu com raiva. Não vou atrás dela não. Vou acabar de comer minhas panquecas.

- Théo, você não é muito romântico, sabia? - Ireland me disse.

- Aham. Ireland, agora é aula de história. Vamos.

- Verdade, a Josinéia não gosta de atrasos. Tchau, amor. Depois eu passo no treino pra te ver. - Ela deu um beijo no Will. - Tchau, gente. Tchau, viado.

Nós saímos do refeitório e fomos nos nossos armários, pegando as coisas de história. Entramos na sala e a jovem Ellouise tava sentada lá atrás, na última carteira. Fui até ela.

- Tá brava comigo?

- Não. - Ela bufou.

- Tem certeza?

- Sim. - Ela bufou de novo.

- Então me dá um beijo. - Cheguei mais perto dela, que me deu um tapa.

- Sai daqui.

- Ah, que foi? Deixa eu te dar um beijinho. - Tentei de novo e ela me empurrou.

- Não.

- Ah, um só.

- Théo, sai daqui.

- Tá bom. Vou sentar lá na frente. Você pode não me querer, mas saiba que a Josinéia me quer. - Fui rebolando até lá na frente e me sentei, olhando pra menina do lado. - Oie. Sou Théo.

- É-ér, o-oi. Eu sou a... Maggie.

A jovem Ellouise se sentou na carteira ao meu lado. Eu a encarei.

- Théo, é, me ajuda aqui?

- Não. Rum! - Empinei o nariz. Ela começou a voltar lá pro fundo. - Não, minha jovem! Volta aqui!

- Não. Porque agora, quem não quer sou eu.

Quem está fodido? Théo. Quem é babaca? Théo. Quem vai ter que resolver isso? Théo.