capítulo 7
- Eu já disse que você não deveria almoçar aqui.- A mão de Bryan no meu ombro me tirou dos meus pensamentos.- Já faz quatro meses Ally, você não está mais conseguindo fingir.
- Eu sinto falta dele e eu estou cansada de fingir que não.- confessei.- Ele está tão longe mas diariamente está presente em tudo. Eu não consigo removê-lo da minha vida.
- Por isso que parou de almoçar com a gente? Para não ter que saber dele?
- Ele está presente em todos os assuntos, a viagem para Austrália é o assunto principal. E nem preciso falar das chamadas de vídeo e do quanto ele me ignora sempre.
- Você também o ignora totalmente são dois cabeças duras. Vocês se gostam essa é a real, então por quê não tentar uma amizade? Mesmo não estando juntos a amizade é o laço mais forte que se pode ter com alguém.
- Você acha que eu deveria procurar por ele?
- Não! Eu acho que você deveria responder quando ele falar com você, isso já é um começo.
Bryan colocou a mão no bolso quando escutou o seu telefone tocar. Estávamos atrás da arquibancada, o time de futebol treinava fora de horário e Bryan estava com a roupa do time e um pouco suado.
Bryan era lindo, seus cabelos escuros, pele morena e olhos amendoados chamavam atenção mas eu nunca o vi com nenhuma garota.
- Falando no diabo.- Ele balançou o telefone em minha direção.- Fala Scoot, como você está?... Não mano eu estou com a Ally assistindo os caras jogarem.... Há você sabe que sem você não somos o mesmo time... Sério? Ok.
Bryan me estendeu o telefone com um sorriso debochado no rosto.
- Ele quer falar com você.
Peguei o celular e senti como se estivesse segurando chumbo, parecia que todo peso do mundo estivesse ali, na palma da minha mão.
- Ally?- Sua voz estava suave e calma.
- Oi, Scoot.
- Como você está? O pessoal disse que você deu uma sumida.
- Eu estou bem Scoot, só não acho que isso ainda seja da sua conta.
- Tem razão, não é. Mas eu ainda me importo.
- Será mesmo? Porque em exatos quatro meses você nem ao menos me dirigiu a palavra. Quem dirá perguntar se eu estava bem.
- Eu sou um babaca e eu tenho total consciência disso.- Ele respirou fundo.- Estava me resguardando Ally... Precisava guardar meus sentimentos e superar antes de voltar a falar com você.
- Então você me superou?- Senti meu estômago se contorcer e todos os meus órgãos se contraírem, uma tentativa falha do meu corpo me avisar que deveria acabar com aquela conversa.
- Digamos que estou melhor em relação ao que sentia por você.
" Sentia"! Ele usou o verbo no passado e isso foi o suficiente para eu sentir como se estivesse sufocando.- Deus eu preciso esquecer esse cara.
- Ally? Ainda está aí?
- Estou...Você só queria saber se eu estava bem? Por quê se for só isso eu...
- Não é isso...Eu preciso de um favor, eu sei que é ridículo da minha parte te pedir qualquer coisa mas não é por mim é pelo Nate.
- Pode falar.
- Preciso que convença seu pai a deixar a Jossy passar as festas aqui em casa. Sei que seus pais irão viajar e o Nate está definhando. Minha mãe o proibiu de voltar até completar a maioridade, ela está desesperada para mantê-lo aqui.
- E você acha que a Jossy pode melhorar as coisas entre eles? Minha irmã está totalmente do lado do seu irmão, sabe disso né? Eles são adolescentes que se amam e foram separados de forma violenta. Não acho certo jogar essa carga nas costas da minha irmã.
- Não quero que ela tente consertar nada, quero fazer uma surpresa de natal para o meu irmão.
- Ok, posso tentar afinal ficaremos na cidade sozinhas mesmo. Vai ser legal a Jossy viajar e conhecer outros lugares.
- Você vai passar o natal sozinha?
- Vou para casa do meu avô na cidade vizinha, ele tinha nos convidado mas a Jôh se recusou a ir.
- Posso contar com você então? Eu pago as passagens e tudo que ela precisar aqui.
- Tudo bem.
Eu topei agora eu só precisaria dobrar o meu pai.
☀️
- Allison?... Allison Russel!- A voz aborrecida do professor de história me tirou dos meus devaneios tolos. Eu realmente tinha sonhado acordada enquanto ele explicava sobre a história da nossa cidade, o que estava acontecendo comigo? A conversa com Scoot havia me tirado do eixo novamente.- Que tal explicar para turma um pouco mais da nossa amada cidade?
- Claro! - Respirei fundo - Monterey é uma cidade situada no no extremo sul da Califórnia. Fundada em 3 de junho de 1770, foi a capital da Alta Califórnia tanto na Espanha -1804 a 1821- quanto no México -1822 a 1836-. Durante este período, Monterey sediou o primeiro teatro, prédio público, biblioteca pública, escola com financiamento público, impressora e jornal da Califórnia. Originalmente, era a única porta de entrada para todos os produtos tributáveis na Califórnia. Em 1846 durante a guerra Mexicano- Americana , a bandeira dos Estados unidos foi hasteada na Alfândega. Depois que a Califórnia foi cedida aos Estados Unidos após a guerra, Monterey sediou a primeira convenção constitucional da Califórnia em 1849.
- Pelo amor de deus você parece a merda de uma enciclopédia ambulante.- Dafne sibilou do meu lado.- Olha para cara do senhor Johnson, está vermelha.
- Sua inteligência é um dom que não deveria ser desperdiçado nas minhas aulas, sugiro que fique mais atenta.- Eu realmente consegui deixar um professor irritado pela primeira vez na minha vida. Não pelo fato de estar distraída e sim por ser uma irritante sabe tudo, afinal a vingança de um professor para com alunos dispersos é fazê-los passar vergonha em não saber a resposta. E bom eu sabia, eu sempre sei.
Eu tenho uma certa facilidade em decorar textos e números, quando tinha sete anos fui diagnosticada com memória eidética a famosa memória fotográfica. Não é nada como nos filmes e em quadrinhos de super heróis, eu tenho uma capacidade maior de armazenar informações e desde os meus sete anos meus pais me fazem exercitá-la ao máximo.
Esse dom que meu professor tanto fala roubou minha infância e adolescência que fora dedicada a somente livros didáticos de todos os tipos.
Uma médica brilhante e um engenheiro excepcional criaram a filha perfeita, a porra de um robô feito para aprender e executar. Nos primeiros anos da minha infância eu não tinha paz, era sempre, estude isso brinque depois, para que você quer uma boneca se os livros de física te ajudarão mais.
Eu não via o quanto isso era corrosivo para mim até agora.
Ver a diferença da minha criação para a da Jossy era assustador, enquanto ela brincava na rua e fazia amigos eu estava no quarto estudando desde português a física quântica.
Não deveria ser permitido cobrar tanto de uma criança assim- Foi o que Scoot disse quando contei da minha infância.- Lembro que ele ficou indignado e acabou criando todo um pré-conceito sobre os meus pais.
Eu não o julgo.
fazia oito graus do lado de fora, o frio já castigava Monterey. A Califórnia era conhecida pelos dias de céu aberto mesmo com baixas temperaturas mas a cidadezinha localizada no extremo sul da Califórnia era o oposto. O céu cinzento cobria todo o condado e o tempo chuvoso me deixava cada vez mais para baixo, o estacionamento escorregadio dava somente um aviso de como a estrada poderá estar. Eu não tenho um carro ainda, tirei minha carta ano passado mas optei por esperar um pouco até encontrar o veículo perfeito para mim.
Até nisso eu era sistemática.
Jossy costuma falar que eu não sou uma nerd ou qualquer coisa do tipo, primeiro porque nerds gostam de estudar- eu não gostava, era obrigada- eu não sou nem um pouco fechada e antiquada, sou uma perfeita garota de Los Angeles que não mora em Los Angeles. Ela passou a me analisar quando leu um livro clichê sobre uma garota nerd e a partir daí concluiu que eu não me encaixava no papel.
Eu nem sei por que ela fez aquilo.
O carro de Bryan continuava parado no estacionamento enquanto ele discutia ao telefone e parecia extremamente alterado em seu tom de voz. Andava de um lado para o outro e discutia ferozmente sem se abalar no discurso mais sério que já ouvi sair de sua boca.
- Foda-se cara! Você não há vê como eu vejo- Bateu no peito.- Você pode dar mil desculpas esfarrapadas sobre toda essa sua confusão sentimental mas eu não acho justo.
- Pode parecer pouca coisa na sua mente mas já parou para pensar em como ela vai se sentir quando saber disso?- Colocou as mãos na cabeça e puxou os cabelos negros.- Entendi você quer que a gente minta? Se você se sente no direito de fazer isso por que eu preciso omitir? Ah eu sei a resposta, ou sua responsabilidade afetiva está gritando ou você ainda gosta dela e eu acho que é a segunda opção.
Minha curiosidade estava gritando para saber com quem poderia ser aquela conversa, mas conclui que não era da minha conta. Caminhei devagar em sua direção e quando finalmente notou minha presença desligou o telefone sem se despedir de quem quer que fosse.
- Problemas?
- Somente um amigo idiota que faz escolhas mais idiotas ainda.
- Nossa ele deve ser um mala para te tirar do sério assim.- Ele se aproximou de mim e depositou um beijo na minha testa.
- Ele consegue ser o melhor e o pior, uma completa bagunça de um e oitenta.
- Que merda em - sorri amarelo.- Pode me dar uma carona até em casa?
- Claro, mas você se importa se passarmos em um lugar antes? Preciso trocar de roupa e pegar minha mala.
- Vocês estão indo hoje?- Me espantei com o fato de Jossy viajar sozinha.- Achei que iriam semana que vem.
- Amanhã pela manhã ia te mandar mensagem mas tarde para te desejar boas festas.
- Ah então boa viagem para vocês, vamos?
- Você vai fazer o que no natal?- perguntou assim que entramos no carro.- Estava pensando por que você...
- Nem pensar.- O cortei.- Quero dizer seria muito legal viajar com vocês, mas para casa do Scoot? Seria uma dor desnecessária, sem falar que ele não vai gostar e a casa é dele.
☀️
- Ela não vai!- Meu pai enfatizou pela quarta vez durante o meu monólogo sobre o quão importante era para Jossy essa viagem.- Você tem ideia do perigo que você passou por causa dessa família?
- Não! Foi por causa do senhor O 'Bryan. Ele já voltou a viver aqui a dois meses- Me joguei no sofá exausta.- Qual é pai, você acha que se houvesse algum perigo para ela eu estaria aqui debatendo com o senhor?
- Já falei que sozinha ela não vai, você não quer ir e se responsabilizar então ela fica aqui com você.
- Se eu não for por sua culpa eu não vou te perdoar Ally!- Eu e papai olhamos para trás vendo a casca do que a Jossy já foi um dia, ela não tinha superado a ida do amigo e estávamos começando a cogitar buscar ajuda especializada.
- Pai eu não consigo mais vê-la assim.- Confessei.- E de acordo com Scoot o Nate não está muito melhor. Se você quer que ela melhore deixa ela viajar.
- E se você ama e quer que ela melhore vai viajar com ela é minha última palavra sobre o assunto.- Decreta.
- Mãe? -Vi a mulher loira subir a escada de fininho.
- Que foi? Estou com muito sono e concordo com seu pai, Jossy só tem quatorze anos ela não vai sem um de nós.
- Valeu mãe!- Ironizei
- Disponha querida.
- Você vai, não vai Ally?- Os olhos de compaixão de Jossy me causaram um aperto no peito, como eu poderia dizer não vendo ela nesse estado?
- Eu vou pensar Jossy, juro que amanhã te dou a resposta.
Eu espero mesmo ter uma solução para isso amanhã pela manhã, de preferência uma que não envolva eu indo para a Austrália.
Quero saber o que estão achando das postagens e da historia, me contem tudo e não escondam nada.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro