Capítulo 5
Os cinco elementos, fogo, ar, terra e água. Scoot era como ar que flui sem destino, que causava grandes tempestades e furacões. Eu era como a terra, enraizada no solo esperando pelo momento que os ventos fortes iriam abalar todas as minha estruturas.
E abalou, abalou cada canto de terra que existia dentro de mim. Mexeu com cada pedacinho de mim que deseja se desprender do solo e sair livre como o ar.
Mas nada pode negar o fato de que sou a terra e que mesmo que ela esteja em todos os lugares onde o vento bate, ela nunca poderá acompanhá-lo.
O meu pensamento ia cada vez mais longe enquanto eu observava Scoot dormir. Ele estava sentindo dores horríveis e minha mãe resolveu seda-lo. Estamos na clínica comunitária que minha mãe fundou no lado mais afastado da cidade. Conseguimos chegar aqui com auxílio dos seguranças do senhor Edward, eu não sei como vai ser quando finalmente tivermos alta, mas provavelmente Scoot sairá do país junto de seu irmão até que tudo se resolva.
Parece que finalmente ele conseguiu o que queria afinal, ficar longe de tudo isso.
Eu consegui ouvir pouca coisa da conversa de nossos pais, mas eles pareciam temerosos e extremamente preocupados. Pela primeira vez na vida Nate foi abraçado pelo pai.- segundo ele- Isso mostrava o quanto o homem temia o pior e o quando a situação era perigosa para todos eles.
Parece que a família O'Bryan vai dar um tempo da nossa cidade.
Ajeitei meu corpo na poltrona e acomodei meus braços para que o acesso.- colocado pela minha mãe- Não vazasse sangue. Eu detestava tomar soro e meu sangue ficar manchando o tubo cristalino, isso sempre me passou a sensação de estar mais doente do que realmente estava.
Fui incumbida de alertar minha mãe quando Scoott desperta-se para finalmente encaminhá-lo para cirurgia. Esse hospital não foi escolhido à toa, ele é totalmente controlado pela minha mãe e o mais estranho de tudo isso é que o senhor Edward parecia confiar totalmente nela, até mais que em meu pai a qual ele tanto anseia em fazer negócios.
Fiquei uns bons minutos observando o pingar do soro até que fui retirada de meus devaneios por um gemido agoniado de dor.
Ele estava acordado.
— Hey, calma logo logo isso vai passar.— Segurei sua mão e em seus olhos continham lágrimas banhando a linha d'água— Vou chamar a minha mãe, logo tudo estará melhor.
— Ally... Eu não ... consigo respirar.— Meu sangue gelou, de acordo com a mamãe isso era um sinal de alerta. Isso poderia ser sinal de que algo estava comprimindo seus pulmões.
— tudo bem, não fala nada vou chamar a minha mãe.
Peguei meu aparelho celular e acionei o bipe como ela havia me ensinado e em dois minutos ela e alguns enfermeiros estavam no quarto. Minha mãe não me disse nada quando o examinou, mandou os enfermeiros o levarem rapidamente para o centro cirúrgico e os acompanhou sem me dizer absolutamente nada.
Ela era extremamente fria e competente, minha mãe parecia um robô.
Caminhei para fora do quarto, o mesmo estava me sufocando.
Meu pai tinha Jossy adormecida em seu colo e Edward e Sarah estavam em um canto afastado da recepção, Sarah parecia irritada com o marido e ele só mantinha a postura orgulhosa imbatível. Nate estava sozinho na poltrona, o garoto olhava fixamente para a porta de onde eu havia saído a poucos instantes. Ele era um garoto tão doce e brincalhão, mas agora sua face parecia dura e sem vida. Me sentei a seu lado e tentei sorrir para ele quando seu olhar se fixou ao meu, ele suspirou e jogou a cabeça no encosto de couro.
— Agora tudo vai ficar uma bagunça.— Ele colocou as duas mãos no rosto.— Eu não quero largar minha vida, tudo que eu quero é estar nessa cidade.— Seus olhos se dirigiram a Jossy adormecida. Ele só tinha quatorze anos mas parecia ser bem mais velho, era tão bonito quanto o irmão.
— É só por uns dias, logo você estará de volta.— Eu nem contava mais com um possível retorno de Scoot, afinal era o momento ideal para ele seguir seus planos.
— Não Ally... Meu pai quer que mudemos de cidade.— O rosto de Nate é de puro desgosto.— Ele sempre destrói tudo que há de bom em nossas vidas.
— Eu não sei muito bem como é o relacionamento de vocês, mas creio que nessa situação é o melhor a se fazer... Quer dizer aqueles caras ainda estão lá fora.
— Você pode estar certa.— Ele se jogou novamente no encosto e coçou a cabeça frustrado.— Meu irmão vai surtar quando descobrir.
— Descobrir o que?— Olhei em direção a porta e os amigos de Scoot estavam todos com sacolas e alguns cobertores. Eles realmente não iriam embora tão cedo.
Queria ter amigos assim.
— Assim que meu irmão estiver melhor iremos nos mudar.— Pude ver o olhar de tristeza de todos eles. Pelo que pude perceber todos ali eram muito próximos,
até mesmo Âmbar que eu sabia que sentia muito mais que apenas uma amizade.
— Nossa cara o Scoot vai ficar muito puto.— Daniel se jogou em um dos sofás.
— Não acho.— Todos me olharam questionadores.— Que foi? Ele é louco para cair fora a um tempão, é a oportunidade perfeita.
— Você realmente não sabe nada sobre o Scoot mesmo né garota?— Âmbar se empertigou.— O Scoot quer ir embora por conta própria, quer ir no tempo dele! A última coisa que ele quer é que o pai dele roube essa escolha dele.
— E somos um time.— Saby completou.— Quando ele for iremos com ele, e definitivamente esse ainda não é o momento.
Eu realmente não imaginava que todos iriam embora juntos ou que trabalhassem juntos. O que eu poderia esperar? Conheço Scoot tem o quê? Dois meses?
Naquele momento eu entendi que não havia possibilidade alguma de Scoot mudar de ideia ou simplesmente me incluir em seus planos.
Assim que ele fosse não voltaria mais porque tudo com o que ele realmente se importava estaria indo com ele.
☀️
Duas semanas.
Foi exatamente a duas semanas que os O'Bryan se mudaram e eu nunca mais tive notícias de Scoot. Assim que a cirurgia acabou e soubemos que estava tudo bem meu pai nos levou para casa e a partir daí não tive mais notícias. Jossy soube pela minha mãe que Nate tinha ido e deixado uma carta para ela, quanto a mim não recebi nem mesmo um SMS. Foi aí que decidi esquecer tudo de uma vez por todas, bloqueei seu número no WhatsApp, bloqueei sua conta no Instagram e parei de segui-lo no twitter. Eu li em algum lugar que esse era o primeiro passo para superar.- Se você não vê e não procura esquece mais rápido.- Bom ainda não funcionou.
Eu brincava com a minha salada no refeitório torcendo para que as horas passarem mais rápido. As conversas paralelas ao meu redor não chamavam a minha atenção, mesmo que minha mesa estivesse repleta de pessoas falando sem parar eu não conseguia assimilar nada.
— Você está vivendo na lua nesses últimos dias.— As bochechas de Dafne sardentas estavam mais coradas que o normal, eu só consegui me concentrar nela agora.— Estou a pelo menos vinte minutos contando sobre o cara do terceiro ano, parece até que não se importa comigo.— Me importo com a Dafne, mas não me importo nem um pouco com novo carinha que habita seus pensamentos.
— Eu só não estou em um bom momento, ando muito distraída.
— Eu só estava falando que convidei ele para comer com a gente.— Falou corando novamente, seu cabelo castanho avermelhado revolto caia como cascata em seus ombros, o riso bobo apaixonado estava lá estampado em seu rosto.— Mas parece que ele não vem.
— Talvez ele não esteja tão afim, afinal ser legal com você algumas vezes pode ser por somente educação.— Seu sorriso murchou.— Ou talvez ele só seja tímido.
— O Oliver Mason, Tímido? Acho que não.
Tímido com toda certeza não, mas enrolado com a Saby com toda certeza.
— Qual é o nosso problema afinal com caras complicados?— Soltei sem pensar
— Nosso? Não te vejo falar em um cara desde que se apaixonou pelo Justin e amiga isso foi na quarta série.
Era verdade eu nunca comentei sobre o Scoot com ninguém. Não falei porque achei que era isso que ele queria, mas hoje começo achar que eu tinha era medo mesmo.
— Tem mais alguém que não tenha me contado?
— Atrapalhamos?— Oliver tinha uma bandeja na mão e seus amigos a tiracolo. Não posso negar que aquece meu coração vê-los novamente, acho que é somente meu coração burro achando que terá alguma notícia de Scoot.
Bryan tinha os olhos felinos em cima de mim enquanto Sabyne se jogou ao meu lado me abraçando.
— Cara como eu senti falta da minha gênia do mal, gata eu preciso do seu telefone.
— Vocês se conhecem?— Dafne apontou seu dedo de mim para Saby.
— Longa história, mas no momento meu interesse é outro.— Sabyne olhou para Dafne com olhar de curiosidade.— Quais são seus interesses com o jovem Oliver, Dafne?
Minha amiga ficou mais branca que papel se é que isso ainda era possível.
— Cala a boca Saby!— Oliver se jogou ao lado de Dafne e colocou seus braços em volta do pescoço da pequena garota— O que temos não é da sua conta.
Pude ver quando Dafne derreteu e virou somente algo doce e cheio de glitter.
— Como você está Bryan?— Questionei quando ele se sentou à minha frente.
— O que? Depois que você me mandou ser fatiado por médicos malucos?— Ele jogou seu corpo para frente.— Estou ótimo, minha mãe é que não está nada bem já que vai ter que pagar uma fortuna com a terapeuta.
— Para de ser dramático cara, eles notaram antes mesmo de você entrar na sala de cirurgia.— Daniel deu com os ombros no amigo.
— Cadê as meninas? — questionei.
— Âmbar se isolou desde... Você sabe e Jady está se pegando com uma menina do primeiro ano.— Revirou os olhos— Típico.
— Estou sentindo seus ciúmes daqui.— Bryan a cutucou.
— Eu sou um espírito livre e desapegado meu bem, hoje posso estar com você e amanhã não mais.— Saby era bissexual, sabia disso porque o assunto havia surgido em nossas conversas na recepção do hospital. Ela sempre se pegava com os amigos e ainda me questiono se ela e Scoot já tinham se pegado. Mas segundo a minha mas nova colega era somente troca de energia para ela.
— Oliver sabe bem disso.— O comentário sarcástico de Jady fez todos olharem para sua carranca banhada em uma maquiagem pesada.
— Vim informar que o Scoot finalmente mandou mensagem, por que vocês nunca olham o grupo?
— Porque eu acho tedioso ficar batendo papo por esse aplicativo.— Saby respondeu.— Prefiro as chamadas de vídeo.
— Não seja por isso vamos ligar para ele.— Bryan sacou o celular e no segundo toque a voz de Scoot foi ouvida.— Cara tá geral aqui sentindo sua falta, olha só com quem viemos almoçar somente para nos sentir ligados a você.— Bryan apontou a tela do telefone em minha direção e senti meu corpo resetar quando Scoot soltou um simples " Oi Ally" como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse ido embora sem nem ao menos deixar uma mensagem.
Não o respondi peguei minha bolsa e rumei para fora daquela maldita escola.
E ai pessoas? Tudo bem? Espero que sim, eu só vim avisar que o capítulo não foi totalmente revisado, então se algo passou por meus olhinhos me avisem. Outra coisa as postagens serão as sextas feiras, podendo ter um capítulo surpresa as vezes dependendo do meu bom humor. Uma dica comentários me deixam de bom humor porque amo interagir com vocês kkkkk. Mas brincadeiras a parte vejo vocês toda sexta, ok?
Beijinhos, beijinhos fui.
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