Capitulo 1
"As consequências de nossas ações são sempre tão complicadas, tão diversas, que prever o futuro é uma coisa muito difícil."
"- Eu te mostrei o meu mundo e você se apaixonou, o único problema é que eu nunca me apaixonaria pelo seu "
Essas palavras não saiam da minha mente. Era tão difícil para mim acreditar que tudo acabou, chegou ao fim como o final do verão. Olhar para Scoot do outro lado do corredor e ter que fingir que ele não existe é simplesmente angustiante. Melhor ficarmos afastados, foi o que ele me disse.
O mais engraçado é que quanto mais me falam para manter distância, mais eu quero me aproximar.
Problemático? talvez.
Talvez eu devesse dar um oi de vez em quando, sorrir? Um acenar de mão? Por que era tão difícil desapegar? Deixar pra lá seria tão mais fácil se eu não estivesse tão fodidamente apaixonada por um cara totalmente oposto a mim. A vida não é justa e por que a minha seria?
Os corredores da Sancler eram extremamente amontoados de alunos correndo de um lado para o outro. Pontualidade era uma coisa bastante exigida aqui, então papinho em frente aos armários somente na hora do almoço. Isso de certa forma me ajudava a não cruzar tanto com um certo terceiranista que acabava com todas as minhas estruturas, porém para o meu lindo azar ou não? A minha segunda aula de hoje era com ele. Não vou negar o fato de que antes do verão eu mal ligava se ele estava por perto ou não. Ele era gato, vivia sempre rodeado de amigos barulhentos. Mas era somente isso sabe? O cara descolado de preto que ironicamente amava praia, esse era o Scoot O'bryan.
Talvez o seu espírito aventureiro e sua paixão por música eletrônica tenha me cativado um pouco, afinal não é todo dia que você pula de paraquedas e vai em uma festa louca no mesmo dia. Sem falar nas raves na praia que viravam a noite com ele tocando, ele era um Dj incrível e não duvido nada que em poucos anos ele estará viajando o mundo tocando. Por isso nunca daríamos certo, porque enquanto eu penso em ter uma vida estável e equilibrada na faculdade ele quer rodar o mundo sem destino.
Ele não quer ter raízes e eu queria.
Em poucas semanas ele já me conhecia bem, sabia perfeitamente o quanto a influência dos meus pais eram importantes na minha vida e que me formar em engenharia e seguir os passos do meu pai era uma meta na minha vida. Eu já tinha tudo planejado, entrar um uma boa universidade ( só não sabia qual), me formar com honras e assumir a empresa do papai. Parece chato para algumas pessoas porém para mim isso era estabilidade, e eu amava a estabilidade.
O Sinal da segunda aula tocou e pela primeira vez senti meu corpo tencionar. Parecia que estava indo me encontrar com o presidente da república na casa branca, tamanha a minha ansiedade. A aula de educação física era obrigatória, afinal não basta somente deixar o cérebro em forma o corpo também precisa estar. O professor Diggory era extremamente brincalhão e parceiro de todo mundo, uma vez ele me deixou matar sua aula para ler Harry Potter pela milésima vez e acrescentou se sentir honrado por ter o mesmo nome do Cedrico Diggory. Não bastava ser legal também tinha que ser Potterhead, eu nunca mais matei nenhuma aula dele e por esse motivo me encontro de frente para Scoot. Ele tem um sorriso presunçoso direcionado para um de seus amigos, eles trocaram xingamentos e piadas internas que eu não entendia. O fato da aula ser sobre conhecimento do corpo, me deixava constrangida o que não era o caso de Scoot e seu amigo que adoraram a ideia.
- Não sejam uns trogloditas com as suas parceiras, o exercício é para vocês conhecerem um ao outro sem falar ou olhar- Scoot riu de escárnio. Afinal ele já me conhecia muito bem, porém ninguém ali sabia disso.
- Se eu pedir para trocar de parceira pegaria muito mal?- Scoot falou em meus ouvidos enquanto tocava meus braços como o professor mandara.
- Se quiser que saibam que você tem algo contra mim, talvez.- Scoot entrelaçou nossos dedos e se encostou mais em mim.
-Não tenho nada contra você, só não quero que isso se torne mais difícil.- Me virei para ele como o professor havia mandado e toquei seu rosto.
- O exercício era para não falar e você acabou de tirar um zero.- Falei esticando os braços retos em um alongamento e Scoot se aproximou para tocar em meu pescoço.
- Sabe que eu to cagando para isso não é mesmo?- Eu abri os olhos dando de cara com suas orbes verdes me encarando.
- Obviamente seguir regras não é algo que você goste, principalmente se elas te prendem a algo ou a alguém.- Retirei sua mão de meu pescoço e saí a passos apressados do ginásio.
Beleza agora além de apaixonada eu também sentia raiva dele.
Mesmo não concordando com o fato de ter que me manter afastada eu não tinha raiva de Scoot, afinal ele tem o direito de não querer estar comigo e escolher novos caminhos. Mas eu odeio ser provocada e ele falar comigo e me alisar como ele estava fazendo era provocação. Custava fazer o exercício em silêncio, e sem o toque provocativo? A porra do meu burro coração pulava como a merda de um sapo e essa sensação era um péssimo sinal.
Porque quando você não pode ter algo mais você o deseja.
Desejos são inconscientes. Você deseja e pronto, não há o que fazer ou como remediar e nesse momento eu desejo estar novamente naquela praia de baixo de uma barraca improvisada curtindo cada toque sensual e carinhoso que vinham de Scoot. Lembrar de momentos assim me deixavam para baixo, seria tão fácil se existisse o botão de desligar. Desligar as emoções como os vampiros em the vampire diaries, Imagina? escolher sentir e quando sentir, para mim nesse momento seria o ideal.
Não sentir.
O vestiário está completamente vazio quando decido sair de uma das cabines. Sair daquela forma grosseira do ginásio me deixou envergonhada, eu não era assim, nunca fui. Sempre fui a garota meiga que fala com todo mundo e vive a vida da forma mais regrada que pode. Eu mudei desde o último verão, bastante. Demonstrar minhas emoções foi uma das minhas principais mudanças, Antes eu simplesmente aceitava tudo com um sorriso no rosto. Hoje eu me imponho e se não gosto de algo eu demonstro.
Me olho no espelho e meu rosto permanece vermelho, a saliência avermelhada na pele branca demonstram o que Scoot era capaz de fazer comigo.
Ele era um demônio que me atacava nos meus mais impuros pensamentos.
A porta do vestiário se abriu e três garotas falantes entraram, era comum elas matarem aula nos vestiários. Eu mesma estava fazendo isso nesse momento. Elas pararam de frente ao espelho e uma delas acendeu um cigarro jogando a fumaça contra o seu reflexo bonito. Seu olhar se direcionou a mim e ela sorriu.
- Não sabia que você matava aula.- levou o cigarro novamente aos lábios grossos-Normalmente só te vejo sendo a miss perfeição.
- As pessoas gostam muito de nos taxar pela aparência.- Estiquei os lábios em um sorriso.- Se eu fosse te julgar pela sua aparência diria que é uma delinquente sexy. - Dei de ombros- Primeiras impressões são uma merda.
Ela sorriu.
- Gostei de você.- Ela se virou para as amigas.- Jady eu quero ela na minha festa de adeus ao verão.
Essas festas eram tão comuns aqui. Tudo era motivo para uma boa festa, até mesmo o fim de uma estação que acontece todo ano. Eu não queria dar adeus ao verão.
- Saby você convidou todo mundo.- A ruiva se virou para mim- é óbvio que você irá, né?
- Todo mundo vai.- A Loira alta se enroscou em Jady.
- Desculpem -me meninas, mas eu não sou todo mundo.- Dei de ombros ainda olhando para o espelho.- Eu não gosto do fim do verão.
- Bebê ninguém gosta é só uma desculpa para encher a cara e beijar na boca.- Saby deu uma piscadela.- A Âmbar ali vai usar essa festa para transar com Scoot O 'Bryan.- Meu sangue gelou.- Eu disse a ela que é burrice esperar um grande evento para isso, vá lá e agarre o boy. Esse é meu lema.
- Assim como você fez com o Oliver mais cedo? Você é podre Saby.
- Eu sou livre e tenho meus desejos, nós dois queríamos e é isso.- Saby jogou o cigarro no chão e apagou com o pé.- Alisson, não é? Estaremos hoje a noite na clareira perto do lago. O tempo ainda está ótimo para curtir a água, mesmo que seja a noite. Se for, só nos procurar.- Se desencostou da pia e caminhou para fora do vestiário me deixando para trás com o estômago revirado e com a total certeza que eu odeio o fim do verão.
☀️
Eu estava disposta a não pensar em nada relacionado a Scoot pelo resto da minha noite. Decidi assistir uma série com a minha irmã mais nova o que resultou numa briga infinita de qual título seria o ideal, já que ela queria assistir tvd pela quinta vez e vamos comentar que eu não estava no clima para romance mesmo aqueles que envolvesse vampiros gostosos.
- Que tal friends?- Tentei, afinal o que melhor para relaxar.
- Prefiro The bigbang theory- Retirou o controle da minha mão.- Aceite maninha temos gostos completamente diferentes, tudo que você escolher eu vou retrucar. Porque não levanta a bunda e vai na festa do lago?- Ela me jogou o controle novamente.- Você estava tão divertida no verão, duvido que eu com a sua idade estarei plantada em casa às oito da noite.
- Como sabe sobre essa festa? Amanhã eu tenho aula sem chance. - Desisti de assistir a série e fui a cozinha fuxicar a geladeira. A sala era ligada a nossa cozinha americana e Josy ainda me encarava sugestiva.- Amanhã começam as aulas de balé, então nunca acontecerá.
- Sua vida está passando maninha e você não está vivendo, nem mesmo tem controle do que vai querer fazer da sua vida no final do ensino médio. E nem venha com essa desculpa esfarrapada de querer assumir os negócios do papai, você tem é medo de decepcioná-los porque para mim seu sonho sempre teve haver com algo artístico, porque convenhamos que matemática e números não tem nada haver com canto e dança. - Aquela garota de treze anos era um monstro de meia estatura e rosto angelical. Como ela podia falar como se eu fosse a irmã mais nova?
- Você é uma aberração. Como pode ser madura dessa forma? Cadê suas barbies Josy?
- No sótão e não desconverse Alisson.- Ela se levantou do sofá.- Aproveita que a mamãe está fazendo plantão e papai viajando e vá a essa festa. - Pegou sua chave no quadro de chaves e rumou em direção a porta.- Eu não vou perder mais uma noite com meus amigos para ficar assistindo séries repetidas com você não.
- Você não vai a onde eu acho que vai não né?
- A festa? Talvez sim, talvez não.- Piscou para mim.- Você terá que ir para descobrir. - Josy piscou para mim e simplesmente se foi batendo a porta atrás de si.
De que planeta aquele projeto de demônio em corpo de anjo veio? Se papai soubesse que deixei a Jossy sozinha em uma festa cheia de adolescentes bêbados ele me mataria. Aquela pestinha sempre tem algo em mente e com toda certeza ela quer me fazer ir aquela maldita festa. Maldita festa onde o Scoot estará transando com a Âmbar e eu terei que fingir que nem ao menos sei quem ele é, dirá que secretamente queria estar no lugar dela.
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