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Capítulo 3

"Estou de novo naquele lugar. De novo sem me conseguir mexer, apenas ouço ao longe risos: de gozo, de puro euforia e desprezo por mim. Sinto-me dormente, como se fosse um saco de boxe e me estivessem a espancar. Quando finalmente param de me bater o pior acontece. Não, eu não posso, eu não quero, não assim. A dor que sinto é tanto física como psicológica. Sinto-me suja, um nada, um resto que se deita fora. De repente tudo acaba. Deixo de ouvir os risos, de sentir mãos em mim. Sinto um frio arrepiante, um vazio dentro de mim.

Ouço alguém a falar, mas não percebo o que diz, está longe muito longe. Porém, algo me é familiar. Não. Talvez não. Outra voz me chama, está mais perto. Sim, está bem mais perto."

– Mamã...mamã...

Abro os meus olhos, com algumas lágrimas a querer descer por eles. Assim que consigo focar a vista, vejo dois pares de olhos lindos que olham para mim com o ar mais doce que conheço. Dois pares de olhos cor de avelã.

– Como é que saíram da cama?– Pego nos meus dois macaquitos e deito-os junto a mim.– Acho que chegou a hora de arranjar duas camas novas para os meus macaquitos.– Eles olham para mim sorrindo, aquele sorriso traquina, de quem sabe que aprontou e foi apanhado.

– A Mi naum qué. Gui qué?– diz a minha Mia, enquanto Gui se aninha todo ao meu peito.

– Mas eu acho que os meus macaquitos já estão a ficar muito crescidos para os berços.

– Bom Dia. Pensei que esses macaquitos ainda estivessem a dormir...– Lúcia entra no meu quarto e pega na Mia, enquanto eu fico com o meu campeão, abraçando-o como se o fosse perder a qualquer momento.– Não me digas que eles voltaram a conseguir sair do berço sozinhos? Estão a ficar bastante habilidosos.

– É, acho que está na hora de lhes arranjar uma cama para meninos crescidos.- digo fazendo cócegas no Gui, que gargalha com alegria.

– Naum. Titi a Mi naun qué, a Mi é bébé.

– Bebé? E o que é que nós vamos fazer a este bebé pequenino?– olha para a Mia e depois para mim.

Percebo o que ela vai fazer, e afasto-me um pouco. Lúcia pega na minha pequena ao colo e coloca-a nos pés da minha cama e começa a fazer-lhe cócegas. Logo o meu pequeno está também no meio da brincadeira.

– Pala Titi...pala, o eu nãum espila...mamã xalva o eu.– eu adoro a forma como a Mia fala na primeira pessoa, "o eu"

– Deixa lá os meus filhotes em paz. Venham cá à mamã...meus macaquitos...

– Bem, eu vim só dizer que o Pequeno-almoço está pronto, queres que te ajude a vesti-los?– pergunta Lúcia.

– Não eu faço isso, adoro tratar dos meus "bebés".– e ao dizer isto já estou de pé com o Gui ao meu colo e a Mia no chão dando-me a mão...– Vou dar-lhes um banho e arranjá-los, já desço com eles.

– Nada disso, arranja-os e depois leva-os à cozinha. Enquanto tu te arranjas eu dou-lhes o leite.– Assinto, e Lúcia sai do quarto deixando-me sozinha com os meus macaquitos.

–OK.– Grito para ela me ouvir.– Vocês têm a madrinha mais coruja do mundo...– Digo virando-me para os meu maiores tesouros. Ouço a minha amiga/irmã rir da alcunha que lhe dou de vez em quando.

Maria Amélia Galvão Telles, ou Mia como a chamamos, e Guilherme Maria Galvão Telles, mais conhecido por Gui. Meus filhos, meus tesouros. Não foi fácil, mas também na minha vida nada me foi fácil, desde que nasci que tive que lutar: lutar pela minha vida, lutar por alguma atenção, lutar em cada crise de asma, lutar para ultrapassar o que me aconteceu. Mas principalmente lutar pelos meus filhos.

Aquele dia há quase quase três anos atrás mudou a minha vida: fui renegada pelos meus pais, humilhada pelos meus avós, os meus tios e os meus primos e até os meus irmãos se afastaram com receio do que os meus pais pudessem fazer. Fiquei sozinha: com o corpo, a alma e o coração partido. Contudo, fiquei com algo pelo que lutar: os meus filhos.

"Era um dia como outro qualquer. Eu estava feliz. Frequentava o curso que sempre quis, tinha amigos maravilhosos e ao fim de 18 anos começava a ter alguma atenção dos meus pais, bem do meu pai. Mas, para mim já era tão bom. Normalmente eu sempre ia e vinha de carro, mas hoje o carro decidiu não funcionar quando eu acabei as aulas. O jeito foi ir apanhar um autocarro. Estava a caminho da paragem, quando percebo que estou a ser seguida por dois rapazes.

Tento andar mais depressa, mas eles percebendo que eu já os vi começam a correr. Por muito que eu corra, eles correm mais depressa e acabam por me apanhar. Levam-me para um beco alperto e começam a bater-me. Depois colocam-me uma venda nos olhos. Eu choro, imploro para me deixarem ir, que podiam levar tudo, mas que não me fizessem mal. Nada. Nem uma palavra. E é aí que começa o pior de tudo...eu só sei chorar, porque nem gritar eu consigo, eles colocaram alguma coisa na minha boca.

Quando decidem que estão "saciados" deixam-me ali, deitada no chão duro de um beco qualquer. Dolorida, ferida, destruída. Mas antes de se irem embora, ouço um deles dizer "Si le dices a alguien ... quien sufrirá es el que más amas."(Se contas a alguém...quem vai sofrer é aquele que mais amas.).

Acordei no hospital, não sei como vim aqui parar. Os meus pais foram chamados ao hospital, e a reacção deles foi meio confusa para mim. O meu pai abraçava-me a chorar. Já a minha mãe, sempre mais fria comigo, a única preocupação era que ninguém naquele hospital falasse sobre o que me tinha acontecido. Tendo em conta que tinha sido uma "agressão", ainda hoje é dificil dizer aquela palavra, tive que fazer o exame de corpo delito.

A polícia também veio falar comigo, e juntamente com o meu pai tentaram fazer com que eu dissesse quem me "atacou". Porém, eu não sabia quem eram os agressores, nunca lhes vi a cara, e apenas me agarrei ao meu pai e chorei. Chorei como nunca chorei na vida. chorei de raiva, de dor, de revolta, de humilhação, de nojo de mim, eu apenas chorei. Acabaram por me dar algo para me acalmar.

Quando acordei, nem os meus pais nem a Bá estavam no quarto. Em vez deles, estava o meu primo Juan. Ele cumprimentou-me "Hola prima. Estás realmente herido? Espero que no..." (Olá prima. Então estás muito magoada? Espero que não...). E foi aí que me fez um clique, e tudo o que foi alarme começou a a tocar. O ar já não entrava, por muito que eu puxasse o mesmo, era como se tivesse algo ou alguém que o impedisse  de entrar.

Passaram-se semanas, eu não saía do quarto. Não queria sair dali, nem por decreto. Deixei a faculdade, deixei as aulas de piano, deixei tudo. Eu simplesmente queria morrer, queria fugir dali. Pensei em fazer como a Tia Mariana, apanhar um avião e sair daqui. Foi graças à Bá e ao meu irmão João Pedro que comecei a ter consultas com uma psicóloga. E se nas primeiras consultas eu não abri nem a boca, ela conseguiu que eu me abrisse com ela, como nunca me abri com ninguém."

E ao fim de 5 semanas depois de tudo acontecer, descobri que dentro de mim havia mais alguém. Fiquei com medo, com raiva dele, com raiva de mim. Quando os meus descobriram da gravidez ficaram passados e perguntaram-me de novo quem me tinha "agredido". Mas eu não podia dizer, mesmo que ele estivesse longe naquele momento, ele saberia. E os meus pais nunca iriam acreditar em mim, então para quê dizer. Quando fui expulsa de casa, mais uma vez foi a Bá que me ajudou.

Lucia era a irmã que a Teresa nunca foi para mim. Apesar de ser mais velha que eu dois anos, éramos inseparáveis em mais novas. Ela é a filha mais nova da Bá e foi há muitos anos atrás namorada do meu irmão João Frederico, mas ele traiu-a, sem nem se importar de esconder, e humilhou-a dizendo que nunca ficaria com a filha da empregada. O meu irmão teve alguma sorte, pois naquela altura o Lucas não estava em Portugal, caso contrário não estava inteiro para viver a sua vida de galã.

Lucas, filho mais velho da Bá, e é um pedaço de mau caminho digo-vos eu. Ele tem a idade do João Frederico, e ao contrário da Lúcia nunca quis frequentar a casa grande, como ele chamava a minha casa. Mantinha-se sempre no anexo que era dos empregados. Cheguei a brincar com ele algumas vezes quando ia para o anexo com a Bá, mas acho que para ele sempre fui a bebé da família Telles. Há anos que não o vejo, ele foi estudar para os Estados Unidos e sinceramente acho que já não volta.

Quando dou conta, já tenho uma casa de banho com mais água fora da banheira do que dentro. E apesar de me apetecer ralhar com os meus filhos, ouvir as gargalhadas que os eles dão derrete-me. Eles adoram tomar banho, contudo, como podem perceber acabo sempre por ter mais trabalho. Aproveito para brincar um pouco com eles, e quando percebo que a água está a ficar fria, tiro-os da banheira um de cada vez. Depois de os arranjar levo os dois até Lúcia para que estes possam beber o seu leite e vou-me arranjar.

Apesar de pais ricos, fiquei quase sem nada, consegui tirar algum dinheiro da minha conta assim que saí de casa, até os meus pais cancelaram tudo: cartões, cheques e por fim fecharam a conta. Assim sendo tive que começar a trabalhar. Tranquei a faculdade pois não tinha como pagá-la e sustentar os meus filhos ao mesmo tempo. Mesmo que a minha segunda mãe Amélia, mais conhecida por Bá, me quisesse pagar a faculdade, eu não quis. Tal como prometi à Bá e a mim mesma eles seriam sempre mais importantes que a minha carreira.

Se bem que teria gostado de ter conseguido ficar com os meus bebés em casa até eles fazerem os dois anos, não podia deixar as contas caírem todas nas costas da Lúcia, então arregacei as mangas e depois da licença de maternidade recomecei de novo no batente. Os meus macaquitos foram para a creche desde muito pequenos, mas eles gostam e isso faz-me sentir um pouco menos culpada.

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