Capítulo 12
Finalmente, batem à porta. Quem vai abrir a porta é Amélia, que assim que vê quem é começa a chorar. Ambas se emocionam, afinal foram anos sem se ver. Abraçam-se, choram agarradas uma à outra sem conter as lágrimas de felicidade. Afinal Amélia foi para Mariana como uma espécie de avó.
— Minha menina, minha Mari...há tanto tempo. Nem uma carta me escreveu!?
— Minha "Vovó", desculpa, mas já sabes como é: trabalho, marido e filhos. Fica pouco tempo para...
— Nem me venhas com essa desculpa Senhorita. Eu sempre trabalhei, tenho o meu homem que sabes bem como é e tive filhos para tratar: os meus e os desta casa. Então...
— Tudo bem, desculpa. Mas agora estou aqui, e não pretendo fugir de novo.
— Acho bem, precisamos de ti aqui...
— O que é que se passa? alguma coisa com os meus pais? Com os meus irmãos?
— Os seus pais estão bem, não se preocupe. Os seus irmãos, bem o Menino João está pior do que nunca, mas...
— Eu amo o meu irmão, mesmo com tudo o que ele me disse no dia que resolvi ir de novo embora. O problema do Janjan é aquele encosto que ele chama de esposa, aliás como é que está a Sra. Dona Pilar Salles?
— Que ninguém me ouça, mas cada vez pior. Bom mas venha, tenho a certeza que os seus pais estão na sala desejosos para a ver.
Mariana apresenta o marido Ben e os filhos: Peter, Biatrice e Anna. Que logo adoram Amélia, ao perceberem o amor que a pequena senhor tem pela mãe. Mas, também porque de tanto que já ouviram de Amélia, é como se já a conhecessem. Assim que entram, Dona Madalena não aguenta e levanta-se para abraçar a filha.
— Filha, minha filha.— Madalena abriu os seus braços como qualquer mãe o faria...— Mariana, minha princesa. Como estás? Pareces muito magra? E estás com má cara?— Mariana olha para Ben, e ambos dão um sorriso.
— Eu estou bem mãe. Cansada da viagem, só isso. Pai.
— Olá filha.— O Senhor Francisco abraça a filha, pois apesar de tudo o que ela fez, Mariana continua a ser sua filha, a sua menina. E tornou-se numa mulher linda, mãe de família e uma médica excelente.
— Estava com saudades tuas. Muitas.— E as lágrimas começam a descer-lhe como uma cascata.
— Sabes que podes sempre voltar para casa, a nossa porta e os nossos braços estão sempre abertos. Tu és a minha princesa, por mais que erres, és minha filha.
— Pai, sabe que eu precisava de fazer aquilo. O Ambiente aqui nessa altura estava tóxico demais, e pelo que percebi continua a mesma coisa.
— Mariana.— Francisco olha para a filha, repreendendo-a. Porém ele percebe o que ela quis dizer com aquilo.
A relação da Mariana com os irmãos sempre foi boa, um era o seu companheiro de disparates, e o outro o seu grilo falante, sempre ali para a ajudar. Porém quando Pilar entrou na família, a relação de João Francisco com a irmã piorou muito. Era notório que nenhuma das duas se "adorava", e infelizmente quem sofreu mais foi Mariana, que acabou por se tornar mais rebelde o que resultou na fuga aos 18 anos.
— Ei! Deixa algumas lágrimas para mim "Marmota".— Diz André Francisco que logo a abraça...—Que saudades mana, não podes desaparecer assim sem dar notícias.
— Eu prometo que não vou deixar de dar notícias, até porque talvez tenhas que me aturar durante uns temos por aqui.
— Sério Marmota, que bom. Fico feliz, muito feliz por te ter por aqui. Estava tudo muito chato sem ti.
— Também estava com saudades tuas meu "Elefantinho". E fico feliz por fazer falta por aqui.— E dirigindo-se por fim para o irmão João Francisco...— Oi Janjan. Parabéns.
— Obrigado.— Ele responde à irmã sem nem um cumprimento e segue para o bar, onde se serve de outra bebida.
— Pilar.— Mariana cumprimenta a cunhada, que apenas lhe vira as costas.— Bem, esta é a minha famíla, o meu marido Ben, e os nossos filhos: Peter, Biatrice e Anne.
— Este é o Peter?— Pergunta Francisco, que vir o neto apenas por uma vez...— Eu já nem o reconhecia. Anda cá meu querido, estás um homem.
— Olá Avô, olá Avó...— Diz Pete, um menino lindo de quase 16 anos, num português perfeitamente correto.
— Eles falam em Português?— pergunta Madalena surpreendida.
— Sim mãe. Em casa falamos em português com eles, e na escola eles falam em inglês.— E virando-se para as duas meninas que continuam perto do pai...— Bia, Annie, estes são os vossos avós.
— Olá...- diz Bia timidamente, enquanto a pequena Anne se encolhe ainda mais no colo do pai. Logo Dona Madalena abraça a mais velha, enquanto um emocionado Senhor Francisco tenta ganhar a confiança da mais nova.
— E estes são os vossos tios: André Francisco e Filipa, João Francisco e Pilar. E aqueles todos, são os vossos primos.
— Nem todos tia.—Diz João Pedro.— É bom tê-la de volta.
— Obrigada meu querido. Presumo que os mais novos sejam os meus sobrinhos netos.— João Pedro apenas acena...— Meu Deus eu sou muito nova para ser Tia Avó.
— Pois, mas habitua-te porque já és Tia Avó de nove e com mais um a caminho, todos netos do Janjan.— Diz André Francisco, fazendo com que João Francisco olhe para o irmão com um olhar mortal.
Tudo porque sendo verdade que existem 9 crianças na família, duas delas nunca são mencionadas naquela casa. E ao referir-se aos bebés de Diana, André Francisco cometeu talvez o pior pecado que poderia cometer dentro daquela casa. Apenas a menção da existência daqueles bebés, ou de Diana era como se automaticamente fosses condenado ao exilio.
— Acho que vou ter que me actualizar com os novos membros da família.
— Se não tivesses saído de casa, conhecias os teus sobrinhos e os teus sobrinhos-netos.— Diz João Francisco.— E talvez muitas outras coisas não tivessem acontecido.
— Não sei de que coisas estás a falar, mas sim tens razão eu saí de casa. Mas eu escolhi viver a minha vida e ser feliz. Ao contrário de outros que trocaram a sua felicidade por algo supérfluo.
— Mariana.— O Senhor Francisco tenta acalmar os dois, pois sabe bem que ambos ainda têm muitas coisas para resolver, mas não naquela noite.
— Desculpa pai.
— Acho que não há necessidade de trazer assuntos que estão mais que arrumados no passado. Ainda por cima hoje.
— Diz isso ao Janjan, ele podia também arrumar esse passado no passado, mas vem sempre com cinco pedras na mão.
— Deixa aquele razinza para lá, anda cá pirralha.— André Francisco agarra na irmã...— Vou te apresentar aos teus dois sobrinhos mais novos que não conheces.
— Eu conheço por fotos, tu enviaste-me uma por cada aniversário deles.
— Sim, mas não é a mesma coisa.— E leva-a para junto da esposa...— Lembras-te da Filipa?
— Olá Mariana. Estás linda.— Diz Filipa.— E não ligues à Pilar, ela é azeda por natureza.
— Eu não ligo, nunca liguei. O Fran sabe disso, sempre bati de frente com ela. Eu tinha 12 anos quando eles se casaram, e tentei que aquilo ali não entrasse nesta família.
— Meu Deus, ainda me lembro do que a fizeste passar...
— Era mais forte que eu, o Janjan era diferente quando estava com ela. E eu só queria o meu grilo falante de volta.
— Vocês sempre se tratavam assim, com nomes de bichos?— pergunta uma jovem.
— Sim, sempre.— Respondeu André Francisco...— Mariana, esta é a Maria Francisca. Ela era pequena quando te foste embora pela segunda vez.
— Ela era um bebé quando me fui embora. Tinhas o quê, uns dois anos?
— Tinha 3 anos, e hoje estou com 20. Olá Tia.
— Como o tempo passa. E estes? São teus também "Elefantinho"?
— Sim. O André Filipe com 15 anos e a nossa mais nova Ana Filipa com 10 anos. Acho que eles têm a mesma idade dos teus dois mais velhos.
— Sim o Pete tem 15 anos e a Bia tem 10 anos. O que eu perdi...tu com 3 filhos!? Tenho pena da Filipa, porque tem não 2 adolescentes em casa, mas três...
— Eu...só não te respondo à letra Dona Mariana, porque os meus filhos não merecem ouvir o que te teria a dizer.
— Bem para te situares um pouco sobre os teus sobrinhos netos, vou-te apresentar todos.
E assim Pipa, como é carinhosamente tratada, começa a apresentá-la, a todos. O Primeiro é João Pedro que foi o único filho de João Francisco que a cumprimentou. Francamente, ela nem estaria à espera, por isso perceber que pelo menos um dos sobrinhos conseguia separar a "guerra" que havia entre os pais e ela, fazia-a feliz. Percebeu que Pilar estava a falar com ele, e que estava um pouco alterada, com toda a certeza estava a dar-lhe na cabeça.
— Comecemos pelo mais velho: o João Pedro é casado com a Maria Francisa, ou Kika para a família, eles têm três filhos: o Francisco Maria, o José Pedro e a Joana Maria. O João Frederico, que é casado com a segunda Pilar da famíla, Patrícia, tem dois: a Maria Pilar e o João Tiago.
— Esse sempre fez de tudo para chamar a atenção da mãe e do pai. Vejo que até nos nomes dos filhos ele puxou a brasa à sua sardinha.
— Se a intenção era mesmo essa , ele conseguiu. Porque ele e a Patty, são o exemplo cá em casa. E aqueles dois pequenos são uma peste, fazem tudo o que querem. — diz o André Francisco.
— Depois temos a Teresa...— continua a Pipa...— A menina dos olhos cá de casa. Ela tem o António Maria e o pequeno Tomás Maria na barriga. Finalmente o João Afonso tem apenas aquela princesa ao colo da mãe Constança: a nossa Carminho.
— Eu estou a sentir-me muito velha. E ainda nem 50 anos tenho.— E sorri juntamente com o irmão e a cunhada.
Mas falta alguém ali. Ela consegue ver João Diogo, a conversar com os irmãos. Falta ali a única pessoa que ela esperava ver. Porém, quando vai a perguntar por ela, Amélia entra na sala dizendo que o jantar está pronto. E assim todos se dirigem para a sala de jantar.
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