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Capítulo 37 - Fantasmas do passado

Ano de 1720, Inverno. Nova Taidin.

Acompanhei Adalynn e Friedy até a parte mais verde da cidade, onde ficava as plantações e gados. Sim, eles tinham conseguido plantar e criar gado dentro de uma caverna, eu só não sabia como.

— Você é um homem de sorte — comentou Friedy enquanto subíamos até a parte mais alta da cidade. Adalynn apenas nos acompanhava em silêncio.

— E por que acha isso?

— Meu pai não é um homem fácil de se dobrar. Para ele ter confiado tanto a você, é porque ele realmente tem fé em sua palavra — respondeu.

Optei por não estender aquele assunto, apenas deixei que o silêncio falasse por mim.

Ao atravessarmos as ruas daquela cidade, pude perceber os olhares curiosos dos cidadãos. Crianças, adultos e idosos paravam seus afazeres para nos observar. Algumas crianças apontavam para mim, e diziam palavras como: "olha, é aquele herói dos Cavaleiros Brancos". Já os mais velhos, pareciam incomodados com a minha presença. Alguns até cuspiam quando eu passava perto. Mas uma coisa era certa, todos pareciam respeitar muito Friedy e Adalynn.

— Parece que eu sou bastante conhecido por aqui — sussurrei à Friedy.

— Todos conhecem suas histórias, Sir Jack. Afinal, você lutou contra um Deus! — Friedy parecia empolgado em dizer aquilo. — Por mais que alguns o culpe por isso, muitos também o consideram um herói.

— Eles não estão errados em me culpar — respondi, olhando para aquelas pessoas por cima dos ombros.

Enquanto os observava, avistei uma criança com um olhar brilhante em minha direção. Eu conhecia aquele olhar, era um olhar esperançoso e cheio de sonhos. Me lembrei da primeira vez em que eu vi Sir Amik e seus cavaleiros, e de como eu tinha aquele mesmo olhar. Naquela época eu não sabia, mas agora eu sei o que é estar no lugar de um comandante, e do peso que carregamos em nossos ombros.

Pude perceber que alguns guardas nos seguiam as espreitas. A própria guarda dos filhos de Altair, provavelmente. Adalynn aparentava estar nervosa e as vezes mandava sinais discretos para que aqueles homens se afastassem. Aquilo parecia ser mais uma guarda pessoal dela, do que do irmão.

Quando finalmente saímos da cidade, tudo ficou mais calmo. Os guarda-costas de Adalynn ainda nos seguiam ao longe. Friedy parecia tranquilo, como se não notasse a presença daqueles homens. Eu não sabia o motivo, mas tinha certeza de que Adalynn planejava algo.

Quando finalmente chegamos na área verde, pude perceber o quanto aquele lugar me lembrava o mundo antigo. Árvores, plantações de trigo e diversas hortaliças cobriam uma extensa área da caverna que contornava todo o rio. Havia vários moinhos em volta, e armazéns com enormes silos para estoque de grãos. Pequenas criações de gado pastavam em volta de um campo que parecia ter sido plantado à mão.

— Me diga Friedy, como vocês conseguiram fazer isso? — perguntei a ele.

— Você fala das plantações? Simples, nós não fizemos nada — disse Friedy, enquanto abria a porta de um lugar que parecia ser um estábulo.

— Como assim? — Eram poucas coisas que podiam me deixar confuso e intrigado. Ver plantas crescendo dentro de uma caverna sem a luz do sol, era uma delas.

— Isso sempre esteve aqui, com exceção dos animais e construções, é claro. Talvez haja magia nesse lugar, uma magia que queira nos proteger — respondeu Friedy com um sorriso.

Nós entramos dentro do estábulo e, para minha surpresa, havia cavalos lá dentro. A maioria ainda filhotes, mas os adultos pareciam saudáveis e prontos para cavalgar. Era incrível ver cavalos ainda vivos depois de tanto tempo.

— Nós conseguimos manter alguns cavalos vivos e os trouxemos para cá. — Finalmente Adalynn resolveu falar. Ela acariciava uma égua marrom de crina bem longa. — Infelizmente, eles não têm muito para onde cavalgar.

— Eles são seus — disse Friedy. — Pode pegar quantos você precisar para a viagem. Mas tente deixar pelo menos um casal para procriação.

— Vou pegar apenas os adultos. Oito devem bastar.

Eu olhava cavalo por cavalo, procurando ver se estavam totalmente saudáveis para uma viagem tão longa quanto a que nos esperava. Eu não queria ter de sacrificar algum cavalo no meio do caminho por não aguentar a viagem.

— Apenas oito? Mas e o restante do exército? — Friedy parecia confuso.

— Não levarei um exército — falei de forma indiferente. Minha atenção estava voltada para uma égua de pelo negro como a noite incessante, forte e bastante arisca. Era exatamente o que eu procurava. — Por favor, chame Sir Erwin até aqui. Eu preciso falar com ele.

Friedy saiu, deixando-me sozinho com Adalynn. Ela parecia não se importar muito com isso. Continuava tratando dos cavalos como se tivesse muito afeto por eles. Era estranho imaginar ela assim, depois do nosso primeiro encontro conturbado.

— Eu cuido deles desde pequenos. — Ela veio até mim e estendeu a mão, me dando uma escova. — Se quiser essa dama, vai ter que conquistá-la. Ela é a égua mais brava que já vi, nem eu mesma consegui montá-la.

Tentei escovar sua crina, mas ela não me deixava nem mesmo se aproximar. Eu abri a porta da cela e entrei. Adalynn estava meio receosa, mas não me impediu. Me aproximei lentamente sem desviar o olhar do animal. Seu olhar não me parecia assustado, mas dominante. Era como se ela não gostasse de ter seu lugar invadido por um estranho. Eu desci minha mão até as costas da égua, alisando vagarosamente.

— Isso aí garota. — Aos poucos fui acalmando a égua até que ela se acostumasse com a minha presença. — Qual o seu nome em? Noite? Não... você não merece esse tipo de nome. Que tal Ventania, ou fúria? — Fui chutando vários nomes, com a intenção de que ela se familiarizasse com algum deles e também para que se acostumasse com meu tom de voz. — Eu já sei, seu nome será Amelia.

— Deu um nome de gente para a égua? — Adalynn riu de forma debochada.

— A maioria das pessoas dariam nomes previsíveis como rosa da noite, trovão negro, entre outros. — Comecei a escovar o pelo de Amelia. — Eu não gostaria de ser chamado por nomes tão estranhos.

Fui guiando a égua para fora dos estábulos com a intenção de montá-la. O que seria algo bem difícil de fazer, mas eu conseguiria. Adalynn apenas observava curiosa para ver o que eu faria.

Eu tentei uma, duas, três vezes, subir em Amelia, mas ela se recusava a ser domada. Era uma égua esperta demais e eu gostava disso. Era como Adalynn tinha dito, eu precisava conquistá-la, como uma dama.

— Vamos lá, me deixe montá-la — falei a égua, enquanto acariciava seu pelo escuro.

Eu esperei a égua se distrair e subi em suas costas de uma só vez. Ela começou a pular e a correr desordenadamente pelo campo. Era incrível a sua velocidade e força, eu mal conseguia me manter equilibrado sobre ela. Talvez, estar sem as rédeas e sela, dificultasse mais do que o normal também.

Eu me segurei em suas costas durante longos minutos até que finalmente ela cedesse ao cansaço. Foi engraçado a cara de surpresa de Adalynn ao me ver voltando montado nas costas da égua mais arisca que ela já tinha visto.

— Isso foi incrível, eu nunca vi alguém domar uma égua como essa em tão pouco tempo — disse Adalynn, batendo palmas enquanto eu descia de Amelia.

Com égua mais mansa, ficou bem mais fácil de selar. Voltei a montá-la e percebi que dessa vez houve menos resistência. Ela havia entendido que agora era eu quem daria as ordens.

Percebi que Adalynn não parava de me encarar, seus olhos sedentos da primeira vez em que a conheci voltavam a se mostrar. Eu estendi a mão para ela, convidando para que subisse em Amelia. Adalynn foi hesitante, mas cedeu e pegou em minha mão.

Bati as rédeas e cavalgamos entre os campos repletos de plantações de trigo e milho. Adalynn me segurava forte, suas mãos tremiam de medo, mas pude notar que ela sorria. Nós paramos perto de um moinho bem no extremo leste dos campos verdes, perto de uma das cachoeiras que desabavam das cavernas acima. Tentei ajudar Adalynn a descer, mas ela recusou minha ajuda.

— Quem acha que sou? Uma dama indefesa por acaso? — Ela falava em um tom amigável, como se quisesse mais me provocar do que me repreender.

Ele se deitou sob a sombra de uma árvore e fez sinal para que eu me ajuntasse a ela. Olhei em volta, procurando sinal de seus guardas, mas pelo visto nos perderam de vista. Havia uma grande variedade de árvores frutíferas que quase fechavam a visão dos campos. Resolvi então me juntar a ela para saber o que tinha a dizer.

A vista daquele céu de rochas e cristais não era tão boa quanto a da superfície, mas de certa forma me reconfortava. O calor que emanava dos cristais me lembrava a sensação do sol tocando minha pele, ainda que muito frio para se parecer com algo do tipo.

— Quando eu era criança, costumava fugir de casa. Eu ia até as montanhas e ficava deitada vendo as nuvens. Quando finalmente me cansava, eu voltava já esperando qual bronca receberia de meu pai — disse Adalynn enquanto também olhava para aquele céu.

— Que coincidência... — suspirei. — Eu também costumava fazer o mesmo.

— Admito que era um pouco solitário assistir as nuvens sozinha, mas era um momento de paz. Eu daria tudo para que aqueles tempos pudessem voltar.

— Tempos assim nunca mais voltaram, Adalynn. Nunca mais... — Voltei a suspirar, lembrando dos tempos de minha infância, de quando eu e Nara nos assentávamos em baixo da grande árvore de carvalho e passávamos o dia todo juntos.

— Talvez eu estivesse errada sobre você. Você realmente parece ser diferente dos homens normais... Ainda tem o mesmo olhar de quando o conheci. — Adalynn se virou, levando suas mãos em volta de meu braço.

— Do que você está falando? — perguntei confuso. Eu já a conhecia?

— Vai me fazer mesmo falar? — Adalynn cerrou as sobrancelhas. Ela parecia ofendida. — Você realmente não se lembra da primeira vez em que nos encontramos? Do jeito que você me olhou... Eu nunca me esquecerei daquele dia. — Adalynn se virou para mim e trouxe a boca para mais perto da minha. — Desde aquele dia, eu prometi que o teria para mim. Agora você está aqui, Jack. Juntos podemos fazer quem que aqueles tempos felizes voltem.

Eu não fazia ideia do que ela estava falando. Eu não me lembrava de ter a conhecido no passado.

— É melhor voltarmos, ou seus guardas vão começar a sentir sua falta. — Me levantei, afastando dela.

— Então você sabia? Parece que nada escapa de você. É como se você sempre soubesse de tudo o que ocorre em sua volta. É algum tipo de magia ou um poder oculto?

— Não existe mais magia nesse mundo, depois de tanto tempo lutando nessa guerra, aprendemos a estar sempre alerta. — Desamarrei Amelia e estendi a mão para que Adalynn subisse.

Adalynn pareceu decepcionada, mas assentiu. Voltamos a montar em Amelia e cavalgamos de volta aos estábulos. Adalynn permaneceu em silêncio durante todo o caminho.

Verifiquei os restantes dos cavalos, procurando por machucados ou sinais de doenças, mas eram todos fortes e saudáveis. Serviriam muito bem na nossa viagem de volta.

— Mais cedo nas fontes, você estava certa. Eu ainda tenho sentimentos por uma pessoa. Não posso corresponder ao que você sente por mim. — Me virei para Adalynn, ela me esperava nos portões do estabulo com um semblante cabisbaixo.

— Você deveria esquecê-la! Olhe para você, olhe como ela te deixou fraco. — Seu jeito mudou novamente, como se fosse mais uma outra personalidade. Seu olhar era profundo. Ela me segurou pela camisa. — Desista dessa missão idiota e deste seu fantasma do passado. Fique comigo aqui e eu te darei toda esta cidade, juntos podemos reconstruir o mundo que perdemos.

— Como pode querer viver assim? Olhe em volta, esse não é nosso mundo. Seria loucura demais até para mim, aceitar a sua oferta. — Minhas palavras foram duras, mas era o único jeito de fazê-la entender.

— Guardarei essas palavras, Sir Jack. Farei com que ainda se arrependa e que não haja lugar para pessoas como você no mundo que irei criar. — Seu olhar estava lacrimejante, mas ela se virou e saiu antes que eu a visse chorar. E não podia ver, mas podia sentir flechas apontadas para mim. Irritar Adalynn era bastante perigoso, pelo visto.

Sir Erwin apareceu bem na hora, quando Adalynn passou por ele em um empurrão. Ele assobiou, e me olhou de volta com um olhar divertido, fazendo com que eu revirasse os olhos.

— Desculpe interromper — caçoou Erwin, soltando uma risadinha.

— Vá a merda, Erwin — respondi à altura de seu deboche.

— Haha, eu pensei que nunca veria você fazendo uma mulher chorar novamente, ou... veria cavalos... — Erwin parecia tão surpreso quanto eu fiquei ao ver aqueles cavalos.

— Prepare mantimentos e chame seis dos nossos melhores homens para escolher seus cavalos. Nós partiremos amanhã rumo ao castelo branco. — Dei a ordem a Erwin que me respondeu com uma continência.

— O que faremos com o restante dos homens que vieram conosco? — perguntou Erwin.

— Pedirei ao Altair que os deixe morar aqui. Creio que serão úteis a ele.

— Por que minha irmã estava chorando? — perguntou Friedy ao entrar no estábulo com um olhar curioso.

— Pelo visto, eu não a correspondi do jeito que ela queria — dei de ombros.

— Ela sempre falava de você — continuou Friedy. — Desde aquele dia em que você conheceu meu pai. Dizia que o sonho dela era se casar com você. "O meu grande herói", ela falava. Talvez as imagens de você nas lembranças dela, seja diferente da realidade.

Como eu pude me esquecer? Agora eu me lembrava. Aquela garota pequena que se escondia atrás da capa de seu pai. Eu me lembro bem de como ela me olhava com um olhar de curiosidade, apenas observando ao longe enquanto eu tratava de assuntos com Altair. Eu não podia imaginar que aquela pequena garota se tornaria essa mulher.

— Não existem heróis em um mundo como este — dei uma resposta que Friedy talvez não esperasse. — Eu sinto muito por não cumprir as expectativas da sua irmã, mas isso foi melhor do que continuar dando esperanças falsas a ela.

— Tudo bem, fico feliz que tenha sido sincero com ela. E não se preocupe, ela sempre foi desse jeito. — Friedy era bem mais compreensivo e cabeça fria do que a irmã. — Embora ultimamente ela tenha agido de maneira estranha... — Friedy coçou a barbicha.

— De qualquer forma, Erwin, faça seus preparativos, coma e durma bastante. Pois amanhã estaremos soltos novamente à escuridão. — Em bom tom, finalmente dei a ordem.

— Sim senhor! — Erwin bateu continência e saiu.

Friedy também saiu e me deixou a só naquele estábulo. Fiquei durante algum tempo acariciando Amelia e pensando no que nos aguardava lá fora. Pensamentos curiosos sobre quem seria aquela mulher misteriosa preenchiam minha cabeça. Um pequeno fio de esperança me tomou, esperando que fosse a mesma mulher, a qual um dia eu amei.

Mas no fundo eu sabia que não passava de um mero fantasma do passado.

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