Jesus é Blues
Esses dias me assustei com o quanto tenho ouvido Baco. As músicas foram entrando no meu dia a dia sem que eu percebesse, na hora do almoço, entre Djonga e Rancore, antes de dormir, entre Revelação e Vivendo do Ócio. A cada dia mais, mais um pouco, havia mais de Baco ali. E mais identificações eu encontrava. Me vi adorando todas as músicas, achando sensacional a imagem do artista, a presença, a leveza. E comecei a perceber o quanto Baco Exu do Blues é um artista, no mínimo, diferente.
As músicas de amor não são pra agradar, como os "rap de branco" que a gente se acostumou a ouvir na rádio. Não é uma música bonitinha feita simplesmente pra soar legal. A música tem seu próprio jeito, sua própria profundidade, e diz de amor de uma forma única: seja com sexo romântico, seja fudendo no banheiro de um bar, sofrendo na quebrada ou falando de cantores clássicos. E cada música sobre amor é diferente. Isso já é difícil de achar quando se ouve dez artistas; Baco consegue dezenas de vezes sendo apenas um.
Quando fala de racismo, também impressiona. Quando diz que "Jesus é Blues", minha pele arrepia. Ele fala não somente do cristianismo, mas de toda crença negra, toda música negra, toda arte negra que só é aceita quando é polida, raspada até ficar branca. Baco evidencia de forma simples, direta e sem os habituais academicismos que o negro é muito mais na história que a raça escravizada. Que o negro formou uma enorme parte da nossa cultura, mesmo que muitos insistam em tentar negar. Baco Exu do Blues veio para acabar com essa negação – suavemente ou goela a baixo, mas sempre com uma música sensacional.
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