Eu quero alguém que me olhe com olhos de jabuticaba, como se tivesse acabado de tomar MD. Eu quero ser idolatrado e idolatrar - fervido e ferver. Eu não quero quem quer o dinheiro que eu não tenho, a história que não me define, que não respeita minhas fraquezas mesmo quando estou forte. Quero família escolhida e não criada: não é do meu leite que vão sair meus filhos, quero que eles venham em caravanas em busca de sonhos. Quero lutar pelos meus e ser defendido por eles, quero ser fiel como torcedor de time, até na série C. Quero noites de insônia com foda de lado, gemidos dizendo "'te amo", o corpo de contorcendo e arrepiando: livre. Quero amor que não me olhe só como fantasia, como mártir, como projeto. Quero que me abra e me veja e goste do que vê. Quero tirar a roupa e ser endeusado. Quero tirar a roupa dela e endeusá-la como Freya, como Ísis, como Afrodite. E seja nas armas ou no amolar das facas, seja nos beijos na parede e nos copos quebrados dos bares, jurar minha lealdade. Dar meu sangue pros que não os têm nas veias, e injetar o deles ao mesmo tempo. Formar um mosaico de gente louca, tatuagens, homossexualidade, veganismo, bacanais. Quero os reaças olhando pra gente e chorando de ódio enquanto a gente se banha em vinho e ri. Quero dinheiro pra caralho, ser foda pra caralho, e deixar meus inimigos pra lá, longe pra caralho. Riqueza só é riqueza se construir. Os copos de balada são sanguessugas, tal qual estes remédios que eu me entupo por conselho dos psiquiatras.

É preciso fazer a sangria. Me fortaleço para suportar e chegar ao meu El Dourado, onde não tem outro, só madeira e uma hortinha no canto de casa.

Ohana é uma manhã tranquila com quem te cola. Então, cola junto, vão bora. Para todos os que não querem esse mundo, vamos fazer o nosso: e ai de quem ficar no nosso caminho.