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O Luto

Um plano para morrer sem culpa? Parece estranho, mas era justamente o que Jasmim planejava. Fazia muito tempo que seu maior desejo era deixar essa existência, mas não tinha coragem de agir em prol disso.

No passado, isso já havia sido tentado, porém, depois de tanto ouvir as histórias sobre o além que Ísis e Elohim contavam, Jasmim se sentia com medo, culpada e sem forças para tentar executar as ideias que frequentemente lhe passavam pela cabeça.

Mesmo dois anos após a morte de Ísis, seu luto continuava, e tudo o que queria era se reencontrar com sua amada, mesmo que para isso ela também tivesse que passar para o outro lado da vida.

Ísis era a sua razão de viver, sua verdadeira alma gêmea, apesar de muitos acharem que a alma gêmea é uma combinação entre um homem e uma mulher. Não, ela tinha certeza que Ísis era a sua outra metade!

Era impossível se conformar com essa perda, por que um destino tão cruel? Justo agora que tudo estava se resolvendo após intensas lutas! Tudo estava perfeito! Dois anos de glória apenas e o sádico destino havia a levado para sempre?! Ela só tinha vinte e dois anos, não era a hora! Isso não estava certo! Desalmado, impiedoso e insensível destino!

No início Jasmim se concentrava em ajudar Elohim, que ainda estava se reabilitando da inesquecível tragédia e precisando do seu auxílio para tudo, mas após dois longos anos, sua ajuda não era mais necessária e seu foco se tornou, exclusivamente, o seu encontro com Ísis.

Foi então que numa noite, sentada no chão da sala, olhando um livro do Elohim, que tratava sobre a vida de um famoso Yogui Indiano, Jasmim encontrou a solução perfeita para resolver suas dores.

Seu grande interesse pelo tal livro surgiu quando saltou à sua vista um capítulo que falava sobre os jejuns espirituais que alguns yogues e outros religiosos fazem em prol de alcançar a iluminação. Jasmim lia sem conseguir parar, leu até o amanhecer do dia e só dormiu quando as palavras se acabaram.

Apesar dos muitos conselhos positivos contidos neste livro, a sua mente doentia, tão obcecada por encontrar Ísis, só percebeu nisso, uma suposta forma para se livrar das dores deste mundo. Agora ela tinha um álibi, ficaria em jejum até morrer e encontraria Ísis e a iluminação!

Nenhuma parte do livro falava sobre um jejum eterno e sim sobre períodos de jejuns para se aprofundar num contato com a espiritualidade superior, mas a pobre sofredora, em sua confusão e desespero, tinha o discernimento comprometido, apenas buscava ansiosamente uma solução para seu sofrimento sem fim.

Pela primeira vez, desde que Ísis se foi, Jasmim se sentiu motivada a algo e começou a planejar. Seu plano não era apenas parar de se alimentar, coisa que já não fazia direito, devido a volta devastadora da anorexia. Havia um objetivo maior, seria um encontro com a natureza e com a transcendência, até a chegada da sua desejada morte.

Jasmim sabia de um lugar perfeito, ninguém encontraria os seus restos mortais. Ninguém a incomodaria ou interferiria! Ninguém... Ninguém mesmo!

Sim, isso era algo bom, algo evolutivo, era um desapego da matéria! Estes pensamentos realmente faziam sentido em sua mente perturbada, apenas por instantes haviam alguns reflexos de clareza que a faziam perceber que isso não era um pensamento normal e que talvez devesse buscar por ajuda.

O que atrapalhava esses momentos de clareza, era que todas as vezes em que buscou ajuda, ela acabou internada e tendo péssimas experiências de isolamento, dopagem e contenção.

Jasmim estava decidida e disse para Elohim e para alguns poucos contatos, que iria fazer uma viagem para tentar se animar com a vida, mas que ninguém deveria se preocupar, pois se sentia bem. Era visível que ela não estava bem, seu corpo só tinha ossos e não pesava mais do que o de uma criança de dez anos, seus olhos estavam até saltados, e quando falava com alguém, parecia sempre aérea, às vezes, nem percebia que tinha que responder algo. Se as pessoas vissem quantos cortes e outras marcas de flagelações haviam por baixo das suas roupas, ficariam assustadas.

Antes do amanhecer do dia, Jasmim já estava pronta para pegar o primeiro ônibus em direção ao seu destino, tendo consigo apenas uma mochila com poucos pertences e dois objetos que ela não havia conseguido se desfazer, um era o diário de Ísis e outro, uma foto de sua mãe.

Isso era tudo o que ainda possuía, pois havia doado ou jogado fora todos os seus bens, afinal, nada seria útil na outra vida e não via nenhuma possibilidade de desistência do plano.

Em relação aos seus bens materiais não foi difícil de se desfazer, o problema era quando via tudo o que pertencia à Ísis. A sensação era a de estar sendo esmagada e despedaçada em mil pedaços.

Muitas vezes, para se aliviar dessa dor, ela pegava um estilete e começava a se cortar, fazia cortes profundos em suas pernas e braços, mas em lugares que podiam ser cobertos, pois não queria que outros vissem e tentassem interná-la novamente.

Jasmim sabia que aquilo era um ato doentio, mas quando se concentrava na dor física, as dores da alma falavam mais baixo. E então, após muitas flagelações, choros e gritos abafados, ela voltava a se desfazer de tudo.

Então, fechou seu quarto para que Elohim não percebesse que estava vazio e saiu antes que ele acordasse, deixando apenas um bilhete sobre a mesa.

Decidida e até aliviada por ter encontrado uma solução, sua viagem iniciou, era um dia lindo, perfeito para ir ao encontro da morte.

Ao subir no ônibus ninguém notava nada de errado, era apenas mais uma passageira. Ela se acomodou numa poltrona no fundo ao lado da janela, ligou uma música para se distrair e foi observando a paisagem, se sentindo sonolenta devido aos calmantes.

A viagem foi muito longa, parecia que nunca terminaria, pois Jasmim estava ansiosa para chegar. Às vezes, ela deixava escapar uma lágrima ao folhear o diário da Ísis e pedia em pensamento para que sua companheira falecida fosse ao seu encontro após sua transição para o além.

Também tinha esse pensamento ao ver a foto da sua mãe, queria muito encontrá-la na outra vida, era o mínimo que Deus deveria fazer, ela pensava, se é que ele existe. Jasmim sempre se revoltava ao pensar em Deus, ele não a confortava, era apenas um padrasto mau que a desamparou e levou embora sua mãe, levou embora sua amada, levou embora a sua vida! Tanta injustiça!

Ao fazer uma parada durante a viagem um passageiro tentou puxar assunto:

— Para onde você está indo? Ele perguntou.

— Estou indo numa comunidade naturalista que é um lugar cheio de áreas verdes, ideal para meditar. — Jasmim disse a verdade.

— Legal, também gosto destes lugares, mas estou indo apenas visitar um amigo... Você aceita algo para comer ou beber? —  Ele ofereceu gentilmente.

— Não, obrigada, já comi. — Jasmim respondeu, mentindo, sendo que havia dois dias que não tocava em algo de comer.

Percebendo que o estranho estava querendo conversar mais, ela demonstrou se interessada para ser gentil, mas arrumou uma desculpa e voltou ao ônibus, deitou-se ocupando duas poltronas para que o rapaz não resolvesse se sentar naquela que estava vazia.

Continuando a viagem, Jasmim ficava se convencendo de que não estava fazendo nada de errado, que só iria permanecer em jejum, meditando até fazer sua passagem ao outro plano, de forma tranquila e sem remorsos.

Sua mente confusa, jogava milhares de pensamentos controversos, causando mais ansiedade, medos e inseguranças.

— Será que estou precisando de ajuda? Preciso de um psiquiatra? Eu deveria me internar novamente? Eu deveria voltar a tomar os remédios fortes e tentar mais uma vez superar tudo para ter uma vida normal?

E outra parte da sua mente dizia:

— Não, estou fazendo o certo! Afinal, se eu estiver fazendo algo errado quero que Deus me diga!

Entre ódio da vida, medos e confusões, ela chamava por Ísis em pensamento. — Venha me encontrar! Venha me encontrar! Vamos continuar juntas!

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