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CAPÍTULO XXXII

Voltaram para casa lá pelas onze da noite, despedindo-se todos, amigavelmente, e indo cada um para seus respectivos quartos. Joe disse que precisava fazer sabe-se lá o que e depois iria para o quarto dela. Estava agindo estranho desde a praça, quando sumiu do nada e voltou com uma sacola de uma loja de esculturas. Queria perguntá-lo do que se tratava, mas Anastasia já parecia entediada — o que era inusitado vindo dela — e Melina imaginou que fosse porque ela, sem querer, havia feito a pobre coitada segurar vela. Não era sua intenção, então atendeu ao pedido de socorro silencioso dela e Kallias também se mostrou bem compreensivo.

A menina a acompanhou até seu quarto para desfazerem a arrumação e se prepararem para dormir, mas não estavam com disposição de moverem um único dedo, então deitaram de costas na cama e conversaram sobre a noite enquanto encaravam o teto.

Após quase uma hora de conversa fiada, decidiram que já era hora de dormirem. Então, sentada na cama, Melina desfazia o penteado da criada que estava sentada de costas para ela quando lembrou-se do que a senhora de Áza havia lhe dito.

— Ana — chamou, fazendo com que ela se virasse para olhá-la —, você é de Mínyma, não é?

— Sim, Alteza.

— Você, por um acaso, não saberia nada sobre a filha do senhor Tyro, não?

Surpreendendo-a pela segunda vez naquela noite, Anastasia ficou séria.

— Como sabe sobre isso? — inquiriu de modo que fez Melina pensar que talvez o assunto fosse mais sério do que ela estava imaginando.

— Rhea me pediu pra perguntar pra ele sobre isso. Mas, pelo visto, que bom que eu te perguntei antes.

— Sim... — Concordou lentamente com a cabeça.

— Mas, me conta! Que que tem com a filha dele? — perguntou, ansiosa, cruzando as pernas.

— O senhor Tyro não tem filhos — começou a explicar —, é apenas ele e a esposa. Mas dizem que ele chegou a ter uma filha, há muitas décadas atrás.

Dizem? — Ergueu uma sobrancelha. — Não têm certeza?

— Ninguém gosta de tocar no assunto. Virou uma lenda urbana, uma história de terror que cochicham pelos cantos. Ninguém sabe se é verdade, mentira, ou a verdade aumentada. Eu achava que era mentira, mas se a senhora Rhea disse isso... então é verdade.

— Como assim história de terror, Anastasia? — exclamou. — Explica esse trem direito.

— Bom, segundo o que dizem, essa suposta filha dele nasceu sem guelras. Não conseguia respirar debaixo d'água e acabou morrendo depois de um tempo.

— Isso sequer é possível? — perguntou com estranhamento.

— Eu achava que não. Até hoje, pelo menos. — Olhou pensativa para o canto da parede. — Dizem também que culparam a esposa dele por isso. Ela não é nenhuma nobre, mesmo assim, o senhor Tyro contrariou o costume e casou-se com ela. Mesmo ela não tendo absolutamente nenhum poder, correndo o risco de enfraquecer a linhagem dele.

De fato, era assustadora a ideia de uma pequena sereia que não conseguia respirar debaixo d'água. Poderia ser apenas um caso separado de deficiência ou poderia ser mais uma prova de que a Rhíza estava certa sobre uma coisa: a involução batia à porta, cada vez mais violenta.

Porém, foi tirada de seus devaneios quando Joseph surgiu na porta de seu quarto, ainda com as mesmas roupas. Carregava três grandes sacolas de papelão atrás das costas. Obviamente, não estava ali para dormir.

— Tu precisa vir comigo — disse ele.

— Ir pra onde?

— É uma surpresa.

— Se eu fosse a senhora, eu iria — aconselhou Anastasia, com um sorriso travesso.

Olhou para ela, desconfiada, e logo tornou a olhar para ele.

— Minha mãe não sabe, né?

— Não. — Riu. — Eu ia avisar, pedir, não sei. Mas aí eu me estressei, então a gente vai sair escondido mesmo.

— Jura mesmo que vamos conseguir sair daqui sem ninguém saber? — indagou, incrédula e levemente debochada.

— Seu tio já tá dormindo e talvez eu tenha subornado os guardas pra ficarem de bico fechado.

— Vai dar merda depois? — perguntou, levantando uma das sobrancelhas.

— Provavelmente. — Deu de ombros.

Sorriu. — Então, vamos.

🔆

Não fazia a menor ideia de para onde estavam indo. O rapaz havia alugado um pequeno barco com motor e ele mesmo o conduzia. Mais uma coisa que Melina teria de adicionar na lista de talentos dele. Contornou a cidade para poder ir à uma maior velocidade, rumo à uma parte mais afastada do centro de Térpsis. Não permitiu que ela bisbilhotasse suas sacolas e, em determinado momento, ele a vendou para que não visse do que se aproximavam.

Foi um tanto difícil descer do barco sem enxergar nada, mas ele a auxiliou.

Mesmo após firmar seus pés no solo, ainda foi obrigada a continuar vendada por alguns minutos, sem saber onde estava e o que estava acontecendo.

— Prontinho! — Ouviu a voz de Joe dizer.

Sentiu ele se aproximando dela e se posicionando às suas costas. Removeu a venda de seus olhos permitindo que ela enxergasse todo o encanto que estava diante dela.

A primeira coisa que reparou era que estavam em um espaço aberto, bem à beira mar, permitindo que a luz da lua, que tocava as águas, invadisse o ambiente. Logo à sua frente, avistou cinco colunas brancas envelhecidas e soube que estavam em um templo. Margaridas enfeitavam a base das colunas. Não havia iluminação elétrica, mas três grandes tochas estavam acesas entre os pilares.

Virou-se de costas e teve a confirmação de que se tratava de um santuário. Uma enorme estátua de Afrodite se projetava, com algumas ofertas aos seus pés. Colado à base da escultura, algumas pequeninas velas estavam espalhadas pelo chão ao redor de um tecido vermelho com almofadas em cima e muita, muita comida. Todas as sacolas que ele havia levado com ele estavam vazias e dobradas em um canto, com exceção de uma.

Deduziu que deveriam estar no antigo templo da deusa. Haviam construído outro mais perto do centro algumas décadas antes, por questões logísticas.

— Então era sobre isso que você e Anastasia tanto cochichavam hoje?

— Pois é, hoje ela foi minha parceira de crime. Até insistiu pra eu deixar um pouquinho de comida ali pra Afrodite não me matar por usar o templo dela ou algo do tipo.

Virou-se para ele. — Eu não tô acreditando que você fez isso!

— Por que não? — perguntou, sem graça. — Foi um dia longo, cheio de altos e baixos e cansativo. Imaginei que tu estaria precisando relaxar um pouco.

Olhou em seus olhos, fazendo algo que surpreendeu até ela mesma. Deu-lhe um abraço.

— Obrigada — sussurrou assim que envolveu o corpo dele com os braços e aninhou a cabeça em seu peito.

Ele também não deveria estar esperando nenhuma demonstração de afeto pois se assustou levemente, demorando dois segundos para retribuir o gesto. Quando o fez, Melina levantou a cabeça, encarando-o com um de seus sorrisos mais sinceros e disse:

— De verdade! Tava precisando mesmo de um descanso.

Sorriu de volta para ela, depositando um selinho no topo de sua cabeça, fazendo com que ela corasse levemente.

— Fico feliz — ele disse. — Mas, vem cá, quero te dar um negócio.

— Que negócio?

Puxou-a gentilmente pelo braço, conduzindo-a até onde ele havia espalhado mais uma porção das coisas nada saudáveis que havia levado. Afastou tudo para um canto e sentou-se sobre o tapete fofo, batendo com a palma da mão no espaço ao seu lado para que ela também se sentasse.

— É um presente — ele respondeu quando ela o fez. — Agora, fecha os olhos.

— Tá virando moda isso?

— Sim, e se reclamar eu devolvo e tu fica sem nada.

— Ih, tá bom! — Fechou os olhos e começou a ouvir os sons da sacola sendo mexida. — Mas não precisa de toda essa cena.

— Claro que precisa, tem que ter uma apresentação bonita pra deixar uma memória mais impactante.

— Se você tá dizendo...

— Vai ver que eu tô certo — afirmou e Melina pode ouvir uma risada escondida sobre a voz dele. — Pode abrir.

Estava com a mente focada na sacola da loja de esculturas e era isso o que esperava. Era uma grande apreciadora das artes, no geral, e já pensava em onde a poria em seu quarto. Porém, quando abriu os olhos, se deparou com duas caixas pretas de veludo abertas. A primeira delas era baixa e exibia uma fina e delicada corrente de ouro branco com um pingente em formato de serpente, cravejado de pequeninos diamantes brancos. A outra já era um tanto mais alta e isso se devia ao fato de ter uma tiara fincada nela. Diamantes azuis arredondados, do tamanho de digitais, estavam posicionados lado a lado, formando um arco, envoltos em minúsculos cristais que formavam suas bordas.

Levou ambas as mãos à boca. Era, de fato, uma apresentação impactante.

— Eu deveria dizer que não precisava, né? — disse ela, após recobrar o fôlego, com um tanto de culpa na voz. — Que não deveria ter gastado tanto dinheiro comigo e tal... Acho que seria mais bonito da minha parte. MAS EU AMEI TANTO!

Voou por cima das joias e se lançou no pescoço do rapaz, lhe dando outro abraço apertado. Distribuindo uma série de beijos em sua bochecha. Realmente não era uma pessoa carinhosa, mas alguma coisa nele tirava da sepultura esse lado dela. E a culpa pode ser posta na deusa do amor, que observava do Olimpo o que faziam aqueles dois jovens no templo dela, ou em qualquer outra coisa.

— Obrigada! Obrigada! Obrigada! — exclamou, com a voz mais estridente do que gostaria.

Joseph gargalhou, satisfeito. — Por nada, eu sei que tu ama ser mimada.

Desgrudou do pescoço dele, pegando as caixas e as pondo sobre suas pernas para admirar mais de perto. Joe tirou a tiara de lá de dentro e indicou para que Melina abaixasse um pouco a cabeça para que ele a colocasse em seu cabelo.

— Tu ainda não pode usar uma coroa, mas acho que um enfeite não faz mal.

Ajeitou a joia às mechas brancas enquanto a garota pegava o colar para olhá-lo.

— Não combina com a roupa que eu tô hoje — ela constatou e deu de ombros em seguida —, mas eu não tô nem aí, quero estrear logo.

Abriu o fecho e posicionou o pingente sobre o colo, virando-se de costas para que o garoto o fechasse.

— Pra minha sonserina preferida — ele disse.

— Eu ainda vou tatuar uma serpente — falou, virando-se novamente para ficar de frente para ele. — É meu animal favorito.

— Combina com a sua personalidade.

— Tá me chamando de cobra?

— Pior que eu tô.

Gargalhou. — Não finja que não gosta, você também é outro que não presta.

Levantou as sobrancelhas. — Eu? Por que que eu não prestaria?

— O dia inteiro de segredinho com a Anastasia sendo que nem confia nela, jogando dos dois lados, usando a menina.

— Foi por uma boa causa — defendeu-se, dando de ombros.

— Eu sei, não tô te julgando. Fiz o mesmo com o Kallias...

Dessa vez ele levantou apenas uma das sobrancelhas, a olhando com desconfiança e deboche.

— Não precisa fingir, eu sei que tu tava gostando.

— Não do jeito que você tá pensando! — argumentou, percebendo que ele poderia ser bem burro dependendo da ocasião. Geralmente, quando teimava em crer em suas próprias convicções sem fundamento ao invés de olhar para a realidade.

— Quer enganar quem? — murmurou. — Mas eu não te trouxe aqui pra falar de coisa ruim. Se fosse assim eu estaria contando os acontecimentos do dia.

— Está muito enganado se acha que vai escapar de me contar.

— Eu vou, mas outra hora. Hoje eu só quero falar de coisas boas, por favor.

Realmente foi um dia e tanto. Contudo, a atitude sempre descontraída e positiva que Joseph adotava — mesmo em meio ao completo caos — a preocupava. Não que fosse uma coisa ruim. Seu raciocínio rápido e otimismo era o que o mantinham vivo em situações desesperadoras e dava base para que ela também não desmoronasse.

Mas era preocupante como ele nunca parava para dizer abertamente o que de ruim estava acontecendo em sua vida e mente. Sempre preferiu jogar frases e informações soltas no ar e deixar os outros lidarem sozinhos com peso do que ele dizia. Mas, mesmo assim, era raro quando isso acontecia. Melina havia perdido uma parte crítica da vida dele e desde que o reencontrara, sempre que perguntado, ele só falava das partes boas, ignorando completamente as ruins. Sempre ria de como seu pai havia o transformado em um playboy mimado, deixado ele fazer absolutamente tudo o que queria, financiado todos os seus estudos — bem longe de casa — e todos os luxos que um inconsequente jovem morador do Leblon poderia querer. Nunca dizia o óbvio. Ele só havia feito tudo isso para tentar amenizar a culpa por todos os anos em que nunca percebeu que o filho era espancado e chamado de filho do demônio pela própria mãe sempre que o pai estava fora. E Joseph Salton II passava muito tempo fora.

Não que ela quisesse que ele remoesse aquilo o tempo todo, apenas temia que ele estivesse reprimindo coisas demais.

Mas não iria dizer tudo o que pensava a ele. Pelo menos, não naquele momento. Não quando olheiras podiam ser vistas no rosto do semideus. Não quando, mesmo assim, ele havia feito tudo aquilo por ela. Não quando ele havia lembrado que margaridas eram suas flores preferidas. E não quando ao seu lado tinham duas caixas de chocolate amargo da Prawer, 73% cacau, compradas e estocadas especialmente para ela, já que ele sempre preferiu chocolate ao leite. Decidiu entrar na dança. Seria uma boa noite.

Acenou com a cabeça e logo percebeu que, com a correria do dia, havia esquecido de contar algo muito importante para ele.

— Ao que parece, eu sou uma telepata.

Arregalou os olhos. — Tu tá de arreganho com a minha cara?

Sacudiu a cabeça em negação como resposta, rindo e pegando um pacote de Ruffles. Seu corpo ansiava por qualquer coisa com sódio demais.

— Era por causa disso a dor de cabeça? — ele continuou, ainda chocado demais.

— Uhum — respondeu enquanto mastigava e oferecia o pacote a ele.

— Guria, tu quase me mata do coração. Não faz mais isso.

— Eu também só fui descobrir hoje de manhã, uai! — argumentou e começou a contar toda a conversa que tivera com o tio.

Ajeitou sua posição para encostar a coluna na base de mármore da estátua e esticou as pernas à sua frente, cruzando os tornozelos. Joe pegou uma das almofadas e a colocou sobre sua saia, deitando no tapete, com a cabeça em seu colo.

Conversaram e comeram, tentando não se preocupar com mais nada além do momento.

Era melhor assim.

Não sabia direito quantas horas haviam se passado, mas o garoto acabou dormindo. O mais sensato a se fazer seria acordá-lo para irem embora ao invés de continuarem em um local exposto pelo resto da noite, mas não conseguiu. Deixou que ele descansasse em seu colo, em paz. Como um pedido de desculpas por não ter dado sossego a ele nos últimos dias.

Suspirou, acariciou os cabelos loiros e olhou para o mar. Contemplando o horizonte, aproveitando o silêncio enquanto podia. Não teria esse privilégio no dia seguinte.










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