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CAPÍTULO XXIX

Quando retornou ao quarto, Anastasia já não estava lá. Havia deixado apenas a mala de mão com o que ela precisaria durante a noite sobre a cama. Encontrou apenas Joe a olhando com desconfiança e segurando uma garrafa térmica na mão. 

Não sabia quanto tempo havia se demorado conversando com a sereia idosa, mas foi o suficiente para que o rapaz tomasse banho e já estivesse em seus trajes de dormir — apenas em uma bermuda. Tinha ramos de louro tatuados no peito, coisa que Melina achava um tanto brega, mas combinava com ele. Porém, preferia a serpente negra que subia pela lateral de sua costela. Era um charme a mais. 

— Rhea disse que você é gostoso — falou enquanto caminhava até ele e pegava o chá de sua mão.

— E tu concorda? — perguntou, sorrindo com o canto dos lábios.

Ao invés de responder, tomou fôlego e virou todo o líquido asqueroso por sua garganta.

— Parece ainda pior do que tava mais cedo — disse, com uma leve ânsia de vômito.

— Eu vou contar pra sua mãe — avisou. — Tô começando a ficar preocupado de verdade. Até a coitada da Anastasia tá preocupada, a guria tá prestes a ter um infarto. Mas também pode ser de curiosidade, não sei.

— Tio Calisto já não disse que tá tudo bem? — Sentou-se ao lado dele, devolvendo a garrafinha e o encarando.

— Porque a dor tinha passado, mas agora voltou.

— Não conta, por favor. Deixa que eu amanhã eu resolvo isso.

— Vai resolver como?

— Relaxa, eu vou ficar bem.

Joe a olhava, indecifrávelmente, mas concordou. Franziu o cenho e perguntou:

— Mas, como assim a Rhea me acha gostoso?

Melina riu e contou toda a conversa que havia tido com a mulher, sem poupar uma única palavra. O jovem era, realmente, um bom ouvinte. Esperou que ela terminasse a narrativa para dizer:

— Esperto da sua parte, mas toma cuidado. Ter suas memórias de volta não significa que tu não é mais suscetível à manipulação.

— Eu não sou influenciável! — protestou.

— Todo mundo é influenciável, vai por mim. E fica esperta, não fica andando por aí sozinha, essa gente não é de confiança.

Levantou a perna direita, exibindo o coturno preto. — Ainda tô com o revólver.

Sorrindo, com um bocejo, disse: — Me deixa mais tranquilo. 

— Tá com sono? 

— Sim, mas se tu quiser ensaiar eu espero. 

— Não, pode dormir. Não vou conseguir melhorar drasticamente em algumas horas, mesmo.

Joe queria ir para Thalássa antes de todos. Seria bem complicado explicar para o senhor Memnon o por quê de terem de escapar para irem à prisão. Cibele relutou um pouco em deixá-los irem sozinhos, mas acabou concordando em deixar que usassem o barco de madrugada e retornassem antes que o sol nascesse, fingindo que nada havia acontecido. Ninguém, além do necessário, precisava saber o que faziam. Sair na calada da noite era a melhor opção. Sairiam às três e meia da manhã e retornariam antes das cinco, que era a hora dos funcionários acordarem.

— Tudo bem. — Levantou-se da cama, jogando alguns travesseiros e lençóis no chão. — Amanhã a gente tem que acordar cedo mesmo. 

 — Sabe — disse Melina, um tanto sem graça —, não precisa dormir no chão, a cama é bem grande.

Ele a encarou, estagnado com as sobrancelhas arqueadas, o maxilar travado e os olhos arregalados. 

— Que foi? Tô falando sem maldade! — justificou-se a menina. — Cabe quatro de mim nessa cama.

— Tem certeza? — Semicerrou os olhos. — Não vai achar... estranho?

— Não, fica tranquilo. — Suavizou o tom de voz. — Amizade é pra isso. 

— Okay, então... 

Pegou de volta a roupa de cama que havia jogado no chão e a pôs sobre a cama, enquanto Melina passou por ele, em direção ao banheiro.

— Vou tomar banho — comunicou. — Acho que você já vai estar desmaiado quando eu voltar, então, boa noite!

Ele ainda a observava como se fizesse conjecturas sobre o que se passava na mente dela, mas se conteve em retribuir com um:

— Boa noite, Linda.

🔆

A ansiedade fez com que ela acordasse bem antes do previsto. O relógio marcava duas e onze da manhã, não havia dormido nem quatro horas. Em hipótese alguma conseguiria voltar a dormir. Não conseguia deixar de pensar que, em algumas horas, estaria face a face com o seu sequestrador para curá-lo. Se fosse para ser honesta, diria que preferia deixá-lo definhando. Mas, infelizmente, a sanidade dele era crucial naquele momento.

Porém, apesar do nervosismo, a ideia de entrar em território, supostamente inimigo, escondida, de madrugada, era excitante demais. Saltou da cama e se vestiu inteiramente de preto. Escolheu uma calça e um sapato sem salto para caso precisasse correr e escondeu o revólver na parte de trás da cintura. Prendeu os cabelos brancos em um coque alto e saiu do quarto. 

Tentou esgueirar-se pela casa com cuidado. Não esperava encontrar ninguém acordado naquela hora, mas queria evitar ser vista e ter o trabalho de explicar porque estava fingindo ser James Bond às duas da manhã. Felizmente, não havia guardas na parte de dentro da residência. 

Após alguns minutos de confusão e curvas nos lugares errados, conseguiu encontrar o lugar que havia visto algumas horas antes. A varanda era descoberta e a piscina fazia frente com o mar, apenas dois metros acima para que o oceano não invadisse. A água que refletia a luz da lua estava parada, mas, mesmo assim, olhou para cima para se certificar de que não havia nenhuma idosa rancorosa e seminua presente no andar de cima, na plataforma onde estava mais cedo.

Quando teve certeza de que estava sozinha, começou a encarar a piscina sem ter muita certeza do que deveria fazer. Não queria chamar chuva nenhuma, apenas queria mover um pouco a água. Porém, nunca havia sido ensinada a tal. Suas aulas deveriam ter começado entre os dez, treze anos, mas isso nunca ocorreu.

Não sabia direito o que deveria fazer. Rhea estava apenas parada. Mas, pensou que fingir que estava em H2O Meninas Sereias poderia funcionar. Estendeu a mão direita para água, esperando que ela obedecesse seu comando. Não funcionou. 

Não que ela soubesse ao certo que comando estava dando. Sabia que manter o olhar fixo no que estava fazendo ajudava a manter a concentração, e sabia também que deveria estar relaxada, para que seu temperamento e suas emoções não interferissem no seu controle. 

Respirou fundo e relaxou os ombros. Talvez a Katara fosse uma inspiração melhor. Suavemente, estendeu a mão direita com a palma para cima e jogou o braço esquerdo para trás do corpo, abrindo as pernas, flexionando o joelho esquerdo e esticando a perna direita. 

— Você está tentando controlar a água ou está praticando tai chi?

Assustou-se com a voz de seu tio atrás dela e desequilibrou-se, quase caindo. Pôs uma das mãos sobre o peito onde batia um coração acelerado, recuperando o fôlego.

— O que você tá fazendo acordado uma hora dessas?

— Poderia te perguntar a mesma coisa — ele rebateu, mas logo deu de ombros. — Já dormi o suficiente. E você estava...

— Eu vi a Rhea fazer um trem doido com a água. Queria fazer também, mas, obviamente, não deu certo e agora eu estou morta de vergonha.

— Não precisa ter vergonha de tentar. 

— Acho que a vergonha é mais pela pose.

O príncipe riu e desencostou da parede.

— Sua mãe me contou sobre o mergulho que deram hoje cedo. — O dia havia sido tão corrido que Melina até mesmo se esqueceu de que aquilo tinha sido há menos de vinte e quatro horas. — Me pediu que eu lhe ensinasse. 

— E você pode? — perguntou, animada. 

— Bom, não estamos fazendo nada agora. 

— Agora? Ah, claro! Vamos!

— E seria melhor guardar esse revólver, não vai querer molhá-lo.  

🔆

Após colocar a arma debaixo do travesseiro e deixar um bilhete para Joe explicando onde e com quem estava, saiu para se encontrar com seu tio que a esperava na varanda. O homem estava de pé ao lado da piscina, de frente para o mar, encostado na parede ao lado dele. Assim que notou sua presença, não disse nada. Apenas mergulhou na água, como um convite para que ela o seguisse. 

Andou até a beirada da varanda e olhou para baixo. Era uma queda de dois metros e não havia sinal do tritão. Não tinha medo de altura, mas preferiria entrar no mar andando. Melina lamentou não ter sua mãe ali para, carinhosamente e com paciência, pegar em sua mão e conduzi-la para dentro do oceano à seu próprio tempo. Pelo que viu, com Calisto as coisas seriam feitas do modo menos confortável.

Desfazendo o coque e deixando que as ondas de seu cabelo caíssem sobre a blusa de mangas compridas e gola alta, olhou para o céu, onde as estrelas se agrupavam de uma maneira totalmente diferente do interior de Minas. Perguntou a si mesma como sua vida tinha chegado naquele ponto. Foi de uma criança prodígio à uma sereia que não sabia direito como nadar.

Mas, não lamentava. Gostava de sua vida. Então, pulou.

"Cem metros". Foi a primeira coisa que ouviu. Não enxergava seu tio em lugar nenhum, mas, a voz dele era inconfundível em sua mente. Contudo, ele poderia estar em qualquer lugar. Cem metros de profundidade ou cem metros de distância percorrida nadando rente à superfície rumo à outra ilha. Não dava para saber. 

"Cem metros de profundidade". Ouviu novamente sua voz, sinal de que ele estava lendo seus pensamentos. A ideia a incomodava, imaginou quantas besteiras ele já não deveria ter escutado dela e estaria escutando naquele exato momento em que ela pensava no que pensava antes. Antes que surtasse no ciclo infinito, tomou coragem para descer os cem metros e encontrá-lo.

Estava muito mais cômoda em se mover debaixo d'água do que estava de manhã. Já não era tão estranho não usar o nariz e passou a movimentar a cauda com maior facilidade. Acelerou o nado e, em menos de um minuto, conseguiu avistar seu tio.

Seus olhos azuis foram a primeira coisa que ela viu. Pareciam brilhar ainda mais intensamente agora que estavam submersos. Estava em pé, se é que se pode dizer isso, com o olhar fixo nela. O semblante plácido e pálido estava emoldurado pelos grossos fios do cabelo preto que, antes, caiam pesados e naquele instante, flutuavam.

"Você é lenta." Foi o primeiro esporro que ouviu. "Precisa soltar mais o quadril e movimentar mais a nadadeira. Mas isso podemos aprimorar depois, quero ver sua resistência." 

Melina não sabia o que responder nem como responder. Apenas pensou "Ok" e assentiu com a cabeça. Não sabia se sua voz estava sendo projetada como a dele, sua mãe não havia feito aquilo. Mas Calisto acenou em concordância.

"Quinhentos metros" disse o príncipe. "Vamos."

Flexionou a cauda para perto do peito e virou com a técnica perfeita, sem sair do lugar. Sua cauda surgiu acima dele, no mesmo formato da de Melina e de Cibele, mudando apenas a cor. O preto intenso e lustroso de suas escamas fizeram com que a princesa prendesse a respiração por alguns segundos. Era simples. Era pitoresco.

Continuou a descer, tentando soltar mais como havia sido instruída, preocupando-se em perder o tio de vista conforme o oceano ia ficando mais carente da luz da lua e das estrelas. Enxergava muito bem no escuro e debaixo d'água. Melhor até do que na luz da superfície. Mas a aparência do tritão o ajudava a se camuflar.

Tomando cuidado para descer reto e não se desviar para os lados — e acabar chegando na Itália sem querer —, conseguiu alcançá-lo.

Ele a esperava com um levíssimo sorriso no rosto. Acenou a cabeça e disse:

"Mil metros. Acha que consegue?"

Melina acenou com a cabeça em resposta e tornou a descer. Dessa vez, Calisto não se apressou à frente dela. Foi nadando perto para garantir que ela estava bem. 

Quando se aproximavam da marca invisível, começou a sentir o peso de toda água acima dela. Já quase não havia luz. Apenas o brilho dos olhos do homem ao seu lado. Olhando neles, percebeu que os seus brilhavam igual e inconscientemente.

"Você pode descer bem mais do que isso." Ouviu. "O fundo ainda está há três mil metros de distância."

Queria passar uma atitude positiva, mas era impossível mentir para ele. Não conseguiu se conter de pensar "Socorro, acho que vou morrer."

Ele riu. Bolhas de ar saíram de suas narinas involuntariamente por conta disso. Acenou com a cabeça e disse:

"Tudo bem, vamos subir. Tentaremos de novo numa próxima vez."

🔆

Voltaram para casa de Rhea antes das três. Tiveram de usar a porta da frente, já que não seria possível subirem de volta por onde mergulharam. Joe deveria saber que voltariam por lá, pois estava sentado nos degraus da entrada os esperando, já arrumado para partirem, com a lira ao seu lado. O iate também já estava posicionado à espera.

— Como foi? — perguntou o semideus.

— Melhor do que eu esperava — respondeu o tritão.

— Sério? — indagou a sereia, genuinamente surpresa. — Achei que eu tinha me saído horrível.

— Não de todo. Tem bastante força no braço e um bom deslize — explicou Calisto. — Mas não deixe essa informação subir à cabeça. Ainda tem muito que aprender.

— Nossa, eu fico até aliviada!

— Escuta — falou Joe, — tu preparou a autorização pra gente entrar na prisão?

— Minha presença já não é autorização suficiente? — questionou Melina.

— Não, você não tem autoridade nenhuma antes da coroação, apenas o nome — falou o príncipe e se virou para o garoto. — E não, não preparei. Vou com vocês. Minha presença, sim, é autorização o suficiente.

Melina repetiu as últimas palavras do tio com deboche, revirando os olhos, bem humorada. Porém, Joe não parecia tão bem humorado assim.

— Não confia em mim? — ele perguntou, ofendido. 

— Sabe que sim. Mas é do meu interesse ir junto. Estou coletando algumas informações.

O rapaz concordou, satisfeito com a respota e se levantou, ajeitando a roupa.

— Informações sobre o quê? — inquiriu a garota.

— Vai saber se eu estiver certo.

— E se não estiver? — ela rebateu.

— Então você vai morrer de curiosidade. 

Joseph riu. — Cuidado, é capaz dela morrer mesmo.

— Se serve de consolo — Calisto retomou a palavra —, creio que estou certo em minha teoria.

Virou de costas e andou até o iate, dizendo, sem olhar para trás: — Vamos, crianças.

🔆

Melina nunca havia estado em um presídio. Cada ilha possuía um, mas não mostravam isso à ela durante as visitas. O de Thalássa, ficava numa área afastada do centro da cidade, os permitindo chegar com o iate gerar alarde. Era uma construção branca e triste. Séria demais, sem nenhum adorno ou cor como era costume em Anamar. Atravessaram o primeiro portão, cercado por altíssimos muros, mais espessos do que o normal e se depararam com um longo caminho de chão até a entrada. Provavelmente era para o detento não simplesmente pular na água e desaparecer. Sabia que haviam soldados à postos debaixo d'água como no palácio, mas não sabia quantos. Também não quis saber. O semblante sério das dezenas de militares que viu sob o solo já era o suficiente. Imaginou que a grande quantidade e o tamanho de seus músculos dava-se ao fato de que, uma rebelião deveria ser bem difícil de conter quando os rebeldes têm uma força sobre humana. Por isso tridentes tão grandes e afiados.

Ninguém ousou questionar os motivos da visita. Abriram os grossos portões de ferro para o que o príncipe e companhia passasem, perguntando apenas o necessário.

Não que Melina esperasse se deparar com uma masmorra, mas acho até que confortável demais. Tudo parecia limpo e higiênico. Barras reforçadas na cor cinza e celas brancas, contendo apenas uma cama que parecia confortável e um banheiro. Era relativamente espaçoso e algumas celas estavam até mesmo vazias, embasando a fala do senhor Tyro aquele dia no navio. Não tinham muitos crimes para resolver.

Porém, a frieza que não se pode sentir na pele, mas é sentida na alma a atingiu enquanto eram guiados pelos corredores das celas. Andava com os inconfundíveis cabelos brancos cobertos pelo capuz do casaco, segundo a orientação de seu tio e seu skopós. Também cobria levemente o rosto. A aparência inconfundível de sua mãe também era seu fardo. Não precisavam conhecê-la de antemão. Apenas batendo os olhos nela saberiam de quem se tratava.

Mesmo que a maioria estivesse dormindo naquele horário, queriam evitar exposição desnecessária. Nunca se sabe o que detentos insanos podem fazer. Especialmente quando alguns ali estavam presos por atentarem contra a vida dela. 

Passaram por algumas alas e chegaram à uma especial. Não havia grades, apenas espessas portas com uma única janelinha. O soldado que os guiava dirigiu-se até uma e selecionou uma chave das várias que carregava. Girou-a na fechadura e abriu a porta, revelando um senhor sentado sobre o chão, encarando o teto com ar desesperançado. A pele bronzeada e enrugada, os cabelos grisalhos curtos e despenteados. Os braços, que antes brandiam com ferocidade um tridente, caiam sem propósito ao lado do corpo. O uniforme cinza não lhe caia bem. Onde costumava usar um colete de couro, agora estava estava uma barriga proeminente e flácida.

Quando Melina abaixou o capuz e emitiu um chiado para chamar sua atenção, ele abaixou a cabeça, com a boca levemente aberta e o olhos nos olhos dela, tudo o que se podia dizer era que ele estava perdido. 

Não reconheceu a menina que havia sequestrado anos antes.

Mas a princesa, sim. O reconheceu muito bem. 

E, no fundo da sua alma, soube que o odiava.

 











                                                          

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