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CAPÍTULO XV

Automaticamente, levantou os braços para o ar e o jovem homem, rapidamente, vasculhou o cômodo com os olhos e focou sua atenção nela, ainda com a arma engatilhada. 

— Por que tá gritando? — perguntou, erguendo os antebraços com uma expressão de dúvida no rosto.

— Por que eu tô gritando? — berrou como resposta. — Por que diabos você tem uma... — Foi interrompida quando Joe avançou em sua direção.

Girou seu corpo, prendendo suas costas contra ele e tapando sua boca com uma das mãos.

— Só sua mãe sabe que eu tenho uma arma — falou ao seu ouvido —, ninguém mais precisa saber!

Acenou com a cabeça em concordância então ele a soltou. Ouviram pés correndo em sua direção, então o garoto travou a pistola e a guardou em uma das gavetas da penteadeira. Parou em frente ao móvel, com os braços cruzados, bem a tempo de um estranho grupo aparecer para socorrê-la.

Os dois guardas que vigiavam sua porta surgiram correndo no cômodo empunhando cada um o seu tridente, preparados para a luta. Junto deles, chegou Hektor, brandindo um cutelo, Thálles, segurando duas facas de cozinha e Anastasia portando uma frigideira — com mais ferocidade no olhar do que todos ali. Olharam em volta, confusos, até que um dos guardas perguntou:

Ola eín… — começou a dizer e parou para pensar um instante. — È tutto… — prosseguiu em outro idioma e novamente fez uma pausa. — Está tudo in ordem? 

Por fim, conseguiu dizer em um português quase perfeito. A princesa logo se deu conta de que a habilidade de dominar um idioma instantaneamente não era para todos.

Si, va tutto benne — respondeu o garoto loiro. — Grazie

Após Joe os tranquilizar, avisando que tudo estava bem, os três abaixaram as armas e relaxaram os músculos, mas os guardas mantiveram sua posição. Todos ainda os olhavam com um certo estranhamento, querendo entender, precisamente, o que havia acontecido.

— Como chegou aqui tão rápido? — inquiriu a ruiva.

Thálles passou seu olhar sobre Joe e, em seguida, sobre Melina e ela soube na hora o que ele estava imaginando ao flagrá-la só de camisola junto àquele rapaz vestido apenas com uma curta bermuda de moletom para dormir. 

— Mas já? — indagou, brincalhão.

Queria repreendê-lo pela indiscreta sugestão, mas se lembrou do pequeno vexame da noite anterior e concluiu que ele tinha um pouco de razão em supor tal coisa. Então, apenas cruzou um dos braços e colocou uma das mãos sobre a testa e abaixou a cabeça com vergonha. Não tanto pela noite passada, mas por toda aquela confusão que estava armada por tão pouco.

— Não! Não é nada disso seu pervertido! — Joe exclamou. — Aliás, o que faz aqui?

— Estava na cozinha esperando você acordar, cabinotto. Ainda precisamos conversar! 

— Estava na cozinha esperando a princesa acordar — Anastasia se justificou, mesmo sem ser questionada.

— Estava na cozinha fazendo almoço — Hektor também sentiu que deveria explicitar. — Esses dois estavam lá me fazendo companhia.

— Então... Pérche gritou, Altezza? — perguntou o outro guarda. — Quello aconteceu?

Melina levantou a cabeça e todos a olharam em busca de uma resposta, mas Anastasia foi a primeira a encontrá-la.

— Seu cabelo! 

Pôde ver o lampejo de entendimento passando por todos os rostos ali juntamente com alguns "Ah"s, e os guardas finalmente abaixando os tridentes. Joe abriu um largo sorriso quando percebeu do que se tratava tudo aquilo, mas não parecia estar debochando ou nada do tipo. Olhava para ela com um encantamento sincero.

— Sim. Eu só... me assustei. — Foi tudo que conseguiu dizer. 

— Bom, se já está tudo resolvido — disse o rapaz, mudando de expressão ao perceber a dela —, acho que estão dispensados. Podem voltar pros seus afazeres. E, Thálles, me espera no meu quarto que já vou.

Saíram todos, murmurando entre si em uma língua que ela não entendia e identificou como grego.

Direcionou-se à sua penteadeira e puxou a cadeira que estava ao lado de Joe. Sentou-se e encarou tristemente seu reflexo no espelho. Soltou seu cabelo, agora branco, do rabo de cavalo e o observou cair pesadamente sobre seus ombros.

— Não queria assustar ninguém — disse, melancolicamente. — Eu só… realmente não esperava por isso.

— Era só um disfarce. Ninguém que seja humano tem o cabelo naturalmente branco sem ter nascido albino, no caso — Joe explicou. — Mas de quem você achou que tinha herdado o cabelo castanho?

Era perfeitamente previsível que ele dissesse isso, ela inclusive esperava isso dele. Mas naquele momento, mais uma explicação do Sr. Sabichão, sobre o que deveria ser óbvio — mas não era —, foi o suficiente para fazer seu sangue ferver.

— E eu lá deveria adivinhar? — questionou, num tom de voz mais alto do que o de costume. — Eu não sei qual é a cor de cabelo do tal do Apolo! Aliás, eu não sei muita coisa da minha vida — prosseguiu em fúria. — Eu não sei como é minha cauda. Eu não decoro o nome da minha família. Eu não sei falar grego. Eu não entendi até agora o que desgrama é Rhíza. Eu nem sei onde fica a maldita cozinha!

Levantou-se da cadeira, direcionando seu olhar embevecido de ira para o rapaz ali em pé ao seu lado. Estava perto demais e ele não recuou. Como se lhe fizesse um convite para um combate e ele aceitasse. 

— E você sabe o porquê? — interpelou em pura cólera. — Porque eu não lembro de porra nenhuma! — pronunciou cada sílaba pausadamente. — Já que você fez o favor de apagar minha memória! 

Viu suas sobrancelhas se erguendo e em seguida seu rosto se contraindo em uma mistura de perplexidade e fúria contida. Parecia se esforçar ao máximo para manter a temperança, mas qualquer vestígio de serenidade que tinha, havia ido embora. Estavam prontos para entrar em contenda, se não fosse o movimento de um cabelo alaranjado atrás da divisória, que separava o closet do restante do quarto, lhe chamar a atenção. Seus olhos azuis se arregalaram, percebendo o que havia falado e quem havia escutado. Joe seguiu seu olhar surpreso para trás dele, se deparando com uma temerosa Anastasia. Atrás dela, o dia ensolarado já não existia e espessas nuvens de chuva começavam a aparecer, parecendo estar concentradas sobre a capital.

— Perdão por interromper, Alteza — pediu, nervosamente, saindo de trás da porta de correr. — É que meu afazer é aqui, então eu voltei.

— Você não vai contar pra ninguém o que ouviu. — O tom do jovem era incisivo e não abria espaço para uma resposta que não fosse a que ele queria. — Ou vai? 

— Não, senhor!

— Ana, me desculpe, mas não dá pra acreditar — falou, abaixando o tom de voz para falar com sua serva. — Você é meio…

— Fofoqueira — completou o garoto. — Descobri mais sobre a vida desse povo em uma noite conversando com você do que morando aqui por seis anos. 

— Bom, nenhum deles me pediu segredo. Se me pedem para não falar nada, eu não falo — Anastasia contra argumentou em defesa própria. — E, princesa, com todo respeito, mas não é como se eu já não desconfiasse. 

— Ok, mas então eu tô pedindo — respondeu Melina. —  Por favor, não conta pra ninguém. 

— Tudo bem, não conto. Juro por todos os deuses! — falou de forma tranquilizadora. 

Soltaram o ar, aliviados ao ouvir o juramento, já que ela parecia levar bem a sério a sua devoção aos deuses. Entreolharam-se, não se esquecendo do princípio de desentendimento de minutos atrás. Ela já havia se arrependido do que dissera, mas não estava com disposição ou paciência para continuar aquela conversa naquele momento. 

— Vou tomar banho — comunicou, entrando na porta ao seu lado antes que alguém falasse mais alguma coisa.

🔆

Observava a banheira, receosa, enquanto ela enchia. Era grande demais, obviamente para abrigar uma cauda. Imaginava se o seu mais novo cabelo seria um sinal de que sua cauda também surgiria assim que entrasse na água. Esperava que não. 

Despiu-se, tomando coragem para enfrentar a realidade, qualquer que fosse ela. Porém, para seu alívio, nada aconteceu.

Desejava uma boa chuveirada, mas ali não havia uma ducha. Então, só lhe restava afundar na grande bacia e lamentar sua própria sorte. Sabia que havia passado do ponto ao descontar sua raiva no pobre garoto que, aparentemente, só queria o seu bem. Não é como se ele tivesse tomado essa decisão sozinho, por certo sua mãe teve a palavra final. Além do que, por mais que detestasse não saber de nada, parte dela era grata pela benção da ignorância durante tanto tempo. Se não fosse por isso, com certeza teria enlouquecido antes dos quinze anos. 

Também havia exagerado ao dizer que não se lembrava de nada. Mesmo que fosse apenas uma, definitivamente aquele sonho era uma memória. Ansiava para que suas memórias estivessem de volta o mais breve possível, depositava nisso a sua esperança de que tudo faria sentido e metade dos seus problemas seriam resolvidos ao se lembrar de quem era. Infelizmente, só fez piorar sua situação. Definitivamente não se sentia a princesa Melina, filha de Apolo, que todos conheciam, amavam e desejavam ter de volta. Em sua cabeça, ainda era a Melissa Nascimento, uma jovem mineira agnóstica. Sentia-se como uma impostora na própria vida. 

🔆

Saiu do banheiro, enrolada no roupão de banho, com uma toalha na cabeça, e reparou que Joe já não estava lá. Mas ali estava Anastasia, parada em frente a porta fechada do closet, aparentando certo nervosismo. 

— Senhora, espero que não se importe, mas o senhor Joseph pediu que eu a chamasse. — Afastou-se para o lado, empurrando a porta e revelando a pessoa sentada em sua cama. 

— Está tudo bem? — perguntou a rainha Cibele. 

— Por que não estaria? — rebateu a pergunta, aproximando-se dela. 

— Acredito que esteja acontecendo muita coisa nessa sua cabecinha. Eu estranharia se dissesse que tudo está bem. 

Respirou fundo. Realmente não estava a fim de uma conversa profunda entre mãe e filha mas aquela mulher ali não aparentava deixar nenhuma opção de escapatória. Bateu com a mão direita no colchão, a convidando para se sentar ao seu lado e Melina decidiu que o melhor a fazer seria poupar desgaste e ceder. 

— O que aconteceu? — perguntou gentilmente, após a menina se acomodar na cama.

Em resposta, retirou a toalha da cabeça, deixando os cabelos brancos caírem molhados sobre seu pescoço e roupão. Cibele sorriu, surpresa, e acariciou uma das mechas. Em seguida, voltou seu olhar para a filha e indagou:

— Não gostou da cor? Pode pintar, se esse for o problema. 

— Não é isso. Eu só… fiz uma tempestade em copo d'água.

— Tipo aquela ali fora? — perguntou, apontado para a vista atrás dela onde nuvens cinzas ainda se faziam presentes, escurecendo o ambiente.

— Eu fiz isso? — indagou, confusa.

— Fez. Mas isso é o de menos. — Gesticulou com a mão, como se aquilo não fosse nada e a formação nebulosa começou a se dissipar. — O que me interessa não é a tempestade, mas sim, o que te levou à ela.

Seus olhos pousaram sobre os dela de maneira inquisidora e amorosa, de maneira que Melina não conseguia desviar o olhar ou disfarçar o que sentia. Pensou no que ela disse, com os olhos, involuntariamente, se enchendo de lágrimas. Até então, não havia parado para refletir qual era a real questão por trás de toda a sua perturbação. Mas agora sabia.

— Eu não sei quem eu sou — proferiu com a voz embargada.

Começou a chorar copiosamente, quando Cibele a puxou para um reconfortante abraço. Seu toque era afável enquanto acariciava seus cabelos ainda molhados em silêncio. Afastou-se um pouco, secando as lágrimas da bochecha da filha, a olhando de maneira afetuosa.

— Eu não sinto... Não acho que eu seja quem você espera que eu seja. 

— Você é minha filha. Quem eu mais amo nesse mundo. E isso é tudo que importa.

— Mas...

— Não existe "mas" — interferiu, dizendo. — Escuta, Mel, eu sei que você não é a mesma garotinha que saiu daqui há doze anos atrás. Sei que perdi boa parte da sua vida. Não pude te ver crescer e amadurecer. Não sei se sua comida preferida ainda é tzatziki, se ainda gosta de cantar ou se sua cor favorita continua sendo azul. 

Sua voz era carregada de ternura e seus olhos também começavam a ficar marejados.

— Eu entendo isso — continuou. — Mas eu quero ouvir você me contar com esse lindo sotaque tudo o que aconteceu nesses últimos anos. Sobre as pessoas que você ama no Brasil, o que gosta ou odeia, o que pensa sobre a vida e todo o resto. Eu estou louca para conhecer a mulher que você se tornou. 

Sorriu sem graça. Não sabia como reagir diante de grandes demonstrações de amor.

— Minha cor favorita é vermelho — contou e a rainha pareceu entender o que ela quis dizer. 

Riu levemente — Bom, acho que teremos muito tempo para conversar. Mas creio que agora seja hora de se arrumar.

— Reunião?

— Reunião... — disse, afirmando com a cabeça. — Mas, antes disso, poderíamos almoçar juntas! O que me diz?

— Pode ser.

— Se importaria se seu tio e Agatha também viessem comer conosco? Pedi para que o almoço fosse servido separadamente pois imaginei que estaria cansada da noite passada. Mas acho que podemos aproveitar esse momento em família. O que me diz?

— Hã... Tudo bem.

— Ótimo! — exclamou, animada. — Anastasia? — chamou e a criada saiu do closet onde estava. — Poderia, por favor, avisar ao Hektor que eu, Calisto e Agatha comeremos aqui? Se também puder pedir para chamá-los, eu ficaria grata.

— Claro, Majestade! — Se curvou levemente em reverência e saiu do quarto

— E, agora — perguntou, se virando novamente para a filha —, o que deseja vestir?

🔆

Acabou descobrindo que eles, definitivamente, não haviam parado no tempo. A rainha Cibele lhe explicou que só usavam os trajes da noite anterior em ocasiões especiais, como feriados religiosos, festas sagradas ou cerimônias oficiais e, com o retorno dela, toda a nação estava em festa. Melina achava extremamente desconfortável a ideia de ter todo um país festejando por sua causa, mas ficou feliz em saber que pelo menos pôde proporcionar um dia de folga para todos. Porém, a rotina já havia voltado ao normal em Anamar e, naquele dia em especial, deveria se vestir formalmente.

Encarava suas novas roupas — algumas grandes demais, outras pequenas demais, mas, no geral, Cibele havia deduzido bem como ela estaria atualmente —, sem saber direito o que escolher. Para sua tristeza, ali não havia jeans, nem tênis. Nenhum cropped e quase não havia shorts ou camisetas comuns. Tentava se conformar com o fato de que agora era da realeza e não poderia andar por aí vestida como se estivesse indo tomar um sorvete no shopping. A maioria das peças ali faziam o estilo clássico e elegante, e eram bem coloridas. Para o dia a dia, a maior parte consistia em vestidos, saias e blusas soltas — sua mãe disse que detestavam qualquer coisa os apertando — de tecidos que ela não fazia a menor ideia do que eram, mas pareciam refinados. De acordo com Cibele, a esmagadora maioria do que usavam era produzido em Anamar, na ilha de Térpsis, e apenas algumas poucas coisas, geralmente sapatos, eram importados do mundo exterior.

A confortando do seu medo de ter que se vestir como uma senhora rica e careta, quase tudo ali possuía fendas ou decotes um tanto reveladores, além de não ter a obrigatoriedade de ser abaixo do joelho. A própria rainha estava trajada com um requintado macacão azul, cujo decote ia até meado da barriga e um casaco do mesmo tecido jogado sobre os ombros apenas para compor o look. Segundo ela, pagavam um preço alto demais para usar livremente as pernas, não as esconderiam apenas por uma convenção social humana do que era ou não decente. Além disso, todos ali estavam acostumados demais a ver o peito desnudo um do outro para se importar com um decote.

Nada ali fazia muito o seu estilo, mas decidiu dar uma chance. Com a ajuda de sua mãe e de Anastasia, que havia voltado, escolheu duas das poucas coisas pretas que havia ali: um vestido blazer na altura das coxas e uma bota de cano alto, que ia até acima dos joelhos. Cibele disse que iria conversar com Joe um pouco antes do almoço e saiu do quarto, deixando apenas as duas garotas.

Sentou-se na penteadeira enquanto a menina secava seu cabelo. Assistia pelo espelho, tentando se acostumar com sua nova aparência. Seus olhos sempre foram o que mais chamava a atenção em seu rosto, mas, agora, seu cabelo branco roubava a cena. Não odiava. Na verdade, sabia que agora, mais do que nunca, estava quase idêntica a sua mãe e, ser parecida com quem deveria ser a mulher mais bonita da face da terra — e do oceano — não era uma coisa ruim. Deixou o cabelo solto, com as ondas brancas contrastando com o tecido preto. Depois de alguns minutos encarando o próprio reflexo, começava a achar seu novo visual bastante equilibrado.

— Se me permite dizer, Alteza, eu gostei bastante do seu cabelo assim. 

— Obrigada. — Agradeceu, sinceramente. — Eu só gostaria de saber disso antes. Não teria pagado tão caro pra iluminar esse cabelo se soubesse que era só um disfarce. 

A garota riu, finalizando o preparo. 

— Anastasia — disse, se virando para trás na cadeira —, posso te pedir uma coisa estranha? 

— Claro! — respondeu, alegremente. — O que deseja? 

— Posso ver a sua cauda? 
















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