CAPÍTULO LVII
A porta atrás de si fechou com um estrondo, fazendo vento o suficiente para movimentar seus cabelos e barulho o suficiente para fazê-la tremer.
— Em pessoa! — esboçou um cumprimento formal, como se fosse apenas um senhor passeando em um parque. Contudo, sua pele lívida e acinzentada denunciava que não havia uma gota de humanidade nele.
— Linda — ouviu a voz de Joe a chamar, seguida de batidas na porta —, o que aconteceu?
Hades levantou uma de suas sobrancelhas para ela, como quem pergunta "não vai responder?".
— Nada — mentiu. — Está tudo bem.
— É óbvio que não tem nada bem. O que que tu tem? — insistiu o semideus.
— Eu estou bem — reafirmou, sem desviar os olhos da divindade. — Eu... quero ficar um pouco sozinha.
Um longo período de silêncio se seguiu antes de Joseph ordenar:
— Melina, abre essa porta ou eu arrombo.
Hades, tranquilamente, gesticulou com a mão para que ela abrisse e ela obedeceu, reunindo coragem para ficar de costas para o rei do submundo. Abriu a porta e encontrou Joe parado com uma das mãos pousada cós da bermuda, preparado para atirar em qualquer coisa que parecesse ameaçadora.
Não precisava olhar para trás para saber que ele não via Hades ali.
— O que veio fazer aqui? — ele questionou.
— O mesmo que eu faço todos os dias.
Joe investigou a sala com os olhos outra vez. — Com quem você estava falando?
— Com ninguém. Não tem ninguém aqui.
— Eu ouvi tu falando com alguém, Linda. — Não deixou espaço para ser desmentido.
— Estava reclamando sozinha. Preciso me acalmar antes de voltar para nossa briga.
A fala o pegou desprevenido, desconcentrando-o da razão pela qual estava ali.
— Nós estávamos brigando?
— Sim. E sugiro que volte para o quarto e prepare seus argumentos! Quando eu me acalmar, eu e você vamos ter uma conversa muito séria — fez menção de fechar a porta. — Agora, se me dá licença, preciso de um minuto de paz! — fechou a porta na cara dele e virou-se novamente na direção oposta, ainda encostada na madeira, com a mão na maçaneta, mesmo que sabendo que a porta não abriria se assim Hades não o quisesse.
Encarou-o em silêncio por algum tempo. Engoliu em seco. Não tomaria a palavra. Não quando seus olhos cor de ébano estavam fixos sobre ela.
— Quando eu te ouvi — enfim ele começou a dizer —, em frente ao meu templo, não acreditei que estivesse falando sério. Mas acontece que você estava — vasculhava-a com o olhar, como se ela fosse a coisa mais intrigante sobre a terra. — Me traz narcisos todos os dias e reza como se eu fosse o deus mais bondoso do panteão.
— Sou uma mulher de palavra — atreveu-se a dizer.
A verdade era que: depois de ter chegado à conclusão que chegou, temia suscitar a ira do deus ao deixá-lo apenas como um enfeite.
Hades sorriu com os lábios, sem humor.
— Deve estar se perguntando o que faço aqui. Certamente, não vim aqui apenas para passar o tempo. E você sabe disso. Só está aterrorizada demais para questionar qualquer coisa — gargalhou secamente. — Aprecio o seu temor. Estou aqui para te dizer algo simples: estou aberto a um acordo.
— Que tipo de acordo? — Sua pergunta saiu quase como um sussurro.
— Vai precisar de mim. Ainda não sabe disso, mas vai. E, quando precisar, estarei disposto a te ajudar. Por um preço, é claro. Nada que não possa pagar.
— O que eu teria que poderia ser do seu interesse?
— Fibra. Gosto disso.
Não saberia dizer se ele estava sendo sarcástico ou não.
— Não pode estar disposto a me ajudar só porque simpatiza com minha personalidade. Qual é o seu interesse? — perguntou com cuidado.
— Eu tenho muitos interesses.
— Pode citar um?
— Posso lhe contar uma breve história? — rebateu com outra pergunta. Melina não tinha certeza se tinha escolha que não fosse concordar. — Um dia, esse homem veio até mim, me convocou depois de me adular por meses. Murmurava qualquer coisa sobre suas insatisfações pessoais. Nada que me importe, na verdade. Mas ele tinha um sonho, um sonho nobre. Destruir Anamar. E eu pensei: por que não? Naquela época, aquilo era do meu interesse. Ver o seu povo brincando de casinha por milênios com a minha família... de fato, me irritou. Então, como você já sabe, eu acordei a Hydra e a enviei direto para destruir esse lugar, pedra por pedra; não funcionou, obviamente.
Queria comemorar o fato de estar certa em sua teoria, mas não ousaria se mexer mais do que o necessário para respirar.
— Agora — prosseguiu Hades —, ele veio me implorar por ajuda outra vez. Disse que os monstros que foram acordados há vinte e seis anos atrás estão cada vez mais perto. Eu disse que deixasse que chegassem até aqui. Não era isso o que ele queria? Acontece que não é mais. Agora, ele quer preservar esse lugarzinho desprezível. Vê, Melina? Lhe falta fibra. Não gosto de firmar acordos com pessoas voláteis.
— Eu não sei qual é a ideia que tem de mim — pronunciou cada palavra como se fossem bombas prestes a explodir —, mas eu não vou fazer um acordo que envolva destruir a minha nação.
— Eu nunca disse isso. Mas saiba de uma coisa: é engraçado assistir você bancar a heroína, com tanta convicção de que sabe o que está fazendo quando, na verdade, está completamente alheia ao que acontece à sua volta.
Melina não respondeu nada. O terrível pânico de estar completamente errada sobre tudo começou a se apossar dela, sem nenhuma pressa, matando-a aos poucos.
— Quando chegar a hora, e ela vai chegar — prosseguiu Hades —, tudo o que tem que fazer é chamar pelo meu nome. Estarei de ouvidos atentos.
Sem dar tempo para que ela respondesse ou mesmo pensasse a respeito, desfez-se em sombras cujo odor se igualava à morte, deixando-a sozinha, fitando a estátua do ser que acabara de falar com ela cara a cara.
Saiu do ambiente após alguns minutos. Foi até a cozinha, em busca de algo para comer, e se deparou com Joe, colocando suco em um copo, com a geladeira aberta. Ele começou a se explicar antes que ela pudesse falar qualquer coisa.
— Olha, Linda, eu sei que tenho agido estranho. Mas eu juro que é por um bom motivo.
— Posso saber o motivo? — perguntou, um tanto desinteressada, caminhando até a geladeira.
— Espero que nunca tenha que saber — afastou-se e se encostou na bancada.
— É porque eu discordaria de você, não é? — agarrou uma caixa de uvas e fechou a geladeira, encostando as costas na porta do eletrodoméstico.
— Sim. E, provavelmente, conseguiria me convencer a aceitar seu ponto de vista.
— Então, já tem a noção de que está errado? — arqueou uma sobrancelha.
— Eu quero estar errado. Mas eu não acho que estou.
Não estava com tanta disposição para debater aquilo, não naquele momento. Mas, já que já estavam conversando, levaria o assunto até o fim.
— Por quanto tempo vai usar um cinto de castidade?
Ele riu. — Eu não estou usando um. Quem está usando é tu.
Melina revirou os olhos. — Tá, que seja. Quanto tempo?
Negou com a cabeça, vagarosamente. — Até eu ter certeza de que está tudo tranquilo.
Melina respirou fundo. — Ainda não faz nenhum sentido, mas, tudo bem. Prometo não te provocar. Propositalmente — acrescentou.
Ele a revistou com o olhar. — Bah, que bicho te mordeu?
— Uai, por que a pergunta?
— Concordou muito fácil.
— O rei do inferno apareceu aqui — contou como se estivesse contando que a previsão do tempo diz que vai chover.
Ouviu o som do copo se estilhaçando no chão. Olhou para baixo e viu o suco de laranja se espalhar pelo piso lentamente.
— A gente tem que parar de quebrar copos — constatou, enquanto comia uma uva com preguiça.
— Por que não me falou nada? — quase gritou.
— E o que você poderia fazer? Se ele tivesse que matar alguém, que morresse só eu. Não precisava de você lá, em risco também.
— É claro que precisava! Linda, essa é minha única função na vida. Não pode me proibir de me colocar em perigo para te defender.
— É claro que eu posso. Você faz a mesma coisa comigo. Por que eu não poderia?
— É diferente e tu sabe!
Não podia negar. — Não adianta discutir isso agora. Ele já foi embora.
— O que ele queria? — inquiriu agitado.
Melina respirou pesadamente, batendo a parte de trás da cabeça na porta da geladeira, encarando o teto.
— Me propor um acordo. — Não precisava olhar Joseph no rosto para saber que seus olhos estavam arregalados.
Contou-lhe tudo o que havia conversado durante aqueles poucos — e aterrorizantes — minutos que passou na presença de Hades. Não escondeu nada dele. Nenhum de seus medos. Precisava mais do que nunca que ele a amparasse e lhe dissesse que tudo ficaria bem. Mesmo que já não parecesse.
— Ainda temos uma semana — dava o seu melhor para tranquilizá-la. — Vamos conseguir as provas que precisamos.
Suspirou mais uma vez. — Ainda temos uma semana...
☼
Uma semana se passou e com ela veio o terror.
Havia dito que, mesmo sem nenhuma prova, acusaria Tyro formalmente. No entanto, já não tinha tanta certeza. Queria fazer aquilo. Mais do que tudo. Porém, não haviam encontrado nada que pudesse ser uma prova definitiva e inquestionável contra o senhor de Mínyma. Joe tinha fé. Contudo, Melina sabia que tudo o que haviam encontrado era meramente circunstancial. Sabia que era presunção achar que, se ela e seu skopós não haviam conseguido nada, a justiça de Anamar também não conseguiria.
Temia pelo que aconteceria caso nada fosse provado. Pensou que poderia compartilhar com Calisto sua memória do encontro com Hades, porém, o deus tinha feito questão de não citar nenhum nome. De nada adiantaria. Então, o que aconteceria depois de feita a acusação? Tyro ficaria zangado e partiria para o ataque? Seria intimidado e não agiria de modo que levantasse mais suspeita? Não tinha como saber.
Por isso, mesmo que o grande dia houvesse, enfim, chegado, estava mais nervosa com toda aquela situação do que com a coroação, em si. Sabia que se sairia bem. Já havia repassado a apresentação até que estivesse perfeita. Calisto havia aprovado. Cibele havia ficado impressionada. A pobre Chloe já estava exausta.
De modo nenhum encerraria aquela noite sem uma coroa na cabeça.
Todavia, o dia seguinte a assombrava.
Como um fantasma pairando sobre aquele quarto. Podia sentir o gosto do medo em sua língua. Azedo com fel. Envenenando-a no que deveria ser um dos melhores dias de sua vida.
Estava consciente das mãos de Anastasia, hidratando seus braços com óleos perfumados. Do vestido que usaria pendurado no cabide. Da lira em sua parede, desafiando-a a tentar. Porém, sua mente não estava ali.
Quando já estava devidamente vestida, penteada e maquiada — havia insistido nesse último ponto —, olhou pelo espelho e viu que os olhos castanhos de Anastasia estavam cheios de água.
— Você está chorando? — perguntou rindo, distraindo-se um pouco.
— É uma ocasião mais do que especial! E, também, eu sou emotiva — deu de ombros. — Vou chamar o senhor Joseph. Ele vai desmaiar quando vir a senhora.
Melina riu mais uma vez. — Será que ele já está pronto?
— Com certeza deve estar! Vou chamá-lo e, quando chegar a hora, venho chamar vocês dois para irem.
Melina assentiu e Anastasia saiu do quarto. Ele mesma não havia saído de seus aposentos o dia inteiro. Seria a grande aparição do dia, deveria esperar o momento certo para sua grande entrada. Tentou imaginar como estaria a decoração e como as pessoas estavam vestidas, numa tentativa de se acalmar.
— Tu realmente ama um decote, não é? — A voz do semideus a tirou de seus devaneios.
Usava o mesmo estilo de traje do dia do seu retorno à Anamar. Os bordados dourados em alto relevo, sobre o tecido preto, realçavam seus cabelos. E Melina amava vê-lo naquela cor. Não que fosse raro vê-lo de preto, na verdade, era o tom predominante em quase tudo o que usava. Mesmo assim, sempre tomava o tempo devido para apreciação.
— Falando desse jeito, eu chego a pensar que está reclamando — arqueou uma sobrancelha.
— Jamais! — ergueu as mãos ao ar em sinal de paz. — Meus olhos são abençoados toda vez.
Melina gargalhou e deu uma volta, olhando-se no espelho. Seu vestido era prata, como o luar em forma líquida, e brilhava de modo gracioso. Suave, não grosseiro. Havia optado por um corte evasê, com direito à uma pequena cauda, que se arrastava de modo imponente conforme ela andava. De fato, amava um decote. Aquele, em específico, se estendia até um palmo acima de seu umbigo. Também amava fendas, mas não as quis naquele traje para equilibrar com toda a pele revelada na parte de cima. Suas costas estavam praticamente nuas. Tiras do tecido cruzadas de modo a formarem um sol, cujos raios se conectavam com a parte da frente, com os ombros e com o começo da saia.
Em seus ombros, trazia ornamentos feitos de conchas, aquamarines e pequenos diamantes. Para combinar com seus olhos e com sua futura coroa. Suas mangas longas e bem abertas nos punhos lhe davam um "que" de majestade. Os cabelos bem ondulados e definidos estavam contidos em um penteado preso e levemente folgado, preparados para a tiara que iria ali em algumas horas.
— Não pareço filha do deus do sol. Pareço uma deusa da lua.
Ele se achegou à ela envolvendo sua cintura com um braço, puxando-a para perto, colando seus quadris e, com a outra mão, alisou seu rosto.
— Sou obrigado a discordar. Tu é o meu sol.
Deu-lhe um beijo demorado na testa.
— Não ganho um beijo na boca? — fez um biquinho.
— Não quero borrar seu batom. — Melina gargalhou, mas teve de concordar. — Também não quero estragar seu grande dia, mas arrisco dizer que tem alguma coisa te preocupando — afastou-a para olhar em seus olhos — e não é a coroação, é?
Ela negou com a cabeça. — Não quero falar sobre isso agora. Hoje vai ser perfeito. Estou tentando deixar o amanhã para amanhã.
— É uma boa filosofia.
Riu nervosamente. — O difícil é colocar em prática.
Ouviram batidas na porta e focaram os olhos nela, aguardando quem entraria. O coração de Melina se inundou de paz quando viu que era sua mãe quem estava ali. Perfeita como sempre, trazia a grande coroa real já sobre sua cabeça. O amontoado de conchas, pérolas e cristais não deveria pesar menos de um kilo e meio. Mas, não era nisso que Melina estava focando. Olhava para o sorriso de Cibele e para a caixa preta que ela trazia em mãos.
— Interrompo? — perguntou a rainha. Eles negaram com a cabeça e Cibele andou até a filha. — Você está deslumbrante! — colocou a caixa sobre a cama e a abraçou. — Mal posso acreditar que esse dia chegou!
— Vai por mim, eu também não acredito — brincou e saiu do abraço. — Já está na hora de ir?
— Ainda não — respondeu Cibele. — Quis passar aqui antes para te dar um presente.
Pegou novamente a caixa, ao que tudo indicava, tratava-se de uma joia. Sua suspeita foi confirmada quando a rainha abriu o objeto, revelando um colar de ouro, um tanto espesso, no formato de um sol, de cinco centímetros e, em seu centro, havia uma safira.
— Seu pai me deu isso quando você nasceu. — Melina levou um tempo para perceber que Cibele falava de Apolo e não de Nicolao. — Me disse que era para te entregar na sua coroação. — Uma lágrima escorreu por sua bochecha. — Finalmente eu posso ter a honra.
De repente, aquele enfeite passou a ter um peso maior em seu coração. Mesmo que Apolo não estivesse ali, pelo menos, sabia que ele se importava o suficiente para já deixar um presente preparado. Também não poderia mensurar o quanto aquilo deveria ser significativo para sua mãe. Cibele nunca admitiria, mas Melina sabia que, por no mínimo uma vez, sua fé em que ela voltaria ao lar deveria ter vacilado. Mas agora estava ali. Reunida à sua família, enfim. Com toda a nação aguardando em expectativa.
Aquele dia seria perfeito. Não daria a ele outra alternativa.
Deixou que Cibele colocasse o cordão em seu pescoço, mesmo com Joe dizendo que não combinaria com o restante do look. Aquilo não importava.
Despediu-se de sua mãe e continuou em seu quarto, aguardando o momento em que seria chamada, jogando conversa fora com Joe, resistindo à tentação de deitar na cama para não estragar o penteado.
Quando o pôr do sol se aproximava, por fim, alguém veio chamá-los. Soube que não era Anastasia porque a porta começou a ser aberta antes de qualquer batida.
— Toc toc — disse Nicolao, depois de já estar dentro do quarto. — Está na hora. Vim escoltar minha princesinha que agora vai ser uma princesa de verdade.
Se ele não estivesse fazendo um esforço tão grande para disfarçar as lágrimas, Melina até faria um comentário sarcástico, mas resolveu deixá-lo em paz. Tiraria sarro da cara dele em outra hora. Tomou fôlego e sorriu, levantando-se e indo encontrá-lo na porta. Joe lhe deu um beijo na bochecha (sob o olhar furioso de Nicolao) e despediu-se com um "te vejo lá". Esperaram mais alguns minutos, para dar distância do rapaz e se puseram a caminho.
Os guardas que ficavam à sua porta já estavam à espera para escoltá-los. Mesmo do interior do palácio, já podia se ouvir o som dos instrumentos de corda e o barulho das pessoas que haviam sido convidadas para assistir a coroação. Um nervosismo — do tipo bom — começou a mexer com as estruturas de Melina.
Ao chegarem às portas principais — que conectavam a área privada ao restante da construção —, os guardas pediram que esperassem ali. Saíram e comunicaram algo aos guardas que estavam do lado de fora e, então, retornaram, pedindo para que eles se posicionassem às portas. Melina deu um último suspiro e ajeitada no vestido antes que estas fossem abertas.
Quando foram, ela se deparou com a multidão de gente que a aguardava, afastados pelos guardas que formavam um corredor até a sala do trono. Cada um com seus melhores trajes, segurando taças de champagne, pararam assim como a música. Aos poucos, todos os olhos pousaram sobre ela. Alguns sorrisos incentivadores, outros deslumbrados, outros um tanto sarcásticos. Tentou ignorar esse último tipo enquanto caminhava rumo às pessoas que decidiram seu destino.
Passou por todos de cabeça erguida, cumprimentando apenas alguns conhecidos, como Victoria, irmã de Kallias, que parecia estar mais empolgada do que ela. Seus irmãos, Agustus (que deu uma aceno de cabeça motivador), Ikaro (que não esboçou nenhuma reação) e Thálles (que estava ao lado de Anastasia, fazendo um "joinha" em dupla), também estavam lá. Foi de cabeça erguida, também, que entrou na sala do trono, onde todos a esperavam de pé. Todos os senhores e senhoras de ilha estavam lá, seis em cada lado da sala. Joe estava enfileirado junto deles. Doris e Aristeu também estavam ali, em pé, no centro, abaixo do trono, julgando-a mesmo sem dizer uma única palavra.
Cibele estava cinco degraus acima deles, em frente ao seu trono, segurando um imponente tridente, contendo um sorriso para aparentar imparcialidade. Agatha estava à sua esquerda, ameaçadora como sempre. Calisto estava à sua direita, usando sua coroa oficial — pequenos cristais cor de grafite e quase translúcidos, envolvidos pela base de ouro branco, que havia sido moldado e tiras que lembravam o movimento das ondas — minimalista como ele.
Sua tiara esperava por ela em uma redoma quadrada, transparente, sobre uma almofada de veludo azul. Não podia ver seus detalhes de longe.
— Tenho que esperar do lado de fora — Nicolao lhe disse —, mas te vejo em alguns minutos. Vou estar na platéia torcendo por você! — deu-lhe um abraço rápido e apertado e se retirou.
Tornando a olhar para frente, caminhou até estar a um metro e meio de Doris e Aristeu, que perguntou: — Está pronta, criança?
— Nasci pronta — respondeu com o nariz em pé. Talvez não devesse ousar ser tão petulante, mas aqueles dois nunca haviam lhe descido, desde que era (realmente) uma criança. Percebeu, pelo canto do olho, que Chloe esboçou um sorriso. Era uma professora orgulhosa de sua aluna.
Os dois viraram o rosto para trás, para Cibele, que acenou positivamente com a cabeça.
— Nesta tarde, testaremos Melina, filha de Apolo. Se for tida como digna, que seja feita realeza — pronunciou Doris, alto o suficiente para que todos ali ouvissem. — Que comece a coroação!
**********************************
Dois recados importantes:
1. Esqueci de avisar que tem um link no meu perfil, é de uma pasta no Pinterest com referências visuais que usei pra imaginar Anamar.
2. De agora em diante é só surto. 🙃
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro