CAPÍTULO LI
Ele levantou-se de súbito e sentou desajeitadamente, a encarando com os olhos arregalados, nem mesmo atrevendo-se a piscar.
— Por quê? — foi a primeira coisa que ele conseguiu dizer. Por algum motivo que Melina desconhecia, a ideia lhe parecia perturbadora demais.
— Como assim "por quê"?
— Por que acha isso?
Melina respirou fundo. — Hoje de manhã, meu primeiro pensamento foi que um dia você me disse que um dos seus sonhos aleatórios é ser pai de uma menina. E aí eu pensei que, se tivéssemos uma filha juntos, o nome dela poderia ser Arabella, porque é a sua música favorita.
Ele deixou o queixo cair, involuntariamente, e logo sacudiu a cabeça, tentando recobrar os sentidos.
— Eu sei, uma merda, né? — confessou ela.
— É uma merda achar que tá apaixonada por mim? — Apesar da fala presunçosa, não havia soberba em sua voz, apenas uma sincera confusão.
— Tá, eu vou ser honesta. Eu não acho, eu tenho certeza absoluta — admitiu e levantou do cama, recolhendo todos os produtos para guardá-los. Era bem óbvio que a manhã agradável estava encerrada. — Mas, não se preocupe, eu não vou perturbar a sua paz com isso. Vou dar o meu jeito e tudo vai voltar ao normal. Na verdade, eu nem queria te dizer isso, só saiu. Então... — parou em frente a ele, com os braços cheios. — É, pode esquecer o que eu te disse — sorriu e caminhou em direção ao closet.
— Não é o tipo de coisa que se esquece — ele gritou quando ela fechou a porta.
— Então finja que esqueceu — gritou de volta, largando tudo sobre a penteadeira —, senão vai ficar um clima estranho entre a gente, já que eu sei que você não tem a menor intenção de retribuir qualquer sentimento.
— E eu vou querer saber como tu pretende dar um jeito nisso? — ouviu a voz dele soar mais próxima, deduziu que ele estava rente à porta.
— Eu vou chorar todas as noites antes de dormir, vou ouvir Taylor Swift, te xingar por ser o inimigo número um do amor, me xingar por ser ridícula, depois eu vou fingir que tudo isso não passou de um grande surto coletivo e a gente vai rir disso no meu casamento com outra pessoa.
— Puta que me pariu, Melina! Abre essa porta pra gente conversar direito?
— Eu não quero conversar sobre isso. Vai embora! — berrou como uma ordem.
— Tem certeza?
— Some daqui! — esbravejou, num tom bem mais alto do que o necessário.
Jogou-se melancolicamente sobre o carpete, contemplando a própria miséria.
Encarou o teto por alguns minutos, segurando todas as lágrimas para não estragar a pele já pronta. Não sabia como tudo aquilo tinha acontecido nem o que havia dado nela, porém, não tinha mais como voltar atrás.
Ouviu um "toc toc" e sentou-se com expectativa.
Não disfarçou a decepção quando viu longos cabelos ruivos, presos em uma grossa trança e enfeitados com uma coroa de flores, entrarem no recinto.
— Está na hora de se... — fez uma longa pausa. — A senhora está bem?
— Ele foi embora? — questionou ao invés de responder.
— Quem foi embora? — a menina olhou para trás.
— O Joe.
— Não estava aqui quando eu cheguei.
— Filho da puta... — murmurou.
— Ele deveria estar aqui? — perguntou confusa. — Ele deve estar se arrumando ou...
— Eu disse pra ele ir embora.
Anastasia não ousou questionar, mas não conseguiu disfarçar o olhar preocupado com a sanidade mental de Sua Alteza.
— A porta não tava trancada, Ana. Não era pra ele ter ido embora!
— E... o que a senhora vai fazer agora?
☼
— Cabinotto? — ouviu Thálles o chamar e pulou do sofá no qual estava estirado.
— O que tá fazendo aqui? O teatro não vai começar em... — consultou o relógio que trazia no punho — dez minutos?
— Imaginei que você não estaria lá — deu de ombros. — Vim te fazer companhia, mas pelo visto você já começou a festa sem mim — esticou o pescoço para o lado, avistando a garrafa de vinho que estava sobre a mesa de centro.
Entrou no quarto sem muita cerimônia, dirigindo-se diretamente à bebida.
— Dorothea disse que você deveria ir e mijar na estátua do seu pai.
— Hm... não sei se já tô bêbado o suficiente — fechou a porta.
Thálles pegou a garrafa e a sacudiu. — Diz isso pro único gole que sobrou aqui.
Joe deu de ombros. O filho de Nicolao respirou fundo e ajeitou seu blazer. Sentou-se sobre a mesinha e juntou as mãos sobre o joelho, posicionando-se como se estivesse prestes a dar orientação a um aluno desordeiro do ensino médio.
— Veja bem — ele começou a dizer —, eu sei que é difícil estar em um ambiente onde todos idolatram uma figura odiosa. Mas você não pode fugir disso pelo resto de sua vida.
— O quê? — franziu o cenho. — Ah! — exclamou por um longo tempo. — Tu acha que eu tô mal por isso? Não, já me acostumei.
— Então... qual o motivo de estar se afogando em álcool?
— É dia de festa!
— Não me parece estar festejando.
Joe não respondeu nada. Apenas resmungou e se jogou deitado no sofá.
— Anda... pode desabafar comigo. Há quantos anos trabalhamos juntos? Eu te conheço, cabinotto. Me deixe te ajudar.
— Na verdade, tu trabalha para mim.
— De qualquer forma, eu sou mais velho, mais sábio.
Joe gargalhou. — Não sei se tu seria o melhor conselheiro. Tu troca de namorada a cada três meses. Na verdade, eu nem sei se tem tanta gente assim pra namorar nesse lugar.
— Ah, então é sobre assuntos do coração? — riu debochado. — Quem é a coitada? Eu conheço? — recebeu o silêncio como respostas. — É aquela do cabelo rosa? Ou a que trabalha na limpeza da ala 11?
— Não, cara... Isso já tem dois anos. E... não. Essa outra é estranha.
— Então quem é? — Seus olhos castanhos brilhavam de curiosidade.
Respirou fundo, reunindo coragem para dizer: — Melina.
O semblante do tritão se transformou em uma carranca.
— Minha irmã?
— Tecnicamente, ela é sua prima de segundo grau.
— Minha irmã caçula?
— Jura que não imaginava? — levantou uma sobrancelha com deboche. — Tu foi o primeiro a fazer piada com isso.
— Eu tiro sarro de todo mundo! Mas você... e minha irmãzinha... — sacudiu a cabeça, entristecido. — Não acredito que está pegando a minha irmã.
— Eu não tô "pegando" ninguém.
— Jura? Vai me dizer que nunca enfiou sua língua na garganta dela?
— Eu... — vociferou qualquer coisa e sentou-se. — Vai me ajudar ou não?
— Está bem, está bem... o que aconteceu? — cruzou as pernas como um psicoterapeuta em uma poltrona.
— Linda disse que tá apaixonada por mim.
— E você também está apaixonado por ela?
— Não vem ao caso.
Thálles ergueu as palmas das mãos ao ar. — Como não?
— O importante é o que ela disse e como eu não estou sabendo lidar.
— E você não está sabendo lidar porque... está surpreso?
— Sim — viu no rosto do tritão que ele não acreditava. — Não? — tentou, em dúvida. — Sim! — bradou. — Sim, eu estou surpreso. Olha, eu percebi que ela estava dando em cima de mim. Eu não sou burro. E eu entendo perfeitamente que ela queira transar comigo. Muita gente quer. Mas... apaixonada? Por quê?
— Primeiramente: eca! Em segundo lugar: sim, ela tem um gosto questionável. E, em terceiro: o que eu acho é que você estava perfeitamente confortável ignorando todos os seus sentimentos. Mas, agora que ela confessou, você está sendo obrigado a encarar a realidade e não tem para onde correr.
— Eu nunca mencionei nada sobre os meus sentimentos. Acho que tu tá inventando coisa e fugindo da questão principal.
— Eu não fugi de nada. A questão é justamente essa. Por que não disse que não gostava dela logo? — Não esperou que ele respondesse. — Te conheço desde que você era criança. Nunca teve problemas em dispensar ninguém. Por que o drama agora? — Mais uma vez, não deu a ele o direito de resposta. — Pode até tentar se convencer de que foi porque se trata da Melina e porque você não queria magoar os sentimentos dela. Mas eu sei que você ama ela ao ponto de ser honesto e impedir que ela sofra de ilusão por mais um dia. Se você não sentisse absolutamente nada por ela, teria dito na hora. Sabe por que não disse?
— É pra eu responder essa?
— Porque você, no fundo, sabe que estaria mentindo. Sabe que gosta dela, pelo menos o bastante pra se lamuriar aqui, sozinho. Se não fosse assim, não teria esvaziado essa garrafa inteira — sacudiu o vidro e pôs uma das mãos sobre o coração, teatralmente. — Seja honesto consigo mesmo.
Joe ficou em silêncio, encarando a parede, como fazia quando sua psicóloga perguntava o "porquê" de algo e ele preferia não chegar à resposta.
— Puta merda... — murmurou, ao fim do longo período vazio. — Eu não me sinto assim desde que eu tinha quatorze anos.
— Assim como...? — instigou Thálles.
Sentiu seu coração palpitar, como se estivesse prestes a infartar. O ar, de repente, tornou-se pesado e a confissão que estava prestes a fazer doía enquanto era arrancada de seus ossos e alma.
— Eu me apaixonei.
Thálles sorriu, como um empresário que havia acabado de fechar um negócio incrivelmente lucrativo. Joe sabia que, depois daquilo, ele iria se gabar por todos os cantos, afirmando ser o melhor conselheiro amoroso do país, porém, no momento, aquilo não importava.
— E o que vai fazer agora?
☼
— Eu acho que você já bebeu o suficiente.
— E eu acho que você é um péssimo perdedor.
— O jogo ainda não acabou.
— Mas eu já enxergo a sua derrota.
Enquanto Melina abria o seu melhor sorriso psicopata para Ikaro, Nicolao e Calisto apenas observavam enquanto suas respectivas duplas trocavam farpas e o Whisky, aos poucos, sumia da garrafa.
Não que os primos-irmãos estivessem prestes a iniciar uma guerra civil. Na verdade, o relacionamento dos dois havia melhorado bastante naqueles últimos dias. No entanto, não havia ninguém naquela sala mais competitivo do que Sua Alteza Real, a princesa Melina. Ikaro tinha de entender que, enquanto aquela partida de canastra durasse, ela queria ver o seu cadáver.
Em algum momento após a comédia apresentada à rainha e aos convidados, os quatro escaparam do restante, aproveitando que Cibele havia se retirado para trocar de roupa (aniversários eram o melhor tipo de festa, para ela, especialmente, o dela próprio), esgueirando-se pelos corredores lotados de bêbados do palácio, acabaram encontrando-se, acidentalmente, em uma sala comum inutilizada. Resolveram demorar um pouco mais naquela pausa para respirar, antes de voltarem à multidão. Transformaram a mesa de bilhar empoeirada em base para seu jogo e, enquanto as fileiras de cartas eram formadas, riram e conversaram como se a vida fosse simples. Exceto, claro, quando o assunto era a partida.
— Eu jogo cartas desde que tinha oito anos — contou Ikaro. — Se eu fosse você, não me subestimaria.
— O fato de você ter sido uma criança com hobbies estranhos não vai me impedir de transformar sua cauda em sushi — notou seu pai e seu tio suprimirem um gargalhada. — Se eu fosse você, não dormiria essa noite.
— Não tenho medo. Você não é nem de longe a coisa mais assustadora do oceano.
— Ownt — desdenhou — o bebezão tem medo de quê? De selvagens? Ou de um monstrengo feio e malvado?
— Primeiro de tudo: não existem selvagens. Isso é uma lenda urbana.
— É claro que existem! — falou, séria, desfocando do jogo.
Ikaro riu. — Acho que, se existissem, alguém já teria visto algum.
— Sabia que os humanos falam a mesma coisa sobre a gente?
— É, mas os humanos não estão nadando a cinco mil metros da superfície. Eles não têm como procurar.
— E nem a gente. Dá pra contar nos dedos quem realmente pode e vai nadar fora das barreiras!
— Bom, então vamos perguntar para alguém que vai — virou o rosto para o príncipe, que terminava de virar seu copo de álcool.
Ele os olhou e pensou antes de dizer: — Bem, eu, pessoalmente, nunca vi um.
— Mas acredita? — perguntou Nicolao, subitamente interessado na conversa.
— Eu já devo ter percorrido esse planeta inteiro... — disse Calisto.
— Já encontrou com seus avós? — indagou Melina e ele negou com a cabeça. — E nós sabemos que eles estão em algum lugar lá embaixo. Não ver não significa que não está lá, uai.
— Quem te contou sobre... — Nicolao começou a questionar.
— Não vem ao caso — ela dispensou o assunto com um rápido aceno de mão. — Já foi na Fossa das Marianas? — direcionou a questão ao príncipe.
— Tem ideia do tamanho da pressão para descer naquele lugar? — ele rebateu com outra pergunta.
— Então, a resposta é não? — ela treplicou.
— Não.
Ikaro rolou os olhos. — Não vai me dizer que...
— Podem morar lá! — interrompeu Melina, completando o que ele iria dizer. — Uma vez eu li que um objeto ou criatura misteriosa quebrou uma sonda que desceu lá.
— Pra alguém que duvidava até do vento, a senhorita tá defendendo isso com muita fé — ponderou Nicolao. — Não acha, não?
— Prefiro pensar nisso como curiosidade científica — ela defendeu-se.
— Mesmo que morem, Melina. Quanto tempo vão durar? — inquiriu Ikaro. — Os humanos nunca estão contentes com o território que lhes cabe. Passaram milênios conquistando a terra do vizinho e agora querem o espaço também. Não vai demorar muito até eles se apossarem do mar também.
Ensaiava uma resposta ácida. Não porque ele estava errado, na verdade, concordava. Mas, sim, porque não queria dar-lhe o gostinho de ter a última palavra. Infelizmente, a conversa foi interrompida pelo barulho da porta sendo aberta de súbito.
A figura esguia na porta fez seu coração parar de bater e sabia que todos os telespectadores ali haviam percebido isso. Os olhares cruzados e o silêncio duraram mais do que deveriam. Joseph pareceu surpreso em vê-la ali. Porém, mais surpresa estava ela por não saber como reagir.
Decidiu ter a atitude mais fina que estava ao seu alcance: sair dali.
Levantou-se da mesa, ajeitando o vestido e fazendo uma leve reverência a todos os presentes (com exceção de um — os cabelos loiros que ela estava ignorando).
— Se me dão licença, prefiro não estar aqui neste momento. Vou voltar para a festa.
— Não vai contra-argumentar nada? — Ikaro ergueu uma sobrancelha.
— Ainda quer brigar? — Dessa vez, ela quem arqueou uma. — Tudo bem, vamos brigar no caminho pra fora daqui.
Passou pela porta, sendo seguida de Ikaro, sem nem mesmo olhar nos olhos do rapaz que ainda estava encostado no batente. A última coisa que ouviu, enquanto saía, foi Nicolao perguntando:
— Que foi? Já cansou de enfiar a língua na garganta da minha filha?
☼
— Eu não estou pedindo ninguém em casamento, nem em namoro, nem nada — Joe fez questão de deixar claro.
— Como consegue — Nicolao sacudiu a cabeça, desaprovando cada palavra que saía da boca dele — mentir tão descaradamente? Fala logo o que você quer!
— Tchê, mas eu juro que é uma hipótese! — virou-se para Calisto. — Hipoteticamente falando quais seriam as implicações de... uma.. coisa?
— Uma... coisa? — perguntou o príncipe, franzindo o cenho.
— Um romance, um envolvimento amoroso, uma coisa.
— Bem, minha sobrinha não é qualquer uma. Ela não pode se dar ao luxo de ter "uma coisa" sem propósito. Pelo menos — suspirou —, não... publicamente. Mas, caso houvesse um propósito, então você precisaria desembolsar algum dinheiro. Muito dinheiro, que eu sei que você tem. E 80% do país iria torcer o nariz, mas não seria o fim do mundo. E, claro, você teria de abrir mão de Iliakós.
— Sem problemas. Eu vou fazer isso um dia, eventualmente. Já planejo passar o poder pro Thálles — deu de ombros de modo complacente. — É direito dele, coitado.
Nicolao bateu a palma da mão na mesa de sinuca com força e, em seguida, abriu os braços, perguntando, quase gritando:
— E por que ainda não passou?
— O salário é bom — confessou, entre dentes.
— Isso é tudo que você queria saber? — Calisto trouxe o assunto de volta.
— Tem certeza de que não teria um problema hipotético com essa coisa de eu ser skopós dela e tal?
— Nada que eu já não tenha feito.
Joe arregalou os olhos e abriu a boca, pouco se importou em disfarçar o sorriso ou dizer: — Eu sabia que tinha que ter alguma fofoca com seu nome!
— É, mas eu não sou o assunto aqui — desconversou, olhando-o estranho.
— Claro, claro — respirou fundo e mirou em Nicolao. — Então, hipoteticamente falando... você aprovaria.
— Eu não tenho que aprovar nada. Ela faz o que quiser da vida.
— Não me olharia feio pelo resto da vida? — insistiu porque duvidava da resposta. — Falaria mal de mim pros meus filhos? Tentaria me matar enquanto eu durmo?
Com um som gutural de desgosto, Nicolao respondeu: — Não.
Dessa vez, ele tentou disfarçar um sorriso, dizendo apenas: — Excelente, muito obrigado pelo tempo, cavalheiros, agora , se me dão licença... eu vou... — Não conseguiu pensar em uma desculpa. — Vou.
Saiu andando apressado pelos corredores, quase correndo. Precisava achar Cibele antes que ela estivesse bêbada demais para tomar qualquer decisão.
Foi informado por Agatha que ela estava em seu quarto, ainda se arrumando para voltar à própria festa. Chegou aos aposentos dela e teve de esperar do lado de fora até que os guardas tivessem certeza de que ele estava autorizado a entrar. Quando finalmente conseguiu, encontrou-a sentada em frente à penteadeira, tomando gelato enquanto uma mulher de meia idade terminava de prender uma tiara delicada em seus cabelos.
— Diga ao meu irmão que beleza requer tempo! — ela apressou-se a dizer, antes que ele falasse qualquer coisa. — Vou sair daqui quando eu estiver impecável e nem um minuto antes.
— Já vi quem a Linda puxou... — comentou, baixinho.
— O vestido de antes era para ocasiões formais, como o teatro — continuou a explicar porque estava demorando. — Não era tão pesado, mas eu não queria ter que dançar carregando o peso de todas aquelas jóias e, se eu as tirasse, o vestido não faria sentido, então preferi trocar. Então eu tive de mudar de cabelo também, esse daqui não combina com penteados presos.
Avistou um vestido perolado jogado sobre a cama que parecia ter camadas e bordados demais. Bem diferente do azul acinzentado que a rainha usava naquele momento. Com alças finas e um decote em coração, era justo, transpassado e levemente transparente até o quadril, caindo fluido pelas pernas. Um enfeite floral e brilhante estava em cada ombro e seus cabelos estavam soltos, lisos até a altura da cintura.
— Eu não entendi quase nada do que você disse, pra ser bem sincero, e eu não vim te apressar.
— Calisto não te mandou para me importunar? — franziu as sobrancelhas, surpresa.
— Não. Acho que é seu dia de sorte.
Ela sorriu, divertida e aliviada. — Então, o que deseja?
— Eu vim pedir a mão da sua filha em namoro.
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