CAPÍTULO L
— Eu disse que eles estariam aqui.
Derrubando todo o conteúdo da caixa em seu colo, graças ao susto, Melina levou a mão ao coração e fechou os olhos, na tentativa de se recobrar. Antes mesmo de abri-los, sabia quem estava à porta do closet. A mesma pessoa que adorava se esgueirar pelas sombras apenas para assustá-la. A princesa já estava começando a acreditar que o príncipe fazia aquilo de propósito.
— Tudo bem, você venceu! Faremos um jantar no lugar da apresentação de dança.
Sem coragem de abrir os olhos, Melina reconheceu a voz de sua mãe. Cobriu o rosto com as palmas das mãos e abaixou a face, preparando-se para o sermão que ouviria. Não viu quando, muito suavemente, Joe passou a mão que segurava o colar para trás de suas costas.
— Apostou que a gente estaria aqui? — escutou ele perguntar.
— Nada pessoal — respondeu Calisto —, só aproveitei a oportunidade.
— Você é mui... — Cibele começou a argumentar. — Melina — lembrou-se do porquê estavam ali —, quer, por favor, olhar para mim?
Erguendo o olhar, encarou os três ali de pé. Joe encostado no móvel, vestido com sua melhor face inocente. Calisto escorado no umbral da porta, completamente desinteressado e sua mãe, com os braços cruzados sobre o robe. A venda de dormir bagunçada junto com os cabelos desgrenhados seria algo cômico se não fosse pela expressão revolta que a mulher trazia no rosto.
— Tem algo a me dizer? — perguntou a rainha, mais enraivecida do que sua filha jamais havia visto.
— Hã... Feliz aniversário?
Soube que era a resposta errada quando seu tio contraiu o semblante em desgosto e apertou os olhos com o polegar e o indicador da mão direita.
Decidiu que o melhor a fazer era levantar e encarar o problema que havia chamado para si. Limpou o colo com as palmas das mãos e ergueu-se sobre seus pés.
— Feliz aniversário? — ela arqueou as sobrancelhas. — É tudo o que tem a me dizer, Melina? Não vai dizer nada sobre o porquê eu fui até o quarto da minha linda e comportada filha para lhe dar um beijo de boa noite e não a encontrei? Ou, quem sabe, o porquê de eu ter te procurado pelo palácio inteiro até começar a ficar desesperada?
Pensou em intervir e tentar acalmá-la, mas ela continuou esbravejando:
— E sabe de uma coisa? Eu não deveria ter que bater na porta do meu irmão de madrugada querendo saber do seu paradeiro — apontou o dedo para ela e, em seguida, virou-se e apontou para o príncipe — e você não deveria ter se aproveitado disso para se livrar de uma apresentação que foi preparada especialmente pro seu aniversário. Eles estão ensaiando há cinco meses, Calisto!
— Eu sei — ele deu de ombros. — Mas eu estou há seis meses te dizendo que não quero ver meia dúzia de pessoas dançando em roda sem nenhum propósito aparente.
— Como adivinhou que eu estaria aqui? — Melina perguntou antes que alguém falasse mais alguma coisa.
Calisto suspirou, cansado.
— Você foi ver Rhea. E, antes disso, Scylla. Alguma hora iria acabar aqui. Eu só liguei os pontos.
— É essa a sua maior preocupação? — Cibele pôs as mãos na cintura.
"Por tudo que você considera sagrado, só peça perdão e vamos dormir" ouviu a voz de Calisto soar em seus pensamentos.
"Por que ela tá tão brava? Nunca vi ela assim." Manteve o olhar fixo em sua mãe enquanto esta a repreendia por coisas que ela não estava entendendo.
"É porque você está aqui dentro. Ela não gosta que ninguém mexa nessas coisas."
"Eu sei. Só não imaginei que fosse motivo pra tanto estresse."
"Problemas com a mãe. Peça perdão e vamos dormir!"
Tentou ao máximo disfarçar a expressão chocada e curiosa. Continuou encarando a rainha e assentindo lentamente com a cabeça para tudo o que ela dizia.
"O que quer dizer com isso?"
"Minha mãe não gostou quando ela renunciou. Cibele acha que ela morreu ainda decepcionada com ela. Já disse que isso não é verdade. Ela não acredita. Fim da história. Podemos ir dormir?"
— Perdão! — interrompeu o sermão. — Mil perdões, eu não deveria ter entrado aqui sem a sua permissão.
— E? — Cibele sugeriu.
— E... por... — enrolou o máximo que pôde — não sei.
— Por ter quebrado a minha chupeta — ela apontou com a cabeça para o chão atrás de Melina onde o objeto de ouro rosé estava jogado, com parte da frente desprendida e suas pequenas pedrinhas brilhantes estavam espalhadas pelo piso.
— Ah, foi mal.
A rainha virou o rosto para o semideus que estava mudo até então.
— Não pense que vai escapar ileso — ela advertiu.
— Ela queria saltar em um telhado. Não podia deixar ela fazer isso sozinha — defendeu-se, mas a feição de Cibele em nada suavizou. — Desculpa.
A mulher relaxou os braços. — Certo. Mas nenhum de vocês me explicou o que estavam procurando aqui.
— Nada que não possa ser resolvido na segunda, Bel — interviu Calisto. — Agora, se me dão licença... — virou o corpo para sair do closet. Joe fez o mesmo, disfarçadamente.
— Esperem! — pediu a monarca. Gesticulou com a palma da mão para que sua filha lhe desse uma explicação.
Enquanto decidia se daria uma desculpa ou contaria tudo de uma vez, Melina cometeu o terrível erro de olhar para Joseph, mais especificamente, para sua mão, de onde a fina corrente branca chamou a sua atenção. Sua olhada foi rápida o suficiente para que Cibele não notasse, mas lenta o bastante para que os olhos azuis de Calisto suspeitassem e se fixassem nos olhos castanhos do rapaz.
O príncipe estendeu a mão, não dando alternativa ao garoto que não fosse entregar a jóia, juntamente com uma revirada de olhos.
Assim que o cordão tocou a sua pele, Melina percebeu que até mesmo ele havia se surpreendido, apenas por alguns milésimos de segundos.
— Ótimo — ele resmungou —, agora ninguém mais dorme.
Sua irmã o olhou, confusa, e, em resposta, ele jogou a corrente para ela.
Enquanto a rainha encarava o pingente, Calisto saiu do closet preguiçosamente. Retornou alguns segundos depois, arrastando uma poltrona. Posicionou-a na porta e sentou-se nela. Pousou a panturrilha direita sobre a coxa esquerda e cruzou as mãos sobre a barriga. O comprido e espesso roupão preto caiu aberto sobre o móvel, revelando a camisa cinza de algodão e a calça azul xadrez de pijama. Melina se perguntou como ele ainda parecia pronto para assassinar alguém usando aqueles trajes.
Porém, quando olhou novamente para sua mãe — a coisa mais furiosa em seda azul bêbe —, que segurava o colar como se fosse uma prova de homicídio, chegou a conclusão de que deveria ser genética.
— Não me diga que acredita que minha falecida mãe está no Hades conspirando para te matar, Melina! — exclamou Cibele.
— Eu não disse isso — rebateu enquanto Joe caminhava até onde a carta estava jogada e a pegava.
— Mas é o que estava pensando? — insistiu a sereia.
— Não — afirmou com firmeza —, eu não tive nem tempo de pensar. Vocês entraram assim que a gente achou esse trem. Por que tá me acusando disso?
— E o que você quer que eu pense? Se a minha própria filha não me conta o que se passa na cabeça dela só me resta imaginar o pior.
— Pode gritar comigo por invadir esse quarto mas eu não vou admitir que pense tão mal de mim! Eu jamais acusaria sua mãe de alguma coisa do tipo!
— Vocês duas querem, por favor, se acalmar? — pediu Calisto, tentando suavizar a severidade em sua voz. — Esses são os únicos dois dias do ano em que eu realmente consigo ter folga. Eu merecia estar dormindo. Mas, para minha infelicidade e desprazer, estou acordado. Então, já que estamos aqui, vamos esclarecer algumas coisas antes que suas jovens e curiosas mentes — apontou o dedo para ela e para Joe — começem a criar teorias infundadas. — Melina nunca antes tinha o visto falar tão rápido. — Alguém deseja começar?
Enquanto ele gesticulava com as mãos para que começassem a falar, os três — que ainda estavam de pé — se entreolharam, em silêncio, até que o semideus entregou a carta para o tritão e perguntou:
— Sabe quem escreveu isso?
Calisto correu os olhos pelo papel, sem esboçar nenhuma reação. Ao fim, sacudiu a cabeça e respondeu:
— É a primeira vez na vida que vejo isso.
Passou o papel para a irmã, que também não deu nenhum indício de reconhecimento.
— Também não faço ideia. Pelo visto, eu era recém nascida, não tenho como saber.
Joe assentiu, pensativo, e questionou: — E algum de vocês sabe o porquê de a palavra favorita ser justamente essa?
Os olhares de Cibele e Calisto se cruzaram, com um nível de cumplicidade e entendimento que só pode ser visto em ocasiões raras e em pessoas raras. E, cruzando os braços de modo falsamente relaxado, a rainha perguntou para a princesa:
— O quanto Rhea te contou? E por que queria vê-la afinal de contas?
Melina soltou o ar. — Posso sentar também?
Puxou um puff para si mesma. Sua mãe puxou a cadeira da penteadeira e Joseph, simplesmente, acomodou-se no chão, com as pernas cruzadas e olhou atentamente para ela enquanto a garota contava sobre a conversa que tinha tido.
Quando terminou, a própria menina perguntou, antes que a conversa tomasse um rumo diferente:
— Por que vocês nunca me contaram sobre seus avós?
— Rhea não deveria ter te contado isso — disse Cibele calmamente. Já não parecia irritada. — É contra a lei.
— E por que é contra a lei? — ela insistiu.
Observou os gêmeos se encararem, tentando decidir quem tomaria a palavra. Por fim, Calisto suspirou e contou:
— Minha mãe era uma grande entusiasta de línguas antigas — olhou para Joe —, respondendo a sua pergunta. Rhíza significa raíz, como vocês sabem, e vem do grego arcaico. E, por que ela gostava tanto dessa palavra em específico? Isso você pode pôr na conta dos pais dela.
— Nossos avós... — a rainha começou a procurar as palavras certas para explicar. — Bem, acho que pode se dizer que seus ideais eram um tanto... radicais. Percebe-se pelo que eles decidiram fazer com sua aposentadoria — ironizou. — E minha mãe reproduziu isso. Por um tempo, pelo menos. Quando éramos crianças ela colocava a gente para dormir e contava histórias sobre nossos antepassados e sobre como nossos avós foram corajosos de voltar às raízes.
— Mas a última vez que eu vi minha mãe usar esse colar, foi quando eu tinha dez ou onze anos — prosseguiu o príncipe. — Acho que, com o tempo, ela percebeu que alguém que abandona um país nas mãos da filha de quinze anos não é um bom exemplo a ser seguido. Eles só foram egoístas. E ela foi madura o suficiente para perceber isso. Com o tempo, ela proibiu todos de tocarem no assunto e ela própria nunca mais mencionou o nome deles.
— E vocês dois não acham perturbador o fato de que esse radicalismo tá implantado dentro da sua própria família? — perguntou Joe. — Não tô acusando ninguém de nada, mas nunca pararam pra considerar a hipótese de os seus avós terem sido... um campo fértil pra essa coisa toda?
— Vocês tem que entender que assim que eu descobrir quem escreveu essa carta — Melina apontou para o papel que ainda estava nas mãos de sua mãe —, porque eu vou descobrir, essa pessoa vai, automaticamente, virar suspeita. Talvez meus "não-falecidos" bisavós não sejam os fundadores de uma organização criminosa, mas talvez alguém próximo deles seja... — levantou as mãos ao ar. — Só tô dizendo...
— E você tem total razão quanto a isso — afirmou Cibele. — Mas vocês têm que entender que nem imaginávamos que algo como uma organização criminosa fosse existir.
— Além do mais, eles não foram os primeiros e nem serão os últimos a pensar assim — falou Calisto. — É uma ideia comum e não totalmente errada. A infelicidade é que algumas dessas pessoas levam isso ao pior dos extremos.
Melina emudeceu. Fitou o chão na tentativa de organizar as ideias. Seu pé começou a bater nervosamente contra o piso e sentiu sua garganta secar. Sentia também dois olhares sobre ela, esperando alguma fala, mas não tinha nada a dizer. Pelo menos, nada que soasse racional. Contudo, seus pensamentos foram verbalizados pelo rapaz sentado no chão.
— Não precisa ter medo de admitir que a Rhíza tem lá sua razão — ele disse. — Todo mundo aqui sabe. A gente só não sai por aí pregando isso pra não dar pano pra manga.
— Se eu concordo com a ideologia do meu inimigo então ele não é meu inimigo — argumentou a garota.
— Não, Mel, não é bem assim — falou Cibele, puxando a cadeira para mais próximo da filha. — Eles me odeiam e odeiam você. Misturaram a ideologia com a ambição política num emaranhado que não vai ser desmanchado tão facilmente, mas, o que eu quero dizer, é que, não é tão simples. Não é tão fantasioso. Não é só sobre uma causa.
— É sobre instrumentalizar uma causa — completou Calisto. — Sobre usar as crenças de alguém para dobrá-los e usá-los para chegar onde se quer chegar. Pode haver um grande líder com um propósito firme e pessoas que sinceramente acreditam nisso como meus avós acreditavam. Mas... pessoas como Athenion, por exemplo, pouco se importam com a essência de nossa espécie ou qualquer coisa do tipo — contorceu o rosto em uma expressão enojada. — É sobre poder. Essa é a guerra que você tem que lutar.
As palavras de Rhea sobre o mundo não ser, precisamente, divido entre bem e mal começaram a ecoar por sua mente. Detestava admitir que estava errada sobre alguma coisa. Principalmente acerca de algo tão vital. Gostaria de poder dizer que já estava com suas crenças muito bem definidas e que suas convicções eram uma rocha. Mas não era verdade.
— Sobre ideais e coisas do tipo... — disse Joe, levantando-se do chão e aproximando-se até ficar de frente para ela. Agaixou-se sobre a ponta de seus pés e olhou em seus olhos — você pode concordar em alguns pontos, discordar em outros, melhorar algumas coisas e transformar em algo bom. Não precisa se punir por admitir que certas coisas precisam de conserto.
Queria dizer que tudo era novidade. Que ainda estava confusa. Que era horrível não ser a dona da verdade absoluta. Que queria ser uma heroína em uma história de fantasia, dona da justiça e da moral, com um caráter inabalável, lutando contra a personificação do mal. Contudo, nenhuma palavra saiu de sua boca.
Cibele lhe deu um olhar longínquo e cheio de empatia.
— Eu sei que não sou uma rainha perfeita. Tenho muito o que melhorar. Não nasci para isso. E nem o seu tio — apontou com o polegar para o príncipe. — Não acredite em teorias conspiratórias sobre ele ter inveja. Ele ficou uma semana inteira sem falar comigo quando descobriu que teria que ser rei no meu lugar.
Calisto deu de ombros. — Gosto dos bastidores.
— Mas você vai ser uma rainha muito melhor do que eu. Todo mundo está vendo o quanto você se esforça para isso — continuou dizendo, acariciando o ombro de sua filha. — E não precisa fingir humildade, sei que gosta de comandar e que pretende fazer isso com sangue nos olhos — riu levemente. — Mas vai ter tempo para tentar resolver todas essas questões. Não se apresse em encontrar todas as respostas, a sabedoria é um aprendizado de anos. Não pode mudar o mundo em uma noite.
— Isso não muda o fato de que temos questões urgentes do tipo: tentativas de assassinato contra a minha pessoa.
— Vamos resolver isso — ela confortou-a —, mas não finja que essa é a sua única preocupação. Eu te conheço, Melina.
Sacudiu a cabeça, tentando fingir que as palavras de sua mãe não tinham sido remédio para a parte mais cortada de sua alma.
— Não precisava desse discurso todo, eu... — foi interrompida quando Cibele a puxou para um abraço e aninhou sua cabeça em seu peito.
— Precisava, sim... — disse suavemente, encostando a bochecha no topo de sua cabeça.
Melina suspirou e rendeu-se, envolvendo a cintura de sua mãe com os braços. Apertando-a até que sua mente estivesse curada.
— E pode continuar bancando o Sherlock Holmes, eu não desaprovo. — Virou a cabeça para ver seu tio já em pé, na porta do closet. — Mas vá com calma. Ou vai acabar se matando no processo ao invés de resolver alguma coisa.
— Eu odeio vocês — declarou, rindo, com os olhos um tanto molhados de lágrimas. — Era pra ser uma aventura, não uma terapia — desvencilhou-se do abraço, passando os dedos para enxugar as lágrimas.
— Ah, vai por mim, vai precisar de terapia real quando assumir o trono — exclamou Calisto. — Mas nós continuaremos aqui por você quando o dia chegar.
— Essa foi a coisa mais legal que você já me disse, sabia? — observou Melina.
— Não se acostume — comentou Joe —, isso só vai acontecer de novo daqui a dez anos.
— Ah, isso é verdade! — Cibele concordou e logo tornou a atenção para sua filha. — E a senhorita não deveria ter ido visitar a Rhea para achar uma solução para o problema que seu tio te deu. Deveria ter pensado numa resposta sozinha.
Calisto revirou os olhos com divertimento. — Eu faria exatamente o mesmo. Ela só foi esperta, Bel.
Cibele balançou a cabeça negativamente para mostrar o quanto desaprovava aquilo, todavia, em seu rosto havia um sorriso.
— Então... a gente pode ir dormir? — perguntou Joe.
O príncipe assentiu, energicamente. A rainha riu e se levantou.
— Nós dois vamos dormir — comunicou ela —, vocês dois vão arrumar essa bagunça no chão — apontou com o dedo para as coisas que ainda estavam espalhadas.
Melina balbuciou qualquer reclamação que fosse, mas, ao fim, concordou. Levantou também, deu um abraço nela e disse:
— Boa noite, mãe. Amo você.
☼
Sabendo que o verdadeiro caos só começaria após o almoço, Melina acordou cedo para se preparar para o longo dia que teria. Mesmo da área externa de seu quarto, conseguia ver o tumulto distante no centro da Capital. Desde às sete da manhã já podia ver embarcações oficiais se aproximando do palácio, carregando as centenas de pessoas que haviam sido convidadas para os aniversários da rainha e do príncipe.
Podia ouvir a movimentação de funcionários do lado de fora de suas instalações. Todos apressados para acomodar os hóspedes que ficariam até a manhã de segunda. Estava ansiosa para rever algumas pessoas, mas não se atreveria a sair de seu quarto até que estivesse bonita o bastante para deixar todos embasbacados.
Tomou café da manhã com Joseph e tomou também o banho especial que Anastasia havia preparado. Recebeu os dois vestidos que usaria nas comemorações e os guardou. Recebeu a esteticista que cuidou de sua pele e unhas e deixou Anastasia com ciúmes. Sentou-se na penteadeira por uma hora enquanto Anastasia fazia seu penteado e voltava a sorrir. Vestiu seu roupão e tocou a lira para matar o tempo. Quando já estava entediada o bastante para não se aguentar quieta, resolveu que perturbar a paz de outra pessoa seria uma excelente ideia.
Arrumou tudo o que precisaria e encaminhou-se até o quarto de Joe. Bateu à porta e foi recepcionada por um desarrumado jovem que parecia ter acabado de acordar de um cochilo muito bom. Esperava encontrá-lo em uma de suas infinitas bermudas de moletom, por isso, surpreendeu-se ao ver que ele não usava nada além de uma samba canção estampada do Bob Esponja.
Quando o inevitável riso começou a escapar de sua boca, ele logo disse:
— Eu vi o ingresso do show do One Direction na tua parede. Não se atreva a me julgar.
— Ah, não, eu não ia. É super sensual — tentou ficar séria.
— Cínica... — ele sussurrou. — O que tu quer?
Melina lhe deu o seu melhor sorriso travesso e agarrou a mão dele. Puxou-o porta afora, guiando-o até seu quarto. Quando já estavam prestes a entrar, foi para trás dele e tampou seus olhos com as suas mãos. Empurrou a porta e o guiou até a cama, onde estavam dispostos todos os produtos de beleza inúteis que usariam. Liberou sua visão com um "taram", abrindo os braços para mostrar tudo.
— Dia de skincare!
Ele gargalhou. — Tudo bem, mas não podia esperar eu vestir alguma coisa?
— Não, a cera ia esfriar — subiu no colchão. — Anda, deita aqui.
Ao invés de seguir as instruções, ele deu um passo para trás. Vasculhou o quarto com os olhos, encontrando a panela de depilação no móvel ao lado da cama.
— Onde, exatamente, tu quer passar cera em mim?
— No rosto, menino besta — ajeitou um travesseiro com uma toalha em seu colo.
Ainda a olhando com desconfiança, ele se deitou e deixou que ela aprontasse o que quisesse com seu rosto pela hora que se seguiu.
Mas, o inevitável e não mais adiável aconteceu. Talvez por realmente ter gostado da cueca estúpida, por ser um dia feliz, pela piada duvidosa que ele havia acabado de contar ou por ter intimidade o suficiente para arrancar cravos de seu nariz. Melina não saberia dizer ao certo qual dessas coisas desencadeou o que veio a seguir. A única coisa que sabia era que sentiu seu coração congelar
— Joe? — chamou, fazendo com que e tirasse as máscaras de suas olheiras e abrisse os olhos.
— Oi? — encarou-a, com a luz do som que invadia o quarto deixando seus olhos castanhos um tanto mais claros. Iluminados o suficiente para que Melina conseguisse ver nitidamente suas írises, como a superfície de um planeta.
— Acho que eu me apaixonei por você.
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Arte da Melininha pra compensar a demora em postar o cap:
Amo vocês, não desistam de mim! 💛
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