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Capítulo 47: Ana Flora

— Então, você realmente não sabe qual é a peça que falta nesse quebra-cabeça?

Minha psicóloga, Sofia, me pergunta. Já é dezembro e estou vindo há mais de três meses. A dinâmica das sessões varia muito. Em algumas eu falo mais e ela apenas faz uma ou outra intervenção. Em outras, ela me faz perguntas variadas sobre o passado, aquele distante e o recente. Às vezes, ela faz comentários para eu chegar aos insights necessários, em outros momentos ela faz perguntas mais diretas. Hoje ela me perguntou se eu achava que para me sentir curada eu tinha apenas que começar a usar meu dinheiro. Imediatamente, respondi que sim. Então, ela me perguntou se eu me sentia curada e eu precisei ser sincera e dizer que não. Foi aí que ela me perguntou sobre o que estava faltando.

— Eu não sei... - Digo.

— Você já pensou sobre isso?

— Eu tentei, até imaginei que o que faltava era aquela cena dos livros em que o personagem de luto vai até o cemitério e tem uma conversa com a lápide.

— E você acha que isso te ajudaria?

Nego com a cabeça enquanto respondo.

— Não. Eu não preciso ir até onde eles estão enterrados para conversar com eles.

— E você conversa com eles?

— Às vezes.

— Sobre o que?

Isso me irritou um pouco. Eu não queria responder.

— A última vez falei sobre como a pousada vai indo bem.

Ela me olha e estreita um pouco os olhos, acho que ela já sabe quando eu digo coisas pela metade. Então, antes que ela faça mais alguma pergunta, eu falo:

— Eu estava na cachoeira que levei o Erik quando resolvemos conversar. Eu disse a eles que estava bem e disse a meu pai que eu esperava que ele não estivesse chateado comigo. Aproveitei e pedi perdão para eles, por eu ter provocado os sequestradores até eles me baterem e me fazerem desmaiar.

Eu digo isso e as lágrimas caem em meu rosto.

— Também prometi que vou usar o dinheiro deles para fazer o bem para as pessoas, mas para mim também porque eu sei que eles não querem me ver mal.

Eu pego a caixa de lenços de papel que sempre fica por perto. Limpo meus olhos.

— Mas ainda não me sinto curada. - Confesso.

— Então, eu te pergunto: qual a peça faltando nesse quebra-cabeça?

Eu suspiro e abaixo meu olhar tentando pensar. Fecho meus olhos e penso em tudo. Automaticamente minha mão vai até o meu colar, até o pingente de Tsuru. Abro os olhos...

— Erik... a peça que falta é o Erik.

Ela sorri para mim.

— Veja bem, Ana Flora, um psicólogo não deve ter falas assertivas. Eu não posso falar o que você deve ou não fazer.

— Certo.

Digo um pouco incerta.

— Mas vou dizer que você deve pensar sobre vocês dois. Você está indo bem, ainda temos um caminho a percorrer, mas você avançou muito. A questão é que você só está olhando para o passado.

Ela não diz mais nada e eu apenas confirmo. Quando saio do consultório dela e entro no meu carro, eu respiro fundo. Tento raciocinar o que significa pensar em Erik. Eu já penso nele o tempo todo, mas sei que não era esse tipo de pensamento que Sofia estava se referindo. Pego meu celular trêmula.

Ana Flora: Desculpe, mas vou te colocar em uma situação difícil. Já fiz isso uma vez e prometi que não iria se repetir, mas eu preciso te perguntar uma coisa.

Charlene: O que houve, amiga?

Ana Flora: Você acha que Erik e eu ainda podemos tentar de novo?

Charlene: Sim.

É a única resposta que ela me dá e eu queria mais explicações. Queria pelo menos saber se ela está considerando os sentimentos dele também ou se está só aconselhando uma amiga e dizendo o que ela quer ouvir.

Ana Flora: Ele ia desistir de mim, Char.

Eu vejo quando os pontinhos na tela começam a se mover em sinal da resposta dela, mas eles param. Eu fico olhando para o aparelho e eles se movem de novo.

Charlene: Eu não podia te falar isso, mas vou. Ele não ia, Flora, ele ia desistir da empresa.

Meus olhos se arregalam lendo a resposta de Charlene, eu não posso acreditar nisso. Tento lembrar da conversa que ouvi. Eu não fiquei para o fim do diálogo, será que ele estava falando sobre a empresa e não sobre mim? Tento lembrar suas palavras com exatidão, mas não consigo. Jesus! Mais uma vez perdi o homem que eu amo porque eu não dialoguei.

Penso nos rumores que surgiram sobre ele estar vendendo a empresa para sair do país e ir morar com sua mãe nos Estados Unidos. Eu não tive coragem de perguntar a ele, talvez eu devesse já que aparentemente eu tenho esse problema de diálogo, mas agora... Eu tinha esse direito? Se isso fosse verdade, ele estava apenas indo recomeçar com sua mãe, mas Charlene disse que a gente deveria tentar.

Ana Flora: Ele está indo embora?

Charlene: Desculpe, amiga, vou dizer para você perguntar a ele.

Entendo. Eu não quero que ela quebre a confiança dele, mas eu não posso simplesmente perguntar e pedir para ele não ir. Preciso fazer algo simbólico, algo que mostre a ele que podemos e devemos ficar juntos. A gente faz dar certo. Então, depois disso, vou dizer a ele sobre a culpa que carrego, sobre o sequestro, sobre como eu me arrependi de partir, vou dizer que eu me culpo por seu infarto também, mas que minha psicóloga e eu estamos trabalhando nisso e estou melhorando, vou melhorar. Eu só preciso pensar no que fazer e quando toco meu pingente de novo, sei exatamente do que preciso.

Serra Dourada, 7 anos atrás.

Eu paro quando vejo o letreiro de madeira esculpido com o nome Serra Dourada. Eu tinha ido para Santa Rita antes de vir parar aqui, mas achei que ficar na mesma cidade em que sempre passei os verões, seria óbvio demais. Então, continuei dirigindo e resolvi fazer uma parada para comer algo. Comecei a pesquisar as cidades da redondeza e vi sobre essa curiosa comunidade. Ela tem esse nome porque em determinada época do ano, um de seus morros parece ser dourado. É uma cidade pequena e bucólica. Perfeita para recomeços e fugas. Agora, a entrada agradável me diz que estou no lugar certo. Sinto uma estranha paz só de estar aqui, algo que eu não sinto desde que tudo aconteceu.

Fiz reserva em uma pousada chamada Lago Encantado. Confesso que fiz pelo nome, não estou em Santa Rita, mas interpretei como um sinal. Antes de entrar na cidade, eu encosto o carro. Eu preciso recomeçar, mas tenho que ouvir a voz dele uma última vez. Meu celular é novo, mas salvei o número dele.

— Alô!

Ele atende e eu não respondo. Sou como uma criança passando um trote.

— Alô?

Uma lágrima escorre pelo meu rosto.

— É você, Flora?

Ele pergunta em um tom de desespero. Sei que sou óbvia em ligar e não falar nada, ainda mais que esse é seu número particular. Poucos têm acesso a ele.

— Eu... Por favor, se for você, apenas preciso saber se você está bem. Eu entendo, você quer partir, não posso ajudar, mas... Por favor, querida, fala comigo. Nós somos amigos a vida inteira, antes de qualquer outra coisa. Estou ficando louco, Ana Flora.

Eu ouço sua angústia e sei que ele falar sem ter a certeza que sou eu, também é sinal disso. Ele está se arriscando, se eu fosse um jornalista ou algo do tipo, hoje mesmo isso estaria na mídia.

Continuo chorando, tento ser silenciosa, mas sei que agora, talvez ele já tenha a certeza de que sou eu.

— Tudo bem. Entendo seu silêncio e sua necessidade de ficar sozinha, mas sei que você está me ouvindo, então eu vou te dizer. Você pode voltar a hora que quiser. Daqui a 7 dias ou 7 anos. Posso estar velho e com cabelos brancos, você pode estar casada e cheia de filhos. Eu não me importo, apenas... se sentir que está pronta, volte para mim.

Ele está chorando também. Sinto minha covardia batendo em meu peito, mas não consigo falar. Eu quero esquecer tudo o que vivi e Erik, a loja, os pais dele, tudo isso são lembranças permanentes da vida que eu tinha e me foi roubada de maneira tão trágica. Meu corpo está se curando, mas sinto que minha mente e minha alma nunca vão.

Desligo o celular, bloqueio o número de Erik e digo adeus.

Depois de me acalmar, eu ligo o carro novamente e sigo para a pousada, penso que em breve vou vender esse carro também. Trouxe algum dinheiro comigo que dará para eu me manter, por um tempo, mas vou precisar de mais.

A pousada é agradável. Vejo que há um lago em sua lateral e uma construção que parece um futuro bar ou restaurante. Quando entro, uma mulher de cabelos loiros está atrás do balcão e uma garotinha de mais ou menos uns nove anos está sentada brincando com uma boneca. Ela está um pouco emburrada, mas me olha curiosa quando entro.

— Boa tarde. - Digo. Torço para que elas não me reconheçam. Nosso nome era conhecido, mas nossos rostos não tanto. Agora meus pais e eu estamos estampados em todo lugar e jornal.

— Boa tarde. - A mulher responde, se ela me reconhece, não demonstra.

— Tenho uma reserva, acabei de fazer na verdade, o nome é Ana Martins, apenas... tenho um problema.

Eu cogitei trocar de nome, mas não quero viver ilegalmente. Seriam muitas mentiras a mais para eu sustentar.

— O que houve, querida?

— Acabei de perceber que perdi minha carteira, estou sem meus documentos. Eu tenho dinheiro, mas simplesmente a carteira dos documentos se perdeu.

Ela me encara por uns instantes.

— Tudo bem, apenas preencha sua ficha. Vejo aqui na reserva que você não indicou o dia de ir embora.

— Um mês por enquanto.

Eu digo e logo penso que ser muito misteriosa pode levantar suspeitas.

— Na verdade, talvez a senhora possa me ajudar. Estou de mudança para a cidade. Futuramente vou precisar de um lugar para morar e um emprego, se a senhora souber de algo...

— Claro, eu aviso você. Seja bem-vinda. Eu sou a Rosa.

— Ana.

— E eu sou a Violeta.

A criança que estava brincando me diz, eu olho para ela e sorrio.

— Muito prazer, Violeta. Essa boneca é muito bonita.

— Eu não gosto dela, eu queria a que tinha cabelo roxo.

Eu não consigo deixar de sorrir.

— Eu já disse que vamos pintar no fim de semana, Vi. - A mulher diz. - Já tinha acabado quando chegamos.

— O Beni queria me dar.

A menina retruca.

— Violeta...

A mulher responde e lança um típico olhar de mãe que faz a menina se calar. Meu peito se aperta, eu nunca mais terei um momento desse com minha mãe e acho que até isso me fará falta.

— Aqui, seu quarto é o 101, está logo no primeiro andar.

— Muito obrigada.

— Você precisa de ajuda com a bagagem?

— Ah, não... Por enquanto é apenas uma mala.

Eu faço questão de dizer o "por enquanto" porque acabei de dizer que vou me mudar. A partir de agora, terei que ficar atenta aos detalhes.

— Vou te levar ao quarto.

Quando subimos, ela diz:

— É difícil alguém se mudar para cá. Cidade pequena não agrada a todos...

Sei que ela está me sondando e eu entendo. Acabei de chegar em seu estabelecimento sem documento e falando sobre mudanças, mas sem bagagem... Eu ainda disse que tinha dinheiro, acho que suspeita está escrito em minha testa.

Chegamos no quarto e ela abre a porta para mim.

— Eu acabei de perder meus pais, resolvi me mudar porque eu não queria mais ficar em minha cidade.

Eu digo sem dar mais detalhes, com alívio, vejo que isso é suficiente para ela.

— Essa é uma cidade acolhedora, tenho certeza que você vai ser feliz aqui. Bem-vinda, novamente.

Ela diz e me deixa sozinha. Eu termino de entrar no quarto, fecho a porta e vou para cama. Hoje eu ainda vou me permitir chorar, amanhã cuido do meu recomeço.

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