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Capítulo 38: Erik

Um maldito mês. Um mês que Ana Flora saiu da minha vida. Isso quer dizer que faz pouco mais de um mês que eu infartei.

Minhas dores físicas estão melhores, o médico disse que eu estou me recuperando bem, mas ainda preciso descansar, ainda preciso ir com calma, ainda estou de repouso - embora agora eu não precise ficar deitado o tempo inteiro. Minha pressão arterial não está alterada. Mas ainda não posso voltar ao trabalho. O médico disse que eu precisaria ficar 60 dias afastado. Eu pesquisei na internet e alguns pacientes voltam em 30.

Quando eu questionei o motivo, ele apenas disse que meu trabalho era estressante e que ia me dar outro infarto se eu voltasse já. Depois ele me deu um sermão - nada novo - sobre eu ser um milagre.

Tirando a minha vontade de socá-lo e de dizer que ele não sabe de nada, eu entendia isso. O problema é que a raiva tem sido uma constante companhia. Eu tenho tentado me distrair, eu vejo filmes, séries, eu voltei a fazer origamis (e talvez você pense que isso é masoquismo, mas é algo que sempre me relaxou), eu estou até lendo livros. Hoje eu até topei jantar com minha mãe, seu novo namorado e o futuro enteado, algo que eu estava protelando desde que o médico disse que eu já podia começar a ter uma vida de novo. Devagar, claro.

Mas a raiva ainda está lá. E a tristeza. E as lembranças. Faz um mês que Ana Flora saiu da minha vida. 29 dias que ela me disse para não mandar mensagem. E são também 29 dias que Benício não para de me mandar mensagem. Todas as porras dos dias aquele filho da puta me manda algo.

Até ele resolveu se meter na minha vida. Mas, sendo sincero, ele apenas parece estar preocupado e tentando puxar um assunto. São 29 dias falando comigo e ele só me perguntou da cirurgia, nada como estou em relação a Flora. Algo que parece um combinado entre meus amigos e minha mãe porque todos estão agindo como se ela não existisse. Ninguém me dá uma dica de como ela está e se eu não infartei de novo por isso, eu não vou mais.

— Você vai comer isso ou só ficar olhando?

Eu estou sentado em uma mesa no meu quintal, tenho um sanduíche natural e um copo de suco. Bernardo então se aproxima e senta comigo.
— Eu tô sem fome, mas vou comer, não preciso de sermão.

— Eu ia perguntar como está seu humor hoje, mas acho que não preciso.

— Eu quero voltar ao trabalho.

— Sua empresa está do mesmo jeito que quando você deixou. Você sabe disso. Você acha que eu não sei que algum funcionário tem falado com você mesmo sua mãe ordenando que não?

Dou de ombros.

— Eu tenho bons funcionários, fazer o que.

— Então você sabe que está tudo bem.

— O problema não é esse Bernardo.

— Então qual é?

— Vocês podem fingir que a Flora não existe, mas eu não consigo. Eu não aguento mais ficar aqui e pensar nela. Preciso ocupar a cabeça.

— Eu disse para a Charlene que não falar era pior, mas ela me venceu nessa.

Bernardo foi quem me consolou depois que Flora partiu. Eu sei que ele tinha muitas opiniões sobre isso, mas ele apenas foi meu ombro. Acho que ele estava pisando em ovos pelo pequeno detalhe do infarto. Depois. Silêncio.

— Eu preciso que alguém busque meu carro. Você pode fazer isso por mim? Eu pago um motorista para te levar. Eu não confio em qualquer um dirigindo.

Ele revira os olhos.

— Por que você não espera tempo suficiente para poder dirigir e não vai você mesmo?

— Porque eu imagino que se ela não quer que eu mande mensagens, ela também não quer me ver.

— Erik, você não acha que vocês meteram os pés pelas mãos? Jesus, você tinha acabado de sofrer um ataque cardíaco.

— Flora deixou claro que nós não éramos nada.

— E você?

— O que tem eu?

— Você deixou claro o contrário? Porque pelo que me consta, você nunca disse que era sério ou que a ama. E quando eu digo nunca, eu incluo o que viveram no passado.

— Eu estava disposto a falar, mas não vi motivo quando ela me acusou de mentir e disse que nós não éramos nada. Pelo amor de Deus, Bernardo, eu ia abrir mão da minha empresa. Você sabe o que isso significa.

— Eu sei, cara… Não estou culpando você, eu só acho que essa conversa entre vocês, poderia ser muito mais longa.

Eu suspiro.

— Perdi o prumo quando notei que ela tinha chorado e quando ouvi que para ela não fomos nada, eu senti muita raiva. E ela começou a dizer que tinha culpa pelo meu infarto, insinuou que não somos bons para o outro. Eu sei que nossa situação é complicada, mas isso não quer dizer que somos um ciclo tóxico. Vê-la pensar isso acabou comigo.

Então meu amigo suspira e passa a mão nas têmporas.

— Talvez eu tenha culpa nisso.

— Como assim?

— Eu contei algo para a Flora e acho que despertei nela mais culpa, mas era algo que ela precisava saber.

— O quê?

Então, Bernardo começa me dizendo que ele e seu pai investigaram sobre o sequestro. Ele começa a falar sobre gangs e assassinatos. Explica porque fez questão de me manter no escuro e tudo faz sentido. As peças se encaixam como num quebra-cabeça. Ainda não entendo porque Flora pode pensar que teve culpa pelo meu ataque, mas isso, por um momento, deixou de ser prioridade.

— Ela ainda corre risco? Alguma chance de estar em perigo agora que reapareceu?

— Não. Nenhuma chance. Pode confiar em mim.

Eu confio. Eu confio nesse filho da puta com minha vida.

— Eu apenas não entendi como isso fez com que ela se sentisse culpada.

— Logo que contei, ela se culpou por ter ido embora. Ela disse que talvez, se estivesse aqui, não teria colocado você em risco ou ela mesma. Acho que isso aumentou a culpa que ela sente em absolutamente tudo.

— E ela resolve isso se afastando e menosprezando o que temos?

— Erik, não estou aqui para justificar ninguém. Apenas… apenas quero dizer que Flora ainda tem questões que ela precisa resolver e você, meu amigo, também. Você precisa vencer esse bloqueio de falar o que sente.

— Eu tentei dialogar com ela várias vezes.

— Um diálogo não é completo se você não se abre.

Eu suspiro. Entendo isso. Toda essa história começou quando eu olhei para Flora, me vi apaixonado e resolvi fingir que não, apenas para não dizer a meus pais que eles tinham ganhado. O problema é que não consigo tirar do peito a sensação de que é tarde demais.

O último verão juntos, 7 anos atrás

Eu nunca achei que seria tão difícil fingir para nossos pais que não temos nada, talvez fosse fácil se eu não sentisse essa necessidade quase física de tocar Ana Flora. Nós estamos sem nos encontrar desde o ano novo. E hoje, estamos aqui há menos de 24 horas e eu vim para o meu quarto porque eu não conseguia parar de observar Flora rindo enquanto conversava com nossas mães. Tomei um banho gelado e coloquei um filme qualquer na TV. Ele já estava passando e ainda não sei o nome, sei apenas que Seth Rogen está na minha tela reclamando de uma festa feita por Zac Efron. Sou distraído pelo meu telefone apitando

Flora: Quer fugir até o lago?

Opa!! Aparentemente, não sou o único com dificuldade em ficar longe.

Erik: Me diz que nossos pais não irão também!

Flora: Só nós dois. Saia pelos fundos, todos já foram para seus quartos. Nos encontramos lá!

Eu não respondo, apenas levanto e saio. Eu desço as escadas em silêncio, também em silêncio, saio pela porta dos fundos. Sinto meu coração disparar enquanto caminho até o lago e quase acho graça. Eu conheço Ana Flora desde sempre. Ela sempre esteve em minha vida e aqui estou eu, com o coração disparado apenas porque vou encontrá-la.

Quando chego no lago, ela está sentada no banco em que nos beijamos pela primeira vez. Lembro de como eu me assustei por ter me deixado levar pela vontade que já estava em mim há algum tempo. Eu me arrependi. Não pelo beijo em si, mas porque no fundo eu sabia que uma vez que tinha me rendido, eu não saberia parar.

E não soube. Desde então nós tivemos várias idas e vindas. A vida esfregando na minha cara que eu não saberia deixar Ana Flora. Ela me nota e sorri para mim. Por um instante eu hesito porque vê-la iluminada pela luz do luar, pelas estrelas e pelas luzes tênues que nossos pais instalaram aqui, me faz perceber que nunca foi só paixão.

— O que houve?

Meu coração acelera e eu quero dizer. Quero dizer a ela que eu a amo. Não é paixão. Não é tesão. É amor. É um sentimento que eu tenho certeza estará comigo em todos os momentos, se por algum motivo, a gente se afastasse, se um de nós fosse embora, esse sentimento sempre estaria lá. Aliás, eu tenho a certeza de que se um dia isso acontecesse, eu seria apenas uma sombra do que sou hoje.

— Apenas estou sem acreditar que finalmente nós temos um momento só nosso. Quase joguei por terra nosso combinado de esconder deles, Flora.

Eu me aproximo, a abraço pela cintura e a beijo. Ela se entrega a mim como sempre, ela me beija com seu corpo e eu tenho esperança que ela sinta o mesmo que eu.

Quando terminamos nosso beijo, nos sentamos no banco, eu passo meu braço em torno de seu corpo. Ainda estou acelerado, ansioso com a descoberta que eu fiz.

— Estou com saudades. Não te vejo desde o ano novo. - Ela diz.

— Desculpe, nossos pais aproveitaram a época para tirar um descanso e eu cuidei de tudo na empresa.

— Você devia estar descansando também.

— Não dá para os três se afastarem ao mesmo tempo.

Ela solta um suspiro pesado.

— O que foi isso?

— Nada.

Mas eu sei que há algo, eu conheço essa garota.

— Pode me dizer.

— Eu torço muito para que você não seja como eles, Erik, futuramente, mas infelizmente, acho que você vai ser pior.

Eu franzo a testa. Não entendo.

— Flora, nossos pais são boas pessoas. São bons patrões. Nossa empresa é honesta e justa.

Eu não falo mais nada, mas não entendo porque ela não quer que eu seja como eles. Eles enriqueceram com honestidade, sabem que poucos conseguem enriquecer assim e por isso procuram sempre ajudar as pessoas, eles investem em filantropia, estudam sobre como ser uma empresa boa para os funcionários. Nossa empresa foi uma das primeiras no Brasil a oferecer creches para as funcionárias, além disso a licença maternidade é maior do que a garantida por lei. Apenas nós e mais quatro empresas, no país inteiro, faz isso.

— Eles são, mas eles não souberam parar.

— Como assim?

— Olha o tamanho da sua família e o tamanho da minha família. Nós não temos mais ninguém e eles se recusam a vender algumas ações. Ok. Temos vários diretores e funcionários de chefia, mas precisa mesmo ser tudo nosso? E se eu e você não tivermos filhos?

Eu sei que ela não fala sobre ter filhos juntos, mas meu coração dispara com a ideia de ser pai do filho de Flora. Ela continua seu discurso.

— Eles são tão controladores em relação a empresa ser deles que nos enganaram a vida inteira. Quer dizer, pelo menos me enganaram, já que você sabia. - Ela acusa.

— Eu já te pedi desculpas por isso e eles também.

— Eu sei e desculpei, mas isso não quer dizer que eles fazem tanta questão que queriam que a gente se casasse.

— Eles começaram do nada, com certeza isso influencia as ações deles.

— Mas a empresa cresceu demais, três pessoas não dão conta disso, se derem conta, algo na vida vai ficar marginalizado e é sempre a família.

— Bom, futuramente seremos quatro, certo? Você logo vai se formar.

— Eu não sei mais se eu quero fazer parte disso.

Eu não sei o que dizer, Flora não parece perceber que isso me surpreende porque ela continua falando.

— De qualquer forma, não é esse meu ponto. Meu ponto é que nossos pais tiram férias e descansam porque eles têm você, mas um dia eles vão se aposentar, certo? Droga, um dia eles nem estarão mais aqui, Erik. E aí você vai cuidar de tudo sozinho? Como vai ser sua vida? Você vai saber se desligar e ter bons momentos? De que adianta ser um bilionário e só trabalhar?

— Nós não somos…

Ela me interrompe.

— Eu leio sobre isso e todas as revistas de economia apostam que seremos se investirmos nas plataformas digitais como eu sei que você está planejando.

— Eu não acho que serei esse tipo de pessoa. - Me defendo porque se é isso que ela acha, ela não quer um futuro comigo e nunca vai querer. Que mulher quer estar com alguém que não é presente?

—  Eu acho que você já é. - Ela simplesmente diz e isso me afeta.

— Estou tirando férias, não estou?

— Não conta. Você acabou de me dizer que a empresa não fica sem os três, mas os três estão aqui, certo? Isso porque janeiro é assim desde que eu nasci. Já é rotina da empresa, mas um dia além do já previsto para essa viagem é o fim do mundo. Vocês virem para cá já é quase parte do trabalho.

Eu preciso mostrar para ela que não serei um viciado em trabalho e que poderei me dedicar a uma família.

— Então, eu tenho uma proposta. Vou te mostrar que eu posso me desligar quando eu quiser.

Ela arqueia a sobrancelha.

— Sim? Eu duvido.

— Quer apostar?

-— Quero.

— Julho.

— O que tem julho?

São suas férias da faculdade, certo?

— Sim.

— Vai anteceder o último semestre e eu te garanto que o último é um inferno. Então, você precisa descansar. Vamos viajar? Eu e você?

— Sério?

— Sim.

— Mas você não pode começar a planejar desde já. Nem avisar na empresa. Assim você vai ter seis meses para se preparar para deixar as coisas.

Eu reviro os olhos, mas entendo o ponto dela.

— É justo. Onde você quer ir?

— Japão.

Eu estendo minha mão para ela.

— Combinado.

Ela sorri um pouco e junta sua mão na minha. Dou um beijo para selar esse acordo e eu nem imagino que essa viagem nunca vai acontecer.

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