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Capítulo 35: Ana Flora

Entro no carro de Bernardo, ele vai me levar para a casa de Erik.

— Será que podemos parar para um café antes? Eu queria falar com você.

Eu fico receosa. Eu sei que Bernardo é um dos caras bons, mas nós dois nunca fomos íntimos.

— Claro.

Digo mesmo assim porque, por mais que ele seja como um irmão de Erik, eu sei que ele nunca me ofenderia. Ele tenta manter a conversa agradável no carro, pergunta sobre a pousada, sobre a cidade, ele até pergunta sobre Evaristo. Isso me ajuda a relaxar e eu já estou tranquila quando paramos em uma confeitaria tradicional da cidade. Eu vinha muito aqui com meus pais, mas ao contrário do que imaginei, não fico triste em lembrar, apenas com saudade.

Quando entramos, ele caminha para um lugar mais reservado, as mesas ficam em um jardim de inverno, mas elas são afastadas uma da outra, então podemos conversar sem que alguém nos ouça. Nós fazemos nosso pedido e só depois que o garçom traz e nos deixa com café e bolo, Bernardo diz:

— Você não precisa me responder ou falar nada que não quiser, eu apenas gostaria de conversar umas coisas antes que você vá até o Erik.

— Tudo bem.

— Erik me contou tudo o que aconteceu. Espero que você não se importe.

— Claro que não, também contei tudo para Charlene e para outra amiga. - Solto um suspiro - Bernardo, você quer me dar uma espécie de lição de moral ou coisa do tipo?

— Não, desculpe se foi isso que dei a entender, Erik gosta de dizer que sou intrometido e talvez eu seja mesmo, mas não a esse ponto. Além disso, acho que eu ser um psiquiatra faz com que me ajuda a entender. Eu… só queria te explicar algumas coisas. 

— O que?

— Como eu disse, Erik me contou tudo, então sei que ele falou sobre eu saber onde você estava.

— Sim…

— Como você se sente sobre o sequestro? Você superou isso?

— Eu não sei se superar é a palavra ideal, Bernardo, mas acho que de certa forma sim. Por quê?

— Porque se você quiser respostas, eu as tenho.

Eu fico surpresa. Não esperava que o assunto fosse o sequestro.

— Como assim?

— Eu contratei pessoas para te vigiarem, mas também contratei investigadores. Você sabe que meus pais são advogados, certo? Nós temos contatos. O que acontece é que esse tipo de investigação não é comum no Brasil. Então foi tudo por debaixo dos panos.

Os pais de Erik fazem parte de um grupo de advogados famosos no país, eles já participaram de casos enormes e quase sempre ganham.

— Erik sabe disso?

— Não, se eu contasse para o Erik, ele iria atrás de você no mesmo segundo e acho que isso o colocaria em risco também.

— Por minha causa?

— Mais ou menos.

Bernardo não diz mais nada e eu sei que ele está esperando eu dizer se quero ou não saber de tudo.

— Quero saber.

— Existia uma espécie de quadrilha na época, eu digo uma espécie porque era mais um combinado entre gangs. Eles faziam pequenos sequestros em São Paulo, pessoas de classe média, conseguiam o dinheiro e dividiam. Como não eram famílias tão influentes e eram situações resolvidas em até 24h a gente não via tanta repercussão na mídia, apenas em alguns jornais locais. A questão é que como eram gangs de lugares diferentes da cidade, não havia um padrão, então a polícia supostamente não interligou as coisas.

— Você tá querendo me dizer que gangs rivais se juntaram nisso?

— Essas pessoas agem primeiro pensando em dinheiro. Eles não se metiam nos negócios um do outro, mas essa parte era comum a todos.

— Meus pais não eram da classe média…

— Quem sequestrou você, quis arriscar, eles saíram totalmente do plano e ainda sequestraram a família inteira, provavelmente, acharam que conseguiriam contato com alguém.

— Eles queriam que meu pai fizesse uma transferência, nem hoje em dia uma transferência se faz assim, imagine naquela época. Eu sempre tive a impressão que eles achavam que era como nos filmes.

— Provavelmente achavam. Eles não tinham um plano porque vocês eram diferentes de tudo o que eles já tinham feito.

— Mas eles se mataram, quem iria atrás de mim?

— Aí é que está… Eles não se mataram, eles foram assassinados por outra gang. Quando descobriram que estavam com vocês e que isso chamaria atenção da mídia, eles atacaram. A polícia estava a caminho e eles não tiveram tempo de… - Ele para de falar - Quer dizer, seus pais já estavam mortos.

— Eles não tiveram tempo de me matar.

Ele assente.

— Eles procuraram por mim?

— Sim, mas foram presos antes disso.

— Todos eles?

— Sim. Os que te procuraram, mas também o restante. Trinta pessoas.

Eu me assusto.

— Trinta?

— Infelizmente, as gangs ainda existem, mas foram presos os envolvidos nesse esquema de sequestro.

— Como um esquema desse é descoberto e a mídia não diz nada?

Ele suspira e vejo que ele está com um pouco de raiva.

— Oficialmente não divulgaram porque não foi uma investigação da polícia que desmontou o esquema e isso poderia descredibilizar a instituição. Principalmente porque uma família influente morreu e a investigação oficial dizia que todos os sequestradores estavam mortos porque se mataram.

Então, eu percebo a escolha de palavras que ele fez antes.

— Por que você disse que a polícia supostamente não interligou as coisas?

— Porque eu, meus pais e as pessoas que nos ajudaram a investigar, achamos que alguém da polícia fazia vista grossa. Um contato do meu pai nos informou que alguns policiais foram afastados depois disso.

— Mas nenhum preso?

— Infelizmente não.

Eu solto um suspiro. Então, me preocupo.

— Você… acha que eu corro perigo? Que o Erik corre perigo?

— Não. Posso afirmar que não. Alguns morreram na prisão, outros ainda estão lá e em nenhum momento foi dito que eles foram encontrados por sua causa. Vocês são listados apenas como vítimas. Você pode respirar em paz.

— Por que você resolveu me dizer?

— Acho que você merece saber que as pessoas estão pagando pelo que fizeram e também para você entender um dos motivos que eu tive para manter Erik afastado, se eu não fizesse isso, ele iria atrás de você e é óbvio que aqueles caras estariam na cola dele.

— Obrigada, Bernardo. Eu poderia estar morta se você não tivesse me ajudado. Eu fui imprudente, poderia ter colocado tanto em risco. Eu devia ter ficado aqui.

— Não, eu não quero que você pense nisso. E nem me agradeça.

— Sabe… rever todos vocês, viver essa vida novamente, tem me mostrado como a nossa vida é privilegiada.

— Ela é.

Mordo um pedaço do meu bolo e bebo um pouco mais do meu café.

— Quais os outros?

Ele franze a testa.

— O quê?

— Você disse que esse foi um dos motivos de manter Erik afastado. Quais os outros?

— Erik precisava ver que ele também tinha que se curar. Ele não teve ataques de pânico ou traumas físicos e emocionais, mas desenvolveu muitas coisas depois de tudo. Não que ele tenha visto, mas depois do quase infarto, eu tive que mudar de ideia.

— Você… você acha que eu sou culpada pelo ataque dele?

— Não, mas o ataque é consequência de quem o Erik se tornou depois de tudo o que vocês viveram.

— Sei que você não é meu médico, mas posso te pedir uma opinião profissional?

— Claro.

— Você acha que eu preciso voltar ao psiquiatra? Logo que cheguei em Serra Dourada, eu tinha ataques de pânico e tive uma depressão muito forte. Fui diagnosticada com estresse pós traumático. Eu tomei remédios e fiz terapia, então, tive alta.

— Você tem tido ataques de pânico e ansiedade?

— Não, mas tenho pensado que a relutância com o dinheiro seja um sinal de que não superei tudo.

— Eu não acho que seja caso de voltar ao psiquiatra, mas sim a terapia. O diagnóstico de Estresse Pós Traumático é polêmico entre nós, alguns psiquiatras defendem que ele fica em nós para sempre outros que ele acaba. A ciência ainda não chegou a um consenso, eu sou da corrente que ele, infelizmente, fica e, às vezes, isso potencializa as nossas dores. A terapia ajuda a minimizar isso e te ajuda a entender e a lidar, observar gatilhos e a agir quando eles são acionados. Eu recomendo terapia para todos os meus pacientes e muitos quando têm alta da minha parte, ainda precisam continuar nela. Eu sou especialista em adolescentes, mas também tenho vários pacientes adultos.

— Certo, vou pensar sobre isso. Obrigada, Bernardo.

— Pare de me agradecer.

Eu sorrio.

— Agora que você me contou, você vai contar ao Erik toda a verdade do sequestro?

Ele dá de ombros.

— É sua história, Flora, você decide se conta ou não.

Quando chegamos na casa de Erik, ele está cochilando. Tia Ágatha está lá, ela me apresenta aos empregados e me mostra a casa.

— Você vai ficar no quarto do Erik?

Ela pergunta e eu sinto meu rosto ficar vermelho, ela sorri.

— Desculpa, não quis te envergonhar.

— Não tem problema. Eu… sinceramente, não sei?

Eu não quero que Erik durma sozinho, mas não sei se ele me quer ao lado dele.

— Eu mandei preparar um quarto para você, mas eu gostaria que você passasse a noite no quarto dele, pelo menos nos primeiros dias. Isso seria um problema pra você?

— Não, Tia Ágatha.

— Então, vem, vou te mostrar o quarto e depois você decide o que fazer…

Ela faz isso, depois de um tempo, ela diz que precisa ir. Eu tomo um banho, converso um pouco com a governanta e vou até o quarto de Erik. As cortinas abertas deixam o quarto iluminado e eu suspiro de alívio quando percebo que ele está corado, eu gostaria de ficar mais do que uma semana, eu queria acompanhar sua recuperação completa, mas tenho responsabilidades na pousada.

Ele tem uma poltrona enorme e é lá que eu me sento com o livro que trouxe, não consigo me concentrar, entretanto. Fico repassando a conversa que tive com Bernardo, mas, estranhamente, saber de tudo me traz uma sensação de alívio.

— Você combina com essa poltrona.

Eu olho para Erik e sorrio, me levanto e vou até ele.

— E as dores?

— Um pouco dolorido apenas, mas estou bem.

— O inchaço na perna?

— Já diminuiu mais.

— Que bom! Sua mãe precisou ir embora, ela não quis te acordar, mas disse que amanhã passa aqui de novo. Você quer comer alguma coisa?

— Agora não, mais tarde.

— Tudo bem.

— Você não quer deitar aqui comigo?

Eu sorrio com a ideia, dou a volta na cama, tiro minha rasteirinha e deito com cuidado.

— Sua casa é linda. - Eu digo.

— Obrigado.

— Confesso que é menor do que eu pensei.

Ele sorri.

— Não vejo motivo para ter uma mansão se sou só eu, aproveito a da minha mãe quando quero. Se um dia eu tiver filhos, aí eu faço uma casa grande.

Por um momento, eu me imagino como mãe dos filhos de Erik. Fazia tempo que não pensava nisso, acho que desde que perdi o nosso bebê. Meu peito aperta porque eu não nos imagino em uma mansão, eu me imagino na pousada, vivendo em Serra Dourada. Eu apenas sorrio e acho que ele estranha a minha falta de palavras. Então, resolvo falar.

— Como você está se sentindo? - Pergunto porque sua primeira resposta não me convenceu.

— Muito bem.

— Certo, agora a verdade.

Ele revira os olhos.

— Um pouco fraco e com um pouco de dor também.

— Eu gostaria de poder ficar mais.

— Você vai ficar mais uma semana, são quase quinze dias. Você precisa ir e começar seu sonho. Eu entendo.

— Você veio até mim.

— E também saí para trabalhar e ainda demorei mais do que o esperado. Está tudo bem.

Quero perguntar sobre nós dois, mas sei que esse não é o momento. Também quero contar sobre tudo o que Bernardo me disse, mas acho que talvez, eu precise ruminar toda essa história. Óbvio, isso não altera o desfecho, mas, mais uma vez, penso em como eu fui imprudente ao ir embora.

— Como estão as coisas lá?

Ele me pergunta e eu fico um pouquinho aflita porque, mesmo que indiretamente, é a pousada que nos fez brigar.

— Está tudo bem. Minhas duas novas funcionárias já estão lá.

— Desculpe por te tirar de lá nesse momento.

— Você não me tirou, eu vim porque quis. Sabe, eu não te falei sobre elas.

— Conte, então.

— A Margarida que me indicou. Angélica e Olívia, elas são mãe e filha. Posso sentir meu pai me julgando de algum outro lugar porque eu não entrevistei mais ninguém.

Ele sorri.

— Às vezes acontece.

— Depois que as contratei, tive uma conversa difícil com a Olívia.

— Como assim?

— Ela tem uma lateral do corpo cheia de cicatrizes de queimadura. Estava insegura porque trabalhava no shopping de São Bento e uma pessoa não quis ser atendida por ela. Aparentemente, ela se irritou e foi demitida por isso.

— Isso é absurdo!

— Pois é, ela não entrou em detalhes, mas aparentemente, usaram o fato dela ter reagido mal para chantageá-la e garantir que ela não processasse nem a loja e nem a cliente.

— Isso é muito covardia.

— Ela estava receosa de ter que usar um uniforme que deixasse suas marcas à mostra. Isso é muito triste e revoltante.

— O que você disse a ela?

— Eu disse que ela não precisa se importar com isso e que pode usar a roupa que quiser quando chegar o verão. Ela não tem que se preocupar com isso. Sabe o que pensei?

— O que?

— Ela só me falou sobre isso depois que a contratei, ela podia ter usado essa história para manipular meus sentimentos, mas esperou e ainda deixou claro que sairia se eu me incomodasse com a aparência dela.

— Isso mostra que ela deve sofrer com essa situação.

— Pois é, não parei de pensar nisso mais. Espero que um dia, ela encontre tranquilidade sobre isso.

Ele concorda e boceja. Eu sorrio e passo a mão em seu rosto.

— Por que você não descansa mais um pouco? Eu te acordo na hora dos remédios.

Ele me dá um sorriso preguiçoso.

— Tenho sentido esses sonos repentinos. Você fica aqui comigo?

— Parece que o jogo virou, não é? Sempre eu que peço.

— Como dizem por aí… o mundo gira.

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Nota da autora:

Estamos chegando na reta final de O Lago Encantado. Façam suas apostas, quem é o casal que estará no próximo livro da série?

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