Conforto térmico
Sempre teve o costume de dormir na mesma posição, diziam parecer entrar em coma toda vez que ia dormir. Se era a posição confortável, qual era o problema? Sempre dormiu assim. Continuaria dormindo daquele jeito.
Estava ali há um tempo, aquela noite havia começado com um clima frio, era bom. Seu travesseiro então, gelado, do jeito que gostava. Muito macio, perfeito.
Ao seu redor podia ouvir alguns barulhos, murmúrios, típico da região onde morava. O centro da cidade sempre foi movimentado, e por viver em uma casa com muitas pessoas, tinha o costume de conseguir dormir até mesmo se estivessem tocando tambor e saxofone do seu lado, realmente não se importava com o barulho, muito menos com o movimento de pessoas. Não é todo mundo que tem oito irmãos barulhentos também, é como uma prova de resistência vitalícia. Muitos já ficaram abismados com essa característica no mínimo inusitada, afinal, quem gosta de dormir com o mundo fazendo feira do lado da cama?
Continuou ali na mesma calma e tranquilidade por mais um tempo, começou a sentir certo incômodo com a temperatura. Sempre assim, passava um tempo em uma posição, o próprio calor do corpo esquentava o tecido do colchão e do travesseiro. "Porcaria, todo dia isso".
Esperou mais um pouco, às vezes melhorava, podia voltar a esfriar. Não voltou. Mais um pouco e teria que tomar aquela mesma medida extrema de todos os dias. Não melhorou em nada, estava com ainda mais calor.
Suspirou, teria que se mover. Levantou o corpo, olhou para o travesseiro e o virou de lado, voltando a deitar satisfeito. Agora sim, o lado gelado do travesseiro, agora sim voltaria a dormir tranquilamente. Não deu 5 segundos, a gritaria começou e as pessoas ao redor corriam para longe dele como se tivessem visto um fantasma, derrubando várias velas e flores no processo.
— O morto tá vivo!
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